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Simulação Numérica de Estruturas Reticuladas de Construção

Civil Formadas por Materiais Compostos


DIEGO AMADEU FURTADO TORRES1, JESIEL CUNHA2

Resumo
A construção civil atualmente exibe a tendência de absorver novas tecnologias, exigindo a
racionalização e a modernização do processo construtivo, o que está vinculado ao
desenvolvimento e à incorporação de novos materiais, com concepções estruturais
diferenciadas. No Brasil, apesar da crescente utilização dos materiais compostos na
construção civil, as análises estruturais são ainda bastante limitadas, tornando-se necessária a
ampliação deste tipo de abordagem como um dos fatores que viabilizarão a abertura do
espectro de utilização e o aumento do consumo. Neste sentido, o trabalho aqui apresentado
vem contribuir com o aperfeiçoamento de metodologias de análise do comportamento
mecânico e estrutural além de identificar e divulgar os processos construtivos que visem à
inserção dos materiais compostos na construção civil, buscando esclarecer ao meio técnico
quanto ao comportamento de estruturas de edificações formadas por elementos constituídos
por materiais compostos.
Palavras-chave: materiais compostos, perfis pultrudados, simulação numérica, análise
estrutural.
Abstract
The civil construction currently shows the tendency to incorporate new technologies,
demanding the rationalization and the modernization of the constructive process, what it is
entailed to the development and to incorporation of new materials, with differentiated
structural designs. In Brazil, despite the increasing use of composite materials in the
construction, the structural analyses still are sufficiently limited, becoming necessary the
enlargement of this type of boarding as one of the factor that will make possible the opening
of the applications and the increase of the consumption. In this sense, this work comes to
contribute with the perfectioning of methodologies of analysis of the mechanical and
structural behavior besides identifying and divulging the constructive processes that they aim
at to the insertion of composite materials in the civil construction, making effort to clarify to
the technical community about the behavior of buildings structures formed by composite
materials elements.
Keywords: composite materials, pultruded profiles, numerical simulation, structural analysis.

1
Faculdade de Engenharia Civil, Universidade Federal de Uberlândia – Avenida João Naves de Ávila, 2160,
Uberlândia – MG, CEP: 38400-092, diego.amadeu@gmail.com
2
Faculdade de Engenharia Civil, Universidade Federal de Uberlândia – Avenida João Naves de Ávila, 2160,
Uberlândia – MG, CEP: 38400-092, jecunha@ufu.br
2

1. Introdução apresentam como estratificados (figura 1).


As fibras mais utilizadas são as de
Numa sociedade que aspira a cada vidro, de carbono e aramida (kevlar®),
dia mais o aprimoramento da técnica, de além daquelas de uso mais limitado como a
forma que seja possível melhor aproveitar fibra de boro e alumínio oxidado
os recursos disponíveis além de diminuir (MALLICK apud NAGAHAMA, 2003).
os impactos ambientais gerados pelas Por sua vez, as matrizes utilizadas
atividades humanas, é de se esperar que a em compósitos podem ser de origem
busca por novos materiais traga um polimérica, metálica, cerâmica e de
desenvolvimento considerável no campo carbono. Metais e polímeros são usados
das ciências e abra caminhos e quando se necessita que o compósito tenha
oportunidades para novos setores da alguma ductilidade. Já em aplicações sob
indústria. altas temperaturas emprega-se matriz
Desta forma, o estudo das cerâmica. Polímeros são usados na maioria
possibilidades de aplicações dos materiais dos compósitos em função de suas
compostos se mostra necessário em virtude propriedades e por facilitar a fabricação
de consistirem numa alternativa bastante (CALLISTER apud ALMEIDA, 2004).
viável, visto que podem se originar de
matérias-primas renováveis e até mesmo
incorporar resíduos industriais, além de
agregarem as melhores propriedades de
seus constituintes.
Assim designados em razão de Figura 1 - Esquema de estratificado composto
por quatro camadas com reforço longitudinal em
consistirem da associação de dois ou mais diferentes orientações.
materiais de naturezas diferentes, os
materiais compostos apresentam melhores Logo, o objetivo deste trabalho é
propriedades que seus constituintes investigar o comportamento mecânico e
isoladamente, sendo mais eficientes e avaliar o desempenho estrutural de
podendo ter características direcionadas a elementos constituídos por materiais
atender exigências específicas. compostos destinados, entre outras
Mais especificamente, materiais aplicações, à execução de estruturas de
compostos reforçados com fibras são construção civil, lançando mão de
resultantes de uma composição de fibras simulações numéricas através do método
embebidas numa matriz, e geralmente se dos elementos finitos.
3

2. Os materiais compostos na construção o decréscimo no custo de produção das


civil fibras, resultado do aumento do consumo e
do desenvolvimento de processos
Já difundidos nas indústrias tecnológicos para a produção das mesmas.
aeronáutica, automobilística e esportiva, os Atualmente, o consumo médio na
materiais compostos têm sido cada vez Ásia é menor que 0,3 kg/habitante,
mais especificados por engenheiros e pequeno se comparado com os 8,5
projetista em virtude do ótimo desempenho kg/habitante na América do Norte e 3,5
apresentado nas aplicações já consagradas kg/habitante na Europa (WEAVER, 20--).
e da promissora adequabilidade aos A América do Norte e a Europa
requisitos construtivos e tecnológicos de juntas dominam os mercados com fatias de
obras civis. 35% e 27% do volume comercializado,
A crescente demanda por materiais respectivamente. No entanto, projeções
com alta resistência e baixo peso mostram que o desenvolvimento de regiões
específico exigiu o aprimoramento da Ásia seja responsável por elevar este
contínuo do conhecimento especializado e mercado ao patamar de segundo maior
das técnicas de produção que viessem consumidor de materiais compostos em
atender às necessidades do mercado. poucos anos devido ao desenvolvimento de
Alguns dos atrativos destes infra-estrutura e pela elevação do padrão
materiais, especificamente as resinas de vida.
plásticas reforçadas com fibras (PRF), são O mercado para materiais
a durabilidade e resistência a ambientes compostos na construção e aplicações em
quimicamente agressivos; resistência engenharia civil é também beneficiado
mecânica, particularmente em baixas pelo crescimento econômico da Ásia e
temperaturas; sua capacidade de resistir às América Latina. O setor de construção já é
vibrações e absorver energia sob o maior consumidor desta modalidade de
carregamentos sísmicos; a transparência materiais. Com 35% do volume negociado,
eletromagnética; baixo valor do coeficiente o setor da construção domina uma porção
de expansão térmica; pigmentação e maior que os dois próximos setores,
características decorativas, além de elevada elétrico e de transporte, juntos. O
razão resistência/peso (MOSALLAM, Departamento de Infra-estrutura dos
2002). Estados Unidos estima que serão
A maior razão para o aumento da necessários 90 bilhões de dólares em
demanda dos materiais compostos tem sido materiais compostos para aplicações
4

diversas como reforço de pontes avariadas - elementos pré-fabricados para


por sismos e recuperação de concreto aplicação estrutural; e
deteriorado nestas estruturas, armadura - barras de plástico reforçado com
para concreto resistente à ambientes fibras (PRF) para armar elementos
altamente agressivos e substituição de em concreto (MOSALLAM, 2002).
elementos de madeira danificados Uma das principais modalidades de
(WEAVER, 20--). materiais compostos empregados em
Engenheiros responsáveis pelos estruturas civis consiste nos perfis
projetos de novas estruturas estão se pultrudados de plástico reforçado com
direcionando para os materiais compostos, fibras de vidro (PRFV), também
principalmente, devido ao ciclo de vida e conhecidos genericamente como
custo-benefício oferecidos, comparados fiberglass. O PRFV é um material
aos sistemas tradicionais, visto que constituído por uma matriz polimérica
conferem às estruturas longas vidas-úteis, reforçada por fibras de vidro em que sua
baixo custo de manutenção e fácil resistência é ditada basicamente pelo tipo,
recuperação de seus componentes. Embora quantidade, orientação e posição do
ainda sejam mais caros que materiais reforço.
tradicionais como o concreto, o aço ou a Estruturas feitas inteiramente com
madeira, oferecem várias vantagens: seu materiais compostos exigem uma
menor peso reduz os custos com o concepção completamente diferente. Os
transporte e a instalação; sua inerente processos de produção não são iguais aos
resistência à corrosão não somente das estruturas convencionais e as
aumenta a durabilidade, mas reduz a propriedades que governam o material não
necessidade de manutenções ao longo da são familiares para muitos engenheiros em
vida-útil da estrutura. função da anisotropia, o que origina
Os materiais compostos são complicações na ocasião da montagem. A
bastante competitivos em relação aos perfuração para parafusagem tende a
materiais convencionais em qualquer das perturbar a trajetória das tensões nas fibras,
aplicações que podem ser classificadas de a soldagem é impraticável e, embora
acordo com as seguintes categorias: adesivos possam ser usados, especificações
- instalações em ambientes cuidadosas para tornar as ligações
quimicamente agressivos; eficientes e duráveis não são triviais.
- reparo e reforço de sistemas As figuras seguintes mostram
estruturais; exemplos de aplicações.
5

Figura 2 - Ponte para pedestres, em


Kolding, Dinamarca. No detalhe, instalação
de strain gages na torre de sustentação da
ponte para monitoramento contínuo.
Fonte: Owens Corning Corporation (2004).

