Professional Documents
Culture Documents
III-1
Guia de Referência Anti-Branqueamento de Capitais e de Combate ao Financiamento do
Terrorismo
transferências electrónicas, para alcançar os seus propósitos. Assim, torna-
se necessário existir uma cooperação e coordenação transnacional
articulada para conseguir frustar os esforços dos criminosos e dos
terroristas.
Os esforços internacionais começaram com o reconhecimento de que
o tráfico de drogas era um problema mundial e que apenas poderia ser
enfrentado com eficácia de uma forma multilateral. Desta forma, a primeira
convenção internacional referente ao branqueamento de capitais
estabeleceu as infracções de tráfico de drogas como as únicas infracções
subjacentes. (Uma infracção subjacente é aquela de cuja prática resultam os
produtos destinados ao branqueamento de capitais.) Considerando que a
comunidade internacional está actualmente preocupada com vários tipos de
crime, a maioria dos países passou a incluir uma ampla gama de infracções
graves na lista de infracções subjacentes ao branqueamento de capitais.
Este capítulo analisa as diversas organizações internacionais que
definem padrões nesta matéria. Também descreve os documentos e
instrumentos criados para fins de combate ao branqueamento de capitais
(ABC) e ao financiamento do terrorismo (CFT).
1
Houve outras iniciativas internacionais, como as “Medidas Contra a Transferência e Guarda de
Fundos de Origem Criminosa”, adoptadas pelo Comité do Conselho da Europa, em 27 de Junho de
1980. No entanto, o objectivo deste Guia de Referência não é entrar nos detalhes da história do
esforço internacional no combate ao branqueamento de capitais.
2
Lista dos Estados Membros: www.un.org/Overview/unmember.html.
3
Ver http://www.imolin.org/imolin/gpml.html.
III-2
Organizações internacionais que definem padrões
1. A Convenção de Viena
2. A Convenção de Palermo
4
O nome do UNDCP foi mudado para Gabinete para o Controlo da Droga e Prevenção do Crime
(ODCCP) em 1997 e, novamente, para Gabinete sobre as Drogas e o Crime (ODC) em Outubro de
2002.
5
http://www.incb.org/e/conv/1988/.
6
Em 1 de Agosto de 2004. Ver http://www.unodc.org/unodc/treaty_adherence.html.
7
A Convenção de Viena, Artigo 3.° (b) e (c) (i).
III-3
Guia de Referência Anti-Branqueamento de Capitais e de Combate ao Financiamento do
Terrorismo
8
http://www.undcp.org/adhoc/palermo/convmain.html.
9
A Convenção de Palermo, Artigo 6.°.
10
Id., Artigo 7.° (1) (a).
11
Id., Artigo 7.° (1) (b).
12
Id., Artigo 7.° (3) e (4).
13
Em 1 de Agosto de 2004. Ver
http://www.unodc.org/unodc/crime_cicp_signatures_convention.html.
III-4
Organizações internacionais que definem padrões
III-5
Guia de Referência Anti-Branqueamento de Capitais e de Combate ao Financiamento do
Terrorismo
19
http://www.un.org/Docs/scres/1999/sc99.htm.
20
http://www.un.org/Docs/scres/2000/sc2000.htm.
21
http://www.un.org/Docs/scres/2001/sc2001.htm.
22
http://www.un.org/Docs/scres/2002/sc2002.htm.
23
http://www.un.org/Docs/scres/2002/sc2002.htm
24
http://www.un.org/Docs/sc/unsc_resolutions03.html.
25
http://ods-dds-ny.un.org/doc/UNDOC/GEN/N99/300/44/PDF/N9930044.pdf?OpenElement
III-6
Organizações internacionais que definem padrões
26
“Programa Global contra o Branqueamento de Capitais”,
http://www.imolin.org/imolin/gpml.html.
III-7
Guia de Referência Anti-Branqueamento de Capitais e de Combate ao Financiamento do
Terrorismo
directa aos acontecimentos de 11 de Setembro de 200127. Esta Resolução
obrigou todos os países membros a tomar medidas específicas para
combater o terrorismo. A Resolução, que é vinculativa para todos os países
membros, também criou o Comité Contra o Terrorismo (CTC),
incumbindo-o de monitorizar o desempenho dos países membros no
desenvolvimento de uma capacidade mundial de combate ao terrorismo. O
CTC, composto por 15 membros do Conselho de Segurança, não é uma
entidade responsável pela aplicação da lei; não aplica sanções nem se
encarrega do procedimento penal ou sanciona países específicos.28 Pelo
contrário, o Comité procura estabelecer um diálogo entre o Conselho de
Segurança e os países membros sobre a forma de alcançar os objectivos da
Resolução 1373.
