Professional Documents
Culture Documents
De
Francisco Gentil
DOCENTES:
Sra. Enfª. I. Félix
Sra. Enfª. A. Loff
ALUNOS:
Susana Lourenço, nº52
Tiago Cunha, nº46
Lisboa
2006
Escola Superior de Enfermagem de Francisco Gentil
3º Curso de Pós-Graduação em Enfermagem Oncológica
Módulo VII – Cuidados Paliativos
Índice
0. Introdução................................................................................. 3
1. Enquadramento Teórico ......................................................... 4
1.1. Cuidar em fim de vida: A Morte! ........................................ 4
1.2. Dicotomia Cuidados Curativos versus Cuidados Paliativos:
A Nossa Realidade ...................................................................... 6
1.3. Dicotomia Cuidados Curativos versus Cuidados Paliativos:
O Nosso Objectivo ...................................................................... 7
1.4. Sensações do Enfermeiro Perante o Doente em Fim de Vida
..................................................................................................... 9
1.5. Factores Desencadeadores de Stress nos Enfermeiros ...... 11
1.6. Estratégias para Resolução do Stress nos Enfermeiros ..... 12
1.7. Esgotamento Profissional / Burnout .................................. 13
1.7.1. Sinais e Sintomas do Burnout .................................................... 14
1.7.2. Esgotamento Profissional / Burnout em Cuidados Paliativos.... 14
1.7.3. Como Prevenir o Burnout? Oportunidade de Crescimento ....... 17
1.7.4. O Que é Recompensador nos Cuidados Paliativos? .................. 17
2. Conclusão ................................................................................ 19
Referências Bibliográficas......................................................... 20
Apêndice………………………………………………………..22
Índice
2
Escola Superior de Enfermagem de Francisco Gentil
3º Curso de Pós-Graduação em Enfermagem Oncológica
Módulo VII – Cuidados Paliativos
0. Introdução
Introdução
3
Escola Superior de Enfermagem de Francisco Gentil
3º Curso de Pós-Graduação em Enfermagem Oncológica
Módulo VII – Cuidados Paliativos
1. Enquadramento Teórico
Enquadramento Teórico
4
Escola Superior de Enfermagem de Francisco Gentil
3º Curso de Pós-Graduação em Enfermagem Oncológica
Módulo VII – Cuidados Paliativos
Enquadramento Teórico
5
Escola Superior de Enfermagem de Francisco Gentil
3º Curso de Pós-Graduação em Enfermagem Oncológica
Módulo VII – Cuidados Paliativos
Na nossa sociedade ainda se cura muito e cuida-se pouco. O nosso objectivo não
deveria ser só curar…deverá ser também aliviar. O que as pessoas precisam quando
estão em fim de vida é de estarem aliviadas do sofrimento, num ambiente que lhes dê
segurança, sustentado por um sistema de cuidados e terem a certeza que eles próprios e
as suas famílias não serão abandonadas.
Neste momento quando é feito o diagnóstico a um doente, trata-se logo de
executar técnicas e tratamentos para curar a pessoa, aqui os cuidados curativos são
exercidos até aos últimos dias de vida da pessoa doente, altura em que se faz a
articulação com os Cuidados Paliativos, no sentido de aliviar os sintomas nos últimos
dias de vida da pessoa. Após a sua morte não existe apoio no luto!
Assim, tendo em conta a definição de cuidados paliativos elaborada por
Gonçalves (1996) em que os define como: “…cuidados totais e activos prestados aos
enfermos cuja doença já não responde ao tratamento curativo, com o objectivo de obter
a melhor qualidade de vida possível até que a morte ocorra, controlando a dor e outros
sintomas e integrando os aspectos psicológicos, sociais e espirituais nesses
cuidados…”, estes cuidados não poderão ser prestados de forma completa e
individualizada se o doente só for acompanhado nos últimos dias ou, por vezes, horas
de vida, o que não permitirá ao doente ter a hipótese de se preparar para a sua morte e
resolver os seus problemas atempadamente.
