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pode substituir, esses so grandes." Burckhardt no cai no heroworship de um Carlyle. Poderia subscrever a frase de Lus XVIII:
"Quand le grand homme apparat, sauve qui peut!" "Pois
rarssima a grandeza d'alma pronta a renunciar s vaidades
criminosas, grande tentao dos poderosos: o poder pelo poder.
por esta razo que o poder no melhora os homens." Surge a
velha desconfiana do calvinista contra o poder temporal: no
existe poder temporal de direito divino; mais depressa ser de
direito satnico. "O mal, como mal, domina freqentemente sobre
a terra, e por muito tempo, e a doutrina verdadeiramente crist
chama Lcifer de prncipe deste mundo." Sobretudo "todo poder
mau". "Todo poder mau." Aqui est o centro da doutrina
burckhardtiana, muito impregnada de Schopenhauer e do seu
pessimismo anti-histrico, muito impregnada do fatalismo dos
esticos; herana, afinal, dos antepassados, calvinistas e cidados
livres da repblica medieval de Basilia, e da sua desconfiana
dos poderes temporais. As obras da civilizao necessitam de
ordem, verdade. Mas o estado florescente da arte, sob a ordem
dos dspotas, no passa de uma razo atenuante, boa para fazer
reaparecer os tempos longnquos, sob a luz de uma falsa
transfigurao. "Uma iluso de ptica nos engana sobre a
felicidade em certas pocas, em relao a certos povos. Mas essas
pocas eram tambm, para outros, pocas de destruio e de
escravatura; tais pocas so consideradas felizes, porque no se
leva em conta, et pour cause, a euforia dos vencedores." A
felicidade no seno uma iluso de ptica dos historiadores.
Nas suas Consideraes sobre a Histria Universal,
Burckhardt no disse tudo. O comentrio indispensvel a sua
correspondncia. Aqui o aristocrata reservado, o sbio tmido,
abre-se em confidncias aos seus raros amigos e lhes comunica os
seus receios apocalpticos. Adverte e adverte: "Um terrvel
despertar est reservado aos homens de bem que, em vista dos
grandes inconvenientes reais, participaram do jogo da oposio;
eles vero, horrorizados, surgir aqueles de quem eram cmplices"
(26 de janeiro de 1846.) Cedo ele desanima: "Nada espero do