Figura 3 - Detalhes de dispositivos de ligação em perfis


pultrudados. Ligações eficientes são executadas com
parafusos e adesivos: Fonte: Strongwell Corporation (2004).

Figura 4 - Eyecatcher Building, na Suíça.


Materiais compostos na forma de placas e perfis
pultrudados, neste edifício com 15 m de altura.
O sistema foi adotado pelo fato de o material ser Figura 5 - Torre de
bom isolante térmico e altamente resistente à transmissão de
umidade. Seu baixo peso tornou o transporte e a energia elétrica,
instalação mais fáceis e baratos. Fonte: Network Califórnia, EUA.
Group for Composites in Construction (2004). Fonte: Weaver (20--).

Figura 6 - Ponte para veículos com vão de 10


m, em Sugar Grove, Virgínia, EUA.
Fonte: Strongwell Corporation (2004).
6

3. O processo de pultrusão Os elementos pultrudados podem


ser fabricados nas mais diferentes formas e
Pultrusão é um processo de contendo diferentes combinações de
fabricação contínua de perfis de PRF que reforço. Uma seção típica de pultrudado
utiliza resinas termofixas e reforços (figura 8) geralmente contém os seguintes
flexíveis na forma de fibras. O processo tipos de camadas: roving, continuous (ou
consiste em puxar estas fibras embebidas chopped) strand mats (CSM), stitched
em resina através de um molde de aço pré- fabrics (SF) e o véu de superfície.
aquecido usando um dispositivo de O roving consiste de um reforço
tracionamento (figura 7). unidirecional contínuo de fibras de vidro,
podendo também ser de carbono
(neste caso denominado tows),
que é uma das formas mais
simples de reforço. Este
material é incorporado ao
sistema de forma que o reforço
seja paralelo ao eixo
longitudinal da peça, sendo
Figura 7 - Linha de produção de elementos
pultrudados de resina reforçada com fibras. portanto o efetivo responsável pela
Fonte: Strongwell Corporation (2004).
resistência e rigidez à flexão da seção,
Os reforços tracionados através de porém, não contribuindo com a resistência
uma chapa-guia, responsável pelo correto e rigidez transversal.
posicionamento dos materiais, são
conduzidos através de uma câmara de
impregnação de resina, que contém a
solução de polímero com cargas,
catalisadores e outros aditivos. Após a fase
de impregnação é aplicado o véu de
Figura 8 - Seção típica de um pultrudado. Fonte:
superfície e todo o conjunto é conformado Strongwell Corporation (2004).
e moldado como uma aproximação da
configuração final, quando então o Para atenuar a natureza anisotrópica

material passa através da matriz aquecida, do composto reforçado unidirecionalmente

onde ocorre o processo de polimerização é geralmente empregado o continuous

(endurecimento). strand mat (CSM). Trata-se de uma manta


7

formada por fibras contínuas aleatórias, Finalmente, o véu de superfície


que contribui para melhorar as pode conter uma camada de fibras curtas
propriedades transversais e reduzir a aleatórias para melhorar o aspecto da
probabilidade de delaminação. O CSM superfície, além de servir como proteção.
usado em pultrusão pode ser de diferentes Quanto à matriz dos compósitos
densidades, e por ser naturalmente mais pultrudados pode-se dizer que diversas
volumoso devido à natureza aleatória do resinas termofixas são adequadamente
reforço limita a fração volumétrica de processáveis. Resinas poliésteres, éster-
fibras do compósito resultante. Também vinílicas e fenólicas são correntemente
podem ser usadas fibras curtas, sendo para empregadas em escala comercial e cada
isso denominado chopped strand mat. uma destas resinas tem características
Por sua vez o stitched fabrics (SF) particulares vantajosas quanto ao processo
consiste em um número de camadas de e desempenho.
fibras unidirecionais, onde o reforço em A matriz nos compósitos
cada uma delas se encontra em apenas uma desempenha três funções muito
direção, arranjo este que se aproxima de importantes. Primeiro une as fibras, sendo
uma trama de fibras unidirecionais (roving) o meio pelo qual uma tensão oriunda de
com fibras transversais apenas uma carga externa aplicada é transmitida e
construtivas. distribuída às fibras. Somente uma
Um outro tipo de reforço que proporção muito pequena da carga aplicada
também pode ser utilizado é o woven é absorvida pela matriz. A segunda função
fabric que consiste em um tecido de fibras da matriz é proteger as fibras individuais
unidirecionais, que é disponível em fibras de danos de superfície provocados por
de vidro, fibras de carbono, híbrido fibra abrasão mecânica ou ambientes agressivos.
de vidro/fibra de carbono e híbrido fibra de Tais interações podem introduzir falhas de
vidro/fibra de aramida. Pode ser produzido superfície capazes de formar fissuras que
com igual densidade de fibras em ambas as podem conduzir a ruptura com baixos
direções, ou com densidades diferentes, de níveis de tensão de tração. Finalmente, a
forma que o reforço seja maior em matriz separa as fibras e, em virtude de sua
determinada direção. Seu emprego permite relativa plasticidade, previne a propagação
um significativo aumento nas propriedades de fraturas frágeis de fibra para fibra que
transversais, porém seu elevado custo não poderiam resultar em ruptura catastrófica.
viabiliza a produção, ao menos em casos Contudo, apesar de não serem
específicos de formas complexas. rigorosamente estruturas laminadas os
8

pultrudados possuem uma arquitetura que O Método dos Elementos Finitos


permite serem tratados como tal (MEF) é uma técnica computacional
(DAVALOS e QIAO, 1999). Desta feita, a utilizada na solução de estruturas ou de um
arquitetura geral de um perfil pultrudado meio contínuo através da montagem de
pode ser vista na figura 9. pequenos subdomínios, que são os
elementos finitos, de modo a se ter
uma discretização do domínio
completo (COOK et al, 1989). Cada
elemento então apresenta uma
geometria relativamente simples,
tornando mais fácil sua análise,
permitindo que o problema cuja
solução analítica é muito complexa,
seja resolvido pela superposição de
vários problemas simples,
Figura 9 - Arquitetura de um perfil pultrudado com
seção “I”, tendo no detalhe a junção dos elementos observadas as condições de continuidade e
constituintes da seção, mesas e alma, além dos
contorno destes elementos.
respectivos sistemas de coordenadas locais.
O estudo de um sistema estrutural
4. Metodologia através de simulações numéricas permite
analisar estruturas para as quais a
Primeiramente, procedeu-se uma experimentação é praticamente impossível,
revisão bibliográfica acerca da avaliação seja em virtude de sua geometria, das
das propriedades físicas e do características dos materiais constituintes,
comportamento mecânico dos materiais das condições de carregamento, do efeito
compostos estratificados, estudo este que da fluência, etc. Importante também é a
verificou as formulações analíticas que possibilidade de se comparar soluções
caracterizam o compósito, quer sejam as teórico-numéricas com resultados
teorias Clássica e de Primeira Ordem. experimentais, possibilitando a validação
Em seguida, foram executadas de modelos numéricos e analíticos, além de
diversas simulações numéricas, pelo viabilizar o estudo de novas concepções de
Método dos Elementos Finitos, de cálculo, otimização de formas estruturais e
estruturas reticuladas formadas por perfis utilização de novos materiais com
pultrudados, sendo para isso utilizado o significativa vantagem no tempo requerido
®
software ANSYS . para tais análises.
9

