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PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO

PROCESSUAL CIVIL
Q U E S T I O N Á R I O 1 – 12/4/2008
Prof. Ronaldo Cramer

Aluno: Thiago Graça Couto


Matrícula: 081.250.004

1) Qual o objeto de estudo do Direito Processual Civil?

O objeto de estudo do Direito Processual Civil são os instrumentos capazes de


concretizar o direito material. Nas palavras de Luiz Rodrigues Wambier, Flávio
Renato Correira Almeida e Eduardo Talamini1, uma das formas de classificar os
diversos ramos do Direito consiste em dividí-lo em dois grandes grupos: direito
material e direito processual. Regra geral, é possível afirmar que todas as normas
que criam, regem e extinguem relações jurídicas, definindo aquilo que é lícito e
pode ser feito, aquilo que é ilícito e não deve ser feito, constituem-se em normas
jurídicas de direito material. Trata-se de regras que, em resumo, regulam as
relações jurídicas do em geral, excluída a matéria relativa à disciplina dos
fenômenos que se passam no processo, inclusive da relação jurídica processual
base. Estas últimas, que tratam da disciplina processual, de forma como se fará a
veiculação da pretensão, com vistas à solução da lide, têm conteúdo nitidamente
vinculado àquilo que acontece em juízo, isto é, quando o litígio chega ao Poder
Judiciário sob a forma de lide. Desta forma, verifica-se a importância que o Direito
Processual influi na eterna busca pela justiça e pacificação social, eis que o
atendimento das demandas judiciais se dará observado as normas processuais em
vigor.

2) O que é pretensão?

Pretensão representa o interesse de determinado indivíduo em usufruir de


determinado direito. A concepção clássica de Carnelutti dispõe que a lide
corresponde a um conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida.
Caberá ao judiciário, à luz do direito material, e observando as regras processuais,
julgar se aquela pretensão resistida corresponde a um direito não observado.

3) A partir do paradigma constitucional, como devem ser


interpretadas as normas processuais?

Nas palavras de Marcus Firmino Santiago2, é certo que normas jurídicas que
estabeleçam condutas e eventuais sanções desacompanhadas de mecanismos

1
WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso Avançado de Processo Civil Vol.1. Editora Revista
dos Tribunais. São Paulo, 2007. p. 54.
2
http://www.tex.pro.br/wwwroot/01de2005/constitucionalizacao_do_processo_claudi
o_firmino.htm#_ftn1> Acesso em 11/04/2008.

Thiago Graça Couto


thiagocouto@gmail.com
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capazes de viabilizar sua concretização, tornando efetivas as promessas de


pacificação social, não são capazes de assegurar a realização do objetivo de uma
vida social harmônica. Neste espaço se situa o Processo atual, entendido como um
instrumento para efetivação do plano normativo, cumprindo-lhe, portanto,
determinar os rumos que devem ser seguidos até que a harmonia objetivada pelo
ordenamento jurídico seja efetivamente alcançada. A chamada constitucionalização
do processo envolve a busca incessante por mecanismos que venham tornar mais
efetivas as decisões judiciais e agilizar a prestação jurisdicional, tudo isto em
sincronia com o neoconstitucionalismo e a ideia de que a carta magna não é apenas
um documento político, mas uma regra jurídica que deve ser cumprida e observada
por toda legislação infraconstitucional. Ainda segundo o Prof. Marcus Santiago, é
imperioso notar que, ao lado das alterações legislativas, a interpretação das regras
e conceitos processuais à luz dos paradigmas constitucionais fundadores de uma
nova ordem estatal, centrada na dignidade humana e voltada à realização do
princípio democrático, é tarefa essencial de cuja realização não podem os juristas
se furtar. O aprimoramento da prestação jurisdicional, entendida sob uma ótica
participativa, onde o Processo se afigura como um canal de comunicação social e
participação democrática, somente pode acontecer se não se perder de mira a
posição central que a Constituição e toda a sua pauta de valores fundamentais
possui na atual ordem jurídica estatal.