Enquadramento Teórico
6
Escola Superior de Enfermagem de Francisco Gentil
3º Curso de Pós-Graduação em Enfermagem Oncológica
Módulo VII – Cuidados Paliativos
Enquadramento Teórico
7
Escola Superior de Enfermagem de Francisco Gentil
3º Curso de Pós-Graduação em Enfermagem Oncológica
Módulo VII – Cuidados Paliativos
Enquadramento Teórico
8
Escola Superior de Enfermagem de Francisco Gentil
3º Curso de Pós-Graduação em Enfermagem Oncológica
Módulo VII – Cuidados Paliativos
“… para não ser tão afectado, o profissional de saúde tenta manter uma certa
distancia, diminuir as visitas, responder com frases feitas, conselhos fáceis e
autoritários no sentido de tornar a relação o mais profissional possível para que a
emoção não se sobreponha ao racional” (Lopes, 2005: 95).
Feytor Pinto citado por Loff (2000:48) afirma que são quatro, as sensações do
profissional de saúde perante o doente em fase terminal:
A sensação de pudor (fá-lo pensar que é bom deixar o doente só, uma vez que
ele está a viver o momento mais importante da sua vida e não deve ser
Enquadramento Teórico
9
Escola Superior de Enfermagem de Francisco Gentil
3º Curso de Pós-Graduação em Enfermagem Oncológica
Módulo VII – Cuidados Paliativos
É muito importante vencer estas sensações enumeradas por Feytor Pinto, para que
seja possível prestar cuidados de qualidade ao doente em fim de vida de forma a dar-lhe
um maior conforto e acompanhá-lo nesta última etapa da sua vida.
Enquadramento Teórico
10
Escola Superior de Enfermagem de Francisco Gentil
3º Curso de Pós-Graduação em Enfermagem Oncológica
Módulo VII – Cuidados Paliativos
Ao lidar com doentes em fim de vida, somos confrontados com a finitude da nossa
vida.
Ao longo do curso de base, somos ensinados a tratar e a curar segundo o modelo
biomédico e assim vemo-nos sempre a lutar pela vida de outro ser humano até ao limite,
reanimamos a pessoa, provocamos-lhe sofrimento sempre no intuito de salvar a vida do
outro, não nos é ensinado a cuidar da pessoa em fim de vida e a acompanhar alguém na
fase final da sua vida.
Esta prática é típica do modelo de tratar que é adoptado por um grande número de
enfermeiros cada vez mais seduzidos pelo fascínio da tecnologia, desvalorizando o
modelo orientador da actuação de enfermagem que é o cuidar
Cuidar em fim de vida é um trabalho que exige muito de cada profissional de saúde,
assim, ao lidar com o doente em fim de vida e sua família são vários os factores
desencadeadores de stress nos profissionais de saúde.
Apesar de toda a motivação que o enfermeiro deve ter para cuidar doentes em fim
de vida, na opinião de Marques Outon. (1991), estes profissionais poderão defrontar-se
com situações geradoras de stress, podendo experimentar reacções de emocionais de
impotência, culpa, frustração, medo, ansiedade, angústia, insegurança ou revolta, à
medida que são confrontados com a realidade do sofrimento, da morte e da doença
terminal.
Segundo Twycross (2003), os factores desencadeadores de stress nos profissionais
de saúde são:
• Comunicação de más notícias;
• Adaptação ao insucesso da cura médica;
• Exposição repetida à morte de pessoas, com as quais estabeleceu uma
relação;
• Envolvimento em conflitos emocionais;
• Absorção da cólera e da mágoa expressa pelo doente e família;
• Manter um papel obscuro na equipa de cuidados;
• Idealismo pessoal;
• Desafios ao sistema de crenças pessoal.