Desta feita a concepção de e demonstra que mesmo para problemas


modelagens de estruturas reais que mais complexos a resposta será bastante
permitam calcular para diversas situações realista.
de vinculação, carregamento e de
Para tanto, foi estudado o caso de
configuração estrutural, os deslocamentos,
flexão em três pontos para uma viga chata
as deformações, as tensões, os esforços
de material composto apresentado por
resultantes, etc., influi diretamente no
Berthelot (1992). O autor propõe uma viga
dimensionamento das peças, podendo
(figura 10) de um compósito estratificado
inclusive esclarecer alguns detalhes de
com oito camadas para três diferentes
difícil verificação experimental.
seqüências de empilhamento, cujas
propriedades elásticas são: E1= 45 GPa,
E2= 10 GPa, G12= 4,5 GPa e ν12= 0,3. As
5. Estudo da simulação numérica de
seqüências de estratificação propostas são
materiais compostos
as seguintes: [0°,45°,-45°,90°]s , [90°,45°,-
45°,0°]s e [45°,0°,-45°,90°]s, onde o índice
A análise rigorosa de uma estrutura
“s” quer dizer que o estratificado é
através de simulações numéricas permite a
simétrico em relação ao eixo médio da
compreensão precisa do comportamento
seção transversal
mecânico do material de forma
relativamente rápida e sem os grandes
custos gerados por ensaios laboratoriais,
sem citar o grau de refinamento alcançado.

É neste sentido que se torna


imprescindível a avaliação das respostas
Figura 10 - Modelo de viga submetida
obtidas pelos softwares de simulação à flexão em três pontos analisado
analítica e numericamente.
numérica baseados no Método dos
Elementos Finitos, com a finalidade de Neste caso, é importante
verificar a fidelidade destes programas. considerarmos que a viga tenha uma
Neste ínterim, a simulação de relação a/h (vão/espessura) grande o
problemas relativamente simples, cujas suficiente para que a resolução analítica,
resoluções analíticas podem ser obtidas apresentada segundo a teoria clássica,
manualmente ou serem encontradas na forneça resultados tão próximos daqueles
literatura, permite a validação do software obtidos através do software ANSYS®,
10

baseado na Teoria de Primeira Ordem. com


Então, partindo da expressão que {k } = [D ]−1 ⋅ {M }
fornece o momento fletor no meio do vão e logo
levando em consideração as condições de −1
⎧ kx ⎫ ⎡D11 D12 D16 ⎤ ⎧ Mx ⎫
contorno do problema temos a seguinte ⎪ ⎪ ⎢ ⎥ ⎪ ⎪
⎨ky ⎬ = ⎢D12 D22 D26⎥ ⋅ ⎨ My ⎬
equação que permite calcular as tensões ⎪k ⎪ ⎢D D D ⎥ ⎪M ⎪
⎩ xy ⎭ ⎣ 16 26 66⎦ ⎩ xy ⎭
paralelas ao eixo x, para uma determinada
camada:
De maneira simplificada
z
σ k xx = −2 ⋅ a k xx ⋅σ 0 ⋅
σ k x = z ⋅ ⎛⎜Q 11 ⋅ D∗11 + Q 12 ⋅ D∗12 + Q 16 ⋅ D∗16 ⎞⎟ ⋅ Mx
k k k
h ⎝ ⎠
onde

( k k
ak xx = Q 11 ⋅ D∗11 + Q 12 ⋅ D∗12 + Q 16 ⋅ D∗16 ⋅
k
) 12h ;
3
onde M x é o momento que atua na viga e

os demais itens conforme já identificados.


Qij são os elementos da matriz constitutiva
Para complementar, temos que a lei
do material composto segundo o sistema de constituição do material composto,
de eixos de referência; considerando estado plano de tensões,
*
D ij são os elementos da matriz inversa do obtida no sistema de eixos de referência é
comportamento em flexão de um freqüentemente encontrada da seguinte
estratificado; forma:
h é a altura da viga; ⎧σ x ⎫ ⎡Q11 Q12 Q16 ⎤ ⎧ ε x ⎫
⎪ ⎪ ⎢ ⎥ ⎪ ⎪
σ 0 é a máxima tensão de flexão para a viga ⎨σ y ⎬ = ⎢Q21 Q22 Q26 ⎥ ⋅ ⎨ ε y ⎬
⎪τ ⎪ ⎢Q Q26 Q66 ⎥⎦ ⎪⎩γ xy ⎪⎭
supondo material homogêneo e isótropo; e ⎩ xy ⎭ ⎣ 16
z é a ordenada onde se quer calcular a com

tensão, seja na face superior ou inferior da Q11 = c 4 .Q11 + s 4 .Q22 + 2.c 2 .s 2 .(Q12 + 2.Q66 )
camada k. Q22 = s 4 .Q11 + c 4 .Q22 + 2.c 2 .s 2 .(Q12 + 2.Q66 )
Também é possível calcular as Q66 = [Q11 + Q22 − 2.(Q12 + Q66 )].s2.c2 + Q66. s4 + c4( )
tensões partindo diretamente da lei de (
Q12 = c 2 .s 2 .(Q11 + Q22 − 4.Q66 ) + c 4 + s 4 .Q12 )
Q16 = (Q11 − Q12 − 2.Q66).s.c + (Q12 − Q22 + 2.Q66).s3.c
3
comportamento do estratificado na flexão.
Q26 = (Q11 − Q12 − 2.Q66).s3.c + (Q12 − Q22 + 2.Q66).s.c3
As tensões na camada k podem ser escritas
como:
onde
⎧σ k x ⎫ ⎡ Q k 11 Q 12k
Q 26 ⎤ ⎧ k x ⎫
k

⎪ k ⎪ ⎢ k ⎥ ⎪ ⎪ E1
⎨ σ y ⎬ = z ⋅ ⎢Q 21 Q k 22 Q k 26 ⎥ ⋅ ⎨ k y ⎬ Q11 =
⎪σ k xy ⎪ 1 − ν 12 .ν 21
⎩ ⎭
⎢Q k 61
⎣ Q k 62 Q k 66 ⎥⎦ ⎪⎩ k xy ⎪⎭
11

E2 espessura e comprimento variando de 25 a


Q22 =
1 − ν 12 .ν 21 150 cm, as quais estavam submetidas a
ν 21 .E1 uma carga uniformemente distribuída de
Q12 =
1 − ν 12 .ν 21 200 N/cm, totalizando então 1000 N.
Q66 = G12 Os resultados obtidos através do

E software MATLAB® para as duas


ν 21 = 2 ⋅ν 12
E1 formulações são idênticos e estão

c = cos θ apresentados na figura 11.

s = senθ
Tensão σx em viga de m aterial com posto
[0º/45º/-45º/90º]s conform e Berthelot
σxx/σ0

sendo θ o ângulo entre a direção do reforço


0 0,25 0,5 0,75 1 1,25 1,5
0

em cada camada e o eixo x do sistema de


ordenada em relação à linha
0,125
eixos de referência. neutra (cm )

