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EMENTÁRIO DE VOTOS

(que, em matéria criminal, proferiu o Desembargador CARLOS


BIASOTTI, do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Veja
a íntegra do voto no Portal do Tribunal de Justiça:
http://www.tj.sp.gov.br).

• PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA

Voto nº 12.466
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO Nº 990.09.139567-6

Art. 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal

— Não decai a Justiça de sua grandeza e confiança, antes se recomenda ao louvor


dos espíritos retos, se, aferindo lesão patrimonial por craveira benigna, rejeita
denúncia por tentativa de furto de coisa de ínfimo valor (art. 155, § 4º, nº IV, do
Cód. Penal). Ao Juiz não esqueçam jamais aquelas severas palavras de Rui: “Não
estejais com os que agravam o rigor das leis, para se acreditar com o nome de
austeros e ilibados. Porque não há nada menos nobre e aplausível que
agenciar uma reputação malignamente obtida em prejuízo da
verdadeira inteligência dos textos legais” (Oração aos Moços, 1a.
ed., p. 43).

— Nos casos de insignificante lesão ao bem jurídico protegido e mínimo grau de


censurabilidade da conduta do agente, pode o Magistrado, com prudente arbítrio,
deixar de aplicar-lhe pena (e ainda pôr termo à “persecutio criminis”). É que, nas
ações humanas, o Direito Penal somente deve intervir como providência “ultima
ratio”.

—“O direito penal não deve se ocupar de condutas que produzam resultados, cujo
desvalor — por não importar em lesão significativa a bens jurídicos relevantes —
não represente, por isso mesmo, prejuízo importante, seja para o titular do bem
jurídico tutelado, seja à integridade da própria ordem social” (Rev. Tribs., vol.
834, p. 477; rel. Min. Celso de Mello).

Voto nº 3925
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO Nº 1.316.405/3
Art. 155, §§ 1º e 4º, nº IV, do Cód. Penal;
art. 386, nº III, do Cód. Proc. Penal

– Não incorre na censura de ilegalidade a decisão que, firme no princípio da


insignificância do bem jurídico protegido e da mínima reprovabilidade social
do fato, rejeita denúncia oferecida contra sujeitos que, na inclemência da
miséria e sem teto a que se recolher, furtam duas galinhas e uma leitoa para
acudir às primeiras necessidades. Punidos já pelos rigores da própria vida, em
contínuas privações, era escusado fazer recair sobre eles, com todo o peso, o
gládio da Justiça.

– Mesmo quando conspirem os elementos constitutivos de um crime, sempre se


reconheceu ao Juiz discrição para atalhar o curso da persecução penal, se esta
lhe parecer mais do que intolerável absurdo, violação grave do ideal e dos
preceitos da Justiça.

– Ao Juiz a Lei determina — e não apenas assegura — que, no aplicá-la, atenda


“aos fins sociais” e “às exigências do bem comum” (art. 5º da Lei de
Introdução ao Código Civil). Casos haverá em que lhe será força repelir, com
retidão e sabedoria, o libelo no qual se compraziam já nossos maiores:
“regimentos não se executam senão nos pobres; leis e prisões não se guardam,
senão contra os desamparados” (Diogo do Couto, Diálogo do Soldado
Prático, 1790, p. 19).

Voto nº 3817

APELAÇÃO CRIMINAL Nº 1.303.549/6


Art. 171, “caput”, do Cód. Penal;

art. 43, nº I, do Cód. Proc. Penal

– Se pequeno o prejuízo da vítima e primário o réu, indivíduo de escassos meios


de subsistência, não há censurar decisão que, reputando crime de bagatela o
fato que praticou, rejeita a denúncia. Tal solução, além de conformar-se com a
tradição jurídica (“de minimis non curat praetor”), atende ao direito positivo,
que manda olhar o Juiz para os fins sociais da lei, ao aplicá-la (art. 5º da Lei
de Introdução ao Código Civil).

– O sujeito, a quem a vida já puniu severamente, deixando de prover-lhe às


primeiras necessidades, parece bem, e ainda justo, em certos casos, poupá-lo
ao rigor da lei penal, que tem por odioso todo o excesso: “Noli esse multum
justum” (Ecl 7,17). Não sejas por demasiado justo!