Enquadramento Teórico
11
Escola Superior de Enfermagem de Francisco Gentil
3º Curso de Pós-Graduação em Enfermagem Oncológica
Módulo VII – Cuidados Paliativos
“…ajudar uma pessoa a morrer bem, é apoiar o sentido de amor próprio, dignidade
e escolha dessa pessoa até ao último momento de vida. Para o conseguir, devemos
prestar cuidados calmos, sensíveis e individualizados a cada pessoa de forma a que a
sua experiência humana final, seja tão livre de dor, sentindo-se reconfortada, por ser
vista como uma pessoa digna de cuidados mais atentos.” (Rodeia, 1998:112).
Ao lidar diariamente com o sofrimento, com a morte de pessoas com as quais
mantivemos relações, é deveras causador de stress para qualquer profissional de saúde,
no entanto, podemos desenvolver estratégias para evitar entrar em stress e muitas vezes
em burnout. O enfermeiro é o profissional de saúde que mais tempo passa junto do
doente, é ele que melhor conhece o doente e, normalmente, é com o enfermeiro que o
doente estabelece uma relação mais próxima, daí ser muito importante desenvolver
estratégias para resolver situações de stress quando se cuida o doente em fim de vida.
Twycross (2003) refere algumas formas de resolução de stress nos enfermeiros e
que são:
• Trabalhar em equipa:
Partilha de decisões e responsabilidades;
Apoio e respeito mútuos.
• Boa comunicação dentro da equipa multidisciplinar;
• Recursos e serviços de apoio adequados;
• Metas realistas;
• Manter-se aberto para receber apoio dos doentes;
• Folgas, alimentação e repouso adequados;
• Tempo disponível para recreação:
Hobbies;
Restauração espiritual.
“(…) cuidar do doente oncológico constitui uma das actividades mais exigente e
desgastante a nível físico e psíquico a que estão sujeitos os profissionais de saúde
requerendo maturidade profissional e estabilidade emocional face à doença”
(Domingues, 2005: 9). Neste sentido, e perante a progressão da doença, “Trabalhar
com doentes terminais não é fácil e requer toda uma filosofia de cuidar para a qual,
reconhecidamente, não fomos preparados e treinados” (Loff, 2000: 43).
Enquadramento Teórico
12
Escola Superior de Enfermagem de Francisco Gentil
3º Curso de Pós-Graduação em Enfermagem Oncológica
Módulo VII – Cuidados Paliativos
Cuidar de alguém cuja fase fina de vida se aproxima é sempre difícil, pois
confronta-nos com a nossa própria finitude, obrigando-nos a imaginar-nos na mesma
situação, no entanto, temos que ser ensinados a viver a morte como mais uma fase
natural da vida.
Em 2001, Loff salienta que “Não há dúvida que ao técnico de saúde, neste caso
o enfermeiro, se torna difícil de lidar com a morte porque ela representa o fracasso, a
derrota, perante o objectivo de cuidar, tratar e curar, objectivos para que os técnicos
foram preparados (…). O contacto constante com as várias derrotas têm um certo peso
psicossocial, e este é o maior risco dos técnicos que assistem doentes terminais (…).”
O burnout pode surgir em qualquer profissional de saúde que cuida de pessoas,
no entanto, é mais frequente em enfermeiros, pela relação que estabelecem com os seus
doentes e porque passam 24 sob 24 horas junto do doente, e também tem tendência a ser
mais frequente em enfermeiros que cuidam de doentes em fim de vida, pela
proximidade da morte, pelo sofrimento, não só físico mas também psicológico do
doente e família.
