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UNIVERSIDADE DA REGIÃO DA CAMPANHA - URCAMP

CENTRO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO, COMUNICAÇÃO E ARTES - CCECA


CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

A INFLUÊNCIA DO TAEKWONDO NA ATITUDE DE ALUNOS DE 12 A 14 ANOS

EVANDRO BRASIL DA SILVA


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BAGÉ, NOVEMBRO DE 2009.


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UNIVERSIDADE DA REGIÃO DA CAMPANHA - URCAMP


CENTRO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO, COMUNICAÇÃO E ARTES - CCECA
CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

A INFLUÊNCIA DO TAEKWONDO NA ATITUDE DE ALUNOS DE 12 A 14 ANOS

Monografia apresentada como pré-requisito para


obtenção do título de licenciatura em Educação
Física – URCAMP, sob orientação da Professora
Esp. Núbia Juliani

EVANDRO BRASIL DA SILVA


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BAGÉ, NOVEMBRO DE 2009.

REITOR DA UNIVERSIDADE DA REGIÃO DA CAMPANHA


Professor Francisco Arno Vaz da Cunha

VICE-REITOR ACADÊMICO
Professora Virgínia Brancato de Brum

VICE-REITOR ADMINISTRATIVO
Professor João Paulo Lunelli

DIRETOR DO CENTRO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO, COMUNICAÇÃO E


ARTES
Professor José Antônio Pêgas Henriques

COORDENADOR DO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA


Professor Gérson Severo Previtali

PROFESSORA DE ESTUDOS MONOGRÁFICOS


Professora Elza Maria Steinhorst Garcia
5

FOLHA DE APROVAÇÃO

Autor: Evandro Brasil da Silva.


Título: A influência do Taekwondo na atitude de alunos de 12 a 14 anos.
Bagé, 03 de novembro de 2009.

Orientadora: Professora Esp. Núbia Juliani

BANCA EXAMINADORA

Professora Esp. Dalie Maria Mendes M Salim

Professora Esp. Zélia Dias Martins


6

DEDICATÓRIA
7

Dedico este trabalho minha mãe Nelza


Brasil da Silva pelo mais puro carinho e
dedicação aos seus filhos.

AGRADECIMENTO

Agradeço primeiramente a minha mãe que


sempre acreditou em mim e nunca me
desamparou, a minha esposa e filha que
preenchem meus dias com carinho e amor e a
8

todos os meus amigos e professores os quais me


ajudaram a encontrar meu caminho.

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo avaliar a influência do Taekwondo na atitude


de alunos de 12 a 14 anos. Sabe-se que os casos de alunos indisciplinados é um quadro muito
antigo, mas que até os dias de hoje continuam evidenciados e em maior número, busca-se
através do Taekwondo, por ser uma arte marcial coreana que fundamenta-se em princípios de
valores subjetivos e objetivos como cortesia, integridade, perseverança, autocontrole e espírito
indomável, valores estes essenciais para o bem comum, um caminho para mudarmos este
quadro, construiu-se um método de trabalho no qual o objetivo é oportunizar os alunos a
vivenciarem, refletirem, conhecerem e sentirem novos valores, entenderem a importância das
regras e condutas de um grupo, refletirem sobre os princípios que fundamentam a vida moral,
e assim consequentemente mudem suas atitudes e tornem-se adolescentes participativos,
críticos com idéias e argumentos consistentes e não mais adolescentes com atos de rebeldias
sem fundamentação, para avaliar estas possíveis mudanças utilizou-se questionários com
perguntas fechadas para os alunos, pais e professores antes e após a prática do Taekwondo.

Palavras chaves: Taekwondo, indisciplina, adolescente, valores, atitude.


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ABSTRACT

The present work has as objective to evaluate the influence of the Taekwondo in the
attitude of pupils of 12 the 14 years. One knows that the cases of indisciplinados pupils are a
very old picture, but that until the present they continue evidenced and in bigger number, it
searchs through the Taekwondo, for being a korean martial art that is based on principles of
subjective and objective values as courtesy, integrity, perseverance, self-control and
indomável spirit, values these essentials for the common good, a way to change this picture,
constructed a work method in which the objective is to oportunizar the pupils to live deeply,
to reflect, to know and to feel new values, to understand the importance of the rules and
behaviors of a group, to reflect on the principles that base the life moral, e thus
consequentemente changes its attitudes and becomes adolescent participativos, consistent
critics with ideas and arguments and not more adolescent with acts of rebeldias without
recital, to evaluate these possible changes used questionnaires with closed questions for the
pupils, parents and professors before and after the practical one of the Taekwondo.

Words keys: Taekwondo, indiscipline, adolescent, values, attitude.


10

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...............................................................................................................11

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS...................................................................................13
1.1 Importância do tema................................................................................................13
1.2 Problema..................................................................................................................14
1.3 Objetivo geral..........................................................................................................14
1.4 Objetivos específicos...............................................................................................14
1.5 Metodologia.............................................................................................................14
1.5.1 Caracterização do estudo...................................................................................14
1.5.2 Amostra.............................................................................................................15
1.5.3 Instrumento de pesquisa....................................................................................15
1.5.4 Procedimentos metodológicos...........................................................................15
1.5.5 Cronograma das aulas........................................................................................16
1.5.6 Metodologia do trabalho....................................................................................16

2. REFERENCIAL TEÓRICO........................................................................................18
2.1 História e evolução do Taekwondo.........................................................................18
2.1.1 Significado das faixas (graduação)....................................................................21
2.1.2 Fundamentos do Taekwondo.............................................................................22
2.1.3 Princípios do Taekwondo..................................................................................22
2.1.4 Benefícios do Taekwondo.................................................................................23
2.2 Educação Física e os temas transversais..................................................................23
2.3 Comportamentos interpessoais ou sociais...............................................................24
2.3.1 Socialização.......................................................................................................24
2.3.2 Percepção social................................................................................................25
2.3.3 Atitude...............................................................................................................25
2.3.4 Sensação e percepção........................................................................................26
2.3.5 Determinantes da percepção..............................................................................26
2.4 Os valores................................................................................................................27
2.4.1 A moral..............................................................................................................27
2.4.2 Ética...................................................................................................................28
11

2.5 Adolescência............................................................................................................28
2.5.1 A crise da adolescência......................................................................................28
2.6 A teoria de Piaget....................................................................................................29
2.6.1 A construção da moral.......................................................................................29
2.7 A teoria de Kohlberg...............................................................................................30
2.8 O ser humano e o meio social.................................................................................31
2.8.1 O estado e a autoridade......................................................................................31
2.8.2 A descoberta de valores.....................................................................................32
2.9 Uma proposta de educação para o desenvolvimento humano.................................32
2.10 O que é indisciplina? ............................................................................................33

3. ANÁLISE E AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS....................................................34


3.1 Analise da fase 1 e fase 2 (percepções dos alunos, pais e professores)...................34
3.2 Tabela A, avaliação dos resultados parciais............................................................34
3.3 Tabela B, avaliação dos resultados gerais ..............................................................37

CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES.........................................................................38

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO..............................................................................40

ANEXOS.........................................................................................................................42
12

INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como tema a influência do Taekwondo na atitude de alunos de


12 a 14 anos. O interesse por esta pesquisa iniciou-se desde a primeira experiência do
pesquisador como estagiário nas escolas, percebe-se que muitas vezes alunos indisciplinados
são de certa forma excluídos do grupo, pensa-se que o Taekwondo possa ser uma excelente
disciplina para mudar este quadro, por ser uma arte marcial que proporciona a vivência e a
reflexão de princípios como cortesia, integridade, perseverança, autocontrole e espírito
indomável.
De acordo com Braghirolli (1990, p. 62) “A família é o maior agente socializante, as
experiências da criança na família, geralmente com a mãe, são da maior importância para
determinar seu comportamento em relação aos outros”. Mas e se a família não estiver
conseguindo fazer o seu papel, o que é normal nos dias de hoje, principalmente nas famílias
de baixa renda onde os pais têm que trabalhar em dois empregos para poder ter uma vida mais
digna e passam o dia fora de casa e muitas vezes o irmão mais “velho” (adolescente) cuida do
mais novo. Aqui se retrata bem o mundo globalizado, esta aceleração a qual para os adultos já
é difícil, imagina para os adolescentes que estão numa fase transitória passando do mundo
infantil para o universo adulto onde há uma confusão de valores, onde os das famílias, dos
grupos em que convivem não são os mesmos da escola e vice-versa. “Os professores
esforçam-se para passarem valores com atividades práticas através de regras e discursos
verbais os que se resultam insuficientes na sua transmissão e incorporação pelo estudante”
(BRASIL, 1998, p. 34).
13

