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RIO DE JANEIRO
2007
2
Por
OUTUBRO/2007
3
PÁGINA DE APROVAÇÃO
elaborado por Ana Leonor Corrêa dos Reis, Jorge Luiz Fernandes da Silva e Marcelo
Alexandrino da Costa Santos
Data:
___________________________________
Coordenador Acadêmico
___________________________________
Ana Paula C. Zambrotti Gomes
4
TERMO DE COMPROMISSO
Os alunos Ana Leonor Corrêa dos Reis, Jorge Luiz Fernandes da Silva e Marcelo
Alexandrino da Costa Santos, abaixo-assinados, do Curso de Pós-graduação em
Administração Judiciária, realizado nas dependências da FGV Rio de Janeiro, no período de
10 de março de 2006 a 29 de junho de 2007, declaram que o conteúdo do trabalho de
conclusão de curso intitulado: “Liderança no Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região:
desenvolvimento de habilidades” é autêntico, original, e de autoria exclusiva destes.
______________________________________________
Ana Leonor Corrêa dos Reis
______________________________________________
Jorge Luiz Fernandes da Silva
______________________________________________
Marcelo Alexandrino da Costa Santos
5
AGRADECIMENTOS
Agradecer é admitir que houve um momento em que se precisou de alguém; é reconhecer que
o homem jamais poderá lograr para si o dom de ser auto-suficiente. Ninguém e nada cresce
sozinho; sempre é preciso um olhar de apoio, uma palavra de incentivo, um gesto de
compreensão, uma atitude de amor. Agradecemos a todos que compartilharam de alguma
forma com o êxito do nosso trabalho.
6
"Bons líderes fazem as pessoas sentir que estão no centro das coisas, e
não na periferia. Cada um sente que ele ou ela faz a diferença para o
sucesso da organização. Quando isso acontece, as pessoas se sentem
centradas e isso dá sentido ao seu trabalho.”
(WARREN BENNIS)
7
RESUMO
Tabelas:
I – Freqüência e percentual das características e habilidades do líder, segundo opinião dos
servidores e juízes pesquisados
II – Freqüência e percentual dos pontos fortes, segundo opinião dos servidores e juízes
pesquisados
III – Freqüência e percentual dos pontos fracos, segundo opinião dos servidores e juízes
pesquisados
Figuras:
I–
II –
9
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
1.1 O tema e o problema
1.2 Objetivos
1.3 Suposição
1.4 Relevância do Estudo
2 LIDERANÇA
2.1 Conceito de liderança
2.2 Habilidades e características da liderança
3 DESAFIOS DA LIDERANÇA
3.1 Na Administração Pública
3.2 No Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região
4 FATORES FACILITADORES PARA O EXERCÍCIO DA LIDERANÇA NO ÂMBITO
DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO
5 PESQUISA SOBRE LIDERANÇA NO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª
REGIÃO
5.1 Metodologia
5.2 Tipo de Pesquisa
5.3 Universo e Amostra
5.4 Coleta de Dados
5.5 Tratamento dos Dados
6 RESULTADO DA PESQUISA DE CAMPO
7 CONCLUSÃO
Referências Bibliográficas
Apêndice - Questionário da Pesquisa
Anexo A - Minuta sobre a Política de Gestão de Pessoas
Anexo B - PAD-SGP-002 Recrutamento e Seleção
Anexo C – Minuta MBA em Gestão de Recursos Humanos
10
1 INTRODUÇÃO
1.2 Objetivos
12
O objetivo final do trabalho é apresentar dados concernentes às habilidades de
liderança, que orientem as ações no campo da gestão de pessoas a serem implantadas pelo
Tribunal Regional do Trabalho.
Como objetivos intermediários, citamos: a conceituação de liderança; a identificação
das habilidades requeridas do líder atual e dos desafios por ele enfrentados, sobretudo no setor
público; a identificação das principais dificuldades e dos fatores facilitadores do exercício da
liderança no âmbito do Tribunal Regional do Trabalho da Primeira Região.
1.3 Suposição
2
Neste sentido, Hunter (2006), que, fortemente apoiado no pensamento de Warren Bennis e Peter Drucker,
refere não ter mais qualquer dúvida de que a liderança seja uma habilidade, “uma capacidade apreendida ou
adquirida por meio da educação e da aplicação”. (p. 25).
