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“Concelho de Tavira
Comprehende este concelho terrenos das três faxas em que dividimos o Algarve,
sendo grande parte na serra. A sua maior producção he de alfarroba, amêndoa e azeite;
deste há 29 lagares trabalhando effectivamente no tempo próprio. O azeite poderia ser
melhor, pois que pela maior parte deixão apodrecer a azeitona a ponto de cahir ella por
si no chão, e dalli a levão para os lagares, onde lhe deitão muito pouco sal, e ás vezes
nenhum; há também pouca limpeza nas capachas, tarefas, caldeiras e lagares; devem dar
mais cuidado a este ramo que hé importante.
Confina o Concelho com os de Villa Real e Castro Marim a E., este e Alcoitim a
N., Olhão e Faro a O., e mar a S.
Tavira, antiga, aprazível, e famigerada cidade, que alguns querem seja a antiga
Balsa; mas segundo o itinerário de Antonino de Vessel (pag. 426 XVI Ms.) estava esta
situada na costa do Algarve em altura de 37º e 36º de longitude, 5 léguas de Ayamonte
ou Esuri, e 4 da capital Ossonoba, ficando Tavira no meio; o que tudo hé conforme com
as distâncias que Antonino escreve haver de huma terra a outra. Forão antigamente
famosos estes povos balsenses, e pertencião estipendiários ao concelho jurídico
pacence, assim como os de Esuri. Foi tomada aos Mouros pelo famoso D. Paio Peres
Correia em 11 de Junho de 1242, em consequência da inesperada perfídia de seus
habitantes praticada para com huns cavalleiros, que de Cacella tinhão hido caçar nos
arredores de Tavira. El-rei D. Sancho II fez doação della com o padroado da igreja á
Ordem de S. Tiago por carta de 9 de Janeiro de 1244 em retribuição de ter sido tomada
por seus cavalleiros. D. Affonso III lhe deo foral com o título de villa, que D. Manuel
depois reformou. Por aquelle primeiro se vê que reservou el-rei certos bens, que por
seus almoxarifes mandavão seus sucessores administrar, e arrecadar as rendas até D.
Fernando. El-rei de Castella, quando abandonou as pretenções, que tinha sobre o
Algarve, fez entregar a D. Affonso III o castello de Tavira, e os mais deste reino, por
carta de 16 de Fevereiro de 1267 dirigida a D. João de Aboim, mordomo mor do de
Portugal, e a D. Pedro Annes, seu filho, quitando-os da homenagem que por elles tinhão