A Resolução 1373 insta todos os países a submeter um relatório ao
CTC, sobre as iniciativas tomadas para aplicar as medidas da Resolução, e
a apresentar regularmente relatórios de progresso. Neste sentido, o CTC
solicitou que todos os países efectuassem uma auto-avaliação da legislação
vigente e dos mecanismos existentes para combater o terrorismo, de acordo
com as obrigações da Resolução 1373. O CTC identifica as áreas em que
um determinado país necessita reforçar as suas bases e infraestruturas
jurídicas e faculta assistência aos países, embora o próprio CTC não preste
assistência directa.
O CTC mantém um sítio com um directório para os países que
procuram assistência para melhorar as suas infra-estruturas de combate ao
terrorismo29. O directório contém modelos de legislação e outras
informações úteis.
27
Resolução 1373 do Conselho de Segurança da ONU.
28
Ver http://www.un.org/sc/ctc.
29
Id.
30
Id. Os países do G-7 são a Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino
Unido.
III-8
Organizações internacionais que definem padrões
31
Sobre o GAFI e o Financiamento do Terrorismo, em http://www.fatf-
gafi.org/pages/0,2966,en_32250379_32236947_1_1_1_1_1,00.html
32
Id., em Financiamento do Terrorismo.
33
Os 31 países e territórios membros são: África do Sul, Alemanha, Argentina, Austrália, Áustria,
Bélgica, Brasil, Canadá, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França, Grécia, Reino
da Holanda, Hong Kong-China, Irlanda, Islândia, Itália, Japão, Luxemburgo, México, Noruega,
Nova Zelândia, Portugal, Reino Unido, Rússia, Singapura, Suécia, Suíça e Turquia. As duas
organizações regionais são a Comissão Europeia e o Conselho de Cooperação do Golfo.
34
Os organismos internacionais são os organismos regionais do tipo GAFI (ORTGs), que têm
forma e funções similares às do GAFI. Certos membros do GAFI também participam nos ORTGs.
Estes organismos são: Comité MONEYVAL (anteriormente conhecido como PC-R-EV) do
Conselho da Europa, Grupo Anti-Branqueamento de Capitais da África Oriental e Austral
(GABCAOA), Grupo Ásia-Pacífico sobre o Branqueamento de Capitais (GAP), Grupo de Acção
Financeira das Caraíbas (GAFIC) e Grupo de Acção Financeira da América do Sul sobre o
Branqueamento de Capitais (GAFISUD). Para uma análise destas organizações, ver o Capítulo IV,
Organismos regionais e grupos relevantes, Organismos regionais do tipo GAFI. O GAFI também
trabalha com o Grupo Egmont.
35
As organizações internacionais que têm, entre outras missões e funções, uma específica anti-
branqueamento de capitais, são: Associação Internacional dos Supervisores de Seguros (AISS),
Banco Africano de Desenvolvimento, Banco Asiático de Desenvolvimento, Banco Central
Europeu (BCE), Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento, Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID), Banco Mundial, Europol, Fundo Monetário Internacional (FMI),
Gabinete das Nações Unidas sobre as Drogas e o Crime (UNODC), Grupo Intergovernamental de
Acção contra o Branqueamento de Capitais em África (GIABA), Grupo Offshore de Supervisores
Bancários (GOSB), Interpol, Organização dos Estados Americanos/Comité Interamericano Contra
o Terrorismo (OEA/CICTE), Organização dos Estados Americanos/Comissão Interamericana para
o Controlo do Abuso de Drogas (OEA/CICAD), Organização Internacional das Comissões de
Valores (OICV), Organização Mundial das Alfândegas (OMA), Organização para a Cooperação e
o Desenvolvimento Económico (OCDE) e Secretariado da Commonwealth.
III-9
Guia de Referência Anti-Branqueamento de Capitais e de Combate ao Financiamento do
Terrorismo
• acompanhar o progresso dos membros na aplicação de medidas
anti-branqueamento de capitais;
• analisar e apresentar relatórios de tendências e técnicas de
branqueamento e as contra-medidas; e
• promover a adopção e aplicação dos padrões anti-branqueamento
de capitais do GAFI a nível global.
1. As Quarenta Recomendações
36
As Quarenta Recomendações, http://www.fatf-gafi.org/dataoecd/38/47/34030579.PDF.
III-10
Organizações internacionais que definem padrões
4. A Lista PTNC
37
Id., Rec. 21.