13
líderes, a fim de que os (poucos) servidores dos diversos setores envolvam-se no
cumprimento de suas atividades de modo verdadeiramente consciente, efetivo e eficiente.
No entanto, o que se verifica é que, atualmente, a escolha dos ocupantes de cargos e
funções de chefia não compreende a avaliação de suas habilidades de liderança, tampouco
constata-se preocupação imediata da alta administração com o desenvolvimento de tais
habilidades nos gestores que já encontram-se no exercício de suas funções. O resultado disso
é a existência de administradores que não exercem liderança e, portanto, não contam com a
adesão de seus subordinados às suas idéias e estratégias, tão menos são capazes de instilar nos
servidores sob seu comando algum comprometimento com o cumprimento da missão e com a
perseguição da visão de futuro do setor a que vinculados, tão menos da própria organização.
Essa realidade pode e deve ser alterada.
O presente estudo mostra-se, portanto, extremamente relevante, uma vez que, para
além do campo doutrinário, fornece dados que possibilitam ações concretas para a correção
do atual tratamento da questão em foco no âmbito do TRT da 1ª Região.
14
2 CONCEITO DE LIDERANÇA
Conceituar liderança é uma tarefa árdua, não apenas porque os estudiosos do tema
não estabelecem um quadro conceitual uniforme, mas também porque há, mesmo, dissensão
acadêmica quanto à utilidade de se prosseguir com tal investigação.3
A própria idéia ou significação teórica e paradigmática do termo tem sofrido
alterações segundo as percepções centrais dos estudiosos, de acordo com os contextos
temporais e organizacionais em que se encontra(va)m.
Costuma-se agrupar tais percepções em três diferentes teorias: traços da
personalidade, comportamental e situacional.4 Diniz (2007) sugere ainda uma quarta classe: o
do líder completo ou líder de si mesmo.5
Consoante a teoria dos traços da personalidade, cuja força expirou-se no início dos
anos 70, a liderança seria um atributo exclusivamente subjetivo, uma marca da personalidade,
ou um dom inato, que qualificaria apenas determinadas pessoas, sempre íntegras, ambiciosas,
autoconfiantes e com alto conhecimento técnico. Conforme ressalta Diniz (2007, p. 42),
“embora haja ainda quem acredite nisso, os especialistas dizem que esse conceito é um mito”.
De acordo com a teoria comportamental, elementos objetivos seriam capazes de
exercer influência sobre o comportamento dos líderes. Poder-se-ia, pois, definir
comportamentos ou estilos de liderança e, a partir de então, criar programas educativos para
formar e aperfeiçoar líderes, visando a capacitá-los a modificar seus próprios comportamentos
e a adaptar-se àquele exigido pela organização.
É importante ressaltarmos que a teoria comportamental foi erigida sobre análises
empíricas; algumas delas semelhantes entre si, como, por exemplo, a da Universidade de
Ohio, que analisava os resultados de comportamentos mais orientados para os empregados ou
para a produção, e a da Universidade de Michigan, que considerava as relações entre estrutura
(objetivos, tarefas) e consideração (relacionamento com os subordinados, confiança mútua). A
partir desses estudos, Robert Blake e Jane Mouton cunharam a chamada “grade gerencial”,
3
Neste sentido, Almeida (2007, p. 15)
4
Confira-se, por exemplo, Chiavenato (2000) e o texto de Arroteia, Cunha, Flores e Rocha, disponível em
<<http://pwp.netcabo.pt/0412685201/eeg>>, acesso em 30 de setembro de 2007.