Enquadramento Teórico
13
Escola Superior de Enfermagem de Francisco Gentil
3º Curso de Pós-Graduação em Enfermagem Oncológica
Módulo VII – Cuidados Paliativos
Enquadramento Teórico
14
Escola Superior de Enfermagem de Francisco Gentil
3º Curso de Pós-Graduação em Enfermagem Oncológica
Módulo VII – Cuidados Paliativos
Do contacto com a sua família, por vezes excessivamente alarmada, por vezes
demasiado exigente, por vezes hostil ao doente…
Enquadramento Teórico
15
Escola Superior de Enfermagem de Francisco Gentil
3º Curso de Pós-Graduação em Enfermagem Oncológica
Módulo VII – Cuidados Paliativos
Enquadramento Teórico
16
Escola Superior de Enfermagem de Francisco Gentil
3º Curso de Pós-Graduação em Enfermagem Oncológica
Módulo VII – Cuidados Paliativos
Enquadramento Teórico
17
Escola Superior de Enfermagem de Francisco Gentil
3º Curso de Pós-Graduação em Enfermagem Oncológica
Módulo VII – Cuidados Paliativos
Enquadramento Teórico
18
Escola Superior de Enfermagem de Francisco Gentil
3º Curso de Pós-Graduação em Enfermagem Oncológica
Módulo VII – Cuidados Paliativos
2. Conclusão
Os objectivos por nós traçados foram atingidos na sua totalidade. Foram vários
os novos conhecimentos adquiridos nesta área que ainda não tínhamos explorado, mas
que foi gratificante conhecer pois também nós, profissionais de saúde, estamos sujeitos
a factores de stress ao cuidar o doente em fim de vida. Assim, é importante cuidar de
nós para que nós possamos também cuidar dos outros de forma a proporcionar-lhe uma
qualidade de cuidados adequada e realista em relação ao doente que temos perante nós.
“Deslizais no meu quarto para me trazer os medicamentos ou medir a tensão,
para se eclipsarem uma vez realizada a tarefa. Será porque sou aluna de enfermagem
ou simplesmente porque sou ser humano que tenho consciência do vosso medo e sei que
o vosso medo aumenta o meu? De que é que têm medo afinal? Sou eu que estou a
morrer. Tenho consciência do vosso mal-estar, mas não sei o que fazer nem o que dizer.
Mas peço-vos que me acreditem, se vocês se preocuparem verdadeiramente comigo,
não conseguem fazer-me mal. Aceitem essa preocupação, nada mais preciso. Sem
dúvida que nos acontece, às vezes, perguntarmos porque é que isto nos acontece e para
quê, mas não queremos nenhuma resposta.
Não fujam. Tenham paciência. Tudo o que eu preciso de saber é que terei
sempre alguém para me segurar a mão quando o precisar. Tenho medo. Talvez já
estejam insensíveis perante a morte: para mim é novidade. Nunca me tinha acontecido
morrer… Se tivéssemos ao menos a coragem de fazer o ponto da nossa situação e
admitirmos os nossos medos, vós, tal como eu, seria que isto vos iria prejudicar na
vossa preciosa competência profissional? Será proibido comunicarmos como pessoas,
de maneira a sentir-me rodeada de amigos no momento da minha morte?” Kübbler-
Ross (1994)
Lidar com doentes em fim de vida faz-nos vivenciar e relembrar o
carácter finito da nossa vida, é gerador de stress e poderá levar-nos ao burnout.
Pensamos que isto nos assusta um pouco, mas na realidade a pessoa em fim de vida
ensina-nos a conhecer o valor da vida e como ela é breve, bem como nos ensinam a dar
sentido a cada momento que passa, porque cada momento é único e precioso. Assim
cuidar em fim de vida tem as suas recompensas na nossa vida como pessoas e como
profissionais. “Os que vão morrer ensinam-nos a viver.” (Hennezel, 1993).
Conclusão
19
Escola Superior de Enfermagem de Francisco Gentil
3º Curso de Pós-Graduação em Enfermagem Oncológica
Módulo VII – Cuidados Paliativos
Referências Bibliográficas
Referências Bibliográficas
20
Escola Superior de Enfermagem de Francisco Gentil
3º Curso de Pós-Graduação em Enfermagem Oncológica
Módulo VII – Cuidados Paliativos
Referências Bibliográficas
21
Escola Superior de Enfermagem de Francisco Gentil
3º Curso de Pós-Graduação em Enfermagem Oncológica
Módulo VII – Cuidados Paliativos
Referências Bibliográficas
22