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IX Simpósio Internacional Processo Civilizador – CEFET/PR. de 24 a 26 de Novembro de 2005, Ponta Grossa, Paraná, Brasil
Resumo
O homem, desde os primórdios da humanidade, busca incessantemente meios e estratégias para
vencer os desafios da sua sobrevivência. O objetivo deste artigo é discutir como o homem
através, dos tempos, desenvolveu sua capacidade de obter conhecimentos para gerar idéias,
inovações e tecnologia em seu benefício e da humanidade. Faz-se uma revisão bibliográfica de
acontecimentos do passado e uma analogia com o momento atual, mostrando que no passado
ele era dominado mentalmente pelos detentores de conhecimentos que manipulavam os menos
esclarecidos tornando-os submissos a deuses e fenômenos da natureza que castravam sua
capacidade de raciocínio. Apresenta-se também como o homem organizou-se e venceu os
desafios com o uso do conhecimento. A contribuição é fornecer elementos através dos fatos para
uma reflexão sobre a evolução do trabalho do homem no contexto da civilização.
Palavras-chave: Evolução, conhecimento, inovação.
1 Introdução
No atual momento de nossa existência, estamos vivendo a Era do Conhecimento.
Esta nova sociedade está causando um impacto de intensidade sem precedentes na vida das
pessoas e no mundo dos negócios. O que está acontecendo nos leva a pensar ser o
momento mais significativo de “mudanças” de toda a história da humanidade. Neste artigo
procura-se mostrar fatos de alguns dos momentos mais importantes da história do homem
desde um passado onde os detentores de conhecimentos manipulavam mentalmente os
menos esclarecidos, tornando-os submissos a deuses e fenômenos da natureza que
castravam sua capacidade de raciocínio, até ao momento atual. Apresenta-se também como
o homem organizou-se e venceu os desafios com o uso do conhecimento. A contribuição é
fornecer elementos através dos fatos para uma reflexão sobre a evolução do trabalho do
homem no contexto da civilização.
1
Especialista em Gestão Industrial. Professor da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Mestrando do Centro Federal de Educação
Tecnológica/PR. E-mail: escorsim@uol.com.br, Ponta Grossa, Brasil.
2
Doutor em Automação Industrial. Professor do Centro Federal de Educação Tecnológica/PR. E-mail: kovaleski@pg.cefetpr.br, Ponta
Grossa, Brasil
3
Doutor em Educação Física. Professor do Centro Federal de Educação Tecnológica/PR. E-mail: lapilatti@ pg.cefetpr.br, Ponta Grossa,
Brasil.
4
Especialista em Gestão Industrial . Mestrando do Centro Federal de Educação Tecnológica/PR. E-mail: bcarletto@uol.com.br, Ponta
Grossa, Brasil.
2
2 Metodologia da pesquisa
Para procurar atingir o objetivo proposto desenvolveu-se uma pesquisa
bibliográfica buscando informações e conhecimentos que norteassem a investigação.
Martins (2002, p. 24) diz que o “investigador deve proceder ao levantamento bibliográfico
que dê suporte e fundamentação teórico-metodológica ao estudo”.
De acordo com Noronha e Ferreira (2000, p. 191-198), para identificar e conhecer
determinada área do conhecimento, bem como seu desenvolvimento, as revisões de
literatura são extremamente importantes, permitem também a identificação de perspectivas
futuras, contribuindo com sugestões de idéias para o desenvolvimento de novos projetos de
pesquisas.
Tivemos dois mil anos de submissão a magos da sabedoria ou espertalhões que induziam
os povos a crenças bizarras e fenômenos da natureza que amedrontavam a humanidade. O
raio, o trovão e o relâmpago significavam a ira de um deus. Um terremoto era o castigo e a
insatisfação de todos os deuses pela má conduta dos povos. Tudo era motivo de crenças e
os detentores do conhecimento manipulavam os menos informados. Elias (1998, p.116)
diz:
De acordo com Civita (1970, p. 1165), o respeito aos sábios e poderosos da época
era tão grande que, quando Giordano Bruno dissera a verdade ao ensinar a teoria de
Copérnico nas Universidades afirmando que a Terra era redonda e diariamente realizava
um movimento de rotação em torno do seu eixo, foi queimado vivo pela Inquisição no ano
de 1600 em Roma.
Em 1632, Galileu Galilei, considerado o pai da Astronomia, publica um livro
denominado “Diálogos sobre os dois sistemas”, onde ele defende as teorias de Ptolomeu e
Copérnico acerca do sistema solar. A Inquisição, ao tomar conhecimento, proíbe-o de
ensiná-las e, ao desobedecer, é preso pelo Vaticano e condenado à prisão perpétua.
Somente depois de negar publicamente, por imposição, suas teorias e de comprometer-se a
nunca mais ensiná-las, Galileu obteve a comutação de sua pena por prisão domiciliar e
ameaçado de pena de morte em caso de reincidência. Seu comportamento era vigiado por
perseguidores que agiam segundo as superstições da época (PEATTIE, 1974, p. 66-68).
Conforme cita Maia Júnior (1976, p. 15), tudo começa a mudar em 1637, quando o
grande filósofo francês René de Descartes, considerado o pai da filosofia moderna e
criador do Racionalismo, publica o livro “Discurso sobre o método”. Descartes
revoluciona os conhecimentos da época ao afirmar que só devermos aceitar como
verdadeiro o fato que tiver comprovação científica.
De acordo com Martins (1998, p. 1), os artesão foram a primeira forma de produção
organizada, já que eles estabeleciam prazos de entrega, conseqüentemente estabelecendo
prioridades, atendiam especificações pré-estabelecidas e fixavam preços em suas
encomendas. A produção artesanal evoluiu face ao grande número de encomendas. A
decadência da Era artesanal começou com o advento da Revolução Industrial.