5
Interessante observar que até mesmo os paradigmas apontados variam na literatura. Gayle, por exemplo, citada
por Almeida (2006)
15
cujos eixos – vertical: ênfase nas pessoas; horizontal: ênfase na produção – permitiam
rotular um líder como 9/9, correspondendo ao melhor desempenho em termos de produção e
gestão de pessoas, até 1/1, correspondendo ao pior dos prováveis desempenhos.6
Com base na teoria comportamental, vários estilos de liderança foram identificados,
e diferentes sugestões, apresentadas por diversos autores e treinadores. Como se pode intuir, o
problema da uniformidade de propostas não foi solucionado. Porém, como apontam Arroteia,
Cunha, Flores e Rocha7, os estilos, quantitativamente variáveis de autor para autor, situam-se
qualitativamente entre os extremos do participativo e do autoritário. A título de exemplo,
reproduzimos a tabela de Chiavenato, tal como apresentada por Brandalise e Rossetto8:
Aspectos Liderança
autocrática Liderança liberal Liderança democrática
Apenas o líder decide e Total liberdade ao As diretrizes são debatidas e
Tomada de fixa as diretrizes, se grupo para tomar as decididas pelo grupo, que é
decisões nenhuma participação decisões, com mínima estimulados orientado pelo
do grupo. intervenção do líder. líder.
O líder dá ordens e Participação limitada O líder aconselha e dá
Programação determina providências do líder. Informações orientação para que o grupo
dos trabalhos para a execução de e orientação são dadas esboce objetivos e ações. As
tarefas, sem explica-las desde que solicitadas tarefas ganham perspectivas
ao grupo. pelo grupo. com os debates.
Ocorre, porém, que o dia-a-dia viria provar que nem sempre o estilo do líder seria o
fator determinante do sucesso ou do fracasso de determinada ação organizacional. Verificou-
6
Cf. Arroteia et al. ob. cit..
7
Idem.
8
BRANDALIZE, Adalberto; ROSSETO, Luiz Gustavo. O papel da liderança. Ano não identificado.
Disponível em <http://labinfo.cefetrs.edu.br/professores/durval/maq2/10-%20o%20papel%20da%20lideranca.doc>.
Acesso: 30 Set 2007.
16
se que, além de seus atributos pessoais e de seu comportamento, o líder estava sujeito a
diversas variáveis que se apresentavam em diferentes cenários encontrados na - e pela –
organização: cultura, política, expectativas, natureza das tarefas e outras tantas imagináveis.
Surge, então, a abordagem situacional da liderança, segundo a qual os resultados são
obtidos conforme a situação que se apresenta ao líder em um dado momento. Assim, em uma
situação “X”, a pessoa “Y” pode emergir naturalmente como um líder eficaz.
Mas não é só: pode ser que, em dada situação, uma determinada pessoa mostre-se o
líder adequado, independentemente de ter, ou não, o comportamento, em tese, ideal. Para
tanto, ou se ajusta ao cenário, alterando seu estilo conforme os requisitos exigidos pela
situação, ou usa de suas habilidades para conformar o cenário ao seu próprio estilo de
liderança, criando, assim, uma nova situação, mais propícia à sua atuação.
Segundo Arroteia et al, a teoria situacional enfatiza os processos de comunicação,
influência e motivação9, ou seja, a facilitação da inter-relação entre o líder e os liderados,
numa dada situação. Por seu turno, ressaltam Hersey e Blanchard (1986) que a liderança
situacional envolve: (1) quanto ao líder, a combinação do que é capaz de oferecer aos
liderados em termos de orientação e direção (“comportamento de tarefa”) e de apoio sócio-
emocional (“comportamento de relacionamento”); e (2) quanto aos liderados, a capacidade
(“maturidade para o trabalho”) e a disposição (“maturidade psicológica”) para assumirem a
responsabilidade de controlar seu próprio comportamento na realização de uma função, tarefa
ou objetivo em determinada situação. Para ilustrar, Hersey e Blanchard (1986, p. 189)
apresentam os seguintes gráficos:
9
Ob. loc. cit
17
Figura II – Estilo do líder – Gráfico cartesiano
10
Almeida (2006) traz uma primorosa análise sobre o tema, evidenciando como a correspondência entre as
teorias e os paradigmas podem variar de acordo com determinados contextos e à luz de diferentes abordagens.
Por fugir aos propósitos desta monografia, deixamos de abordar o tema, remetendo o leitor interessado, porém, à
dissertação da referida autora, que gentilmente nos deu acesso ao texto. A autora pode ser contatada por meio do
seguinte endereço eletrônico: repositorium@sdum.uminho.pt
20
gerencial; e (2) o fato de a liderança ser comumente confundida como uma posição na
hierarquia administrativa da organização é, por si só, um impedimento prático para sua
conceituação, que não pode ser desprezado.