38
Ver Documentos do GAFI, Tendências e Técnicas do Branqueamento de Capitais, em
http://www.fatf-
gafi.org/document/23/0,2340,en_32250379_32237277_34037591_1_1_1_1,00.html.
III-11
Guia de Referência Anti-Branqueamento de Capitais e de Combate ao Financiamento do
Terrorismo
sanções aos países e territórios que são membros. Assim, para encorajar
todos os países a adoptar medidas para prevenir, detectar e perseguir
criminalmente os branqueadores de capitais, ou seja, para aplicar As
Quarenta Recomendações, o GAFI aprovou um procedimento para
identificar as jurisdições que representam um obstáculo à cooperação
internacional nesta área. O procedimento recorre a 25 Critérios, que são
consistentes com As Quarenta Recomendações, para identificar esses países
e territórios não cooperantes (PTNCs) e incluí-los numa lista de acesso
público39.
Um país PTNC é incentivado a realizar, com celeridade, progressos
na resolução das suas deficiências. Caso um país PTNC não alcance
progressos suficientes, podem ser-lhe impostas contra-medidas. As contra-
medidas consistem em acções específicas executadas pelos países membros
do GAFI contra um país incluído na Lista PTNC.
Além da atenção especial a dar às relações e operações comerciais
provenientes dos países constantes da lista,40 o GAFI pode também impor
outras contra-medidas, a serem aplicadas de forma gradual, proporcionada e
flexível; entre elas destacam-se:
39
Iniciativa PTNC, http://www.fatf-
gafi.org/pages/0,2966,en_32250379_32236992_1_1_1_1_1,00.html.
40
As Quarenta Recomendações, Rec. 21.
III-12
Organizações internacionais que definem padrões
41
GAFI, declarações e documentos do GAFI sobre PTNC. Ver, por exemplo, Comunicado de
Imprensa, 20 de Dezembro de 2002, http://www.fatf-gafi.org/dataoecd/45/30/33693959.pdf.
42
Ver Recomendações Especiais. Estas Recomendações Especiais estão incluídas no Anexo V,
http://www.fatf-gafi.org/dataoecd/55/16/34266142.pdf.
43
http://www.fatf-gafi.org/dataoecd/39/20/34033909.pdf
III-13
Guia de Referência Anti-Branqueamento de Capitais e de Combate ao Financiamento do
Terrorismo
de avaliação do sector financeiro e de centros financeiros offshore. Os
organismos regionais do tipo GAFI (ORTGs), organismos sectoriais de
âmbito geográfico definido que participaram na elaboração da Metodologia,
aceitaram-na posteriormente para utilização nas suas avaliações mútuas.
A Metodologia foi revista em 2004, após a revisão das Quarenta
Recomendações em 2003. Esta Metodologia estabelece mais de 200
“critérios essenciais” que os avaliadores devem examinar ao avaliar um
regime ABC e CFT. Abrange o enquadramento jurídico e institucional
ABC/CFT de um país, incluindo as Unidades de Informação Financeira. A
Metodologia também inclui os elementos relevantes das Resoluções do
Conselho de Segurança da ONU e das convenções internacionais, assim
como as normas de regulação e de supervisão dos sectores bancário, de
seguros e de valores mobiliários. Estes critérios essenciais descrevem os
elementos que devem obrigatoriamente estar em vigor para cumprir
integralmente cada uma das Quarenta Recomendações e das
Recomendações Especiais. A Metodologia inclui orientações para como
classificar o cumprimento, tendo por base o desempenho em relação aos
critérios essenciais.
A Metodologia inclui também vários “elementos adicionais”, que
constituem opções destinadas a reforçar os sistemas ABC/CFT. Embora o
desempenho em relação a estes elementos seja examinado como parte da
avaliação geral, não são obrigatórios e não são incluídos na avaliação do
cumprimento.
A adopção de uma Metodologia comum e abrangente de avaliação,
pelo GAFI, FMI, Banco Mundial e ORTGs significa que passa a existir
uma abordagem mais uniforme a nível mundial para a avaliação e
classificação do desempenho de um país. Será exigido ao país submetido a
avaliação, numa primeira fase, a preparação de uma auto-avaliação do seu
sistema ABC/CFT a elaborar de acordo com o documento da Metodologia.
O documento é também útil como guia detalhado das medidas que um país
deve aplicar para cumprir os padrões internacionais44.
44
A Metodologia pode ser encontrada em Metodologia ABC/CFT, em http://www.fatf-
gafi.org/dataoecd/46/48/34274813.PDF. Ver também o Capítulo X, Elaboração de uma
metodologia universal de avaliação ABC/CFT, para uma análise mais detalhada da Metodologia e
a sua aplicação pelo Banco Mundial e pelo FMI.