Por fim, o comportamento em 0,25

flexão dos estratificados é regido pela


0,375
seguinte equação matricial:
⎧Mx ⎫ ⎡ D11 D12 D16 ⎤ ⎧ k x ⎫ 0,5
⎪ ⎪ ⎢D ⎪ ⎪
⎨M y ⎬ = ⎢ 21 D22 D26 ⎥⎥ ⋅ ⎨ k y ⎬ Figura 11 - Desenvolvimento da tensão σx ao
⎪M ⎪ ⎢⎣ D61 D62 D66 ⎥⎦ ⎪⎩ k xy ⎪⎭ longo da espessura da viga. A linha tracejada
⎩ xy ⎭
representa os valores da razão tensão normal/tensão
com normal máxima para um material homogêneo e
isótropo.
n
Dij = ∑ Q k ij ⋅
(z k
3
− zk −1
3
)
k =1 3 Visto que os resultados obtidos
onde, novamente, o termo z representa a analiticamente são idênticos aos
ordenada em relação ao eixo médio da encontrados na literatura, ficou patente que
seção transversal, sendo por isso a simulação numérica deveria fornecer
imprescindível observar a correta uma resposta, senão igual, ao menos
seqüência de empilhamento das camadas. bastante próxima destes.
Para resolver analiticamente este Para verificar este pressuposto
problema, segundo as formulações foram executados testes com o elemento
apresentadas, foram elaborados “arquivos SHELL 99 do ANSYS®, elemento este
de comandos” para serem executados no destinado à simulação de placas e cascas
software MATLAB®. Foram analisadas estratificadas de comportamento linear que
vigas com 5 cm de largura, 1 cm de pode possuir até 250 camadas, com mesma
12

espessura, de material ortotrópico. O


SHELL 99 é um elemento de alta ordem,
com 8 nós e 6 graus de liberdade por nó (3
de translação e 3 de rotação), podendo
assumir forma quadrilátera ou triangular,
para o qual é necessário especificar os
módulos de elasticidade (EX, EY, EZ), os
módulos de cisalhamento transversal
(GXY, GYZ, GXZ) e os coeficientes de Figura 12 - Modelo de elementos finitos com
condições de contorno.
Poisson (PRXY, PRYZ, PRXZ).
O modelo numérico desenvolvido É interessante notar que na solução
pode ser visto na figura 12. numérica o ponto em que se desenvolve a
Os resultados obtidos via simulação maior tensão na primeira camada está
numérica para a viga de material composto localizado próximo a uma das bordas, fato
com estratificação [0°,45°,-45°,90°]s são este que pode ser devido à seqüência de
mostrados na tabela 1, onde também se faz empilhamento das camadas. Os valores das
a comparação com os valores obtidos tensões para este ponto podem ser vistos na
analiticamente. tabela 2.

Tabela 1 - Valores de tensão nas camadas para uma viga com flexão em três pontos.

2
Tensões no meio do vão, no meio da largura (ANSYS) em N/cm
Posição ao longo da
espessura Comprimento Comprimento Comprimento Comprimento Comprimento
150 cm 100 cm 75 cm 50 cm 25 cm

Primeira Top 61975 41072 30603 20101 9493,8


camada bottom 46975 30804 22952 15076 7120,3
Segunda Top 16968 11800 9232,4 6695,6 4256,2
camada Bottom 11312 7866,7 6154,9 4463,7 2837,5
Terceira Top 10154 6455,7 4625,8 2832,6 1169,6
camada Bottom 5076,8 3227,9 2312,9 1416,3 584,8
Quarta Top 3094,3 2052,9 1532,7 1013,5 501,3
camada bottom 9,96ex10
-8
1,19x10
-8
2,10x10
-15
1,26x10
-14
1,06x10
-14

2
Tensões no meio do vão (MATLAB) em N/cm

Primeira Top 62722,4 41814 31361,2 20907,4 10453,8


camada bottom 47041,8 31361,2 23520,8 15680,6 7840,2
Segunda Top 15128,4 10085,6 7564,2 5042,8 2521,4
camada Bottom 10085,6 6723,8 5042,8 3361,8 1681
Terceira Top 11675,8 7783,8 5838 3892 1946
camada Bottom 5838 3892 2919 1946 973
Quarta Top 3139,2 2092,8 1569,6 1046,4 523,2
camada bottom 0 0 0 0 0
13

Tabela 2 - Valores das tensões no meio do vão, para um nó próximo à borda.

2
Tensões no meio do vão, para y = - 4,5 cm (ANSYS) em N/cm
Posição ao longo da
espessura Comprimento Comprimento Comprimento Comprimento Comprimento
150 cm 100 cm 75 cm 50 cm 25 cm

Primeira Top 62236 41324 30847 20329 9660,4


camada bottom 46677 30993 23135 15246 7245,3
Segunda Top 16830 11720 9185,4 6689,1 4324,1
camada Bottom 11220 7813,4 6123,3 4459,4 2882,7
Terceira Top 10221 6475,3 4620,6 2802 1118
camada Bottom 5110,7 3237,6 2310,3 1401 559
Quarta Top 3099,9 2057,6 1536,8 1016,7 501,6
camada bottom 8,82x10
-8
7,08x10
-8
3,33x10
-13
2,24x10
-13
1,35x10
-13

Fica claro que o desvio entre os total 25 mm e espessura de mesas e alma


valores obtidos via Teoria Clássica e 1,56 mm, submetida a uma carga de 445 N.
simulação numérica aumenta à medida que Quanto à configuração interna, o material
diminui a razão a/h da viga, conforme possui seis camadas de mesma espessura
previsto anteriormente. cuja seqüência de estratificação é [+30°,-
Destarte, tomando os resultados 30°,0°]s.
obtidos para o nó onde surge a máxima
tensão na face inferior da viga (bottom ou
300 mm
face inferior da primeira camada) e
comparando com a solução analítica
percebe-se uma aproximação confortável,
demonstrando ser satisfatória a solução
numérica. 445 N
Um outro exemplo encontrado na
literatura consiste de uma viga em seção do Figura 13 - Viga ‘I’ com carga aplicada na
extremidade livre, analisada numericamente.
tipo ‘I’ engastada, com uma carga
concentrada na extremidade livre (figura Foram empregados nesta
13). De acordo com Oliveira (2000) a viga modelagem elementos de placa e sólidos
é feita em Kevlar-epoxy com as seguintes do software ANSYS®, sendo utilizado
características: E1 = 76,0 GPa, E2= 5,56 primeiramente o SHELL 99, conforme já
GPa, G12 = 2,30 GPa, G13 = 2,30, G23= descrito. Outras alternativas são o SOLID
1,56 GPa e ν12 = 0.34. A viga estudada tem 46 e o SOLID 191.
300 mm de comprimento, seção com O SOLID 46 é uma versão
largura de mesa 12,5 mm, altura estratificada do elemento SOLID 45 e, é
14

claro, se destina à simulação de materiais às propriedades dos materiais e ao sistema


estratificados. O elemento possui 8 nós, de coordenadas do elemento.
sendo 3 graus de liberdade por nó Admitiu-se no início uma malha
(translações nos eixos x, y e z) e pode idêntica à apresentada pela autora
possuir até 250 camadas de material supracitada. As modelagens encontradas na
ortotrópico de mesma espessura. O literatura são simplificadas, e não se
elemento possui um sistema de observa uma preocupação com os pontos
coordenadas próprio, onde o eixo z é de junção mesa/alma. Também neste
perpendicular ao plano de referência trabalho é proposta uma nova forma de
(KREF), plano este que pode coincidir com modelagem, que retrata de forma mais
o plano médio ou estar nas superfícies realista a continuidade das camadas
bottom ou top. A importância deste sistema internas do pultrudado. A figura 14 mostra
de referência se revela na orientação das detalhes das malhas utilizadas.
camadas, pois o ângulo θ é
medido a partir do eixo x
do elemento. Assim como
no caso do SHELL 99, é
necessário especificar os
módulos de elasticidade
a b
(EX, EY, EZ), os módulos
de cisalhamento transversal
(GXY, GYZ, GXZ) e os
coeficientes de Poisson
(PRXY, PRYZ, PRXZ). O
elemento ainda pode
assumir as formas
c d
prismática e piramidal.
Por sua vez, o SOLID 191 é um Figura 14 - Malha de elementos finitos para viga
em balanço: a) vista geral da malha conforme
elemento de alta ordem, com 20 nós, sendo apresentado na literatura; b) detalhe da malha
usando o elemento SHELL 99; c) detalhe da malha
três graus de liberdade de translação por empregando o SOLID 46, que é idêntica à malha
nó. Pode possuir até 100 camadas de com o SOLID 191; d) detalhe da junção mesa/alma
da nova proposta de modelagem com SOLID 46.
mesma espessura, de material ortotrópico,
em qualquer orientação, e exige as mesmas Posteriormente, procedeu-se um
especificações do SOLID 46, no que tange refino da malha, aumentando o número de
15

elementos ao longo do comprimento da 6. Simulação de estruturas reticuladas


viga com o intuito de verificar o valor de formadas por perfis pultrudados
convergência do deslocamento vertical. Os
resultados são apresentados na figura 15. 6.1 Definição das propriedades dos
De slo camento vertical na extremidade livre para três materiais
diferentes tipos de elementos