Devemos, portanto, buscar um modo seguro para contornar tal obstáculo. Para isso,
ao prosseguirmos com nossa investigação quanto ao conceito para liderança, nos deteremos
momentaneamente no propósito de estabelecer a linha que a separa de outras qualidades,
cargos e personagens que habitam o mundo da Administração.
Chiavenato (1994, p. 137) acena para a solução que perseguimos, ao salientar que
liderança não é, de fato, sinônimo de administração, uma vez que administrar implica o
exercício das funções objetivas de planejar, organizar, dirigir e controlar, enquanto liderar é o
exercício da “influência interpessoal em uma dada situação e dirigida através do processo de
comunicação humana para a consecução de um ou mais objetivos específicos”. E, alhures,
esclarece que:
a liderança é um processo-chave em todas as organizações. O administrador deveria
ser um líder para lidar com as pessoas que trabalham com ele. A liderança é uma
forma de influência. A influência é uma transação interpessoal em que uma pessoa age
para modificar ou provocar o comportamento de outra pessoa, de maneira intencional.
(CHIAVENATO, 2000, p. 627).
Kouzes e Posner (1997,p. 33-34) asseveram que os líderes devem apreciar e articular
uma visão compartilhada do futuro. Comparam a liderança a “uma arte cênica - um conjunto
de regras e comportamentos - não um cargo”. Para eles, os seguidores “não se dispõem, de
bom grado, a seguir cargos; eles seguem pessoas comprometidas com um processo”11.
A interessante diferenciação traçada por Bennis e Nanus (1988) também é digna de
nota. Segundo os autores, “administradores são pessoas que fazem as coisas de forma certa, e
líderes são aqueles que fazem a coisa certa”. Afinal, liderança “é a força subjacente às
organizações de sucesso”; portanto, “para criar organizações vitais e viáveis é necessária a
liderança, que ajuda as organizações a desenvolverem uma nova visão do que podem ser,
depois direciona a mudança para essa nova visão” (BENNIS e NANUS, 1988, p.19).
Percebe-se facilmente que não há mais espaço para que as figuras do administrador e
do líder sejam confundidas. Afinal, a despeito da autoridade inerente a alguns cargos, “a
liderança não é estabelecida em função de posições de autoridade, mas espontaneamente
11
Obviamente, ao referirem-se a cargo, estão aludindo à figura do chefe e, assim, diferenciando-a do líder.
21
oferecida por qualquer um que disponha das habilidades ou dos conhecimentos em
determinado momento” (QUINN, 2003, p.246).
Por tratar-se de elementos que dispensam nomeação formal, pode ser, mesmo, que
líderes ergam-se fora da esfera dos cargos de gestão previstos na estrutura formal da
organização. Daí, a expressiva força da idéia de se infiltrar habilidades de liderança por todos
os níveis organizacionais, como sugerem – rompendo definitivamente com a equivocada
equiparação de líder a chefe – Belasco e Stayer (1994), Kanter (1996) e Hoover e Valenti
(2006) e tantos outros.12
Estabelecida a diferença, destacamos que “alguns estudiosos têm defendido que
numa organização é importante a existência deste duplo papel – o gestor como garante da
execução em função de padrões e o líder no papel de orientador da direcção estratégica da
organização” (ALMEIDA, 2006, p. 30). Tanto melhor será, cremos, que o gestor – tal como
os demais indivíduos da organização – tenha habilidades de liderança, previamente adquiridas
ou tempestivamente incorporadas por meio de treinamento específico.
2006, p.29). Quinn (2006, p. 250) ressalta que “a disposição para seguir princípios num mundo transacional
geralmente traz punição e sofrimento, mas persistir nisso voluntariamente é uma forma de purificação que
aumenta o poder moral e atrai outras pessoas para o caminho do propósito maior”.
15
Em que pese à possibilidade de a palavra “empregado” levar o leitor a considerar que Slater, em sua análise
sobre a liderança de Jack Welch, tenha adotado simplesmente a ascendência hierárquica como critério de
definição do líder, cabe ressaltar que, segundo o autor, líderes destacam-se, não pela posição hierárquica, mas
porque “inspiram com uma visão clara de como as coisas podem ser feitas melhor”, diferenciando-se, assim, dos
gerentes, que, por vezes, “confundem decisões empresariais com complexidade e detalhes sem sentido (p. 12-
13).
