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ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA E DEBATES

Fórum Permanente – Gás Natural: Distribuição,


Regulação e Desenvolvimento Sustentável
Reunião realizada no dia 16 de novembro de 2009.

O SR. PRESIDENTE (JORGE PICCIANI) – Boa tarde a todos!


Está aberto o Fórum de Debates Gás Natural: Distribuição, Regulação e
Desenvolvimento Sustentável, proposição de iniciativa do Fórum Permanente de
Desenvolvimento Estratégico Jornalista Roberto Marinho.
Para compor a Mesa, convido o Exmº. Sr. Secretário de Estado de
Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços, Dr. Júlio Bueno.
(Palmas)
Convido o Sr. Bruno Armbrust, Presidente da CEG e da CEG-Rio.
(Palmas)
Convido o Sr. Armando Guedes, Presidente do Conselho de
Energia da Firjan. (Palmas)
Convido o Sr. Jorge Paulo Delmonte, gerente de Gás Natural do
IBP. (Palmas)
Convido o Sr. José Carlos dos Santos Araújo, Presidente da
Agenersa. (Palmas)
Convido ainda o Deputado Luiz Paulo Corrêa da Rocha,
Presidente da Comissão de Tributação, Controle da Arrecadação Estadual e de
Fiscalização dos Tributos Estaduais da Alerj. (Palmas)
Agradeço a presença dos Deputados Domingos Brazão, Paulo
Ramos e Inês Pandeló bem como do Dr. Jorge Loureiro, assessor de Energia da
Secretaria de Estado de Energia, Indústria e Serviços. (Palmas)

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Este é o 8º encontro deste ano do Fórum Permanente de


Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio de Janeiro Jornalista Roberto
Marinho. Certamente, há muitos assuntos a serem debatidos na busca de caminhos
para o desenvolvimento sustentável de nosso Estado, mas a distribuição de gás
natural não poderia ficar fora da pauta neste momento.
Com a descoberta de petróleo na camada pré-sal – tema que
debatemos em setembro deste ano –, abrem-se enormes perspectivas para a
abundante oferta de gás, que deverá gerar um rápido desenvolvimento neste setor.
Hoje, o Rio de Janeiro concentra 48% de todas as reservas do Brasil, e reforçamos
nossa posição este ano, aumentando em ¹/4 a participação no total do gás extraído no
País. Em 2008, éramos responsáveis por 40% da produção e subimos para 50% em
2009, no período de janeiro a maio, aumento este que se deu em decorrência do
crescimento da produção no Rio de Janeiro em quase 18%, comparado com a média
do ano passo. Esse quadro indica a inserção do Estado do Rio de Janeiro como ator
estratégico em todo o segmento de prospecção e distribuição de gás natural no Brasil,
e, mais do que isso, reforça a importância do nosso Estado no potencial do setor de
gás para aquecer a economia, gerar empregos e dinamizar setores econômicos
relacionados. Segundo a Empresa Brasileira de Energia, o gás natural é responsável
hoje por 12% da oferta energética no Brasil, e o Rio de Janeiro é o primeiro colocado
em produção desde a década de 80, quando foi intensificada a prospecção na Bacia de
Campos, hoje a maior Reserva Nacional.
Seja na ampliação da nossa rede de distribuição de gás natural,
seja na geração de energia, temos muitos desafios tecnológicos a superar. Em 2007, o
nosso Fórum se reuniu para debater, em plena crise de abastecimento enfrentada pelo
Rio de Janeiro, o papel do Estado na definição sobre as prioridades na distribuição de
gás natural e a importante estratégia do Sul para o nosso desenvolvimento.
Na época, decidiu-se por retirar o projeto de pauta, porque tivemos
da Petrobras a garantia de que não correríamos mais um risco de desabastecimento.
Mas houve consequências. Depois deste, digamos, “susto”, abre aspas e fecha aspas,
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algumas diretrizes, principalmente no que tange à construção de termelétricas a gás


no nosso Estado, foram alteradas. Talvez estejamos no momento de rever essa
posição, principalmente porque, junto com as hidrelétricas, as termelétricas a gás
construíram uma crise energética limpa, dentro do desafio colocado pelo Governo
Federal, ao estabelecer metas elevadas de diminuição das emissões de CO2 na
atmosfera, que serão levadas para a Copenhague. Talvez esteja na hora de
investirmos nelas juntamente com as pequenas hidrelétricas que estão sendo
construídas no nosso Estado.
A preocupação ambiental também teve reflexo do Parlamento ao
observar que o aumento da queima do gás chegou a atingir 12 milhões de metros
cúbicos por dia no mês de junho. O Deputado Luiz Paulo Corrêa da Rocha
apresentou um projeto de lei, aprovado na semana passada por esta Casa, que inclui
na lei do ICMS a alíquota de 12% sobre o gás queimado na extração, quando ele
exceder 5% do volume produzido mensalmente.
Esperamos com isso estimular ações como a criação de
reservatórios para esse gás excedente que poderia nos poupar, por exemplo, de uma
nova crise como a que ocorreu em 2007.
Neste encontro vamos apresentar um panorama econômico e
ambiental da destruição do gás no Estado do Rio de Janeiro, enfatizando o potencial
de crescimento econômico e seus impactos na geração de renda e emprego para a
população fluminense.
Também queremos ouvir dos participantes quais os principais
desafios do setor, além de propostas para que a partir de uma legislação avançada
possamos contribuir para o desenvolvimento efetivo e global do nosso Estado.
O objetivo deste Fórum é construir caminhos e estratégias para o
nosso futuro. No que tange à questão do gás natural, estamos aqui para conhecer o
mercado de gás natural no País, a evolução das empresas, a importância do insumo e