4) Quais são os princípios constitucionais do Direito Processual


Civil?

Princípio do Devido Processo Legal:

Art. 5º.

LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o


devido processo legal;

Princípio da inafastabilidade da tutela jurisdicional:

Art. 5º.

XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou


ameaça a direito;

Princípio da Publicidade dos Atos Processuais:

Art. 5º.

LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais


quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;

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Princípio do contraditório:

Art. 5º.

LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos


acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

Princípio da proibição da prova ilícita:

Art. 5º.

LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios


ilícitos;

Princípio da presunção de inocência:

Art. 5º.

LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado


de sentença penal condenatória;

Princípio da Motivação das Decisões Judiciais:

Art. 93

IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão


públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de
nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos,
às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em
casos nos quais a preservação do direito à intimidade do
interessado no sigilo não prejudique o interesse público à
informação;

Princípio do Juiz Natural:

Art. 5º

XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;

LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela


autoridade competente;

5) O que é jurisdição?

A jurisdição é responsável por resolver os conflitos a ela apresentados por meio da


aplicação do sistema jurídico em vigor.

Thiago Graça Couto


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6) O que é tutela jurisdicional? Qual a diferença entre tutela


jurisdicional e tutela de direitos? Qual a diferença entre tutela
jurisdicional e prestação jurisdicional? Qual a diferença entre tutela
jurisdicional e técnica processual?

A tutela jurisdicional é a possibilidade de ser reinvidicar determinado direito ao


Estado-Juiz, que então definirá pela procedência ou não do pedido, caracterizando a
prestação jurisdicional. A tutela de direitos é a proteção dada a certo direito por
uma norma jurídica ou órgão jurisdicional. A tutela jurisdicional, como já ressaltado,
representa o posicionamento do Estado como pacificador dos conflitos sociais, que
deverá se utilizar da técnica processual pare resolvê-los.

7) Por que se diferencia a (in)competência absoluta da


(in)competência relativa?

A competência pode ser estabelecida em função de critérios territoriais, valorativos,


materiais ou funcionais. Assim estabelece o Art. 111 do CPC:

Art. 111. A competência em razão da matéria e da hierarquia é


inderrogável por convenção das partes; mas estas podem
modificar a competência em razão do valor e do território,
elegendo foro onde serão propostas as ações oriundas de direitos
e obrigações.

Desta forma, verifica-se que a competência territorial e em razão do valor são


relativas, enquanto as em função da matéria e da hierarquia são absolutas.

Conforme Wambier3, gera vício menos grave a infração a regras de competência


que levem em conta critério territorial e de valor. A infração de regra que disponha
a respeito de competência absoluta, ou seja, que tenha como critério matéria e
função, gera vício incomparavelmente mais grave. Está-se aqui diante de vício que
pode ser arguido a qualquer tempo pelo réu.

8) O que é ação?

Ação é o meio pelo qual se provoca a tutela jurisdicional do Estado-Juiz para que se
manifeste sobre pretensão acerca de determinado direito.

9) Qual a finalidade das condições da ação?

3
Op. Cit. Pg. 1

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Permitir que a ação cumpridora das condições previstas pelo Código de Processo
Civil sejam julgadas regularmente pelo Poder Judiciário.

10) Conforme a doutrina de Pontes de Miranda (defendida,


principalmente, por Ovídio Araújo Baptista da Silva), o que é ação
de direito material?

Basicamente, a ação de direito material surge com a violação do direito subjetivo,


ou seja, quando, por exemplo, o devedor não atende a pretensão e recusa o
pagamento. Proibida a auto-tutela, a ação de direito material é exercida através do
processo, em outras palavras, através da ação processual. Como esta cabe tanto a
quem tem como a quem não tem razão, segue-se que a ação processual existe
sempre, ao passo que a ação de direito material somente existe no caso da
procedência da ação.

Thiago Graça Couto


thiagocouto@gmail.com

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