23
para cumprir metas e objetivos predeterminados, cada uma delas tem potencial
de liderança [...] cada um precisa assumir a responsabilidade de liderança por
aquilo que faz, seja um trabalho simples ou significativo. Nas organizações de
excelência em desempenho, atitudes de liderança não apenas são encorajadas em
todos; são também exigidas.” (HOOVER e VALENTI, 2006, p. 31).
Algumas palavras-chave ressaltam dentre tudo o que foi dito até agora: armazenada,
cinética, influência, indivíduos, objetivo, situação, resultado, confiança, caráter, equilíbrio
emocional, visão, vontade, responsabilidade.
Utilizando-nos dessas palavras, propomos o seguinte conceito conciliador: liderança
é a capacidade latente ou manifesta de exercer influência sobre um ou mais indivíduos em
determinada situação, inspirando confiança pela força de caráter e pelo equilíbrio emocional,
e comungando com todos da visão vigente e da vontade de trabalhar para alcançar
determinado objetivo, cada qual plenamente ciente da responsabilidade pela correção de suas
tarefas e pelo resultado de suas ações.
24
3 HABILIDADES E CARACTERÍSTICAS DA LIDERANÇA
20
A administração burocrática tem por características a normatização das tarefas e o rigoroso controle
hierárquico, sem deixar espaço para a execução do trabalho por vias não previamente regradas. Acreditava-se
que, dessa forma, a eficácia seria alcançada, já que as inconsistências emocionais humanas estariam afastadas do
processo produtivo. Borges de Almeida et al (2002) salientam que a implantação do modelo burocrático na
Administração Pública brasileira teve a virtude de substituir o modelo patrimonialista, no qual o patrimônio
público confundia-se com o patrimônio individual dos governantes. No entanto, a experiência demonstrou a
fragilidade da administração burocrática, uma vez que era de sua essência a limitação da espontaneidade e da
criatividade dos indivíduos e, para além disto, levada às últimas conseqüências, acabou por privilegiar os meios
(normas) em detrimento dos fins (objetivos da organização). No cenário público, as grandes transformações que
ocorreram no cenário internacional, desde o famoso crack da bolsa de Nova Iorque, passando pela 2ª Guerra
Mundial e pela queda dos rígidos regimes comunistas, e culminando na formação de blocos supranacionais e na
globalização da economia, forçaram a diminuição da intervenção do Estado na economia. Quanto ao Brasil, não
se pode olvidar das crises fiscais e financeiras iniciadas na década de 1960, com o endividamento público e a
diminuição da capacidade de investir nesse setor. Diante do novo cenário, ao qual o modelo burocrático não se
adaptou, passou-se à abordagem gerencial da Administração Pública, fenômeno que, neste país, teve como
defensor o ex-ministro Luiz Carlos Bresser Pereira.
21
O modelo gerencial, mais flexível, dá respostas à crise estatal que não são encontradas no modelo burocrático
(o qual, em certa medida, está à base dessa mesma crise). As ações de ordem macroeconômicas e políticas são
bem conhecidas: entre outras, as notórias privatizações, criação de agências reguladoras e terceirizações. No que
concerne à Administração Pública, em si mesmo considerada e em todos os seus níveis, o modelo gerencial,
essencialmente descentralizador, com sua flexibilidade e concessão de autonomia, permite aos gestores da coisa
pública a adoção de medidas que visem a dar maior agilidade e qualidade aos serviços prestados à sociedade. De
toda sorte, não se pode deixar de considerar as limitações impostas pela legislação, pela cultura da (ou culto à?)
autoridade, pela estreiteza de ferramentas motivacionais face à estabilidade nos cargos e as dificuldades causadas
pela falta de recursos, como barreiras que diferenciam – e muito – a gestão dos setores privado e público.
34
autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos da administração direta e
indireta por meio de contratos de desempenho a serem firmados entres seus respectivos
administradores, em que serão fixadas metas de eficiências a serem alcançadas.
A busca por resultados, decorrentes desses novos instrumentos legais, entre outros,
voltados à atuação do servidor público e à melhora da qualidade do serviço público, objetivam
estabelecer um novo paradigma, onde o mérito não mais reside no cumprimento de rotinas e
processos, mas sim no alcance de metas claras e prefixadas.
