Uma pesquisa relacionada aos tipos de canto e técnicas vocais empregados nos períodos históricos da música ocidental, a saber, a Renascença, o Barroco, o Clássico e o Romântico.
Uma pesquisa relacionada aos tipos de canto e técnicas vocais empregados nos períodos históricos da música ocidental, a saber, a Renascença, o Barroco, o Clássico e o Romântico.
Uma pesquisa relacionada aos tipos de canto e técnicas vocais empregados nos períodos históricos da música ocidental, a saber, a Renascença, o Barroco, o Clássico e o Romântico.
Christian Diogo Cunha e Silva (FABAT, Rio de Janeiro) diogosilva_93@hotmail.com
Resumo: Esta uma pesquisa relacionada aos tipos de canto e tcnicas vocais empregados nos perodos histricos da msica ocidental, a saber, a Renascena, o Barroco, o Classicismo e o Romntico. A partir de uma investigao bibliogrfica, temos por objetivo analisar as formas de composio para a msica vocal nos referidos perodos, culminando na premissa de que, para uma plena interpretao, no se pode desligar a arte de seu sentido histrico e cultural, nem fazer dela um fato isolado em meio ao contexto esttico predominante em sua respectiva poca. Palavras-chave: Canto; tcnica vocal; perodos da msica; prticas interpretativas.
The sing in the musical periods: Renaissance, Baroque, Classicism, Romantic and Contemporary.
Abstract: This research is related to the types of singing and vocal techniques employed in historical periods of Western music, namely, the Renaissance, Baroque, Classicism and Romantic. From a literature search, we have to analyze the forms of vocal music composition in those periods, culminating on the premise that, for a full interpretation, you cannot turn the art of its historical and cultural sense, not even make it an isolated fact amid the prevailing aesthetic context in its respective season. Keywords: Singing; vocal techniques; musical periods; interpretative practices.
4
1. INTRODUO
Atravs dos anos podemos perceber o legado que foi deixado por cada perodo artstico. A diviso vocal e incio da msica coral na renascena, o estilo certeiro e calculado da composio barroca, a harmonia da era clssica, a liberdade do romantismo e o esgotamento tonal contemporneo. Em cada um desses segmentos o canto foi empregado de uma maneira diferente. As sutis transies entre cada perodo no impediram a distino do emprego das tcnicas vocais relativas a cada uma das formas de composio adotadas durante o tempo. A arte, a religio, a poltica e a filosofia esto diretamente ligadas a cada um dos tipos de composio citados. A forma como homem enxergava seu mundo, sua comunidade e a si prprio em cada um dos perodos determinante para esclarecer as formas de abordagem da msica no meio social. A expresso do ser atravs do belo conduziu as formas de escrita e interpretao musical em cada uma das eras do pensamento, dando caractersticas prprias significao musical em questo. Neste breve artigo destacaremos algumas das principais e inerentes diferenciaes relativas ao tempo musical, como reflexo da filosofia e da forma de expresso que cada perodo apresentou, objetivando a melhor compreenso das tcnicas e prticas vocais utilizadas em torno de tais perodos como meio de execuo do canto, aprimorando, assim, nossa forma de apreciao, composio e interpretao musical.