Neste trabalho construíram-se formas operacionais de modo que os alunos possam


através da prática do Taekwondo vivenciar e refletir sobre valores como cortesia, integridade,
perseverança, autocontrole e espírito indomável. Acredita-se hipoteticamente que este método
seja uma excelente alternativa para mudar ou alterar atitudes de alunos indisciplinados,
proporcionando novos conhecimentos e sentimentos sobre novos valores.
De acordo com Aranha (1998) “a adolescência é um momento privilegiado da
passagem do mundo infantil ao universo adulto, em que o suposto amadurecimento da razão
daria os instrumentos para ser assumida à autonomia moral”, esta é a ora de preparar nossos
futuros cidadãos, para que sejam respeitados em todos os sentidos, tenham uma reflexão
crítica, exponham suas idéias e respeitem as dos outros, sejam cientes de seus direitos e
deveres (KIM, 1995, p. 14).
Escolheu-se a EEEM José Gomes Filho pela sua realidade, está localizada na zona
norte do município de Bagé/ RS, perímetro suburbano. É composta na sua maioria, por alunos
carentes, vindos de famílias de baixa renda, algumas das quais com conflitos familiares
grandes, também por crianças e adolescentes encaminhadas pelo Conselho Tutelar,
Promotoria e Juizado da Infância e Adolescência e pela comunidade em geral.
No decorrer deste trabalho pretende-se identificar possíveis mudanças nas atitudes dos
alunos através de seus comportamentos após um mês e meio de prática do Taekwondo
fechando o total de 14h/a, para isso utilizou-se como instrumento de coleta de dados
questionários com perguntas fechadas criadas e formuladas pelo pesquisador para analisar e
comparar as respostas dos alunos, pais e professores.
14

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

1.1 Importância do tema

Nunca se falou tanto a respeito da indisciplina como hoje em dia, é uma preocupação
presente em diferentes contextos: familiar, social e institucional. Assistimos nos jornais
constantemente brigas entre alunos, alunos ameaçando professores e até mesmo agredindo
fisicamente os mesmos.
Na verdade a questão da indisciplina é questão de preocupação em todas as épocas, só
que tem tomado rumos assustadores a tal ponto de professores largarem a profissão por medo
dos alunos.
Alguns pesquisadores sociais e educacionais sustentam que a indisciplina aparece no
momento da adolescência, quando o sujeito inicia a travessia do mundo infantil para o
universo adulto. Trás consigo grandes modificações tanto corporais como subjetivas. É uma
época de inseguranças, de alternância entre o poder absoluto e a fragilidade, da autonomia e
da dependência, da ousadia de um lado e do retraimento do outro, mas principalmente é o
momento das angústias pessoais, familiares e sociais.
Certamente não podemos ignorar esse momento tão importante da vida, mas tampouco
nos conformar com o fato de que se trata de uma fase turbulenta, natural que vai passar e
depois num outro tempo se toma as providências cabíveis. Não é bem assim, a indisciplina
15

pode começar de uma simples oposição e resistência a uma regra previamente acordada e
aceita por todos a uma transgressão no aspecto da delinqüência, da agressão e da violência.
É comum encontrar, ainda hoje, pessoas que acreditam que as punições, as exclusões e
até mesmo a expulsão da escola são caminhos mais fáceis. Num certo sentido são mesmo.
Mas é, também, o caminho daqueles que não desejam contribuir e nem tão pouco persistir na
busca de um processo de ensino-aprendizagem para ambos.
1.2 Problema

Qual a possibilidade de alunos indisciplinados passarem a utilizar os princípios que


conduzem o Taekwondo como (cortesia, integridade, perseverança, autocontrole e espírito
indomável) em outras áreas de sua vida, através do treino do mesmo?

1.3 Objetivo geral

Identificar mudanças nas atitudes de alunos de 12 a 14 anos através de seus


comportamentos após um mês e meio de prática do Taekwondo.

1.4 Objetivos específicos

• Analisar a percepção dos alunos sobre como eles utilizam valores como: cortesia,
integridade, perseverança, autocontrole e espírito indomável, no dia-a-dia para com o
próximo, antes e após o treinamento de Taekwondo;
• Comparar a percepção dos pais e professores em relação aos comportamentos dos
adolescentes, antes e após o treinamento de Taekwondo;
• Estimular os alunos através da prática do Taekwondo a vivenciar, refletir, conhecer e
sentir novos valores.

1.5 Metodologia

1.5.1 Caracterização do estudo

De acordo com Silva (apud GIL, 1991, p. 21) esta pesquisa caracteriza-se como
descritiva, pois visa descrever as características de determinada população ou fenômeno ou o
16

estabelecimento de relações entre variáveis. Envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta


de dados: questionário fechado e observação sistemática. Assume, em geral, a forma de
Levantamento.

1.5.2 Amostra

A amostra foi composta por oito alunos do sexo masculino da EEEM José Gomes
Filho, selecionados pela direção da escola, de acordo com os seguintes critérios:
• Os alunos deveriam ter de 12 a 14 anos de idade;
• Problemas relacionados à disciplina escolar.

1.5.3 Instrumento de pesquisa

Foi utilizado pelo pesquisador três questionários com perguntas fechadas (em anexo)
sendo um para os alunos compostos por duas fases e os outros dois compostos por duas fases,
para os pais e os professores respectivamente.
Com relação ao questionário dos alunos, na primeira fase, o mesmo se propõe a
analisar de que modo o aluno utiliza, de acordo com sua percepção, os princípios do
Taekwondo no seu dia-a-dia no âmbito social, familiar e escolar.
Na segunda fase do questionário dos alunos, as respostas realizadas anteriormente,
serão repetidas, com o intuito de compará-las antes e depois da aplicação das aulas de
Taekwondo e dos ensinamentos de seus princípios.
Quanto ao questionário aplicado aos pais e aos professores, o mesmo pretende
comparar a percepção dos pais e professores sobre as possíveis mudanças comportamentais,
tanto no ambiente familiar quanto no ambiente escolar, existentes na conduta dos alunos após
o ensino do Taekwondo.

1.5.4 Procedimentos metodológicos

O questionário foi aplicado em duas fases, da seguinte maneira:


17

Fase 1:
• Para os pais: Inicialmente, foi entregue a direção da escola, o questionário utilizado
como instrumento desta pesquisa, contendo em anexo uma carta explicativa sobre os
procedimentos do trabalho. Nesta carta, também foi solicitada a autorização dos pais
para a participação de seus filhos na pesquisa, bem como o esclarecimento sobre o
sigilo dos dados através dela coletados. Após estes esclarecimentos, os pais realizaram
o preenchimento do questionário mediante auxílio do professor da escola pesquisada.
• Para os professores: Explicou-se aos professores, os objetivos do trabalho, a
importância da colaboração dos mesmos nesta pesquisa e o compromisso em
manterem-se os dados em sigilo. Após este contato inicial, os professores realizaram o
preenchimento do questionário na própria escola, sob orientação do autor da pesquisa.
• Para os alunos: As perguntas foram lidas previamente, e explicadas para evitar
qualquer variabilidade no preenchimento do questionário. Após este contato inicial, os
alunos realizaram o preenchimento do questionário na própria escola, sob orientação
do autor da pesquisa.
Fase 2:
• Para os pais: Um mês e meio após a realização do treino de Taekwondo para os
alunos, aplicou-se o questionário utilizado na fase 1 deste estudo, ou seja, os pais
responderam novamente aquelas perguntas anteriormente conhecidas.
• Para os professores: Um mês e meio após a realização do treino de Taekwondo para os
alunos, aplicou-se o questionário utilizado na fase 1 deste estudo, ou seja, os
professores responderam novamente aquelas perguntas anteriormente conhecidas.
• Para os alunos: Um mês e meio após a realização do treino de Taekwondo para os
alunos, aplicou-se o questionário utilizado na fase 1 deste estudo, ou seja, os alunos
responderam novamente aquelas perguntas anteriormente conhecidas.

1.5.5 Cronograma das aulas

Foram ministradas pelo pesquisador 14h/a, durante um mês e meio, sendo as mesmas
todas as terças e quintas-feiras das 15h às 15h e 45 min. Tendo inicio dia 15/09/2009 a
29/10/2009.
Local: Quadra aberta de esportes da EEEM José Gomes Filho.
18

1.5.6 Metodologia do trabalho

Conteúdos teóricos desenvolvidos:

História do Taekwondo;
Juramento do aluno;
Princípios que fundamentam o Taekwondo;
Condutas dos praticantes dentro e fora do dojang;
Graduação (significado das faixas);
Regras do Taekwondo.

Conteúdos práticos desenvolvidos:

Bases;
Técnicas básicas de ataque e defesa com as mãos;
Técnicas básicas de chutes;
Esquivas;
Luta combinada;
Luta contra adversário imaginário.
19

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 História e evolução do Taekwondo

O Taekwon-do (pronuncia-se “tê-quan-dô”), cuja tradução significa “caminho dos pés


e das mãos”, é considerada por alguns pesquisadores a mais antiga das artes marciais, tendo
surgido na Coréia há cerca de 2000 anos, sendo originário do aprimoramento de várias lutas
antigas praticadas nos reinos coreanos, como o SOO BAK, SO BAK HEE, TAE KYON, e
outras.
No ano 670 A.C., a Coréia era dividida por três reinos: Koguryo, Baek-Je e Silla. Em
um túmulo real da dinastia Koguryo encontram-se pinturas no teto que nos mostram a prática
do Tae Kyon a forma mais antiga do TKD. Essas pinturas, tais como outras, mostram-nos um
combate sem armas, apenas com técnicas que se assemelham a do TKD moderno.

