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Sistema de Hidrantes Prediais


para Combate a Incêndios

O sistema de hidrantes é um tipo de proteção instalado em edifí-


cios, utilizado como meio de combate a incêndios. É composto basica-
mente por Reservatórios de Água, Bombas de Incêndio, Tubulações,
Hidrantes, Abrigos e Registros de Recalque.
O sistema de hidrantes tem como objetivo dar continuidade à ação
de combate a incêndios até o domínio e possível extinção. O agente
extintor utilizado é a água,1 motivo pelo qual o método principal de
extinção a ser aplicado será o resfriamento. Ao utilizar-se o sistema de
hidrantes é fundamental desligar a chave principal de entrada de ener-
gia da edificação e/ou do setor onde se vai efetuar o combate, no intui-
to de evitar acidentes (descargas elétricas).

1.1 Reservatório de Água


O reservatório de água é um compartimento construído na
edificação, em concreto armado, metal apropriado ou qualquer outro
material que apresente resistência mecânica às intempéries e ao fogo.
Destina-se a armazenar uma quantidade de água (reserva de incêndio)
que, efetivamente, deverá ser fornecida para o uso exclusivo de combate a
incêndios. Quanto à localização, os reservatórios podem ser elevados,
no nível do solo, semi-enterrados ou subterrâneos, devendo ser observa-
das as exigências previstas nas Normas Técnicas (NBR 13714/2000)

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Considerada pelos antigos como elemento químico simples, a água é uma combinação de oxigênio e
hidrogênio, de fórmula H O. Sua composição foi descoberta por Cavendish (1781), a partir de experimen-
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tos que também demonstraram ser ela formada pela combustão do hidrogênio; Carlisle e Nicholson leva-
ram a efeito sua análise a partir da dissociação eletrolítica (1800); Gay-Lussac e Humboldt sua síntese
eudiométrica (1805); e Dumas sua síntese ponderal. Fonte: Enciclopédia Larousse.
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Reservatório Elevado
RESERVA D´ÁGUA RESERVA D´ÁGUA
DE INCÊNDIO DE INCÊNDIO
(R.I.) (R.I.) Dispositivo
Antivórtice

EB
1,20m

1,20m
IB
2,00m Bomba de Incêndio
m

0,80m
70
0,

0,30m
“By-pass” 0,80m

P1= 15,00 mca


4,00m

0,20m

H-1
PA E=13mm
C=15m
Registro de
3,10m

D=38mm Recalque
10,00m

Isométrico
Sem escala
Medidas de comprimento em metros
Medidas de diâmetro em milímetros
Tubulação aço galvanizado – DN 65mm (2 1/2”)
Esguichos tipo agulheta Ø13mm

Legenda D= Diâmetro da mangueira


Hidrante simples E= Diâmetro do esguicho
Cotovelo de raio curto C= Comprimento da mangueira
“T” de passagem RI= Reservatório d’água de incêndio
Válvula de retenção IB= Introdução da bomba de incêndio
Registro de globo EB= Expedição da bomba de incêndio
Bomba de incêndio PA= Ponto a de equilíbrio
Acionador manual da bomba de P1= Pressão mínima no esguicho em H1
incêndio Ø= Diâmetro
DN= Diâmetro nominal

Fig. 1.1 – Detalhes do Sistema de Hidrantes.


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quanto às suas características construtivas e localização. Os reservató-


rios devem estar – dentro das possibilidades – em local acessível aos
veículos do Corpo de Bombeiros. A capacidade da reserva de incêndio
deverá ser suficiente para garantir o suprimento dos pontos de hidrantes,
considerados em funcionamento simultâneo, durante o tempo previs-
to nas especificações técnicas.

Fig. 1.2 – Reservatório de água elevado (reserva de incêndio).

1.2 Bomba de Incêndio


A Bomba de Incêndio tem a finalidade de efetuar o deslocamento
de água no interior das tubulações. Entra em funcionamento mediante
acionamento manual – botoeira tipo liga-desliga próximo aos hidrantes
– ou automático – através de chave de fluxo para reservatórios eleva-
dos ou pressostatos/manômetros para reservatórios subterrâneos, no
nível do piso ou semi-enterrados.
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As Bombas de Incêndio deverão possuir motor elétrico ou a explo-


são – este obrigatório para proteção de tanques de líquidos e gases
combustíveis ou inflamáveis.