0 10 20 30 40 50 60 70 80
-13,2

-13,3
Inicialmente, é importante definir e
-13,4
especificar as propriedades dos materiais
deslocamento (mm)

SHELL99
-13,5
SOLID46
-13,6
SOLID191
considerados nesta análise, uma vez que
-13,7 SOLID46 em nova

-13,8
modelagem estas não são rigidamente definidas e que
-13,9
algumas limitações inerentes ao processo
-14
número de elementos ao longo do comprimento
de pultrusão devem ser contempladas.
Com relação às matérias-primas
Figura 15 - Valor de convergência do
deslocamento vertical da extremidade da viga em (resinas e fibras), valores de módulos
balanço, para modelos numéricos com três elásticos são disponíveis em várias
elementos diferentes.
referências bibliográficas, como por
Portanto, nota-se que para este caso exemplo, Berthelot (1992) e Pereira
de flexão simples, no que diz respeito ao (2003), existindo inclusive algumas
deslocamento, a simplificação da variações.
modelagem, seja usando elementos do tipo É necessário também especificar
SHELL ou do tipo SOLID leva a algumas variáveis, como as porcentagens
resultados bastante satisfatórios. Deve-se volumétricas de fibras nas camadas de
salientar que os desvios entre modelagens CSM, SF e Roving, a espessura de cada
com diferentes tipos de elementos são uma delas e as orientações das camadas de
decorrentes do fato de cada elemento SF. Considerando limitações práticas do
possuir uma formulação própria, inclusive processo de pultrusão, algumas restrições
diferentes quantidades de nós. são observadas no que tange à arquitetura
Segundo Oliveira (2000) o do material: a fração volumétrica de fibras
deslocamento vertical na extremidade não pode exceder 45 %; os materiais
livre, para este exemplo, vale 14,02 mm, usados são especificados como CSM ¾ oz,
obtido mediante programa computacional SF 17.7 oz e Roving 113 yield (yard/lb),
de implementação própria. Tem-se também que são disponíveis comercialmente e
que o valor deste deslocamento é 13,41 comumente empregados em pultrudados
mm (BARBERO apud OLIVEIRA, 2000). (DAVALOS E QIAO, 1999).
16

Geralmente, às fibras de vidro-E é E ainda, para uma camada de CSM


associada a resina polyéster, e às fibras de com Vf = 23,6 %:
carbono, a resina epóxi. Logo, com base ECSM = 10,231 GPa
nestes dados, fixou-se as propriedades e GCSM = 3,598 GPa
frações volumétricas de fibras de cada νCSM = 0,422
camada, e em seguida calculou-se as Para as fibras de carbono e resina
propriedades elásticas para os compósitos epóxi foram admitidas as seguintes
seguindo a “lei das misturas”. Considerou- propriedades:
se para isso que a camada SF se comporta Ef = 370,0 GPa
como uma camada de Roving, ou seja, uma Em = 3,5 GPa
camada com reforço longitudinal, no νf = 0,32
entanto, com o reforço orientado não νm = 0,35
paralelamente ao eixo da peça, para as Gf = 40,0 GPa
quais se admitiu uma fração volumétrica Gm = 1,40
de 39%. Já para o CSM considerou-se Assim sendo, as propriedades para
uma fração volumétrica de fibras de uma camada de PRFC com reforço
23,6%. longitudinal, cujo Vf = 50 %, são:
Admitiu-se para as fibras de vidro e E1 = 186,75 GPa
a resina polyéster as seguintes E2 = 6,934 GPa
propriedades: ν12 = 0,335
Ef = 72,4 GPa G12 = 2,705 GPa
Em = 3,5 GPa E ainda, para uma camada com
νf = 0,25 CSM, cuja Vf = 50 %:
νm = 0,40 ECSM = 74,365 GPa
Gf = 30,0 GPa GCSM = 25,077 GPa
Gm = 1,40 νCSM = 0,483
Desta forma, as propriedades para
uma camada de PRFV com reforço 6.2 Análise da influência dos tipos de
longitudinal, cujo Vf = 39 %, são: reforços
E1 = 30,37 GPa
E2 = 5,566 GPa Como visto, os elementos
ν12 = 0,3425 pultrudados possuem diversos tipos de
G12 = 2,229 GPa reforços, cada qual aplicado com um
17

determinado propósito, seja por questões direções 30°,-30°,-30°,30°) e 3 camadas de


de aprimoramento do comportamento reforço longitudinal, ou seja, unidirecional
mecânico ou por limitações exclusivas do paralelo ao eixo da peça (figura 16). Desta
processo produtivo. forma, o aumento na taxa de reforço
Neste sentido, uma análise transversal é resultado apenas do aumento
comparativa dos efeitos de cada um destes da espessura das respectivas camadas,
reforços pode mostrar em quais situações assim, conforme se tem a taxa de reforço
se fazem necessárias uma maior ou menor transversal aumentada, diminui-se a
porcentagem do volume total de fibras, quantidade de reforço longitudinal. Além
numa determinada região do perfil, na disso, num primeiro momento, a
forma de reforços transversais. introdução do reforço transversal se deu na
Neste ímpeto, foram simulados três seção plena (tanto nas mesas quanto na
casos de vigas bi-apoiadas de pultrudados alma), e em seguida, somente na alma do
de PRFV com carregamento perfil.
uniformemente distribuído, sendo
uma com relação a/h
(comprimento/altura do perfil)
CSM
igual a 10, outra com a/h igual a roving

20 e, finalmente, uma com CSM


roving
relação a/h igual a 100. CSM
roving
Primeiramente, admitiu-se apenas CSM

reforço longitudinal, e em

seguida foram aplicadas várias
90º
taxas de reforços transversais,
tanto na forma de CSM quanto

SF, separadamente, por serem os
mais utilizados na produção roving (+30º)
roving
comercial de perfis pultrudados. roving (-30º)
roving
Considerou-se em todos
roving (-30º)
os modelos um pultrudado com roving
roving (+30º)
quatro conjuntos de camadas, ou
seja, um estratificado com 4 camadas de Figuras 16 - Estratificação interna do pultrudado,
sendo o plano de estratificação das mesas
reforço transversal (sendo no caso do SF, perpendicular ao plano de estratificação da alma.
camadas com reforço unidirecional nas
18

As duas primeiras vigas possuem Razão entre a flecha em viga com reforço transversal e flecha em viga
som ente com roving (seção "I" 152,4 x 76,2 x 6,35 m m)

vão com 304,8 cm de comprimento e a 3,00


2,80 SF (seção plena)

razão entre as flechas com e sem


2,60 CSM (seção plena)
terceira, vão de 3048 cm, sendo para o 2,40 SF (na alma)

reforço transversal
2,20 CSM (na alma)
caso com relação a/h = 20 utilizado um 2,00
1,80
1,60
perfil de seção ‘I’ 152,4 x 76,2 x 6,35 mm 1,40
1,20

e para os demais, um perfil ‘I’ 304,8 x 127 1,00


0,80
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
x 12,7 mm, ambos perfis de dimensões a porcentagem do volum e total de fibras

comerciais. No entanto, como se tratam de


Razão entre a flecha em viga com reforço transversal e flecha em viga
som ente com roving (seção "I" 304,8 x 127 x 12,7 m m )
perfis com uma diferença de rigidez a
2,40

momentos fletores muito grande, foram SF (seção plena)

razão entre as flechas com e sem


2,20
CSM (seção plena)
2,00
SF (na alma)

reforço transversal
considerados carregamentos com 1,80 CSM (na alma)

1,60

magnitudes também diferentes, sendo a 1,40

1,20

primeira submetida a uma carga de 2,0 1,00

0,80

kN/m, a segunda, a uma carga de 10,0 0 10 20 30 40 50 60 70


porcentagem do volum e total de fibras
80 90 100

b
kN/m e a terceira, em virtude do grande
Razão entre a flecha em viga com reforço transversal e flecha em viga
vão, submetida a uma carga de 0,10 kN/m. som ente com roving (seção "I" 304,8 x 127 x 12,7 m m )

