Professional Documents
Culture Documents
A facilidade do processo fez dele o meio ideal para explorar as maneiras pelas
quais, memria, auto-imagem e famlia so retratadas e estruturadas por
conceitos como classe, gnero e corpo.
David Trend (1992) escreveu que o instantneo fotogrfico estava sendo
apontado pelos ativistas culturais como o corolrio visual do estudo da vida
domstica, e isto era sinal de uma tendncia encorajadora para a reflexo sobre o
processo.
no seria o caso de acrescentar a esse debate o conceito de fotografia como
objeto? Isto , discutir a sua materialidade, uma vez que ela tanto imagem
quanto objeto fsico no tempo e no espao e, portanto, na experincia social e
cultural?
As fotografias tm volume, opacidade, tatilidade e presena fsica no mundo e,
portanto, incorporam interaes subjetivas e sensuais. Essas caractersticas no
podem ser reduzidas a um status abstrato como mercadoria, nem a um conjunto
de sentidos ou ideologias que tomam a imagem como pretexto. Pelo contrrio,
elas ocupam espaos, movem-se entre eles seguindo linhas de passagem e uso
que as projeta no mundo. (EDWARDS e HART, 2005: 1).33
O contedo da imagem importante. Segundo as autoras, ele a razo pela qual
as fotografias so compradas, trocadas, colecionadas ou dadas como presente.
Seu apelo indicial uma das qualidades que as definem. No entanto, o que elas
procuram no o divrcio impossvel entre a materialidade da foto e sua prpria
imagem, e, sim, quebrar conceitualmente a dominao dos contedos e olhar os
atributos fsicos da fotografia que os influenciam nos momentos dos arranjos e
projees da informao visual. 3
A via aberta pelo trabalho precursor de Pierre Bourdieu conduz a uma sociologia
da arte que no se conforma mais em abordar o fenmeno fotogrfico/artstico
to simplesmente a partir de seus aspectos contextuais, e, menos ainda, reduz-se
apreenso dos aspectos formais de tal produo. Cabe ao discurso sociolgico
considerar a realidade da obra, vinculando-a a contextos estruturados de
relaes sociais de produo, circulao, apropriao/consumo cultural. Criamse, assim, teias conceituais que tornam o fenmeno fotogrfico/artstico
sociologicamente inteligvel, o que no anula nem traduz a experincia esttica
provocada pela obra, mas antes lhe confere outro status.33