Expedição

Bomba
principal

Bomva Retorno
Jockey Ø6mm

Introdução

Fig. 1.3 – Bombas de Incêndio.

1.3 Tubulação
A Tubulação consiste num conjunto de tubos, conexões, acessórios
hidráulicos e outros materiais destinados a conduzir água, desde o re-
servatório específico até os pontos de hidrantes. Todo e qualquer ma-
terial previsto ou instalado deve ser capaz de resistir ao efeito do calor,
mantendo seu funcionamento normal. O meio de ligação entre os tubos,
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conexões e acessórios diversos deve garantir a estanqueidade e a esta-


bilidade mecânica da junta, e não deve sofrer comprometimento de
desempenho se for exposto ao fogo.
Os materiais termoplásticos, na forma de tubos e conexões, somen-
te devem ser utilizados enterrados e fora da projeção da planta da
edificação, satisfazendo os requisitos necessários ao funcionamento da
instalação em termos de resistência à pressão interna e a esforços me-
cânicos.
Nenhuma tubulação de alimentação dos pontos de hidrantes pode
ter diâmetro nominal inferior a 65 mm, conforme a NBR 13714/2000.2

Fig. 1.4 – Detalhes de Tubulações.

1.3.1 Válvulas
As válvulas são acessórios de tubulação destinados a controlar ou
bloquear o fluxo de água no interior das tubulações.

2
A Instrução Técnica 22 – Sistema de Hidrantes e de Mangotinhos para Combate a Incêndio, do Corpo de
Bombeiros do Estado de São Paulo, aceita o uso de tubulações com diâmetros nominais de 50 mm para os
sistemas tipo 1 e 5 – ver item 5.2.3.1.
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1.4 Hidrante
Hidrante é um ponto de tomada de água3 provido de dispositivo de
manobra (válvulas angulares) com união tipo engate rápido para com-
bate a incêndio sob comando. Os hidrantes podem ser de coluna ou de
parede (interior do abrigo) e de uma única expedição (simples) ou duas
(duplos). São denominados hidrantes internos, quando instalados no
interior da edificação, ou externos, caso contrário. As válvulas dos
hidrantes devem ter conexões iguais às adotadas pelo Corpo de Bom-
beiros (tipo engate rápido – diâmetro nominal de 40 mm ou 65 mm).

Válvula de retenção do tipo horizontal e válvula de controle.

Fig. 1.5a – Válvulas.

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A água é um líquido inodoro e insípido, cujo ponto de solidificação é 0 ºC, e cujo ponto de ebulição é 100
ºC (ambos à pressão de 1 atm, ou 760 mmHg). É também incolor, porém, em grandes camadas, adquire cor
verde-azulada. É um composto muito estável sob a ação do calor. A sua decomposição não começa senão
numa temperatura elevadíssima (1.200 a 1.300 ºC) e é sempre incompleta. A água é o agente extintor – age
por resfriamento no estado líquido – mais antigo, sendo usada desde o início da história. O volume da água
existente na Terra é de 1.360 milhões de Km3, dos quais 95,5% são águas salgadas, 2,2% estão imobiliza-
dos nas calotas polares e nas geleiras e 2,3% são de água doce utilizável (incluindo aquela dos lagos, cursos
d’água e da atmosfera, mas sobretudo a água do solo e do subsolo). É um agente extintor encontrado com
abundância na natureza e economicamente vantajoso. O vapor d’água é utilizado como agente extintor que
age por abafamento, pois em razão de sua temperatura elevada, não terá nenhuma ação de resfriamento. O
vapor formado por um litro de água atinge um volume de 1.700 litros.
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Detalhe interno da
válvula de retenção
tipo horizontal.

Válvula de
retenção do
tipo vertical.

Válvula de
retenção do tipo
horizontal.

Fig. 1.5b – Válvulas.

Fig. 1.6 – Hidrantes (parede e coluna).