Pinturas da dinastia Koguryo


20

Fonte da figura:
GOULART, Fábio, guia prático de defesa pessoal: taekwondo – SP - Escala, 2007. p. 11.

Embora o TKD tenha aparecido primeiramente no reino de Koguryo, é a aristocracia


guerreira de Silla, a Hwarang, que é considerada como a criadora e difusora da arte através da
Coréia. Dos três reinos Silla foi o primeiro a ser formado, mas permaneceu pequeno e pouco
civilizado. A costa de Silla era constantemente invadida por piratas japoneses.
O rei Gwahkkaeto, o 19° monarca da dinastia de Koguryo, enviou forças para ajudar o
reino vizinho a lutar contra os piratas. Foi nessa altura que o Tae Kyon foi pela primeira vez
introduzido junto a classe guerreira de Silla, ensinado direta e secretamente a alguns
guerreiros de Silla pelos primeiros mestre da arte. Estes guerreiros treinados no Tae Kyon
tornaram-se conhecidos como Hwarangs. Inicialmente estabeleceram uma academia militar
para a jovem nobreza de Silla. Estes jovens tornaram-se membros do Hwarang-Do, traduzido
como “caminho do guerreiro”. Esta sociedade adotou o Tae Kyon como parte fundamental do
seu regime de treino.
Os estudantes de Hwarang-Do eram todos eles membros da jovem nobreza. Treinavam
e estudavam diversas disciplinas: História, Filosofia, Ética, Budismo, Corrida, Tiro com arco,
Esgrima, táticas militares e Tae Kyon. Estes jovens eram selecionados no reino através de
concursos e depois de selecionados passavam a viver em grupo. Em tempo de paz serviam à
comunidade, trabalhando em ajudas de emergências e construção de fortes e estradas. Em
tempo de guerra estavam sempre prontos a sacrificar suas vidas em benefícios dos outros.
Os princípios condutores deste sistema educativo eram baseados nos cinco códigos de
honra:
- Obediência ao Rei.
21

- Respeito aos Pais.


- Lealdade para com os amigos.
- Nunca recuar ante o inimigo.
- Só matar quando não houver alternativa.

Figura de um guerreiro Hwarang

Fonte da figura:
http://4.bp.blogspot.com/_wcoCnC1Cjxw/Si08UwTVoGI/AAAAAAAAAGc/VZTA3MGMeJM/s400/silla.gif

Os Hwarangs foram responsáveis pela difusão do Tae Kyon na Coréia durante a


dinastia de Silla que durou entre 668 e 935. Durante este período, o Tae Kyon permaneceu
como um esporte e uma atividade recreativa para melhorar a forma física, embora fosse
também um excelente sistema de autodefesa. Até o fim da dinastia Koguryo (935 a 1395), o
fundamento da arte não se alterou. Durante este tempo o Tae Kyon tornou-se conhecido como
Soobak, passando de um sistema de desenvolvimento e melhoria das capacidades físicas para
22

uma arte de combate. O primeiro grande livro sobre esta arte foi escrito durante a dinastia Yi
(1397-1907), e destinava-se a promover a arte entre a população em geral. O desenvolvimento
do Soobak durante esta época foi responsável pela sua sobrevivência. Infelizmente, durante a
segunda parte da dinastia Yi, a arte perdeu popularidade devido à mudança do pensamento
político sobre as questões e atividades militares.
O Soobak apenas sobreviveu à custa de algumas famílias coreanas que foram passando
de geração em geração os conhecimentos desta arte.
Em 1909, ano da invasão da coréia pelo Japão que lá permaneceu durante 36
anos,ficou proibida a prática de qualquer arte marcial coreana. Esta medida apenas aumentou
o interesse e renovação do Soobak. A partir de 1943 o panorama das artes marciais altera-se
com a introdução de outras artes marciais no país. Isto provocou um renovado interesse pelas
artes marciais. Em 1945, após a libertação da Coréia, o primeiro Kwan (escola) onde se
ensinou uma arte marcial nativa coreana foi aberto em Yong Chun, Seoul. Este chamou-se
Chun Do Kwan. No mesmo ano, o Moo Duk Kwan e o Yun Moo Kwan foram também
abertos em Seoul. No ano seguinte, abriram o Chang Moo Kwan e o Chai Moo Kwan. Sete
novas escolas abriram entre 1953 e os princípios dos anos 60. Embora todas estas escolas
afirmassem ensinar a arte marcial coreana tradicional, cada uma dava ênfase a diferentes
aspectos do Tae Kyon e diversos nomes apareceram: Soo Bak Do, Kwon Bop Tae Soo do e
Dang Do.
A diferença entre os diversos Kwan impediu a criação de um quadro regular durante
10 anos. Porém, estes métodos de luta encontraram uma forte aceitação nos meios militares.
Durante a guerra da Coréia, um grupo, chefiado pelo general Choi Hong Hi, juntou esforços
e, após diversas dissidências, conseguiu em 1955 a união das diversas escolas e estilos, sendo
adotado o nome de Taekwondo.¹

2.1.1 Significado das faixas

São representadas através de TI (faixas): Gubs = iniciantes e Dans = avançados.


• Branca: 10° Gub - 9° Gub A pureza e a inocência" - a semente.
Representa o início do aprendizado do Taekwondo, onde o aluno que se encontra
desprovido do conhecimento terá o primeiro contato com a arte e com seus princípios básicos,
tais como, disciplina, respeito, cortesia, humildade, perseverança e autocontrole.
• Amarela: 8º Gub - 7º Gub A riqueza - a terra.
23

Representa o início da adaptação do aluno no Taekwondo, é simbolizado pela terra,


onde a planta brota e finca sua raiz, é o começo de seu desenvolvimento técnico e tático,
assim como de uma gama de princípios que irão ser adquiridos.
• Verde: 6º Gub - 5º Gub O crescimento - a planta.
Representa o crescimento físico, mental e espiritual, é o início da destreza que começa
a surgir no aluno, onde além do aprimoramento de todos seus conhecimentos, é fundamental
que o aluno esteja ciente do espírito do Taekwondo. É uma etapa de amplo crescimento de
seu conhecimento.
• Azul: 4º Gub - 3º Gub A liberdade - o céu.
Simbolizada pelo céu, para onde a planta se dirige; a liberdade de utilizar, com raciocínio
e criatividade tudo o que foi aprendido. Representa o amadurecimento do aluno.
_______________
¹ GOULART, Fábio, guia prático de defesa pessoal: taekwondo – SP - Escala, 2007. p. 10, 11, 12.

• Vermelha: 2º Gub - 1º Gub Alerta - o sol.


Assim como o sol é responsável pela vida no universo, nesta fase o aluno torna-se
responsável por todos em sua academia. Seus conhecimentos adquiridos e aperfeiçoados
representam uma parte da própria academia. Portanto é uma fase de alerta sobre seus atos e
comportamentos, o aluno tem que ter a consciência de suas técnicas e do poder que elas têm, e
por isso, é fundamental que este saiba por que, como, quando e para que usá-las, tendo em
vista sua grande responsabilidade.
• Preta: 1º DAN - 10º DAN Sabedoria e conhecimento - o universo.
É o oposto ao branco, o alcance da maturidade e do conhecimento, é o crescimento
intelectual e espiritual do aluno, é a consciência de que o Taekwondo muito mais do que uma
simples luta, se confunde com a sua própria vida através de seus princípios e atitudes. ²

2.1.2 Fundamentos do Taekwondo

De acordo com Kim (1995, p. 14) o objetivo fundamental do TKD é formar seres
humanos respeitados em todos os âmbitos, desenvolver a inteligência, fortalecer o espírito,
garantir uma boa saúde física e mental, tornando-se um cidadão consciente de seus direitos e
deveres com a família, seus concidadãos e seu país.

Ainda conforme o autor:


24

Cada praticante de Taekwondo vai polindo seu caráter por uma pura filosofia
de respeito e preservação da vida, e não mais se curvará frente a qualquer
dificuldade que surgir, por mais difícil que seja. Por ser ela uma pessoa preparada
física e mentalmente, para superar qualquer obstáculo que surgir na sua vida, isto é,
formar cidadãos que tenham dignidade e respeito (KIM, 1995, p. 14).

2.1.3 Princípios do Taekwondo

De acordo com kim (1995, p. 14) todo o praticante de Taekwondo deve desenvolver e
praticar os princípios de cortesia, integridade, perseverança, autocontrole e espírito
indomável.

_________________
² GOULART, Fábio, guia prático de defesa pessoal: taekwondo – SP - Escala, 2007. p. 30, 31, 32.
2.1.4 Benefícios do Taekwondo

De acordo com Goulart (2007, p. 16) a pratica do Taekwondo além de desenvolver as


valências físicas, permite também um desenvolvimento moral, pois os praticantes aprendem a
respeitar-se a eles mesmos e aos outros. A autodisciplina, conseqüência de aprender e praticar
as técnicas reflete-se geralmente em outras áreas da vida deles. Na escola melhoram
frequentemente, pois aprendem a focarem objetivos e trabalhar em busca de suas realizações.
A autodisciplina que o Taekwondo desenvolve fornece ao adolescente a capacidade
necessária para resistir às pressões que lhes são impostas pela sociedade.