Voto nº 3685

APELAÇÃO CRIMINAL Nº 1.298.323/8


Art. 171, “caput”, do Cód. Penal

– Cai nas penas do estelionato, pela manifesta violação do princípio da boa-fé, o


agente que paga mercadoria com cheque alheio falsificado. Não lhe serve de
escusa o argumento de que recebeu o cheque a estranho, se o não comprovou
ad satiem, pois esta é comumente a defesa dos que, mediante fraude
(falsificação), costumam induzir incautos a erro para obter vantagem ilícita
(art. 171 do Cód. Penal).

– Na esfera dos crimes contra o patrimônio, cometidos sem violência a pessoa,


tem relevância apenas a lesão jurídica de valor econômico, pois segundo a
velha fórmula do direito romano, “de minimis non curat praetor” (Dig. 4,1,4).

– Aplicado inconsideradamente, o princípio da insignificância representa


violação grave da lei, a qual manda punir o infrator; destarte, subtrair a seu
rigor o culpado, sem relevante razão de direito, fora escarnecer da Justiça, que
dispensa a cada um o que merece. Em verdade, conforme aquilo de Alberto
Oliva, “todo homem deve saber do fundo de seu coração o que é certo e o que
é errado” (apud Ricardo Dip e Volney Corrêa de Moraes, Crime e Castigo,
2002, p. 3; Millennium Editora).

Voto nº 4008

APELAÇÃO CRIMINAL Nº 1.326.427/8


Art. 155, “caput”, do Cód. Penal

– Conforme opinião altamente reputada, todo aquele que, surpreendido na posse


de coisa alheia, não lhe justifica a procedência, passa por autor de crime.

– Não há considerar crime de bagatela o furto de coisa de valor igual ao salário


mínimo, praticado por indivíduo que faz do crime profissão; apenas o
criminoso ocasional ou esporádico pode invocar em seu prol essa causa
excludente da tipicidade penal, no caso de irrelevância do bem jurídico
ofendido (art. 155 do Cód. Penal).

Voto nº 759

APELAÇÃO CRIMINAL Nº 1.049.327/0

Art. 155 do Cód. Penal

– À luz do princípio da insignificância, que opera como excludente da


tipicidade no Direito Penal, alguns fatos podem guardar-se da censura da Lei
(pois não é de bom exemplo ocupar-se o varão grave com ninharias: “de
minimis non curat praetor”, recitavam os romanos).

– A pedra de toque desses a que a Doutrina chama delitos de bagatela é a


pequena lesão ao patrimônio da vítima, o ínfimo valor do bem. Não cai sob
esse número, pois, a infração penal de vulto nem a ofensa a objeto jurídico de
grande monta e estimação.

– É aplicável o privilégio do § 2º do art. 155 do Cód. Penal, se primário o réu e


nenhum o prejuízo da vítima, o que se equipara ao pequeno valor da “res
furtiva”, na conformidade de copiosa Jurisprudência.

Voto nº 1410

APELAÇÃO CRIMINAL Nº 1.146.159/7


Art. 140 do Cód. Penal
– “Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige (...)”
(art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil).

– “Usar de razão e amar são duas cousas que não se ajuntam” (Vieira, Sermões,
1959, t. IV, p. 326).

– A ideia de que pequenas infrações podem subtrair-se ao direito sancionador já


a propugnavam os romanos, perpetuando-a na fórmula clássica: “de minimis
non curat praetor”.

– À majestade da Justiça (perante a qual só devem ter entrada os fatos relevantes)


não convém entender em questões miúdas nem recorrer aos ápices da Lei e do
Direito.

– Sem prova de ter o agente procedido com a intenção de ofender a honra


subjetiva alheia (“animus injuriandi”), não há crime que punir.

Voto nº 1872

APELAÇÃO CRIMINAL Nº 1.171.707/5


Art. 155, caput, do Cód. Penal;
art. 155, § 2º, do Cód. Penal

– Não é de bom exemplo fazer caso nem cabedal de coisas insignificantes ou


bagatelas. “De minimis non curat praetor”, advertiam os antigos (o que, posto
em linguagem, soa: o magistrado não se ocupa com questões de somenos).
Nesse número não deve ser contado, porém, o objeto material que a perícia
avaliou em 20% do salário mínimo vigente à época do crime.
– A restituição pelo agente das “res furtivae” à vítima não opera como causa
excludente de ilicitude jurídica nem dirimente de pena.

Voto nº 2921

APELAÇÃO CRIMINAL Nº 1.254.163/1


Art. 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal
– Consuma-se o roubo se o agente, arrebatadas as coisas da vítima, tem-lhes a
posse mansa e tranquila, ainda que por breve trecho.