A partir de Descartes o homem teve consciência de que a compreensão dos
princípios científicos proporcionava uma maneira mais metódica de inventar. Mas muitas
das invenções foram ainda feitas antes de o homem possuir o conhecimento científico
necessário para as compreender. A máquina a vapor, por exemplo, iria ser inventada mais
de um século antes de os cientistas entenderem as leis da termodinâmica que tornavam o
seu funcionamento compreensível (ATMORE et al., 1978, p. 313-321).
A máquina a vapor de James Watt foi o arauto dos primeiros movimentos da
Revolução Industrial. Em 1760 o processo já estava em marcha e as novas invenções
apareciam com um ritmo dez vezes superior ao do princípio do século. O início da
utilização da energia a vapor coincidiu com o nascimento da indústria têxtil.
Gaither (2001, p. 7-8) relata que a Revolução Industrial surgiu em função de dois
elementos principais: a substituição da força humana e da água pela força mecanizada e o
estabelecimento do sistema fabril. A Revolução Industrial se espalhou da Inglaterra para
outros países europeus e para os Estados Unidos. Avançou mais ainda com o
desenvolvimento do motor a gasolina e da eletricidade.
A Revolução Industrial criou uma procura de metais apropriados, a que
corresponderam rápidos progressos no processo de refinamento do ferro. O americano
Thomas Alva Edison, inventor da lâmpada incandescente, foi o cientista mais prolífico do
século XIX , registrou 1093 patentes dos seus inventos. Os últimos anos do século XIX
foram os da revolução da bicicleta que, pela primeira vez, permitiu que grandes massas de
população viajassem economicamente (ATMORE et al., 1978, p. 313-321).
O século XIX chega ao fim numa atividade fabril relacionada com o vôo da
máquina mais pesadas do que o ar. Nas afirmativas de Gaither (2001, p. 8) o ambiente
socioeconômico do novo século formou o caldeirão no qual a administração científica foi
formulada. O elo perdido era a administração – a capacidade de desenvolver essa grande
máquina de produção para satisfazer os maciços mercados de então. Um núcleo de
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Douglas McGregor para formular a Teoria Y, com certeza, apoiou seus estudos na
famosa Hierarquia das Necessidades do psicólogo norte-americano Abraham Maslow
(1908-1970). Segundo Maslow, as necessidades humanas obedecem a uma hierarquia de
valores que foram sequenciadas em fisiológicas, segurança, social, status e auto-realização.
O homem é totalmente motivado por cada um desses valores. De acordo com Crainer
(1999, p. 142):
a Teoria Y, foi mais do que uma simples teoria. Além das premissas que
embasam esta teoria de que o trabalho é tão natural quanto o divertimento e que
o controle externo e a ameaça de punição não são as únicas formas de incentivar
o esforço para atingir as finalidades da empresa, McGregor dizia que o
compromisso com os objetivos surge da recompensa associada ao prazer de
cumprir uma meta – o mais importante é a satisfação do ego e isto pode ocorrer
quando o esforço individual caminha na mesma direção dos propósitos da
organização.
Este caos ambiental e organizacional leva a meados do século passado, com sinais
de que ainda hoje estes fatores persistem. Numa época em que para sobreviver no mundo
dos negócios é preciso “inovar”, e para inovar é necessário pessoas e equipes de trabalho
altamente comprometidas, participativas e motivadas encontra-se este tipo de resistência
ou provável ignorância. Segundo Reis (2004, p. 41):
empresas e estes são frutos da evolução do pensamento dos dirigentes empresariais que
concluíram que para o sucesso do seu empreendimento é preciso coesão e estreitamento de
relacionamento com seus funcionários, valorizando-os como parceiros e proporcionando a
oportunidade de se auto-realizarem e participarem nos resultados da empresa.
O empresário despreparado põe em risco a sobrevivência do seu negócio e nos
novos tempos não há mais lugar nem espaço para este tipo de empreendedor.
Imaginando uma pirâmide (Figura 2): No centro a empresa (negócios, produtos,
processos, objetivos da organização, etc.). Em um dos vértices os dirigentes, em outro os
funcionários e no terceiro a responsabilidade social, visualizamos a tríplice aliança que de
forma harmônica e permanente fará a diferença entre vencer ou desaparecer.
Dirigentes
EMPRES
A
4 Considerações Finais
A evolução do trabalho do homem está associado a um passado de submissão, às
Eras do Desenvolvimento e ao triunfo da Razão, foi a dominação da natureza pela cultura.
A Nova Era, sem dúvida a mais importante da história humana, está marcada pela
autonomia da cultura ante as bases materiais de nossa existência. Segundo Rossatto (2002,
p. 1):
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Abstract
Even since the beginning of the humankind, man has been searching means and strategies to
overcome the challenges of his surviving. The purpose of this paper is to discuss how man, through
time, has developed his capacity of acquiring knowledge to generate ideas, innovations and
technology for his own benefit as well as to benefit the whole humankind. A bibliographical review
of the past history is done in order to make an analogy with nowadays facts. It shows that, in the
past, man was mentally dominated by the owners of the knowledge, who would manipulate the less
cultured ones, having them to submit themselves to gods and natural phenomena, preventing them
from thinking by themselves. It is also presented here how man has organized himself and defeated
the challenges by using knowledge. The contribution of this work is to provide elements through
facts for a reflection about the evolution of man’s work in the context of civilization.
Key words: Evolution; Knowledge; Innovation
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Referências
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