III-14
Organizações internacionais que definem padrões
45
http://www.bis.org/index.htm.
46
O Grupo dos 10 países é um nome impróprio, pois na realidade conta com 13 países membros.
Os membros do Comité de Basileia (incluindo o Grupo dos 10) são: Alemanha, Bélgica, Canadá,
Espanha, Estados Unidos, França, Holanda, Itália, Japão, Luxemburgo, Reino Unido, Suécia e
Suíça.
47
http://www.bis.org/publ/bcbsc137.pdf.
III-15
Guia de Referência Anti-Branqueamento de Capitais e de Combate ao Financiamento do
Terrorismo
as suas instituições se tornem associadas dos criminosos ou sejam utilizadas
como um meio para o branqueamento de capitais.”48
A Declaração sobre Prevenção contem essencialmente quatro
princípios:
48
Id., no Preâmbulo do parágrafo 6.
49
Id., em Identificações dos clientes.
50
Id., em Cumprimento das leis.
51
Id., em Cooperação com as autoridades policiais.
III-16
Organizações internacionais que definem padrões
52
Id., em Observância da Declaração.
53
http://www.bis.org/publ/bcbs30.pdf.
54
Id. Princípio Fundamental 15.
55
Metodologia dos Princípios Fundamentais, em http://www.bis.org/publ/bcbs61.pdf.
III-17
Guia de Referência Anti-Branqueamento de Capitais e de Combate ao Financiamento do
Terrorismo
figuram referências específicas ao cumprimento das Quarenta
Recomendações56.
56
Id., Anexo 2, Excertos das Recomendações do GAFI.
57
Id.
58
Id., no parágrafo 3.
59
Para uma lista dos países membros e jurisdições, ver Members [Membros], em
http://www.iaisweb.org/132_176_ENU_HTML.asp. A lista de membros contém os links dos sítios
individuais dos membros.
III-18
Organizações internacionais que definem padrões
60
Id., na página inicial.
61
Id., em Observers [Observadores], para uma lista das organizações observadoras.
62
Id., em Documento de Orientação N.° 5, Anti-Money Laundering Guidance Notes for Insurance
Supervisors and Insurance Entities [ Orientações sobre o Anti-Branqueamento de Capitais para
Supervisores de Seguros e Entidades de Seguros], Janeiro de 2002.
III-19
Guia de Referência Anti-Branqueamento de Capitais e de Combate ao Financiamento do
Terrorismo
Estes quatro princípios reflectem os quatro princípios da Declaração
sobre Prevenção do Comité de Basileia. As Orientações sobre o ABC são
completamente consistentes com As Quarenta Recomendações, incluindo o
aspecto da comunicação de actividades suspeitas e outros requisitos. Na
realidade, As Quarenta Recomendações estão incluídas num apêndice das
Orientações sobre o ABC da AISS.
• Proteger os investidores;
• Assegurar a equidade, eficiência e transparência dos mercados; e
• Reduzir o risco sistemático.65
63
http://www.iosco.org/iosco.html.
64
Ver Membership Lists [Listas de Membros], em http://www.iosco.org/iosco.html
65
http://www.iosco.org/pubdocs/pdf/IOSCOPD125.pdf.
III-20
Organizações internacionais que definem padrões
AISS, depende dos seus membros para aplicar as suas recomendações nos
respectivos países. A resolução estabelece que:
66
http://www.iosco.org/library/index.cfm?whereami=resolutions.
III-21
Guia de Referência Anti-Branqueamento de Capitais e de Combate ao Financiamento do
Terrorismo
F. Grupo Egmont de Unidades de Informação Financeira
67
Ver a análise no Capítulo VII deste Guia de Referência.
68
http://www.egmontgroup.org/.
69
Ver a Declaração de Objectivo, Grupo Egmont, em
http://www.egmontgroup.org/statement_of_purpose.pdf.
70
Id.
71
Para uma análise sobre a adesão ao grupo, ver o documento de Egmont no seu sítio, com os
procedimentos para adesão ao Grupo de Egmont, em
http://www.egmontgroup.org/procedure_for_being_recognised.pdf.
III-22
Organizações internacionais que definem padrões
72
http://www.egmontgroup.org/info_paper_final_092003.pdf.
73
Ver Statement of Purpose [Declaração de Intenções], Grupo Egmont.
http://www.egmontgroup.org/statement_of_purpose.pdf.
74
Em 2 de Junho de 2004. Ver http://www.egmontgroup.org/list_of_fius_062304.pdf.
75
http://www.fincen.gov/fiuinaction.pdf.
III-23