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Pública
Elaborado em 08.2002.
INTRODUÇÃO
A denominada função administrativa do Estado submete-se a um especial
regime jurídico. Trata-se do denominado regime de direito público ou regime
jurídico-administrativo. Sua característica essencial reside, de um lado, na
admissibilidade da idéia de que a execução da lei por agentes públicos exige o
deferimento de necessárias prerrogativas de autoridade, que façam com que o
interesse público juridicamente predomine sobre o interesse privado; e de
outro, na formulação de que o interesse público não pode ser livremente
disposto por aqueles que, em nome da coletividade, recebem o dever-poder de
realiza-los. Consiste, na verdade, no regime jurídico decorrente da conjugação
de dois princípios básicos: o princípio da supremacia dos interesses
públicos e o da indisponibilidade dos interesses públicos.
Neste sentido, temos o ilustre posicionamento de CARDOZO:
"Estes, são princípios gerais, necessariamente não positivados de forma
expressa pelas normas constitucionais, mas que consistem nos alicerces
jurídicos do exercício da função administrativa dos Estados. Todo o exercício
da função administrativa, direta ou indiretamente, será sempre por eles
influenciados e governado" (1)
Tomando o conceito de Administração Pública em seu sentido orgânico,
isto é, no sentido de conjunto de órgãos e pessoas destinados ao exercício da
totalidade da ação executiva do Estado, a nossa Constituição Federal positivou
os princípios gerais norteadores da totalidade de suas funções, considerando
todos os entes que integram a Federação brasileira (União, Estados, Distrito
Federal e Municípios).
Destarte, os princípios inerentes à Administração Pública são aqueles
expostos no art. 37 de nossa vigente Constituição. Alguns, diga-se de pronto,
foram positivados de forma expressa. Outros, de forma implícita ou tácita.
Antes de procedermos à analise de cada um dos princípios que regem o
Direito Administrativo, cabe novamente acentuar, que estes princípios se
constituem mutuamente e não se excluem, não são jamais eliminados do
ordenamento jurídico. Destaca-se ainda a sua função programática, fornecendo
as diretrizes situadas no ápice do sistema, a serem seguidas por todos os
aplicadores do direito.
Desta maneira, cria-se aqui uma forma de contrato administrativo inusitado entre
administradores de órgãos do poder público com o próprio poder público. Quando ao
contrato das entidades não há maiores problemas porque entidades são órgãos públicos
ou parapúblicos (paraestatais) com personalidade jurídica de modo que têm a
possibilidade de celebrar contratos e outros ajustes com o poder público, entendido poder
da administração centralizada. Mas, os demais órgãos não dispõem de personalidade
jurídica para que seus administradores possam, em seu nome, celebrar contrato com o
poder público, no qual se inserem.
Além dos quatro citados princípios explicitamente abrigados pelo texto constitucional,
existem outros implicitamente agregados ao regramento constitucional da Administração
Pública. Vejamos.
A Administração Pública na prática de seus atos deve sempre respeitar a lei e zelar
para que o interesse público seja alcançado. Natural, assim, que sempre que constate que
um ato administrativo foi expedido em desconformidade com a lei, ou que se encontra em
rota de colisão com os interesses públicos, tenham os agentes públicos a prerrogativa
administrativa de revê-los, como uma natural decorrência do próprio princípio da
legalidade.
A respeito, deve ser lembrada a Súmula 473 do Supremo Tribunal Federal, quando
afirma que:
"a administração pode anular os seus próprios atos, quando eivados
de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam
direitos; ou revoga-los, por motivo de conveniência e oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a
apreciação judicial" (46).
Princípio Da Finalidade
Foi visto no exame do princípio da legalidade que a Administração Pública só pode
agir de acordo e em consonância com aquilo que, expressa ou tacitamente, se encontra
estabelecido em lei. Inegável, portanto, que sempre tenha dever decorrente e implícito
dessa realidade jurídica ocumprimento das finalidades legalmente estabelecidas para sua
conduta.
Deveras, ao regular o agir da Administração Pública, não se pode supor que o desejo
do legislador seria o de alcançar a satisfação do interesse público pela imposição de
condutas bizarras, descabidas, despropositadas ou incongruentes dentro dos padrões
dominantes na sociedade e no momento histórico em que a atividade normativa se
consuma. Ao revés, é de se supor que a lei tenha a coerência e a racionalidade de
condutas como instrumentos próprios para a obtenção de seus objetivos maiores.
Por conseguinte, o administrador público não pode utilizar instrumentos que fiquem
aquém ou se coloquem além do que seja estritamente necessário para o fiel cumprimento
da lei.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Segundo nossa carta constitucional, o "bem de todos" é objetivo fundamental da
República Federativa do Brasil (art. 3.º, IV) e, por conseguinte, uma finalidade axiológico-
jurídica que se impõe como pólo de iluminação para a conduta de todos os órgãos e
pessoas que integram a estrutura básica do Estado brasileiro.