2.2 Educação Física e os temas transversais

De acordo com Brasil (1998, p. 34) a Educação Física dentro da sua especificidade
deve abordar os temas transversais, apontados como temas de urgência para nosso país como
um todo, além de poder tratar outros relacionados às necessidades específicas de cada região.
Construindo novas formas de abordagem dos conteúdos.
O desenvolvimento moral do indivíduo, que resulta das relações entre a afetividade e a
racionalidade. As práticas da cultura corporal, especialmente nas situações que envolvem
interação social, de criar uma situação de intensa mobilização afetiva, em que o caráter ético
do indivíduo se explicita para si mesmo e para o outro por meio de suas atitudes, permitindo a
tomada de consciência e a reflexão sobre esses valores mais íntimos (BRASIL, 1998, p. 34).
25

Deve-se de acordo com Brasil (1998, p. 34) ressaltar a possibilidade de construir


formas operacionais de praticar e refletir sobre esses valores, a partir da constatação de que
apenas a prática das atividades e o discurso verbal do professor resultam insuficientes na sua
transmissão e incorporação pelo estudante.

Ainda conforme o autor:

A figura do árbitro potencializa essa situação, na medida em que permite


aos jogadores transferirem a responsabilidade moral para o juiz, incorporando a
figura do árbitro ao jogo, como mais um elemento que pode ser manipulado. Ou
seja, toda simulação não percebida pelo juiz tornar-se legítima e em muitos
contextos essa capacidade de simulação é tão valorizada como as habilidades
técnicas.
Em ambas as situações a discussão deve incluir a dimensão pessoal da ética
no valor atribuído às atitudes certas ou erradas, positivas ou negativas, construtivas
ou destrutivas. Deve incluir, ainda, a dimensão social da ética que atribui valores às
atitudes pessoais, e que, em muitos contextos, acaba por legitimar a transferência da
responsabilidade das atitudes pessoais para o grupo ou para o juiz. Em qualquer
âmbito, a responsabilidade moral pelas atitudes é conseqüência do ato em si,
independente de ter sido percebido ou não pelo outro (BRASIL, 1998, p.35, 36).

2.3 Comportamentos interpessoais ou sociais

Podem se dar de formas diferentes.


De acordo com Braghirolli (1990, p. 60) podem ser movimentos físicos como um
sôco, um abraço, um beijo, uma expressão facial, ou podem ser palavras pronunciadas
oralmente ou escritas.
É preciso fazer notar que um comportamento interpessoal não
necessariamente se dá apenas quando estão juntos dois ou mais indivíduos. Quando
o adolescente, na solidão de seu quarto, se apronta esmeradamente para o encontro
que terá, no mesmo dia, com a namorada, está oferecendo um exemplo de
comportamento interpessoal porque se comporta com referência a outra pessoa, na
expectativa de uma interação.
Quando este mesmo adolescente dá um pontapé raivoso numa pedra, numa
rua deserta, expressando sua frustração porque o encontro não transcorreu como ele
desejava, também está respondendo a estímulos de uma interação já ocorrida, por
isso pode se classificar este comportamento de social ou interpessoal.
Sendo assim, é fácil verificar que praticamente todos os comportamentos
humanos são resultantes da convivência com os demais (BROGHIROLLI, 1990, p.
60).

2.3.1 Socialização

De acordo com Brighirolli (1990, p. 61) socialização é o processo pelo qual o


indivíduo adquire padrões de comportamento que são comuns e aceitáveis nos seus grupos
sociais. Este processo de aprender a ser um membro de uma família, de uma comunidade, de
26

um grupo maior, começa na infância e perdura para toda a vida fazendo com que as pessoas
atuem, sintam e pensem de formas muito parecidas aos demais com quem convivem.

Ainda conforme o autor:

A influência da cultura (conhecimentos, maneiras características de pensar e


sentir, hábitos, metas, ideais, etc.) da sociedade em que vive um individuo é enorme
na formação de sua personalidade.
Por exemplo, nas sociedades ocidentais em geral, a competição é valorizada e
as crianças são recompensadas pelos comportamentos de competições. Entre os
índios Zunis (do novo México, estudados pela antropóloga Ruth Benedict) ou nos
“Kibbutzim” israelenses, pelo contrário, a cooperação constitui-se num valor
realçado de forma que as crianças que terminam suas tarefas mais rapidamente são
contidas para que não provoquem constrangimento nas outras. Estas crianças
aprenderão a preferir manter-se iguais, e não superiores, aos seus companheiros.
Assim, a cultura do meio social de um indivíduo influencia marcantemente
suas características de personalidade, seus motivos, atitudes e valores. As
prescrições culturais são ensinadas à criança, inicialmente, pela família
(BROGHIROLLI, 1990, p. 61, 62).

De acordo com Braghirolli (1990, p. 62) “A família se constitui no maior agente


socializante, isto é, as experiências da criança na família, particularmente com a mãe, são da
maior importância para determinar seu comportamento em relação aos outros”.

2.3.2 Percepção social

O processo no qual formamos impressões a respeito das pessoas ou grupo de pessoas.


Entende-se assim que:

As primeiras impressões determinam em muito nosso comportamento em


relação às pessoas e tem probabilidade de se tornarem estáveis, talvez pela tendência
dos seres humanos de corresponderem às expectativas a seu respeito.
Muitas vezes, mudamos, após algumas convivências a nossa impressão
inicial de uma pessoa, mas isto não invalida a constatação sobre a tendência de a
primeira impressão de ser duradoura.
O processo global pelo qual formamos impressões dos outros é bastante
complexo e as pesquisas mostram que está sujeito a muitos erros, como aqueles que
atribuímos aos outros, de forma inconsciente ou, quase, as nossas próprias
tendências, desejos ou motivações.
Dado que as relações entre as pessoas dependerão muito das impressões que
formam uma das outras, a compreensão do processo de percepção social é muito
importante em psicologia social (BROGHIROLLI, 1990, p. 63).

2.3.3 Atitudes
27

De acordo com Braghirolli (1990, p. 64) “Entende-se por atitude a maneira, em geral
organizada e coerente de pensar, sentir e reagir a um determinado objeto que pode ser uma
pessoa, um grupo de pessoas, uma questão social, um acontecimento, enfim, qualquer evento,
coisa, idéia, etc”.

As atitudes segundo Braghirolli (1990, p. 64) “podem ser positivas ou negativas e são,
invariavelmente, aprendidas”.
Os três componentes da atitude:
- Componente cognitivo, formado pelos pensamentos crenças a respeito do objeto;
- Componente afetivo, sentimentos de atração ou repulsão em relação a ele;
- Componente comportamental, representado pela tendência de reação da pessoa em relação
ao objeto da atitude.

Ainda conforme o autor:

Na ausência de qualquer um destes componentes, ou na ausência de um


objeto, não se pode falar legitimamente em atitude.
É preciso fazer notar, no entanto, que destes três componentes, apenas um é
observável diretamente: o comportamento. Os outros dois (pensamentos e
sentimentos) são inferidos a partir dele.
Não se deve concluir que atitude seja sinônimo de comportamento, porque
muitas vezes, o comportamento de alguém, numa determinada situação, não é
coerente com sua atitude. Um rapaz que afirma a sua namorada que gosta muito da
mãe dela, não necessariamente tem, mesmo, atitude positiva em relação a provável
futura sogra. Somente a observação do comportamento global e costumeiro do rapaz
em relação à mãe da moça, durante um certo período de tempo, poderá responder a
questão.
A importância das atitudes reside no fato do comportamento ser, em geral,
gerado pelo conjunto de conhecimentos e sentimentos. Assim sendo, conhecendo-se
as atitudes de alguém, pode-se, com alguma segurança, prever o seu
comportamento; além disso, se se pretende mudar o comportamento das pessoas,
deve-se procurar formar atitudes nelas ou alterar as já existentes (BROGHIROLLI,
1990, p. 64, 65).

2.3.4 Sensação e percepção

De acordo com Braghirolli (1990, p. 73) “As informações do meio externo são
processadas em dois níveis: os níveis da sensação e da percepção”.

Apesar de ser possível diferenciá-los, sentir e perceber são, na realidade um


processo único, que é o da recepção e interpretação de informações.
A sensação é entendida como uma simples consciência dos componentes e
das dimensões da realidade (mecanismo de recepção de informações).
28

A percepção supõe as sensações acompanhadas dos significados que lhes


atribuímos como resultado da nossa experiência anterior. Na percepção, nós
relacionamos os dados sensoriais com nossas experiências anteriores, o que lhes
confere significado (mecanismo de interpretação de informações),
(BROGHIROLLI, 1990, p. 74).

2.3.5 Determinantes da percepção

Segundo Braghirolli (apud ARAGÃO, 1976, p.54) “os fatores determinantes da


percepção podem ser classificados em: (1) mecanismos do percebedor, ou seja, os órgãos
receptores, os nervos condutores e o cérebro; (2) as características do estímulo e (3) o estado
psicológico de quem percebe”.