– As palavras da vítima, quando seguras e verossímeis, longe de significar o


ponto frágil da prova, acrescentam-lhe peso e vigor. Grande parte nos terríveis
sucessos, quem mais que a vítima estará capacitado a descrevê-los? É ela a que
reúne melhores condições para reproduzi-los com fidelidade e revelar
espontaneamente seu autor.

– O princípio da insignificância ou bagatela não tem aplicação aos casos de


roubo, tipo que se perfaz com a existência do elemento objetivo (coisa
móvel), não lhe importando o valor, arrebatado mediante violência ou ameaça
grave a pessoa.

Voto nº 3345

APELAÇÃO CRIMINAL Nº 1.274.353/7


Art. 155, “caput”, e 14, nº II, do Cód. Penal

– Apenas se considera furto famélico (em estado de necessidade) a subtração de


bens ou produtos urgentes à conservação da vida do sujeito, em conjuntura
extremamente grave.

– Meio excelente de atenuar o nímio rigor da lei, o princípio da insignificância


— causa de exclusão de tipicidade penal — unicamente se aplica às hipóteses
de criminoso eventual; aliás seria transformá-lo num claviculário com que se
abririam as portas da impunidade a todos os infratores, ainda os mais
empedernidos.

– “Quem se acusa a si mesmo escusa acusador, e faz leve o seu delito” (Manuel
Bernardes, Nova Floresta, 1711, t. III, p. 259).

– Não repugna à consciência jurídica nem quebranta a vontade da lei a decisão


que defere a réu (mesmo reincidente) o regime semiaberto, se condenado a
pena de curta duração, de que já cumpriu parte em estabelecimento próprio de
regime fechado, porque preso em flagrante delito. É máxima vulgar que o rigor
da Justiça há de sempre temperar-se com a equidade (art. 33, § 1º, alínea c,
do Cód. Penal).

Voto nº 4151

APELAÇÃO CRIMINAL Nº 1.334.339/7


Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal
– Vítima que incrimina categoricamente autor de roubo oferece base necessária
ao decreto condenatório, desde que em harmonia com a prova dos autos. É
que, havendo com ele mantido contacto direto, passa pela pessoa mais apta a
reconhecê-lo.

– Repugna ao senso comum queira homem acusar inocente. Princípio é este de


imediata evidência, que se não pode infirmar, sem do mesmo passo transgredir
as leis da boa razão e falsear a verdade.

– Ainda que irrisório o valor da coisa subtraída, é inaplicável ao roubo o


“princípio da insignificância”, como causa de exclusão de ilicitude penal,
porque, além do patrimônio, nessa espécie de crime há ofensa à liberdade
individual, à integridade física e à própria vida, bens jurídicos maiores de toda
a estimação.

– O regime prisional fechado, sobre atender ao espírito da lei, conforma-se à


personalidade do autor de roubo, sujeito de ordinário violento e, pois,
necessitado de severa disciplina, que o melhore e reconduza à vida em
sociedade.

Voto nº 4801

APELAÇÃO CRIMINAL Nº 1.349.643/8


Art. 155, “caput”, do Cód. Penal;
art. 386, nº III, do Cód. Proc. Penal
– Achado na posse de coisa alheia, sem que o saiba justificar, dá a conhecer o
réu que a houvera por meio criminoso, pois o detentor legítimo nenhuma
dificuldade encontra para explicar a origem de tudo que lhe vem às mãos.

– Não incorre na censura de ilegalidade a decisão que, firme no princípio da


insignificância do bem jurídico protegido e da mínima reprovabilidade social
do fato, rejeita denúncia oferecida contra sujeitos que, na inclemência da
miséria e sem teto a que se recolher, furtam galinhas para acudir às primeiras
necessidades. Punidos já pelos rigores da própria vida, em contínuas privações,
era escusado fazer recair sobre eles, com todo o peso, o gládio da Justiça.

– Mesmo quando conspirem os elementos constitutivos do crime, sempre se


reconheceu ao Juiz discrição para, firme no princípio da insignificância do
bem jurídico protegido e da mínima reprovabilidade social do fato, absolver o
réu, por atipicidade de conduta (art. 386, nº III, do Cód. Proc. Penal).

– Ao Juiz a Lei determina — e não apenas assegura — que, no aplicá-la, atenda


“aos fins sociais” e “às exigências do bem comum” (art. 5º da Lei de
Introdução ao Código Civil). Casos haverá em que lhe será força repelir, com
retidão e sabedoria, o libelo no qual se compraziam já nossos maiores:
“regimentos não se executam senão nos pobres; leis e prisões não se guardam,
senão contra os desamparados” (Diogo do Couto, Diálogo do Soldado
Prático, 1790, p. 19).