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suas perspectivas futuras sobre a ótica da CEG, aqui representada pelo seu presidente,
bem como das indústrias do setor de petróleo e gás.
Eu quero fazer um agradecimento especial ao Deputado Domingos
Brazão que, na verdade, foi quem me inspirou a marcar esta reunião. Por sugestão do
Brazão, que sugeriu uma discussão com toda a cadeia produtiva, é que se chegou a
este formato de reunião. Quero aqui parabenizar o Deputado Brazão e fazer o meu
agradecimento pessoal.
Vou passar a palavra ao Secretário Júlio Bueno. Estava inscrito
inicialmente o Dr. Bruno, mas o Júlio tem um compromisso. Depois, será substituído
pelo Jorge Loureiro na Mesa.
Então, Dr. Júlio Bueno, por favor.
O SR. JÚLIO BUENO – Muito obrigado, Presidente. Quero
cumprimentar o nosso Presidente Picciani; o Deputado Luiz Paulo Corrêa da Rocha;
o Bruno Armbrust, Presidente da CEG - Rio; o Presidente Armando Guedes,
Presidente do Conselho de Energia da Firjan; o Sr. Jorge Paulo Delmonte, Gerente de
Gás Natural do IBP; e o José Carlos dos Santos Araújo, Presidente da Agenersa.
Presidente Picciani, as minhas considerações aqui são muito
simples. Na verdade, a grande apresentação é a do Bruno, que vai fazer uma
apresentação sobre a questão do gás natural e a perspectiva do gás natural no Rio de
Janeiro.
Então, do ponto de vista do poder concedente, eu quero dizer que
nós encaramos a questão do gás natural no Rio de Janeiro como um grande sucesso.
Se nós olharmos a utilização do gás natural no Rio de Janeiro, em todos os
segmentos, no segmento industrial, no GNV, no segmento domiciliar, nós
verificamos que os indicadores do Rio de Janeiro, e o Bruno vai mostrar isso, tanto os
econômicos como os de utilização, eles são muito melhores do que a média do País.
Nós tivemos uma crise em 2007, essa crise felizmente foi
ultrapassada, as perspectivas no setor são muito boas; a perspectiva do pré-sal,
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descoberto pela Petrobras, dá para nós a segurança do crescimento do gás natural. E o