As simples reformas de estrutura e de funcionamento dos órgãos públicos de acordo
com parâmetros e modelagens desenvolvidos na administração privada não são suficientes.
Faz-se necessário modificar a mentalidade dos gestores públicos, que precisam se aproximar
dos administrados, bem como dos usuários, para que se convençam que podem e devem
exigir prestação de serviços públicos tão bons, eficientes como os que está acostumado a
exigir dos prestadores privados no regime de competitividade da economia de mercado.
Para que se chegue aos resultados desejados é fundamental que existam gestores na
Administração Pública com habilidades de liderança e a motivação necessária para tal mister.
Eles precisam ter uma profunda e extensa compreensão da interação entre a Sociedade e
Estado, contribuindo para o aperfeiçoamento dos canais de diálogo entre os dois atores,
contribuindo para a criação e o desenvolvimento de institutos de participação administrativa,
necessários à tomada de decisão e ao controle do Estado-administrador.
22
É de se notar que o direito ao tempo razoável do processo e aos meios que assegurem a celeridade está
positivado como garantia fundamental no inciso LXXVIII do art. 5º da Constituição da República.
23
Imagina-se, por exemplo, quanto se perde de tempo, devido a problemas unicamente vinculados à atividade-
meio, quando há falta de material como caneta, papel, toner de impressão e outros em um determinado órgão
judicial.
37
6.1 Metodologia
A metodologia eleita para o todo deste trabalho foi a pesquisa, não apenas teórica,
extraída da rica bibliografia a respeito do tema escolhido, mas também empírica, já que, como
veremos deste ponto em diante, empreendemos pesquisa de campo, consubstanciada na
aplicação de questionário a determinados servidores e magistrados.
Essa escolha foi fundamentada pela necessidade de oferecer à Administração do
Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região uma pesquisa que encerre densa base conceitual
aliada à constatação fática de que a aquisição de habilidades de liderança por parte de seus
gestores é plenamente factível e poderá constituir-se num elemento essencial na conquista da
tão almejada eficiência administrativa.
Tabela I – Freqüência e percentual das características e habilidades que um líder deve ter,
segundo opinião dos servidores e juízes pesquisados.
24
Releva ressaltar, que, a despeito de o estilo carismático não ser garantidor do sucesso do líder, o seu oposto, o
estritamente autocrático, exerce influência negativa, inclusive, sobre a saúde dos membros da equipe, o que gera
prejuízos que extrapolam os limites da organização. Neste sentido, confira-se, por exemplo, a interessante
dissertação de Freire de Carvalho (2002), que revela como o estilo de liderança influenciou na gênese de
distúrbios osteomoleculares relacionados ao trabalho em uma determinada fábrica de calçados.
42
Dando prosseguimento ao nosso trabalho, passamos a identificar quais seriam os
pontos fortes e fracos relacionados ao desempenho pessoal de cada um em relação à liderança.
Nas tabelas II e III, a seguir, encontraremos os comportamentos tidos como
responsáveis pelo sucesso ou insucesso das experiências de liderança.
Tabela II – Freqüência e percentual dos pontos fortes da liderança, segundo opinião dos
servidores e juízes pesquisados:
Tabela III – Freqüência e percentual dos pontos fracos da liderança, segundo opinião dos
servidores e juízes pesquisados:
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Revista latino-americana de enfermagem. n.11, p.567-573, set.-out. 2003.
QUESTIONÁRIO DA PESQUISA
1ATO Nº NN/2007
CAPÍTULO I
DA FINALIDADE
CAPÍTULO II
DA LOTAÇÃO E MOVIMENTAÇÃO DE PESSOAL
CAPÍTULO III
DA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO
CAPÍTULO IV
DOS AFASTAMENTOS LEGAIS E REGULAMENTARES
CAPÍTULO V
DA CAPACITAÇÃO E DESENVOLVIMENTO
CAPÍTULO VI I
DA COMUNICAÇÃO INTERNA
Art. 12. Os meios de comunicação interna serão agentes ativos na melhoria do clima
interno, da motivação e da integração de magistrados e servidores.
CAPÍTULO VIII
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
ANEXO C