Ainda conforme o autor:

Trataremos, aqui, apenas os fatores (2) e (3), já que o fator (1) pode ser
estudado em obras de fisiologia, que abordam o tema com a profundidade adequada,
a qual não corresponderia aos capítulos de um capitulo introdutório, como este.
Como vimos, perceber é tomar conhecimento de um objeto. Para isso é
preciso focalizar a atenção sobre ele. A atenção é uma condição essencial pra que
haja percepção.
As características dos estímulos são as condições externas ao percebedor, ou
determinantes objetivos da percepção. Realmente alguns estímulos chamam mais a
nossa atenção do que outros. Podemos citar como características do estímulo –
intensidade – tamanho – forma – cor – mobilidade. A repetição e freqüência do
estímulo é um outro fator de atenção e repetição.
O estado psicológico de quem percebe é um fator determinante da percepção,
seus motivos, emoções e expectativas fazem com que perceba, preferencialmente
estímulos do meio (BROGHIROLLI, 1990, p. 74, 75).

2.4 Os valores

De acordo com Aranha (1993) A cultura é um sistema de significados já estabelecidos


por outras pessoas, de tal modo que nos ensinam desde cedo como nos comportarmos a mesa,
na rua, diante de estranhos, quando e quanto devemos falar em determinadas situações; como
andar, correr, brincar; como cobrir o corpo e quando desnudá-lo; qual o padrão de beleza; que
direitos e deveres temos. Conforme atendemos ou transgredimos os padrões, os
comportamentos são avaliados como bons ou maus, a partir da valoração, as pessoas nos
recriminam por não seguirmos as formas da boa educação, não termos cedido lugar para as
pessoas mais velha; ou nos elogiam por sabermos escolher as cores mais bonitas para a
decoração de um ambiente; ou nos advertem por termos faltado com a verdade. E nós
29

próprios nos alegramos ou nos arrependemos ou até sentimos remorsos dependendo da ação
praticada. Isso quer dizer que o resultado de nossos atos está sujeito à sanção, ou seja, ao
elogio ou à reprimenda, à recompensa ou à punição, nas mais diversas intensidades, desde
aquele olhar da mãe, a crítica de um amigo, a indignação ou até a repressão pelo uso da força.
2.4.1 A moral

De acordo com Aranha (1993) “a moral é o conjunto das regras de condutas admitidas
em determinada época ou por um grupo de homens. Nesse sentido, o homem moral é aquele
que age bem ou mal na medida em que acata ou transgride as regras do grupo”.

2.4.2 A ética

De acordo com Aranha (1993) a ética, também conhecida como filosofia moral é a
parte da filosofia que se ocupa com reflexão a respeito das noções e princípios que
fundamentam a vida moral. Essa reflexão pode seguir várias direções, dependendo da
concepção de homem que se toma como ponto de partida.

2.5 A adolescência

Para Aranha (1993) a adolescência é um momento privilegiado da passagem do


mundo infantil para o universo adulto, onde o suposto amadurecimento da razão daria os
instrumentos para ser assumida à autonomia moral.

2.5.1 A crise da adolescência

Segundo Aranha (1993) em nossa cultura, o período de adolescência tende-se a


ampliá-lo cada vez mais, à medida que o tempo de estudo aumenta, adia a entrada do
adolescente no mercado de trabalho.

Ainda conforme o autor:


30

De início, o adolescente precisa elaborar algumas perdas, como, por exemplo,


a do corpo infantil, a do papel e identidade infantis, a dos pais da infância. Não se
reconhece mais no seu corpo, questiona-se a respeito da própria identidade.
Além disso, vive uma situação de ambigüidade: ao mesmo tempo em que
hostiliza os pais, deseja sua atenção tanto deseja viver o novo estado quanto sente
perder a familiaridade antiga, que lhe dava mais segurança; dependendo dos pais, de
quem recebe casa, comida e afeto, mas diverge deles quando aos objetivos de sua
conduta; rejeita as interferências em suas decisões, mas exige o apoio para sua
subsistência.
Por outro lado, também a atitude dos pais é ambígua, pois em certos assuntos
esperam dos filhos um comportamento adulto (por exemplo, na responsabilidade dos
estudos) e, em outros momentos tratam-nos como crianças (por exemplo, em sua
vida sexual).
Caracteriza-se, assim, a situação de crise. Esta palavra significa “ruptura”, e é
preciso retomá-la evitando o sentido pejorativo que normalmente lhe é atribuída.
Crise pode significar o momento criativo em que o antigo equilíbrio desaparece para
dar lugar ao novo. Crise pode ser condição de crescimento.
De fato, há várias alterações no desenvolvimento infantil, mas nenhuma é tão
crucial como a adolescência. Não se trata de pequenas mudanças quantitativas, mas
de um “salto qualitativo” que traz certa perplexidade ao adolescente (ARANHA,
1993).

2.6 A teoria de Piaget

De acordo com Aranha (1993) para entendermos a psicogênese em linha geral na


evolução da lógica e da moral, resumiremos o desenvolvimento mental do adolescente.

4° estágio, operações formais:

Estágio da adolescência, quando aparecem as características que marcaram a


vida adulta.
O pensamento lógico atinge o nível das operações formais ou abstratas. Isso
significa que, além de interiorizar a ação vivida (fase das operações concretas) o
adolescente é capaz de distanciar-se da experiência, de tal forma que pode pensar
por hipótese. É o amadurecimento do pensamento formal ou hipotético-dedutivo. O
desenvolvimento da reflexão atinge tal estágio que torna possível o pensamento
científico, matemático e filosófico.
Exemplificando: as discussões entabuladas pelos jovens a respeito da família
podem partir das experiências vividas particularmente, mas se orientam para a
abordagem do tema geral e abstrato da família como instituição. A teorização leva a
crítica da própria vivência e à elaboração de um projeto de mudança. Os debates se
desenvolvem no nível de discurso, da argumentação apoiada em conceitos.
O processo de desprendimento da própria subjetividade é sinal de que o
egocentrismo intelectual está em vias de ser superado.
Afetivamente, a superação se realiza pela cooperação e reciprocidade. Os
grupos que em que persistia a idéia de mando e obediência são substituídos por
outros baseados na discussão e no consenso.
A capacidade de reflexão dá condições para o amadurecimento moral, pela
organização autônoma das regras e pela livre deliberação.
Reflexão, discussão, reciprocidade, autonomia são termos que aqui se acham
enlaçados. Refletir é desdobrar o pensamento, é pensar duas vezes, é tematizar. É
como trouxéssemos o outro para dentro de nós: refletir é discutir interiormente. Ora,
isto é possível porque de fato descobrimos o outro como alter ego, um outro sujeito,
exterior a nós, capaz de uma argumentação que respeitamos.
31

Da mesma forma, a discussão é a exteriorização da reflexão. Se nos


dispusermos a discutir partindo do pressuposto de que não mudaremos de idéia, não
haverá discussão, mas “diálogo de surdos”. Portanto, a discussão supõe
reciprocidade: disponibilidade para ouvir o outro, mas também preservação de nossa
individualidade e autonomia (ARANHA apud JEAN PIAGET (1896-1980).

2.6.1 A construção da moral

De acordo com Aranha (apud JEAN PIAGET 1896-1980) o desenvolvimento mental,


que amadurece na adolescência, formas superiores da inteligência e da afetividade têm um
equilíbrio móvel, pois a tendência é ampliar cada vez mais sua experiência, e por sua vez se
enriquece, aperfeiçoa a reflexão e a capacidade de relacionar-se. A sabedoria do homem
maduro está no exercício inesgotável, e por isso ele não cessa nunca de aprender: aprender a
conhecer o mundo, aprender a liberdade, aprender o encontro com o outro, aprender a
democracia.
Tudo isso não se faz automaticamente, pois é necessário aprendizagem, se o
adolescente não é estimulado a desenvolver a reflexão crítica, mas pelo contrário se encontra
submetido à educação dogmática como é o caso dos excluídos da escola, é muito provável
que dificilmente atinja os níveis desejáveis do pensamento formal. Do mesmo modo, as
pessoas devem ser educadas para a cooperação, sob pena de permanecerem infantilmente
egocêntricas, o que não é nada raro na sociedade individualista (ARANHA apud JEAN
PIAGET, 1896-1980).

2.7 A teoria de Kohlberg

Segundo Aranha (apud KOHLBERG, 1927-1987) reformula a teoria dos estágios


morais, distinguindo em três grandes níveis de moralidade, sendo eles: o pré-convencional, o
convencional e o pós-convencional.
No nível pré-convencional as regras morais derivam daqueles que as formulam, e sua
aceitação se baseia no reconhecimento da autoridade, orientando-se o comportamento a partir
dos critérios de obediência, punição e recompensa.
No nível convencional é superada a fase anterior, valorizando-se o reconhecimento do
grupo, família, nação; predominam as expectativas interpessoais e a identificação com as
pessoas do grupo a que pertence.
32

No nível pós-convencional os comportamentos são regulados por princípios. Os


valores independem dos grupos ou das pessoas que os sustentam, porque são princípios
universais de justiça: igualdade dos direitos humanos, respeito à dignidade dos seres humanos
como pessoas individuais, reconhecimento de que as pessoas são fins em si e precisão ser
tratadas como tal.
O resultado das pesquisas empíricas de Kohlberg levou a constatação de que um
percentual muito baixo de cidadãos atingem o nível de moralidade pós-convencional. Isso nos
faz refletir a respeito das condições sócio-econômicas que excluem uma população tão grande
das escolas, bem como nos leva a considerar que a sociedade competitiva e individualista
pode parecer utopia aspirar por valores como a justiça baseados na reciprocidade e no
compromisso pessoal (ARANHA apud KOHLBERG, 1927-1987).