–“Aplica-se o princípio da insignificância (ou da bagatela) se o agente é pessoa


em estado de miserabilidade, que abateu três animais de pequeno porte para
subsistência própria” (STJ, REsp nº 182.487-RS; rel. Min. Fernando
Gonçalves, 6a. T.; j. 9.3.99; DJU 5.4.99, p. 160).

Voto nº 4904

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO Nº 1.363.301/6


Art. 163, parág. único, do Cód. Penal;
art. 43 do Cód. Proc. Penal
– Não incorre na censura de ilegalidade a decisão que, firme no princípio da
insignificância do bem jurídico protegido e da mínima reprovabilidade social
do fato, rejeita denúncia oferecida contra sujeito que, levado ao Distrito
Policial após rixa, quebra com uma cabeçada, num assomo de cólera, o vidro
da porta da carceragem, de valor mesquinho.

– Mesmo quando conspirem os elementos constitutivos de um crime, sempre se


reconheceu ao Juiz discrição para atalhar o curso da persecução penal, se esta
lhe parecer mais do que intolerável absurdo, violação grave do ideal e dos
preceitos da Justiça.

– Nos casos em que a insignificância da lesão do bem jurídico protegido concorre


com o mínimo grau de censurabilidade do fato, não há crime que punir, pois
nas ações humanas o Direito Penal deve unicamente intervir como
providência “ultima ratio”.

Voto nº 9569
APELAÇÃO CRIMINAL Nº 869.509-3/1-00
Arts. 64, nº I, e 157, “caput”, do Cód. Penal

— Feita em Juízo, tem a confissão do réu valor absoluto, porque


estreme de eventuais defeitos que a podiam viciar, como a
coação moral. Rainha das provas (“regina probationum”)
chamavam-lhe os velhos praxistas, e tal apanágio ainda lhe
reconhece a jurisprudência dos Tribunais, pelo que autoriza a
edição de decreto condenatório.

— Vítima que incrimina categoricamente autor de roubo oferece


base necessária ao decreto condenatório, desde que em
harmonia com a prova dos autos. A razão é que, havendo com
ele mantido contacto direto, passa pela pessoa mais apta a
reconhecê-lo.

— Não há aplicar ao roubo a teoria do crime de bagatela; ao contrário do que


sucede com o furto, o valor da coisa subtraída não serve de critério ou pedra de
toque para aferir eventual insignificância da lesão jurídica, em se tratando de
roubo. Aqui, a objetividade jurídica não é apenas a tutela da posse ou a
propriedade, senão a integridade física, a vida, a saúde e a liberdade, e estas não
podem nunca ser subestimadas.

— O regime prisional fechado é o que unicamente convém ao sujeito que, pelas


circunstâncias do crime que perpetrou e por sua biografia penal (verdadeiro
cardume de gravibundas infrações), revela personalidade em extremo antissocial,
infensa aos valores éticos e inclinada à delinquência de grosso calibre.

Voto nº 10.298
APELAÇÃO CRIMINAL Nº 993.08.021038-1
Arts. 14, nº II, 17, 59 e 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal;
art. 386, ns. III e VI, do Cód. Proc. Penal.

— A confissão judicial, por seu valor absoluto — visto se presume feita


espontaneamente —, basta à fundamentação do edito condenatório.

— Configura tentativa de furto, e não crime impossível, a ação do sujeito que,


após subtrair produtos de estabelecimento comercial, é detido à saída por
agentes de segurança. A existência de dispositivo eletrônico antifurto não
afasta a ação dos delinquentes, apenas a dificulta. Ao demais, não dispensa a
vigilância de funcionários, e estes, ainda quando diligentes, podem falhar
diante da astúcia ou malícia dos criminosos.

— Na esfera dos crimes contra o patrimônio, cometidos sem violência a pessoa,


tem relevância apenas a lesão jurídica de valor econômico, pois segundo a
velha fórmula do direito romano, “de minimis non curat praetor” (Dig. 4,1,4).

— Aplicado inconsideradamente, o princípio da insignificância representa


violação grave da lei, a qual manda punir o infrator; destarte, subtrair a seu
rigor o culpado, sem relevante razão de direito, fora escarnecer da Justiça, que
dispensa a cada um o que merece. Em verdade, conforme aquilo de Alberto
Oliva, “todo homem deve saber do fundo de seu coração o que é certo e o
que é errado” (apud Ricardo Dip e Volney Corrêa de Moraes, Crime e
Castigo, 2002, p. 3; Millennium Editora).