5
2. O CANTO NOS PERODOS
2.1 Renascena
Devido s caractersticas humanistas da renascena, o canto tornou-se cada vez mais natural do que o de costume. Contudo, ainda havia a diferenciao da voz cantada nos templos para a que era cantada nas casas ou tabernas. De certa forma, foi perdendo-se a restrio da msica aos mosteiros, e a cada dia crescia a vontade de expresso musical em meio ao povo. [] a Renascena foi um tempo de redescoberta da dignidade e dos interesses do homem. De fato, o Humanismo o corao e a alma do perodo renascentista. Seu esprito se refletiu at na mudana do ideal sonoro. O som impessoal, distante, desumanizado e abstrato da Idade Mdia foi aos poucos deixando de existir, na medida em que o ser humano individual se tornava mais importante. Essa mudana do ideal sonoro vocal aconteceu durante o sculo XV. Antes do final do sculo, a aparncia forada das faces dos cantores que apareciam nas pinturas medievais j tinha perdido tal aspecto. (FERNANDES e KAYAMA, 2008, p. 35) A delicadeza do canto na renascena uma das caractersticas muito prprias deste perodo. Newton observa que os cantores esforavam-se para obter um som puro, claro, que fosse suave e charmoso. (NEWTON, 1984, p.16). Uma voz mais livre na garganta, com menos volume, e pouqussimos vibratos, marcou o que, trs sculos mais tarde, foi chamado por Garcia de timbre claro. Ele ainda ressalta que: [] uma voz assim cultivada ter um espectro de dinmicas relativamente pequeno, com possibilidades expressivas limitadas. Talvez tivesse delicadeza, talvez tivesse ternura, talvez tivesse brilho; mas sem um maior volume, grande parte da qualidade expressiva que ns tomamos como certa no poderia existir. [] (NEWTON, 1984, p.16)
6
A voz suave, com som claro e focado, podia ter uma intensidade a mais se cantada na msica para igrejas, diferente do que era feito nas msicas de cmara. Ainda assim, destaca-se a habilidade do canto leve e gil com nfase na acentuao das frases, definindo assim, o estilo do canto no perodo renascentista.
2.2 Barroco
O canto no perodo barroco chama a ateno pela forma como o som era produzido naquela poca. A voz usada na msica renascentista deixou como legado o timbre suave e claro, mas, pelo desenvolvimento inegvel da msica instrumental, surgiu a necessidade de um maior volume na voz cantada, em decorrncia de dar maior entendimento do texto em questo. Outro contribuinte para o aumento do vigor com que se cantava foi a humanizao das letras, que j vinha acontecendo desde o primeiro perodo citado. Isso acarretou um maior cuidado com o significado do texto, e ento os recitativos comearam a ganhar fama, sendo alternados com as rias. na verdade, a tcnica vocal no estava pronta para ser mudada. embora fosse limitado para dar a devida intensidade dramtica s primeiras peras barrocas, o som suave que vinha da renascena foi cultivado. Assim, os recitativos muito dramticos, importante parte das peras do Barroco inicial, foram desaparecendo em favor das rias mais adequadas s vozes do sculo XVII. (FERNANDES e KAYAMA, 2008, p. 60) Mesmo que o ideal sonoro no tenha sido modificado, o cantor precisou aumentar seu repertrio de afetos interpretativos. FERNANDES e KAYAMA (2008, p. 60) observam que na primeira metade do sculo XVIII Bach e Handel levaram a esttica barroca ao seu mais alto grau de expressividade, enquanto que seus contemporneos encontravam uma nova esttica baseada no sentimento e na expresso pessoais, e isso fez com que o cantor tambm precisasse expandir sua extenso vocal.
7
Ainda no comeo do perodo, Caccini defendia que seus alunos transpusessem os tons das canes para reas confortveis da voz. Com o desenvolvimento dessa ideia, as mulheres comearam a integrar, em apenas um tipo de voz, os coros dentro de igrejas, tomando aos poucos, mas ainda no definitivamente, o lugar dos falsetistas - geralmente bartonos. Os contratenores, com vozes agudas e leves, cantavam as partes que hoje so direcionadas aos contraltos. No se tem muitos registros sobre a respirao adotada nessa poca, mas sabe-se que ficou definido por portamento a habilidade, desenvolvida principalmente pelos contratenores, de ligar a voz de peito ao falsete em uma juno imperceptvel.