2.8 O ser humano e o meio social

O ser humano na dimensão de pluralidade é um ser-com-os-outros e para-os-outros.


Vive sua vida em comunidade e formam a sociedade, esta composta de indivíduos livres que
buscam um plano do próprio ser, visando à conquista de objetos concretos. O agir humano é
consciente, por isso está sempre relacionado com fins específicos, determinados pelo
indivíduo. Nisto manifesta-se um natural interesse do ser humano, convertendo-se, muitas
vezes, num acentuado egoísmo. A planificação do indivíduo, porém, não se dá a não dá a não
ser na liberdade. Esta encontra limitações naturais na própria realidade da convivência. Esta
acarreta fatalmente uma dependência e a dependência limita a liberdade. O natural egoísmo
provocará, inevitavelmente, confrontos e disputas onde o mais forte, o mais esperto se
beneficiará provocando situações de injustiça. Tais situações haverão de gerar uma crônica
situação conflitante onde os direitos não são respeitados, onde o campo das liberdades
individuais é arbitrariamente estabelecido, conduzindo a um estado de anarquia (GIRARDI,
1998).

2.8.1 O estado e a autoridade

De acordo com Girardi (1998) a sociedade brota da necessidade de organização para


evitar a anarquia e a injustiça, emergindo a autoridade ao natural. Uma sociedade se organiza
quando os cidadãos, tomando consciências e situação de membros formadores da sociedade,
33

dão à sociedade o poder para salvar as liberdades individuais, promovendo a justiça e o bem
comum.

Ainda conforme o autor:

Normalmente o exercício deste poder dá-se em forma de leis que estabelecem


os limites das liberdades individuais, os direitos dos indivíduos, as normas de
comportamento, visando uma ordem e harmonia no meio social, onde os interesses
da comunidade são colocados acima dos interesses do indivíduo. A obrigatoriedade
das leis é decorrência natural da própria origem da autoridade. O poder da
autoridade inclui a coerção sobre os indivíduos refratários às leis.
A conseqüência do cumprimento das leis é a vivência da liberdade onde o
bem comum precede o bem individual. A esta situação de ordem, tranqüilidade e
harmonia se denominam PAZ.
Na falta de autoridade, a conseqüência é a desordem e a anarquia. A paz é
fruto de uma ordem justa proporcionada pela autoridade que, no exercício do seu
poder, se distingue pelo equilíbrio e moderação (GIRARDI, 1998).

2.8.2 A descoberta de valores

De acordo com Girardi (1998) O valor, com respeito a nós mesmos, condiona-se às
aberturas, às descobertas, às aceitações e às vivências que tenhamos ou não dos valores.
Ainda de acordo com Girardi (1998) “O ato valorar depende, sempre, de uma
descoberta dos valores. Não, porém, como vimos o valor. Estas necessidades de descoberta
impõem de nossa parte, uma disponibilidade atenta para a captação de valores”.

2.9 Uma proposta de educação para o desenvolvimento humano

A visão de mundo que orienta nosso conceito de educação na sociedade do século 21 é


o Paradigma do Desenvolvimento Humano. Trata-se da crença de que o desenvolvimento de
um país ou de uma comunidade depende fundamentalmente das oportunidades que oferece
para as pessoas para que desenvolvam plenamente seus potenciais.
Existem oportunidades que asseguram a sobrevivência e outras que preservam a
integridade das pessoas, porém as únicas oportunidades que verdadeiramente desenvolvem o
potencial do ser humano são as educativas. Estas não substituem nem prescindem de outros
tipos de oportunidades (nutrição, saúde, habitação, saneamento e emprego/ geração de renda),
contudo, sem a elevação do nível educacional, a influência desses fatores no processo de
desenvolvimento torna-se limitada e precária.
34

Isso ocorre porque a educação é o único fazer capaz de transformar potenciais em


competência para viver. Agir em favor das novas gerações, nessa perspectiva, é criar
concepções e práticas educacionais que sejam capazes de gerar competências para que os
indivíduos transformem a si mesmos e as suas circunstâncias a partir do desenvolvimento
pleno de seus potenciais. Essa é a nossa concepção de educação para o desenvolvimento
humano.
O desenvolvimento humano das gerações implica, portanto, uma visão de que todas as
crianças e todos os adolescentes, sem exceção, são portadores do potencial e do direito de
tornarem-se pessoas plenamente capazes de enfrentar os desafios que suas vidas e o tempo
que vive lhes impõem.
A educação para o desenvolvimento humano traduz esse enfoque. Educar a partir dos
potenciais não significa ocultar as carências a que os mais jovens estão expostos, mas
comprometer-se especialmente com suas potencialidades. Somente a partir de seus potenciais
e de suas riquezas esses jovens serão capazes de gerar transformações duradouras em si
mesmo e no mundo em que vivem. E, para desenvolver plenamente os potenciais, é preciso
fazê-lo em todos os âmbitos da existência humana: pessoal, social, cognitivo e produtivo.³

2.10 O que é indisciplina?

De acordo com Vichessi (2009 p. 78, 79) para avançar nessa reflexão é preciso
entender que a indisciplina é a transgressão de dois tipos de regras, sendo primeiro as regras
morais, construídas socialmente com bases em princípios que visam o bem comum, ou seja,
em princípios éticos, como exemplo: não xingar e não bater, sobre está não há discussão: elas
valem para todas as escolas e em qualquer situação, já as segundas são as chamadas
convencionais, definidas por um grupo com objetivos específicos. Aqui entram as que tratam
do uso do celular, da conversa em sala de aula, por exemplo. Nesse caso, a questão não pode
ser fechada. Ela necessariamente varia de escola para escola ou ainda dentro de uma
instituição, conforme o momento. Afinal, o diálogo pode não ser considerado indisciplina se
ele se referir ao conteúdo tratado no momento.
35

_________________
³ Educação para o desenvolvimento humano / Autores: Simone André e Antonio Carlos da Costa;
[apresentaçãoJorge Werthein; introdução Viviane Senna]. – SP: Saraiva: Instituto Airton Senna, 2004. p. 43.

3. ANÁLISE E AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS

3.1 Analise da fase1 e fase 2 (percepções dos alunos, pais e professores)

Analisou-se pelas respostas dos questionários na fase 1, que as percepções de valores


dos alunos estão próximos de suas famílias e distantes de sua escola. Nesse sentido pode-se
deduzir que a família e a escola não estão num processo conjunto para solucionar este
problema da indisciplina, já na fase 2 as percepções de valores dos alunos continuaram
próximos de suas famílias e distantes da escola.
Ocorreram mudanças positivas nas percepções dos alunos de 12,5% e nas percepções
dos pais de 8%, no entanto as maiores mudanças positivas ocorreram nas percepções dos
professores, totalizando 20%. De acordo com o questionário respondido pelos professores, as
36

mudanças negativas ficaram em torno de 2,5% relacionando-se ao princípio do espírito


indomável.
De acordo com a bibliografia estudada neste trabalho, este fato pode ter ligação direta
com a disciplina aplicada pelo professor que respondeu e não com o Taekwondo, porque nas
respostas dos alunos e pais não obtiveram alterações nas duas fases deste quesito, o que nos
impede de afirmar que uma pessoa por não demonstrar interesse por determinados assuntos
ou disciplina não busque desenvolver-se e evoluir, pois pode ter interesse em várias outras
áreas.

3.2 Tabela A, avaliação dos resultados parciais

Esta tabela tem como objetivo demonstrar os resultados das coletas de dados da FASE
1 e FASE 2 e verificar as mudanças comportamentais dos alunos por princípios, avaliando-as
como: positivas, negativas e neutras, partindo das respostas dos alunos, pais e professores.