Os resultados das simulações são 3,00


2,80 SF (seção plena)
razão entre as flechas com e sem

2,60 CSM (seção plena)


mostrados na figura 17. 2,40
reforço transversal

SF (na alma)
2,20
CSM (na alma)
2,00
Como se pode notar, todas as 1,80
1,60
1,40
curvas convergem no valor 1,00 da razão 1,20
1,00

entre as flechas, o que é de se esperar, pois 0,80


0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
porcentagem do volum e total de fibras
quando a porcentagem do volume total de c

fibras na forma de reforço transversal é Figura 17: Comparação do desempenho de


vigas com diferentes taxas de reforço
zero significa existir somente reforço transversal: a) viga com relação a/h = 20; b) com
relação a/h = 10 e c) com relação a/h = 100.
unidirecional longitudinal. Da mesma
forma, quando esta taxa é 100% significa eficiente, uma vez suas propriedades
haver somente reforço transversal, quer podem ser bem direcionadas, o que não se
seja CSM, quer seja SF. verifica com o CSM.
No que tange ao deslocamento Nota-se que, para a adição de
vertical no meio do vão temos que o reforço transversal na seção como um todo,
reforço transversal proporciona melhores o CSM sempre leva a deslocamentos
efeitos de aumento de rigidez em vigas maiores. Por outro lado, a adição de
com menor relação a/h. O reforço camadas com reforço unidirecional não
transversal na forma de SF é mais paralelo ao eixo da peça é vantajosa no
19

caso de vigas com relação a/h = 10 (seção transversal é mais conveniente em vigas
‘I’ 304,8 x 127 x 12,7 mm), com uma taxa curtas. Os reforços transversais foram
ótima em torno de 25% do volume total de inseridos primeiramente na seção como um
fibras na forma de reforço transversal. todo, e posteriormente, apenas na alma do
Outro aspecto observado é a perfil, sendo admitidas espessuras iguais
influência de se aplicar estes reforços para as camadas com reforço transversal
transversais na seção como um todo ou em todas as taxas aplicadas. Logo,
apenas na alma dos perfis, uma vez que observando a figura 19 percebe-se que a
uma maior concentração de reforço situação mais favorável é aquela onde os
longitudinal nas mesas proporciona maior reforços transversais estão presentes
rigidez à flexão. Quanto à adição de somente na alma do perfil, e que para
reforço transversal somente na alma, qualquer taxa de reforço transversal,
verifica-se nas duas primeiras situações quando este é adicionado na seção plena,
que o CSM quase não interfere na tem-se uma redução da rigidez a momentos
performance, enquanto a adição de SF fletores significativa.
melhora o comportamento estrutural em 90º

ambas situações, sendo o efeito mais



expressivo também na viga com a/h = 10. CSM
roving (30º)
roving
Com respeito à viga com relação CSM
roving (-30º)
a/h = 100 fica patente que o reforço roving
roving (-30º)
CSM
determinante na performance de rigidez é o roving
roving (30º)
unidirecional na forma de roving, paralelo CSM

Figura 18 - Configuração do estratificado de um


ao eixo da peça, sendo o acréscimo de pultrudado com a combinação dos tipos de reforços
mais empregados em produção comercial.
qualquer taxa de reforço transversal
desnecessário. Contudo, a utilização do Razão entre a flecha em viga com refor ço transversal e flecha em viga
somente com roving (s eção "I" 304,8 x 127 x 12,7 mm) a/h=10

reforço transversal contribui para o 1,80


raz ão en tre as fl ech as c o m e sem

melhoramento do desempenho em termos 1,60 CSM e SF (seção plena)


refo rço tr an sversal

CSM e SF (na alma)


do comportamento em ruptura dos 1,40

1,20
materiais compostos estratificados.
1,00

Por fim, analisou-se uma viga 0,80


0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
pultrudada em que foram introduzidos os porcentagem do volume total de fibras

três tipos de reforços simultaneamente


(figura 18). A viga em questão tem relação Figura 19 - Comparação do desempenho de vigas
curtas com a combinação dos reforços transversais
a/h = 10, pois como visto, o reforço em diferentes taxas.
20

6.3 Análise da influência da direção dos 40 elementos ao longo do comprimento, 5


reforços unidirecionais elementos na largura das mesas e 4
elementos na altura da alma, resultou em
Outro importante aspecto 3678 graus de liberdade.
investigado é a orientação do SF. O arranjo Reflexos são percebidos nos
interno pode ser otimizado para cada tipo deslocamentos e os resultados são
de esforço solicitante e para cada mostrados na figura 20a.
comprimento de viga. Considerando uma Posteriormente, foi simulada uma
viga de comprimento fixo, uma condição viga de comprimento 3,048 m, agora com
de extremidade e um carregamento o perfil EXTREM 500 SERIES I de seção
constante, pode-se, variando as orientações 152,4 x 76,2 x 9,5 mm, considerando
das camadas com reforço unidirecional não extremidades rotuladas e submetida a um
paralelo ao eixo da peça, quer seja nas carregamento de 2,0 kN/m. Fixou-se então
mesas, quer seja na alma, verificar a as espessuras das camadas e a quantidade
influência da estratificação no destas, admitindo 4 conjuntos de camadas,
comportamento global da viga. ou seja, 4 camadas de CSM, 4 camada de
Logo, para este teste, foi adotada SF e 3 camadas de roving. Foram
primeiramente uma viga de comprimento consideradas camadas de CSM com 0,015”
1,524 m, cujo perfil EXTREM 500 de espessura e para o SF, 0,025”.
SERIES WF tem seção 152,4 x 152,4 x Novamente, a orientação das camadas de
6,35 mm, considerando extremidades SF variou de 0° a 90°, independentemente
rotuladas e submetida a um carregamento nas mesas e na alma. O modelo numérico
de 1,0 kN/m. Fixou-se então as espessuras simulado, com 40 elementos ao longo do
das camadas e a quantidade destas, comprimento, 3 elementos na largura das
admitindo 4 conjuntos de camadas, ou seja, mesas e 4 elementos na altura da alma,
4 camadas de CSM, 4 camada de SF e 3 totalizou 2694 graus de liberdade, e os
camadas de roving. Foram consideradas resultados podem ser vistos na figura 19b.
camadas de espessura 0,015” e 0,025”, O fato de terem sido consideradas
respectivamente, para o CSM e SF, e cuja duas vigas com diferentes comprimentos e
orientação destas últimas variou de 0° a seções se justifica na possibilidade de se
90° (onde 0º é a direção paralela ao eixo da verificar o efeito da relação a/h no
peça), independentemente nas mesas e na comportamento à flexão. No primeiro caso,
alma. como o vão é de 1,524 m e a altura da
O modelo numérico simulado, com seção é 152,4 mm, tem-se uma relação a/h
21

Influência da estratificação no deslocamento vertical no meio do vão Influência da estratificação no deslocamento vertical no meio do vão

-0,035 -0,9

-0,037 -0,95
-0,039
-1
-0,041
-1,05
-0,043
flecha (cm) -0,045 flecha (cm) -1,1

-0,047 -1,15
-0,049
-1,2
-0,051
-1,25
-0,053
-0,055 0 -1,3 0

0 30 0 30
15 15
30 30
45 60 45 60
60 orientação do SF nas 60 orientação do SF nas
orientação do SF na alma 75 90 mesas orientação do SF na alma 75 90 mesas
a 90 b 90

Figura 20 - Valores dos deslocamentos verticais para várias orientações do Stitched Fabrics:
a) a/h = 10 e b) a/h = 20.