2.3 Clssico e Romntico
Sendo sobrecarregado pela necessidade racional do perodo clssico, o romantismo surge como revolta e resposta s condies sociais altamente regradas e manipulveis pela aristocracia. Haydn foi um dos que decidiu seguir estritamente as normas do classicismo e condicionou-se a viver bem com isso, ao contrrio de Mozart, que irredutvel quanto a seus princpios, foi deixado de lado pelas principais cortes de seu tempo. Beethoven um exemplo de compositor clssico que, mesmo no seguindo estritamente tais padres, exigiu respeito quanto a seu pensamento e deu incio transio da msica para o perodo romntico. A simetria do classicismo foi dando lugar liberdade da composio romntica, com linhas meldicas menos equilibradas e mais cantveis, provocando a nitidez das expresses musicais de seus autores, como produto de seus sentimentos e anseios. GOMES, MONTES e CARNEIRO (2009, p. 1) ressaltam que o esprito romntico passa a designar toda uma viso de mundo centrada no indivduo. Os autores romnticos voltaram-se cada vez mais para si mesmos, retratando o drama humano, amores trgicos, ideais utpicos e desejos de escapismo. De todas as diferenas, a mais marcante nesta transio que a voz, sendo resultado da composio que voltou seus olhos para as outras artes, passou a ser utilizada com um instrumento. As letras ganharam carter potico, ao ponto de serem escritas pelos prprios poetas romnticos. As linhas meldicas, por sua vez, 8
caracterizavam o texto e conduziam sua forma de expresso e interpretao. A bem cuidada sintaxe clssica e das composies de mtrica fixa foi dando lugar a uma linguagem mais coloquial, comunicativa e simples. A pera cresceu significativamente nesse perodo, chegando a seu auge nas obras de Richard Wagner, no final do sculo XIX. A composio, ainda estritamente tonal, utilizava o canto em suas formas de contraes e relaxamentos da linguagem falada, rico em dinmicas e poderoso em vibratos. GOMES, MONTES e CARNEIRO (2009, p. 3) concluem que a subjetividade e o foco voltado para as questes do individuo marcaram todo esse movimento artstico. Na msica, vemos isso atravs de sequncias menos harmoniosas ou atravs dos tons mais sombrios buscados como inspirao.
9
3. CONCLUSO
Com essa pequena pesquisa a respeito do canto nos perodos musicais, conclumos que, essencialmente, a forma do pensamento social define as caractersticas estticas e preponderantes que organizaro as expresses do canto, da msica e da prpria arte em si. GOMES, MONTES e CARNEIRO (2009, p.1) observam que: Um movimento artstico no um fato isolado. Ele est associado s transformaes ocorridas na sociedade da poca. Seja no campo da pintura, da escultura, da literatura ou at mesmo da msica, os autores retratam em suas obras o que toma conta do contexto social no qual esto inseridos. Fica como base a necessidade de conhecer, minuciosamente, as condies existenciais, ticas e filosficas de cada perodo da histria da arte e da composio musical, para uma interpretao plena e adequada do canto relativo aos perodos referidos. Mais do que saber conduzir as notas impressas nos livretos de partituras, o saber corresponder ao significado histrico-cultural inerente ao tema composicional proposto, detalhando a imitao nas suas mais variadas formas de expresso e sentido esttico, dando forma ao que se diz por canto interpretativo. E assim faz-se do estudo um aprimoramento. A cada olhar, uma percepo. A cada percepo, um detalhe. A cada detalhe, uma nova circunstncia, uma nova msica, um novo olhar.
10
4. REFERNCIAS
FERNANDES, Angelo Jos; KAYAMA, Adriana. A sonoridade vocal e a prtica coral na Renascena. Belo Horizonte, Per musi, n.18, 2008, p. 35-51 FERNANDES, Angelo Jos; KAYAMA, Adriana. A sonoridade vocal e a prtica coral no Barroco. Belo Horizonte, Per musi, n.18, 2008, p. 59-68 NEWTON, George. Sonority in singing. New York: Vantage Press, Inc., 1984. GOMES, Alice Costa; MONTES, Gustavo de Souza; CARNEIRO, Karine Garcia. A Msica no Romantismo. Rio de Janeiro, Projeto Bridges: UFRJ, 2009. HALL, Emma. A History of Music for Singers - The Romantic Era. USA, 2013. Opus [Internet]. Disponvel em http://www.discoversinging.co.uk/2013/09/a-history-of- music-for-singers-the-romantic-era GREEN, Aaron. Bel Canto during the Romantic Period. Opus [Internet]. Disponvel em http://classicalmusic.about.com/od/romanticperiod/qt/bel_canto_story.htm DORAK, M. Tevfik. Romantic (Period) Music. Russia, 2008. Opus [Internet]. Disponvel em http://www.dorak.info/music/romantic.html.