Alunos Diagnóstico Prognóstico Resultados parciais


Princípios do Fase 1 Fase 2 Mudanças positivas/
Taekwondo negativas/ neutras
75% Utilizo sempre 87,5% Utilizo sempre 12,5% positivas

Cortesia 25% Utilizo ás vezes 12,5% Utilizo ás vezes 0% negativa

0% Não utilizo 0% Não utilizo 87,5% neutras

87,5% Utilizo sempre 87,5% Utilizo sempre 12,5% positivas

Integridade 0% Utilizo ás vezes 12,5% Utilizo ás vezes 0% negativa

12,5% Não utilizo 0% Não utilizo 87,5% neutras

75% Utilizo sempre 87,5% Utilizo sempre 12,5% positivas

Perseverança 25% Utilizo ás vezes 12,5% Utilizo ás vezes 0% negativa

0% Não utilizo 0% Não utilizo 87,5% neutras

25% Utilizo sempre 50% Utilizo sempre 25% positivas

Autocontrole 62,5% Utilizo ás vezes 50% Utilizo ás vezes 0% negativa

12,5% Não utilizo 0% Não utilizo 75% neutras


37

75% Utilizo sempre 75% Utilizo sempre 0% positiva


Espírito
indomável 25% Utilizo ás vezes 25% Utilizo ás vezes 0% negativa

0% Não utilizo 0% Não utilizo 100% neutras

Pais Diagnóstico Prognóstico Resultados parciais


Princípios do Fase 1 Fase 2 Mudanças positivas/
Taekwondo negativas/ neutras
60% Utiliza sempre 60% Utiliza sempre 0% positiva

Cortesia 40% Utiliza ás vezes 40% Utiliza ás vezes 0% negativa

0% Não utiliza 0% Não utiliza 100% neutras

60% Utiliza sempre 80% Utiliza sempre 20% positivas

Integridade 40% Utiliza ás vezes 20% Utiliza ás vezes 0% negativa

0% Não utiliza 0% Não utiliza 80% neutras

100% Utiliza sempre 100% Utiliza sempre 0% positiva

Perseverança 0% Utiliza ás vezes 0% Utiliza ás vezes 0% negativa

0% Não utiliza 0% Não utiliza 100% neutras

20% Utiliza sempre 40% Utiliza sempre 20% positivas

Autocontrole 80% Utiliza ás vezes 60% Utiliza ás vezes 0% negativa

0% Não utiliza 0% Não utiliza 80% neutras

80% Utiliza sempre 80% Utiliza sempre 0% positiva

Espírito 20% Utiliza ás vezes 20% Utiliza ás vezes 0% negativa


indomável
0% Não utiliza 0% Não utiliza 100% neutras

Professores Diagnóstico Prognóstico Resultados parciais


Princípios do Fase 1 Fase 2 Mudanças positivas/
Taekwondo negativas/ neutras
25% Utiliza sempre 25% Utiliza sempre 25% positivas

Cortesia 50% Utiliza ás vezes 75% Utiliza ás vezes 0% negativa

25% Não utiliza 0% Não utiliza 75% neutras

25% Utiliza sempre 25% Utiliza sempre 12,5% positivas


38

Integridade 62,5% Utiliza ás vezes 75% Utiliza ás vezes 0% negativa

12,5% Não utiliza 0% Não utiliza 87,5% neutras

25% Utiliza sempre 25% Utiliza sempre 12,5% positivas

Perseverança 37,5% Utiliza ás vezes 50% Utiliza ás vezes 0% negativa

37,5% Não utiliza 25% Não utiliza 87,5% neutras

12,5% Utiliza sempre 12,5% Utiliza sempre 25% positivas

Autocontrole 62,5% Utiliza ás vezes 87,5% Utiliza ás vezes 0% negativa

25% Não utiliza 0% Não utiliza 75% neutras

25% Utiliza sempre 12,5% Utiliza sempre 25% positivas

Espírito 25% Utiliza ás vezes 62,5% Utiliza ás vezes 12,5% negativas


indomável
50% Não utiliza 25% Não utiliza 62,5% neutras

Tabela crida pelo autor: SILVA, Evandro Brasil da.


3.3 Tabela B, avaliação dos resultados gerais

Esta tabela tem como objetivo demonstrar os resultados gerais das mudanças
comportamentais, partindo das respostas dos alunos, pais e professores, avaliando-as como:
positivas, negativas e neutras.

Resultados gerais
Mudanças positivas/ negativas/ neutras
Alunos Pais Professores
12,5% positivas 8% positivas 20% positivas

0% negativas 0% negativas 2,5 negativas

87,5% neutras 92% neutras 77,5% neutras


Tabela criada pelo autor: SILVA, Evandro Brasil da.
39

CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

Conclui-se que o Taekwondo, aplicado na escola pelo professor de Educação Física, é


um excelente modo de reverter o quadro da “indisciplina moral”, pois, proporciona ao
praticante a vivência e reflexão de valores morais e éticos.
Os esportes de combate existem desde o início dos tempos em todas as civilizações e
nos dias de hoje este contexto faz parte das disciplinas curriculares em nível universitário no
qual é visto como um instrumento pedagógico, excelente para a formação integral do ser
humano (RUFFONI, 2004).
40

Mas sabe-se que com o que se aprende na universidade não é suficiente para trabalhar
na escola com o objetivo proposto neste estudo, deve-se procurar uma escola e praticar, para
poder conhecer e entender o fundamento da arte marcial que escolher.
De acordo com Drigo (2006), as artes marciais são atividades corporais de ataque e
defesa, podendo também ser caracterizadas como lutas. A principal diferença entre as duas é
que para os praticantes de artes marciais, principalmente as de origem oriental, consideram
que os conteúdos da cultura de origem da atividade teriam uma orientação proveniente de
uma "filosofia" (de vida) que determinaria a sua diferença com as lutas, por exemplo: o boxe,
entre outras.
Os treinamentos das técnicas de ataques e defesas tornam o adolescente autoconfiante,
seguro em si mesmo, mas estes sem princípios morais e éticos que o conduzam-no neste
caminho, é como um barco sem rumo, podendo levá-lo ao caminho da violência e injustiça.
Acredita-se que o sucesso do Taekwondo, em lidar com o problema da indisciplina
moral, está em estimular os adolescentes a vivenciarem atividades filosóficas e competitivas
nas quais os jovens possam se entreterem e exteriorizarem suas emoções e aprenderem com o
Taekwondo, princípios básicos essenciais para um relacionamento saudável em sociedade e
um desenvolvimento contínuo. Perante o adolescente, a família, principalmente a mãe tem um
papel fundamental no desenvolvimento social, emocional e cognitivo desse jovem, é ela quem
tem uma influência na mudança de comportamento do mesmo. O jovem que age sem refletir,
que se excita ou enfurece, prejudica a família e pessoas com quem têm contato (OLIVER,
1993).
Após esta pesquisa percebe-se que o Taekwondo, mesmo em pouquíssimo tempo
influenciou mudanças positivas nas atitudes destes alunos, através da prática das técnicas de
ataques e defesas às quais lhe proporcionaram uma maior autoconfiança, praticaram e
refletiram sobre valores que conduzem o Taekwondo como cortesia, integridade entre outros,
os quais perceberam que é de suma importância para um desenvolvimento integro e saudável
em sociedade.
Recomenda-se que os futuros professores estimulem em conjunto com as modalidades
curriculares já existentes nas escolas, princípios morais e éticos que sejam importantes para o
desenvolvimento dos mesmos em sociedade, cito, por exemplo, no caso do futebol, aquele
aluno que está na área do adversário e se joga para “cavar” o pênalti transferindo a
responsabilidade de sua atitude pessoal para o juiz, muitas vezes estimulado pelo próprio
“professor” se é que podemos chamá-lo assim, penso que nós como professores
comprometidos com a educação, devemos interferir imediatamente fazendo com que ele
41

reflita sobre seu ato e podemos até penalizar ele com alguns minutos fora do jogo e ainda dar
o pênalti para a equipe adversária, seria um modo de demonstrar para ele que a trapaça não
compensa, que colhemos o que plantamos e que toda a ação tem uma reação: certa ou errada,
positiva ou negativa, construtiva ou destrutiva. Deve-se estimular a reflexão dos alunos sobre
seus atos, que em qualquer âmbito, a responsabilidade moral pelas atitudes é conseqüência do
ato em si, independente de ter sido percebido ou não pelo outro (BRASIL, 1998).

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda – Filosofando: introdução à filosofia / Maria Lúcia de


Arruda Aranha, Maria Helena Pires Martins. – 2 ed. Ver. Atual. – SP: Moderna, 1993. p. 273,
274, 275, 290, 291, 293, 294.

BRAGHIROLLI, Eliana Maria, Psicologia Geral, por Eliana Maria e Maria Braghirolli, Guy
Paulo Bisi, Luiz Antônio Rizzon e Ugo Nicoltto. 9ª ed. Ver. e atual. Porto alegre, Vozes 1990.
p. 60, 61, 62, 63, 64, 65, 73, 74, 75.
42

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais : Educação


Física / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília : MEC / SEF, 1998. p. 34, 35, 36.

DRIGO, Alexandre Janotta. A cultura oriental e o processo de especialização


precoce nas artes marciais. On Line. Disponível em: http://www.efdeportes.com/ Revista
Digital - Buenos Aires - Año 10 - N° 86 - Julho de 2006.

GIRARDI, Leopoldo Justino – Filosofia: aprendendo a pensar / Leopoldo Justino Girardi,


Odone José de Quadros. – 9ª edição – Porto Alegre: SAGRA LUZZATTO, 1998. p. 61, 62,
63, 146, 147.

GOULART, Fábio, guia prático de defesa pessoal: taekwondo – SP - Escala, 2007. p. 10, 11,
12, 16, 30, 31, 32.

KIM, Yeo Jin, arte marcial coreana: taekwondo vol. 1 iniciantes – SP: THIRÊ LTDA, 1995.
p. 14.

LAKATOS, Eva Maria. Metodologia cientifica / Eva Maria Lakatos, Maria de Andrade
Marconi. – 5. ed. – 2. reimpr. – São Paulo: Atlas, 2008.

OLIVER, Jean Claude. Das Brigas aos Jogos com Regras: enfrentando a indisciplina na
escola. Cidade: São Paulo: Artmed, 1993.

