Com a crise europeia a acentuar-se, a situação dos jovens é cada mais difícil, não só em conseguir trabalho, mas também vão perdendo os vínculos mais duradouros, sendo actualmente a precaridade a componente dominante.
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Aumento Da Precariedade Dos Jovens Na União Europeia e Mais Em Portugal 7jan13
Com a crise europeia a acentuar-se, a situação dos jovens é cada mais difícil, não só em conseguir trabalho, mas também vão perdendo os vínculos mais duradouros, sendo actualmente a precaridade a componente dominante.
Com a crise europeia a acentuar-se, a situação dos jovens é cada mais difícil, não só em conseguir trabalho, mas também vão perdendo os vínculos mais duradouros, sendo actualmente a precaridade a componente dominante.
Aumento da precariedade dos jovens na Unio Europeia e mais em Portugal
Atravs de um artigo recente do Pblico, num Relatrio divulgado comunicao
social, a Comisso Europeia diz-se preocupada com a situao que se verifica na maioria dos estados-membros relativamente ao desemprego dos jovens e sua precariedade de trabalho, considerando que h um enorme custo social e econmico de desperdcio em toda uma gerao que surge como a mais qualificada de sempre. Em 2011, dos 94 milhes de europeus entre os 15 e os 29 anos somente 34% estavam empregados a percentagem mais elevada da histria da Unio Europeia. Em Agosto de 2012, de acordo com o Eurostat, o desemprego dos jovens com menos de 25 anos j tinha atingido os 22,7% na mdia dos 27 pases da EU, o que corresponde a 5,5 milhes de jovens. Ainda em 2011, o aumento verificado na maior parte dos pases membros, reflectiu-se em valores de 2680 milhes de euros por ano, referentes aos NEET (nmero de jovens que no estuda e no trabalha), apesar do nmero dos NEET ter diminudo devido emigrao. Em termos econmicos, a factura para a EU foi de 153 milhes de euros, o que equivale a 3 mil milhes de euros por semana. Esta gerao que vive em plena globalizao, nestas condies, ter de enfrentar a situao tambm grave de uma populao envelhecida, o que preocupante mas tambm muito injusto. Mas os custos dos jovens desempregados e particularmente dos NEET, representa para a sociedade muito mais do que custos econmicos. O risco maior o destes jovens se tornarem poltica e socialmente alienados, principalmente quando o desemprego de longa durao cada vez maior. Refere ainda o citado Relatrio que o stress psicolgico, o isolamento, a adopo de comportamentos de risco e o abstencionismo eleitoral, poder por em perigo a prpria democracia, dada a tendncia comprovada destes jovens se afastarem dos partidos polticos e dos sindicatos e aderirem a movimentos propensos a protestos radicais []. necessrio combater esta apatia poltica social e cvica e promover um maior envolvimento dos jovens na sociedade, , pois, um grande desafio das democracias europeias. fundamental recuperar os jovens com uma dupla formao, com a participao das empresas e medidas de emprego viradas para os clientes e a realizao de percursos de emprego personalizados. Vou analisar agora a situao de Portugal, luz do referido Relatrio e no s. O nosso pas apresentava em Agosto de 2012 uma taxa de desemprego jovem de 35,9%. Entre os que trabalhavam, mais de 55% faziam-no atravs de contratos temporrios. Na sociedade portuguesa, devido crise internacional, ao resgate com a troika e s medidas de austeridade impostas, este fenmeno est a acentuar-se dramaticamente. Os jovens NEET, custam ao Estado 2680 milhes de euros por ano. um valor que corresponde a 1,5% do PIB nacional, muito acima da mdia europeia e s no mos grave porque tm emigrado em mdia 100 mil portugueses por ano, na sua maioria jovens qualificados. Em Portugal a percentagem dos NEET de 14%, o que em termos absolutos representa um nmero de 260.392 jovens. Contudo, dados do INE, de h alguns meses, mostram um nmero de 314.000 nesta condio.
De acordo com um relatrio da Organizao Internacional do Trabalho de 2011, 56%
dos jovens portugueses com trabalho tm contrato a prazo. Por seu lado, o Banco de Portugal informava que, em cada dez novos empregos para jovens, nove so precrios. Ainda, segundo um estudo da CGTP, 51% dos jovens com menos de 25 anos ganha menos de 500 euros e 24,5% dos jovens entre os 25 e os 35 anos recebe menos de 500 euros. Este um quadro que mostra uma grande precariedade do trabalho em Portugal e tambm a sua progressiva desvalorizao. Portugal em relao Europa o segundo pas, com o maior nmero de pessoas com contrato a prazo. O primeiro a Polnia. Toda esta complexa e grave situao social tem consequncias nos projectos de vida destes jovens. Tardam as sadas das casas dos pais com dificuldades enormes no aluguer ou at, compra de casa prpria, adiam sem prazo vista projectos de paternidade e de maternidade, que por seu lado tem reflexos negativos no fluxo demogrfico do pas, e afectam bastante a sustentabilidade dos sistemas sociais, para alm das grandes dificuldades que encontram na progresso das suas carreiras profissionais, para os que conseguem emprego. Em termos psicolgicos, esta forte precariedade de trabalho nos jovens, em relao s suas vidas, vem aumentar a falta de esperana no futuro, a desmotivao e o alheamento na participao cvica e poltica do pas, que os leva, em ltima instncia, a emigrar. Ora, posso concluir que, em relao medidas apontadas no Relatrio, elas s sero possveis de ser concretizadas com um crescimento econmico sustentado e mais equilibrado visando a melhoria efectiva das condies de vida da maioria das pessoas, nos pases membros da UE. Por outro lado, parece haver uma grande hipocrisia por parte da Comisso, pois apesar de fazer uma avaliao mais ou menos acertada do problema do desemprego dos jovens e da precariedade de trabalho, continuam a apostar em polticas neoliberais, onde os aspectos financeiros e empresariais prevalecem em relao aos interesses e necessidades das pessoas, particularmente dos jovens. Parecem estar a sacudir responsabilidades ou co-responsabilidades pela situao grave com que nos confrontamos. Enquanto se verificarem as lideranas da Unio Europeia com correntes ideolgicopolticas deste cariz, este problema no s no se resolver como tender futuramente a agravar-se e com ele a UE tender a agravar a sua queda face globalizao mundial e ao surgimento de novos pases dominantes como a China e outros emergentes pases asiticos. A austeridade ir destruir a Europa e a maioria suas populaes, se continuar este caminho. Por fim, este governo de Passos Coelho tem sido um mero executor cego e subserviente das polticas de austeridade impostas pela troika (UE includa), comprometendo a nossa identidade e soberania, agravando as condies de vida e de trabalho das pessoas, classes mdias e mdias-baixas, apoiando os mais poderosos e contribuindo, como nunca aconteceu, para o empobrecimento da maioria dos portugueses, aumentando brutalmente os impostos, fazendo subir exponencialmente os nmeros do trabalho precrio, do desemprego e da emigrao, sendo os jovens, particularmente sacrificados. Pelo que, se entende agora porque Portugal aparece no Relatrio da Comisso Europeia, no primeiro lugar dos pases europeus relativamente precariedade das condies de trabalho. Jan. 7 2013