igual a 10, ficando evidente que as necessário comparar a performance


menores flechas ocorrem para mesas com apresentada por vigas de diferentes
SF a 0° e alma com SF a 45°. No entanto, materiais, sendo para isso consideradas
o mesmo não se pode dizer para o segundo vigas pultrudadas de PRFV, PRFC e vigas
caso, onde o vão é de 3,048 m e a altura da de aço em perfil soldado.
seção é 152,4 mm, resultando numa O problema proposto se trata de
relação a/h igual a 20 e nota-se que é mais uma viga de 4 m de comprimento,
vantajoso ter reforço predominantemente considerada rotulada nas duas
na direção longitudinal da peça. extremidades (restringindo deslocamento
Embora as simulações contemplem em todas a direções dos nós extremos na
cargas relativamente pequenas, os metade da altura da alma), submetida a um
resultados mostram as tendências do carregamento de 10 kN/m. Foram
comportamento das vigas analisadas, que escolhidos perfis de dimensões comerciais,
em se tratando de pultrudados, possuem tanto para os compósitos quanto para o
seções pequenas se comparado às aço, optando-se pelos perfis soldados pelo
deformações de vigas de mesma seção em fato de melhor se assemelharem aos perfis
aço submetidas a estas mesmas condições. pultrudados.
Adotou-se para o pultrudado uma
6.4 Comparação entre vigas de diferentes arquitetura mais próxima da otimizada,
materiais visto que são conhecidas as orientações de
camadas mais convenientes em função da
Na tentativa de justificar a relação a/h da viga. Também se admitiu 4
eficiência dos materiais compostos se faz conjuntos de camadas, porém agora com
22

espessuras diferentes, sendo 0,020” para o limitadas e, para a magnitude do


CSM e 0,030” para o SF, uma vez que os carregamento considerado bastarem os
perfis escolhidos são mais robustos. menores itens da série CS de perfis em aço
Foi também considerado nas soldado, os resultados mostram que para
simulações o peso próprio dos materiais, um determinado deslocamento vertical no
recorrendo aos valores de massa específica meio do vão as vigas de aço tem peso de
das matérias-primas e frações volumétricas no mínimo 2,5 vezes, aproximadamente,
destas, em se tratando dos compósitos, e o maior que as de PRFC e 1,6 vezes que as
valor correntemente adotado para o aço. de PRFV. Deve-se mencionar também a
Desta forma, para o PRFV temos que o diferença existente entre a razão flecha
3
peso específico é 2,0 g/cm , para o PRFC é devida ao peso próprio/flecha total para os
1,8 g/cm3 e, para o aço, 7,86 g/cm3. compósitos e para o aço, deixando claro
A tabela 3 mostra as especificações que em se tratando de plásticos reforçados,
dos perfis adotados. a quase totalidade da resistência da seção
Embora tenham sido simulados está disponível para suportar
poucos perfis, em virtude de as séries carregamentos externos à peça.
comerciais de pultrudados serem muito A figura 21 mostra as curvas de

Tabela 3 - Especificações dos perfis simulados numericamente.

Perfis pultrudados de PRFV (dimensões comerciais da CREATIVE PULTRUSIONS)


Orientação das Orientação das Área da Peso
Número Dimensões (mm) Relação a/h camadas de SF camadas de SF seção linear
2
na alma nas mesas (cm ) (kg/m)
1 203,2 x 101,6 x 9,5 mm 19,69 15° 15° 36,80 7,36
2 203,2 x 101,6 x 12,7 mm 19,69 15° 15° 48,39 9,68
3 254 x 127 x 9,5 mm 15,75 45° 15° 46,46 9,29
4 254 x 127 x 12,7 mm 15,75 45° 15° 61,29 12,26
5 304 x 127 x 12,7 mm 13,12 45° 15° 67,36 13,47
Perfis pultrudados de PRFC (dimensões comerciais)
Orientação das Orientação das Área da Peso
Número Dimensões (mm) Relação a/h camadas de SF camada de SF seção linear
2
na alma nas mesas (cm ) (kg/m)
1 203,2 x 101,6 x 9,5 mm 19,69 15° 15° 36,80 6,62
2 203,2 x 101,6 x 12,7 mm 19,69 15° 15° 48,39 8,71
3 254 x 127 x 9,5 mm 15,75 45° 15° 46,46 8,36
4 254 x 127 x 12,7 mm 15,75 45° 15° 61,29 11,03
5 304 x 127 x 12,7 mm 15,75 45° 15° 67,36 12,12
Perfis soldados de aço série CS
Peso
Espessura das Espessura da alma Área da
Número Dimensões (mm) Relação a/h 2 linear
mesas (mm) (mm) seção (cm )
(kg/m)
1 150 x 150 8,0 6,3 26,67 32,40 25,27
2 150 x 150 9,5 6,3 26,67 36,80 28,70
3 150 x 150 9,5 8,0 26,67 39,00 30,42
4 200 x 200 6,3 6,3 20,00 37,00 28,86
5 200 x 200 8,0 6,3 20,00 43,60 34,01
23

performance e as razões flecha devida ao geometria relativamente simples, se pautou


peso próprio/flecha total para as vigas na necessidade de observar uma situação
simuladas mais próxima da realidade. Para tanto, foi
estabelecido um esquema simplificado de
Comparação da performance
uma edificação, a partir do qual se isolou o
0 5 10 15 20 25 30 35 40
0
pórtico estudado (figura 22).
flecha no meio do vão (cm)

-1

-2
O carregamento considerado é
-3 fibra de vidro-E apenas vertical, estático, sobre a viga,
-4 fibra de carbono alto módulo

aço
oriundo de uma laje que é submetida a um
-5

-6 carregamento de 500 kgf/m2 (peso próprio


peso linear do perfil (kg/m)
a e sobrecarga). Logo, isolando um pórtico e
observando as dimensões estabelecidas
Razão flecha devida ao peso próprio/flecha total
temos uma carga sobre a viga de 1750
0,3

0,25
kgf/m.
flecha p.p./flecha total

0,2 As simulações foram feitas com


0,15 dois pórticos, um formado por pultrudados
0,1 fibra de vidro-E
de PRFV e o outro por perfis de aço
fibra de carbono alto-módulo
0,05
aço soldados. No primeiro caso empregaram-se
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 perfis de dimensões comerciais da
peso linear (kg/m)
b
CREATIVE PULTRUSIONS®, conforme
Figura 21 - Comparação entre flechas de vigas em a seguir: perfil ‘I’ 304,8 x 127 x 12,7 mm
diferentes materiais: a) flecha no meio do vão e
b) razão flecha devida ao peso-próprio/flecha total. para a viga e perfis ‘H’ 203,2 x 203,2 x
12,7 mm para os pilares.
6.5 Análise de pórticos planos
400 cm
350 cm
Este trabalho contemplou 350 cm

também a análise do comportamento


de pórticos planos formados por
materiais
ateriais compostos, na forma de
perfis pultrudados, e por perfis de aço
335,28 cm

soldado, com o objetivo de comparar


o desempenho dos materiais. A opção 400 cm
esquema tridimensional
do modelo de pórtico, embora tenha
Figura 22 - Definição do modelo de pórtico plano estudado,
sido escolhida uma estrutura de com vinculações rígidas nos apoios e entre a viga e os pilares.
24

Já para o pórtico em aço, respectivamente, 0,03” e 0,02”, e camadas


considerou-se o perfil ‘H’ da série CS, de roving de espessura tal que a soma de
tanto para a viga quanto para os pilares: todas resulte na espessura dos elementos
150 x 150 mm, com tw = 6,3 mm e tf = 9,5 do perfil, e a orientação das camadas de
mm. stitched fabrics é [-15°,15°,15°,-15°] nas
Admitiu-se para os materiais as mesas dos perfis e [-45°,45°,45°,-45°] nas
mesmas propriedades usadas nas almas dos perfis.
simulações anteriores, e no que diz respeito Detalhes dos modelos numéricos
ao material composto, novamente foram desenvolvidos e os resultados das
usados pultrudados com 4 conjuntos de simulações, como os deslocamentos e as
camadas, onde as espessuras do stitched tensões, são mostrados nas figuras
fabrics e do continuous strand mat são, seguintes.

a b

Figura 23 - Modelo numérico de pórtico em


pultrudados de PRFV, com 19578 graus de
liberdade, e detalhes: a) seção da viga no meio
do vão e b) união da viga ao pilar.