RODRIGUES, Maria das Graças Villela. Metodologia da pesquisa: elaboração de projetos,


trabalhos acadêmicos e dissertações em ciências militares / Maria das Graças Villela
Rodrigues. colaboração e ampliação José Fernando Chagas Madeira, Luiz Eduardo Possídio
Santos, Clayton Amaral Domingues - 2. ed - Rio de Janeiro: EsAO, 2005. 127 p.; il. ; 30 cm.
p. 34, 72, 73, 74, 75.

RUFFONI, Ricardo. Análise metodológica da prática do Judô. 2004. 105 p.


Mestrado em Ciência da Motricidade Humana – Universidade Castelo Branco. Rio
de Janeiro.
43

SILVA, Edna Lúcia da. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação/Edna Lúcia da


Silva, Estera Muszkat Menezes. – 3. ed. rev. atual. – Florianópolis: Laboratório de Ensino a
Distância da UFSC, 2001. 121p. p. 21.

VICHESSI, Beatriz. Indisciplina: Como se livrar dessa amarra e ensinar melhor, O que é
indisciplina, São Paulo, v. 1, n. 226, p. 78, 79, outubro de 2009.

ANEXOS
44

Técnica de mãos (autoconfiança) Técnica de chute (autoconfiança)


45

Luta sem contato (autocontrole) Passagem do material (cortesia)

Saudação aos colegas (educação) Posição de descanso (perseverança)

Sentido (atenção) Juramento (integridade) Saudação ao prof. (humildade)

Posição de luta (autonomia) encerramento da aula (união)


46

Carta de apresentação:

Bagé, 8 de setembro de 2009.

Para: EEEM José Gomes Filho.


Atenciosamente a Diretora: Maria Elizabeth C. P. Rodriguez.
Assunto: Pesquisa de campo.
47

Estou atualmente cursando Educação Física na URCAMP/ Bagé, RS, 6°


semestre e necessito fazer uma pesquisa de campo para a disciplina de TCC
(Trabalho de Conclusão de Curso), na qual tem como tema a influência do
Taekwondo na atitude de alunos de 12 a 14 anos, sendo assim gostaria de executar
minha pesquisa nesta escola, tendo início dia 15/09/2009 a 29/10/2009.

Agradeço desde de já a sua atenção e cooperação.

Atenciosamente,______________________________
Evandro Brasil da Silva.

Folha de chamada (aulas de Taekwondo)

Horário: Das 15h.


Duração das aulas: 45 min.
Dias da semana: Terças e Quintas.
Duração do trabalho: 1 mês e meio.
Idade dos alunos: de 12 a 14 anos.

N° Set/ Out 15 17 22 24 29 1 6 8 13 15 20 22 27 29
de 2009
alun
os
48

01 Alexandre . . . . . . . . . . . . . .
02 Alexander . . . . . . . . . . . . . .
03 Cristian . . . . . . . . . . . . . .
04 Diel . . . . . . . . . . . . . .
05 Lucas . . . . . . . . . . . . . .
06 Luiz . . . . . . . . . . . . . .
07 Maurício . . . . . . . . . . . . . .
08 Pantaleão . . . . . . . . . . . . . .

Observações:
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QUESTIONÁRIO DO ALUNO – FASE I

NOME:______________________________________________________DATA:___/___/___.

1. O TAEKWONDO, arte marcial de origem oriental, tem como princípios bases


da sua doutrina, valores importantes ao ser humano como: Cortesia,
Integridade, Perseverança, Autocontrole e Espírito indomável.
Nesse sentido, responda como você utiliza em seu dia-a-dia os princípios
utilizados no TAEKWONDO, para com o próximo:

a) Cortesia = Respeito e Educação


49

( ) Utilizo sempre
( ) Utilizo ás vezes
( ) Não utilizo

b) Integridade = Justiça e Honestidade

( ) Utilizo sempre
( ) Utilizo ás vezes
( ) Não utilizo

c) Perseverança = Não desiste de seus objetivos

( ) Utilizo sempre
( ) Utilizo ás vezes
( ) Não utilizo

d) Autocontrole = É capaz de controlar suas emoções e instintos

( ) Utilizo sempre
( ) Utilizo ás vezes
( ) Não utilizo

e) Espírito indomável = Busca aprender, conhecer e desenvolver-se

( ) Utilizo sempre
( ) Utilizo ás vezes
( ) Não utilizo

Prezados pais:

Venho por meio desta, solicitar a autorização do responsável para que seu
filho possa participar das aulas de TAEKWONDO uma arte marcial que tem por
objetivo desenvolver em seus praticantes os princípios de cortesia, integridade,
perseverança, autocontrole e espírito indomável, a partir do dia 15/09/2009 e
tendo continuidade todas as terças e quintas a princípio das 15h às 15h 45 min na
EEEM José Gomes Filho. As aulas serão ministradas pelo professor de
TAEKWONDO Evandro B. da Silva e acadêmico de Educação Física da URCAMP/
50

Bagé - RS que está fazendo uma pesquisa da influência do TAEKWONDO no


comportamento de alunos de 12 a 14 anos.

• Em anexo (questionário do pai).


Solicito ao responsável que preencha o questionário, este questionário é para
avaliação de minha pesquisa, a identidade dos participantes não serão divulgadas. A
autorização é para que seus filhos possam participar das aulas.
Observação: O responsável está avaliando as atitudes de seu filho no dia-a-dia
em relação ao próximo (ou seja, a outras pessoas).

Agradeço desde já sua colaboração e cooperação para a conclusão de minha


pesquisa que será de muita importância para a reflexão de valores essências para a
sociedade.
AUTORIZAÇÃO

EU,_________________________________________________________RG________________________________
Nome do pai ou responsável (completo) N° da carteira de identidade

AUTORIZO MEU FILHO___________________________________________________________________________


Nome do filho (completo)

A PARTICIPAR DAS AULAS DE TAEKWONDO QUE SERÃO MINISTRADAS NA E.E.E.M. JOSÉ GOMES FILHO NO
PERÍODO DA TARDE ÀS 15h, MINISTRADA PELO PROFESSOR DE TAEKWONDO EVANDRO B. DA SILVA – ACADÊMICO
DO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA URCAMP, COM O OBJETIVO DE PESQUISAR A INFLUÊNCIA DO TAEKWONDO
NO COMPORTAMENTO DE ALUNOS DE 12 A 14 ANOS, SENDO O TAEKWONDO UMA ARTE MARCIAL QUE
DESENVOLVE EM SEUS PRATICANTES OS PRINCÍPIOS DE CORTESIA, INTEGRIDADE, PERSEVERANÇA,
AUTOCONTROLE E ESPÍRITO INDOMÁVEL.

Atenciosamente, ____________________________________
Evandro Brasil da silva.

QUESTIONÁRIO PARA OS PAIS - FASE I

NOME:_________________________________________ DATA:___/___/___.

2. O TAEKWONDO, arte marcial de origem oriental, tem como princípios


básicos da sua doutrina, valores importantes ao ser humano como: Cortesia,
Integridade, Perseverança, Autocontrole e Espírito indomável.
Nesse sentido, responda como você percebe o comportamento do seu
filho__________________________________ em relação aos princípios
utilizados no TAEKWONDO, para com o próximo:
51

a) Cortesia = Respeito e Educação

( ) Utiliza sempre
( ) Utiliza ás vezes
( ) Não utiliza

b) Integridade = Justiça e Honestidade

( ) Utiliza sempre
( ) Utiliza ás vezes
( ) Não utiliza

c) Perseverança = Não desiste de seus objetivos

( ) Utiliza sempre
( ) Utiliza ás vezes
( ) Não utiliza

d) Autocontrole = É capaz de controlar suas emoções e instintos

( ) Utiliza sempre
( ) Utiliza ás vezes
( ) Não utiliza

e) Espírito indomável = Busca aprender, conhecer e desenvolver-se

( ) Utiliza sempre
( ) Utiliza ás vezes
( ) Não utiliza

QUESTIONÁRIO DO PROFESSOR - FASE I

NOME:_________________________________________DATA:___/___/___.

3. O TAEKWONDO, arte marcial de origem oriental, tem como princípios bases


da sua doutrina, valores importantes ao ser humano como: Cortesia,
Integridade, Perseverança, Autocontrole e Espírito indomável.
Nesse sentido, responda como você percebe o comportamento do aluno:
_______________________________em relação aos princípios utilizados no
TAEKWONDO, para com o próximo:

a) Cortesia = Respeito e Educação


52

( ) Utiliza sempre
( ) Utiliza ás vezes
( ) Não utiliza

b) Integridade = Justiça e Honestidade

( ) Utiliza sempre
( ) Utiliza ás vezes
( ) Não utiliza

c) Perseverança = Não desiste de seus objetivos

( ) Utiliza sempre
( ) Utiliza ás vezes
( ) Não utiliza

d) Autocontrole = É capaz de controlar suas emoções e instintos

( ) Utiliza sempre
( ) Utiliza ás vezes
( ) Não utiliza

e) Espírito indomável = Busca aprender, conhecer e desenvolver-se

( ) Utiliza sempre
( ) Utiliza ás vezes
( ) Não utiliza

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