Voto nº 10.536
APELAÇÃO CRIMINAL Nº 993.08.010069-6

Arts. 109 e 155, “caput”, do Cód. Penal;


art. 12 da Lei nº 1.060/50.

––“A parte beneficiada pela isenção do pagamento das custas ficará obrigada a
pagá-las, desde que possa fazê-lo sem prejuízo do sustento próprio ou da
família” (art. 12 da Lei nº 1.060/50).

— A confissão judicial, por seu valor absoluto — visto se presume feita


espontaneamente —, basta à fundamentação do edito condenatório.

— É certo que não se ocupa de bagatelas o Direito Penal; na esfera dos crimes
contra o patrimônio, cometidos sem violência a pessoa, só tem relevância a
lesão jurídica de valor econômico. “De minimis non curat praetor”, já o
proclamavam os romanos, como a significar que se não devia dar peso à
fumaça. Mas, aplicado inconsideradamente, o princípio da insignificância é
motivo e ocasião de afronta grave à lei, que prevê a punição do infrator.
Voto nº 11.038
APELAÇÃO CRIMINAL Nº 990.08.020404-1

Art. 155, “caput”, do Cód. Penal;


art. 386, nº III, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil.
— Achado na posse de coisa alheia, sem que o saiba justificar, dá a conhecer o
réu que a houvera por meio criminoso, pois o detentor legítimo nenhuma
dificuldade encontra para explicar a origem de tudo que lhe vem às mãos.

— Nisto de crimes contra o patrimônio, não contraria o Direito Penal — a quem


só importam as infrações de relevância econômica — nem ofende as leis da
Justiça o Magistrado que, à luz do “princípio da insignificância”, absolve e
manda em paz autor de furto de material de ínfimo valor, que lhe não foi de
proveito algum, porque afinal recuperado pela vítima.

— Mesmo quando conspirem os elementos constitutivos do crime, sempre se


reconheceu ao Juiz discrição para, firme no princípio da insignificância do
bem jurídico protegido e da mínima reprovabilidade social do fato, absolver o
réu, por atipicidade de conduta (art. 386, nº III, do Cód. Proc. Penal).

— Ao Juiz a Lei determina — e não apenas assegura — que, no aplicá-la, atenda


“aos fins sociais” e “às exigências do bem comum” (art. 5º da Lei de
Introdução ao Código Civil). Casos haverá em que lhe será força repelir, com
retidão e sabedoria, o libelo no qual se compraziam já nossos maiores:
“regimentos não se executam senão nos pobres; leis e prisões não se
guardam, senão contra os desamparados” (Diogo do Couto, Diálogo do
Soldado Prático, 1790, p. 19).

Voto nº 11.869
APELAÇÃO CRIMINAL Nº 993.07.113698-0

Art. 155, §§ 2º, 3º e 4º, nº IV, do Código Penal;


arts. 386, nº III, e 580 do Cód. Proc. Penal;
art. 5º da Lei de Introdução Cód. Civil
— A confissão judicial, por seu valor absoluto — visto se presume feita
espontaneamente —, basta à fundamentação do edito condenatório.

— Mesmo quando conspirem os elementos constitutivos do crime, sempre se


reconheceu ao Juiz discrição para, firme no princípio da insignificância do
bem jurídico protegido e da mínima reprovabilidade social do fato, absolver o
réu, por atipicidade de conduta (art. 386, nº III, do Cód. Proc. Penal).

— Ao Juiz a Lei determina — e não apenas assegura — que, no aplicá-la, atenda


“aos fins sociais” e “às exigências do bem comum” (art. 5º da Lei de
Introdução ao Código Civil). Casos haverá em que lhe será força repelir, com
retidão e sabedoria, o libelo no qual se compraziam já nossos maiores, de que
o rigor da lei unicamente se mostrava contra os pobres e os desamparados (cf.
Diogo do Couto, Diálogo do Soldado Prático, 1790, p. 19).

— Nos casos de insignificante lesão ao bem jurídico protegido e mínimo grau de


censurabilidade da conduta do agente — como na hipótese de furto de “pulsos
telefônicos” no valor de R$ 3,72 —, pode o Magistrado, com prudente
arbítrio, deixar de aplicar-lhe pena. É que, nas ações humanas o Direito Penal
somente deve intervir como providência “ultima ratio”.

(Em breve, novas ementas).

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