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1.5 Abrigo
Abrigo é um compartimento (cor vermelha), embutido ou aparen-
te, dotado de porta, destinado a armazenar esguichos, mangueiras,
chaves de mangueiras e outros equipamentos de combate a incêndio, e
deve ser capaz de protegê-los contra intempéries e danos diversos. Deve
ser instalado a não mais que cinco metros de cada hidrante de coluna,
em lugar visível e de fácil acesso, com o dístico “incêndio” na porta.

1.5.1 Esguicho
O esguicho consiste em peça metálica adaptada na extremidade da
mangueira, destinada a dar forma, direção e controle ao jato, podendo
ser do tipo regulável ou não. Os mais utilizados nos edifícios são o

Fig. 1.7 – Abrigo.


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esguicho agulheta (13, 16, 19 ou 25 mm) e o esguicho regulável


(DN 40/65 mm). Podemos encontrar os esguichos lançadores de espu-
ma, utilizados para proteção de tanques de combustíveis ou inflamá-
veis, também conforme essas especificações.
O esguicho agulheta, mais comum, aumenta a velocidade da água
porque seu orifício é de diâmetro menor que o da mangueira, permi-
tindo, desta forma, o jato compacto (pleno). O esguicho regulável pas-
sa de jato compacto a neblina de alta velocidade pelo simples giro do
bocal. Esse esguicho produz jato ou cone de neblina, de ângulo variá-
vel de abertura, em razão da existência de um disco no interior do tubo
de saída; o ângulo máximo de abertura chega a 180 graus.4

Esguicho
agulheta.

Esguicho
regulável.

Fig. 1.8 – Esguichos (tipo agulheta e regulável).

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Agente Extintor – Água – Forma de Aplicação Ideal

Classes de Incêndio A B1 B2 C D
Jato compacto/pleno 3 5 4 5 5
Chuveiro 2 1 0 5 5
Neblina 2 2 2 1 5
Vapor 2 2 2 4 5

Obs.: a água em forma de neblina só é eficiente na classe “B1” quando o fogo é de pequena superfície.

A: incêndio de classe A – sólidos. 0: agente extintor não apropriado.


B1: incêndio de classe B1 – líquidos inflamáveis. 1: agente extintor utilizável conforme a circunstância.
B2: incêndio de classe B2 – gases inflamáveis. 2: agente extintor com efeito bom.
C: incêndio de classe C – eletricidade. 3: agente extintor com efeito ótimo.
D: incêndio classe D – metais pirofóricos 4: agente extintor com utilização precária.
5: agente extintor com utilização perigosa.
Fonte: FERREIRA, 1987, v.5, Agentes e Aparelhos Extintores, p.15-6.
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1.5.2 Mangueira
Mangueiras são equipamentos para combate a incêndio constituí-
do, essencialmente, por um duto flexível contendo uniões do tipo en-
gate rápido. As mangueiras utilizadas nos edifícios têm diâmetro nomi-
nal de 40 mm ou 65 mm, em comprimentos de 15, 20 ou 30 metros.
As mangueiras devem estar acondicionadas no abrigo na forma
aduchada ou em zigue-zague.
Especial atenção deverá ocorrer durante a compra e conseqüente
instalação nos abrigos: a mangueira tipo 1 é conhecida como manguei-
ra predial (residencial); um prédio de escritórios, por sua ocupação,
deve utilizar a mangueira de tipo 2, mesmo que a pressão de trabalho
seja menor que 10 Kgf/cm2. O motivo para isso é que a Norma Técnica
(NBR 12779/1992) leva em consideração não só a pressão de traba-
lho, mas também a resistência à abrasão e outras características ade-
quadas a cada caso.5

Fig. 1.9 – Mangueiras.