Z
Y
X

Figura 24 - Deslocamentos na direção de z, Z


devido ao carregamento total, em centímetros. Y

Figura 25 - Tensões paralelas ao eixo x, na


primeira camada, em N/cm2. No detalhe,
tensões da direção de x em seção no meio
do vão da viga, em todas as camadas.
25

Z a b
Y

Figura 26 - Deslocamentos na direção de z,


devido ao carregamento total, em centímetros.
Nos detalhes: a) tensões paralelas a x em seção
no meio do vão da viga, em N/cm2 e b) tensões
paralelas a z em seção próxima da união entre a
viga e o pilar, em N/cm2.

Figura 27 - Detalhe do modelo numérico de


pórtico em aço, com 16758 graus de
liberdade.

Pode se perceber que, embora o mesmo com o dobro do peso, apresenta


pórtico formado por pultrudados de PRFV pontos onde as tensões inclusive
apresente maiores deslocamentos, as ultrapassam o valor do limite de
tensões desenvolvidas em cada uma das escoamento, que é a tensão de 25 kN/cm2,
camadas são menores que os limites de por exemplo, para o aço ASTM A36.
resistência segundo dois fabricantes norte- Deve-se ressaltar que uma estrutura
americanos e um brasileiro (tabela 4). Por formada por materiais compostos
outro lado, o pórtico de perfis de aço necessariamente terá perfis mais robustos,
apresenta um comportamento global mais porém o desempenho apresentado revela
rígido, com menores deslocamentos, quer que o material tem plenas condições de ser
sejam verticais e horizontais, no entanto, empregado nas edificações, e conforme a

Tabela 4 - Limites de resistência de perfis pultrudados.

Creative Strongwell WPP


Propriedades mecânicas ® ® ®
Pultrusions Corporation Compósitos
Resistência à tração longitudinal (MPa) 226,90 206,80 210,00
Resistência à tração transversal (MPa) 51,60 48,30 210,00
Resistência à compressão longitudinal (MPa) 226,90 206,80 210,00
Resistência à compressão transversal (MPa) 113,40 103,40 -
Resistência à flexão longitudinal (MPa) 226,90 206,80 -
Resistência à flexão transversal (MPa) 75,60 68,90 -
26

tabela 5 fica evidente que o material receberam carregamentos supostamente


oferece vantagens significativas no que se oriundos de uma possível estrutura de
refere à redução do peso próprio. fechamento.
Admitiu-se que as vigas principais
Tabela 5 - Análise comparativa entre os
dois pórticos são constituídas por perfis pultrudados de
Material de constituição do
PRFV Aço seção ‘I’ 304,8 x 127 x 12,7 mm, os
perfil
pilares, seção ‘H’ 203,2 x 203,2 x 12,7
Peso total da estrutura (kg) 158,21 320,84

Flecha máxima da viga no


mm, e as vigas transversais, seção ‘I’ 152,4
2,342 1,20
meio do vão (cm)
x 76,2 x 9,5 mm, ambos de PRFV (figura
Flecha devida ao peso próprio
0,1687 0,17
no meio do vão (cm)
7.30).
Razão flecha máxima/peso da
0,01480 0,00374
estrutura Foram considerados carregamentos
Razão flecha devida ao peso
0,07203 0,14167
próprio/flecha máxima verticais estáticos: sobre as vigas
principais, um carregamento
uniformemente distribuído de 1750 kgf/m
6.6 Análise de pórticos espaciais e, sobre as vigas transversais, um
carregamento também uniformemente
Associando dois ou mais pórticos distribuído de 300 kgf/m.
planos e ligando-os por vigas transversais Os resultados obtidos pelas
tem-se um pórtico espacial, cujo simulações podem ser vistos nas figuras 28
comportamento pode ser melhorado em e 29.
relação aos pórticos planos, pois
dependendo do tipo de carregamento, pode
se ter uma melhor distribuição dos
esforços.
Com o intuito de verificar
o comportamento destas estruturas
foram executadas simulações
numéricas de um pórtico isolado a
partir do esquema estrutural Z
Y
apresentado na seção anterior. No X

entanto, para solidarizar dois


pórticos planos paralelos foram
introduzidas vigas transversais de Figura 28 - Modelo numérico de pórtico espacial, cujo
elemento empregado é o Solid 191, com 92538 graus de
menores dimensões, as quais liberdade, e detalhe do encontro das vigas com os pilares.
27

moldados nas mais diferentes formas.


Existe uma gama de métodos de
processamento de materiais compostos e os
produtos resultantes são aplicados em
diversos setores da indústria. As inúmeras
aplicações já consagradas refletem a
versatilidade destes materiais. Por
exemplo, pode-se variar o sistema de
resina para atender a algumas necessidades
Figura 29 - Deslocamentos na direção de z,
em centímetros. especiais, como resistência às altas
temperaturas. No que diz respeito ao
Novamente, se verifica que o reforço, pode ser de vários tipos e formas,
comportamento global de uma estrutura em diferentes quantidades e posições de
reticulada em perfis pultrudados atende às modo a maximizar a economia e orientar a
expectativas e, embora apresente menor resistência.
rigidez, oferece segurança no aspecto de Os materiais compostos são
resistência do material composto. descritos por formulações rígidas e a
Vale salientar que a configuração análise de seu comportamento mecânico
estrutural pode influenciar sobremaneira pode se dar utilizando-se ferramentas
no campo de deslocamentos, sendo para sofisticadas de simulação numérica, que se
isso oportuno e imprescindível proceder a mostram capazes de bem representar estas
um estudo que permita otimizar os estruturas.
sistemas estruturais. Destarte, a validação de métodos de
modelagem numérica contribui com o
7. Conclusões aprimoramento dos critérios de
dimensionamento de elementos estruturais,
Os materiais compostos apresentam possibilitando a verificação de formulações
vantagens em relação aos materiais analíticas e a previsão de resultados
tradicionais, como por exemplo, maior experimentais.
razão resistência/peso, resistência a De maneira genérica, uma primeira
ambientes agressivos, baixa condutividade análise da viabilidade de aplicação destes
elétrica (com exceção daqueles que materiais na construção civil deve
possuem matrizes metálicas), fácil averiguar qual a arquitetura e,
instalação etc. além de poderem ser consequentemente, quais os constituintes
28

básicos que compõem os elementos 8. Referências bibliográficas


estruturais. Neste sentido, este trabalho
evidenciou a influência dos tipos de ALMEIDA, SANDRA P. S. Avaliação das
reforços correntemente empregados na Propriedades Mecânicas de Compósitos
fabricação de perfis pultrudados, além de Pultrudados de Matriz Polimérica com
identificar as configurações de reforço que Reforço de Fibra de Vidro. 87 p.
melhoram o comportamento global de tais Dissertação (Mestrado) – Universidade
elementos no que tange à rigidez a flexão. Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,
Outro aspecto estudado diz respeito 2004.
à orientação das camadas ao longo dos
elementos das seções dos perfis. O APLICAÇÕES DE COMPÓSITOS.
posicionamento dos reforços permite Produzido por Owens-Corning. Disponível
direcionar as propriedades mecânicas de em:
modo a garantir uma resposta adequada <http://www.owenscorning.com.br/aplicac
frente aos esforços solicitantes, tendo em ao.asp>. Acesso em: 9 jul. 2004.
vista maximizar a relação rigidez/peso.
De posse dos resultados BERTHELOT, J. –M. Matériaux
apresentados, percebe-se que o Composites: comportement mécanique et
comportamento global de estruturas analyse dês structures. Paris: Masson,
reticuladas formadas por materiais 1992.
compostos atende aos requisitos de
resistência e deformabilidade das BRIDGE COMPONENTS: FIBER
edificações. REINFORCED POLYMER
Vale dizer que são fundamentais COMPOSITES. Produzido por Strongwell
estudos futuros direcionados à Corporation. Disponível em:
identificação e quantificação das variáveis <http://www.strongwell.com>. Acesso em:
relacionadas à estabilidade de tais perfis e 12 jul. 2004.
eficiência de sistemas de ligação, além
daqueles de cunho restritamente numérico COOK, R. D.; MALKUS, D. S.; PLESHA,
que visem aprimorar as soluções e criar M. E. Concepts and applications of finite
novos elementos que tornem as simulações element analysis. New York: John Wiley
mais simples e práticas. & Sons, 3. ed., 1989.
29

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THE PULTEX® PULTRUSION DESIGN


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