5
Na Inglaterra, em 1811, foram fabricadas as primeiras mangueiras de tecido. Com o surgimento dos teares
circulares deu-se definitivamente o aparecimento das mangueiras de tecido, que foram produzidas e
comercializadas pela empresa Salford. Essas mangueiras eram tecidas com fibras naturais (linho, juta e
cânhamo) e não possuíam nenhum revestimento interno. Sua impermeabilização era obtida pelo inchaço
das fibras, que aumentavam de volume ao serem molhadas. Elas apresentavam problemas de vazamento e
grande perda de pressão ao longo da linha em conseqüência do atrito da água com o tecido, que não era
suficiente liso. Além disso, eram constantemente atacadas por fungos, que precipitavam o apodrecimento
do tecido, apesar de todos os cuidados e dos longos períodos de secagem.
Fonte: Manual Técnico sobre Mangueiras de Incêndio, Wormald Resmat Parsh, 1987, p.4.
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1.5.3 Chave de Mangueira


A Chave de Mangueira destina-se a complementar o acoplamento e
desacoplamento das juntas de união das mangueiras com o esguicho e
a válvula de manobra do hidrante. Constitui-se de uma haste metálica,
apresentando uma extremidade no ramo curvo com aluado transver-
sal, encimado por um pequeno ressalto retangular.

Fig. 1.10 – Chaves de Mangueira.

1.6 Dispositivo de Recalque


O sistema deve ser dotado de registro de recalque, consistindo em
um prolongamento da tubulação, com diâmetro mínimo de 65 mm
(nominal) até as entradas principais da edificação, cujos engates devem
ser compatíveis com os utilizados pelo Corpo de Bombeiros.
Quando o engate estiver no passeio, este deverá ser enterrado, ou
seja, em caixa de alvenaria, com tampa. A introdução de DN 65 mm
de (mínimo) e com tampão tem de estar voltada para cima em ângulo
de 45 graus e posicionada, no máximo, a 15 cm de profundidade em
relação ao piso do passeio. O volante de manobra da válvula deve estar
situado no máximo 50 cm acima do nível do piso acabado.
O dispositivo de recalque pode ser instalado na fachada da
edificação, ou em muro da divisa com a rua, com a introdução voltada
para rua e para baixo em ângulo de 45 graus, e a uma altura entre 60
cm e um metro em relação ao piso do passeio. Em alguns casos é aceito
como recalque o hidrante de acesso à edificação.
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Para determinação da vazão e pressão da bomba de incêndio e o


volume da reserva de água para combate a incêndio do sistema de
hidrantes, é preciso considerar a natureza da ocupação da edificação e
o risco. Antes de iniciar o cálculo hidráulico, entretanto, é importante
verificar qual a Norma Técnica ou Legislação6 que se deseja atender.
Por exemplo: pode-se levar em conta a legislação federal – NBR 13714/
2000, a estadual – Decreto 46.076/2001/SP, ou a municipal – Código
de Obras do Município, Especificações do Seguro ou outras, como as
do Ministério do Trabalho ou normas internacionais. Caso seja neces-
sário o atendimento de diversas Normas Técnicas ou Legislações, re-
comenda-se adotar os parâmetros mais rígidos.

Fig. 1.11a – Dispositivos de Recalque (no passeio).

6
Verificar a Instrução Técnica 22 – Sistema de Hidrantes e de Mangotinhos para Combate a Incêndio, do
Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo (anexo).
31

Com base na Norma Técnica ou


Legislação adotada teremos os valores
de referência para iniciarmos o cálcu-

Mínimo % 0,60m - Máximo % 1,00m


lo – pressão e vazão dos hidrantes mais
desfavoráveis, quantidade de hidrantes
a serem calculados, tempo mínimo de
funcionamento da bomba de incêndio
para atender o sistema, volume míni-
Piso Acabado mo da reserva de incêndio, tipos de es-
guichos, diâmetro dos esguichos, diâ-
metro das mangueiras ou comprimento
máximo de mangueiras.
4
150

3 Ø63mm
2 1 5
Alvenaria

Brita nº 2

Tubo Ø50
Deságua na Sarjeta
100 600 100

Corte A-A

Ø63mm
400

1 5 6
A A

A 600
Planta
s/ Escala

*
Nº Descrição Ø (mm)
1 Válvula globo angular 45º 65
2 Adaptador rosca fêmea storz 65
3 Tampão storz com corrente 65
4 Tampa de Fº Fº (600 x 400 mm) –
5 Válvula de retenção tipo portinhola 65 Fig. 1.11.b – Dispositivos
6 Tubo 65
* Diâmetro nominal de Recalque (detalhes).

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