fato, talvez, mais importante com relação a esta questão é que o Rio de Janeiro
continua sendo, e continuará por muito tempo, o Estado onde há a maior
possibilidade, a maior disponibilidade de gás natural no Brasil. Também é
interessante observarmos, um dia desses fizemos uma discussão com o Deputado
Domingos Brazão e o Deputado Luiz Paulo, por ocasião da audiência pública sobre o
projeto de lei da queima do gás, em que nós discutimos o preço do gás no Rio de
Janeiro. Aí, eu tive a preocupação, Deputado, de verificar: hoje o preço do gás no Rio
de Janeiro é menor do que o preço do gás na Bolívia. O Bruno vai mostrar isso aqui
para o senhor. Então, a perspectiva, de novo, é a melhor possível.
Do ponto de vista econômico, nós temos um preço absolutamente
competitivo, temos disponibilidade de gás natural, temos a nossa concessionária
trabalhando, na nossa avaliação, do poder concedente, bastante bem, e temos a
agência reguladora também trabalhando bastante bem. Então, o sistema de gás natural
no Rio de Janeiro é um sistema azeitado e que vai muito bem.
Nós precisamos fazer algumas coisas, do ponto de vista das
políticas públicas. Umas delas é discutir a utilização do gás natural em veículos
pesados; essa é uma nova faceta; e outra faceta que nós vamos empreender e já
fizemos uma experiência em Teresópolis, nós vamos crescer com isso, é a questão da
utilização do gás natural GNC, que é o gás natural comprimido, e que vai permitir na
verdade o adiantamento do mercado. O gás natural precisa de infraestrutura, e uma
das maneiras de conseguirmos adiantar a infraestrutura é usar o gás natural
comprimido. Fizemos essa experiência bem-sucedida em Teresópolis, e temos aí
vários municípios em que faremos a experiência. O Bruno também vai mostrar isso, a
perspectiva de novos municípios entrando no sistema de gás natural.
Eu diria que esse é um quadro muito favorável. Continuamos
sendo, por exemplo, o Estado com o maior número de conversões de GNV do Brasil.
Cerca de 80% das conversões de GNV no Brasil são feitas no Estado do Rio de
Janeiro, demonstrando mais uma vez que estamos na vanguarda do programa.
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Tivemos - aí também vale a pena falar – uma redução nas térmicas do Rio de Janeiro;
é importante dizer isso. Se olharmos, nos últimos três anos, nenhuma térmica a gás
nova foi feita ou projetada no Rio de Janeiro. Isso foi proposital, Presidente. Na
verdade, as térmicas a gás, o Rio de Janeiro hoje tem uma capacidade de geração de
energia elétrica quase de duas vezes a sua capacidade. Então, nós fizemos um
trabalho de maneira a não incentivar as térmicas a gás, a não ser em ocasiões
especiais e em municípios com baixo IDH ou com baixo dinamismo econômico, que
a térmica viria a somar no desenvolvimento econômico do município. Mas eu queria
dizer isso para os senhores: que uma das políticas que fizemos foi reduzir o incentivo
a térmicas a gás nesses últimos três anos, o que implicou, como já me referi, em não
termos tido nenhuma térmica nova a gás no Rio de Janeiro, nem projetada para os
próximos anos. No próximo leilão, provavelmente, teremos algumas térmicas, por
conta de alguns municípios em que a utilização e colocação da térmica vai auxiliar na
volta do dinamismo econômico nesses municípios.
Então, era isso, Sr. Presidente. Na verdade, breves palavras,
esperando, na verdade, a apresentação da CEG.
Muito obrigado. (Palmas)
O SR. PRESIDENTE (JORGE PICCIANI) – Obrigado, Dr. Júlio.
Quero passar a palavra ao Dr. Bruno.
O SR. BRUNO – Exmo. Sr. Presidente da Alerj, Deputado Jorge
Picciani, a quem, cumprimentando, cumprimento a todos os demais Deputados aqui,
nesta Casa; Exmo. Secretário Júlio Bueno, a quem cumprimentando também
cumprimento todas as demais autoridades, senhoras e senhores.
Em primeiro lugar, Presidente, gostaria de parabenizar esta
iniciativa da Alerj em realizar este Fórum Permanente. Eu mesmo já estive aqui em
alguns debates, dos quais destaco mais recentemente o debate sobre o pré-sal. Em
segundo lugar, quero aproveitar a oportunidade, ao voltar a falar nesta Casa, para
agradecer todo o apoio que me foi dado, que foi dado à empresa, desde a Presidência

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da Casa até todos os demais Deputados, naqueles problemas enfrentados ao final de


2007. Os meus agradecimentos também vão ao Governo do Estado, ao Secretário
Júlio Bueno, de quem também não nos faltou apoio.
Naquela época, passamos por um cenário que hoje é
completamente distinto. Essa situação mudou de 2007 para cá a partir dos problemas
conjunturais e dos problemas estruturais. Sob o ponto de vista de problemas
conjunturais, eu destacaria que, em função da crise econômica, houve uma redução
da demanda por gás natural e também um menor consumo de energia elétrica, o que
gerou menor necessidade de gás para as termelétricas. Por outro lado, também o nível
elevado de chuvas verificado recentemente também fez com que as térmicas fossem
menos acionadas.
Sob o ponto de vista de questões estruturais, que fizeram com que
nós chegássemos a esta situação hoje muito mais confortável, eu destacaria na
entrada de 2008 o gasoduto Vitória/Cabiúnas, que também trouxe um pouco mais de
segurança e confiabilidade no sistema aqui do Rio. Mais recentemente o Terminal de
GNL na Baía de Guanabara, e a construção de backups que as companhias estão
executando. O que se espera agora para os próximos meses, um período mais recente,
é a entrada de Mexilhão, e mesmo o Gás Duque 3. Quer dizer, tudo isso, Presidente,
eu entendo que vai trazer uma maior robustez e segurança para o sistema. Então,
acredito que hoje também nós temos contratos para que aquela situação dificilmente
venha a ocorrer.
Hoje vou aqui centrar a apresentação mais na questão do gás
natural. Mas eu não poderia deixar, neste momento, de dizer que vivemos um
mercado globalizado e cada vez mais gás natural e energia estão associados,
inclusive, em muitos países, a regulação do gás natural está muito mais associada à
energia elétrica do que a do petróleo. No caso do gás natural, o crescimento rápido e
representativo do GNL, que faz com que realmente esse energético vire uma
commodities internacional, ele permitiu também um rápido crescimento e uma rápida
internacionalização. O Gás natural passou também a ter um grande peso na geração
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de energia elétrica no mundo inteiro. Eu destacaria esse crescimento também pela


disponibilidade do produto, hoje existem reservas importantes, facilidade de sua
movimentação e a questão ambiental.
Indo diretamente para a apresentação, os senhores vão poder
acompanhar ali do painel, vou centrar em quatro temas a minha apresentação.
Primeiro, vou falar um pouco sobre quem é o operador. Quer dizer, quando se decidiu
por privatizar os serviços de concessão e distribuição de gás aqui no Rio 12 anos
atrás, passando pela aprovação desta Casa, exigia-se um operador técnico qualificado.
Então, não poderia deixar de, rapidamente, falar quem é esse operador.
Vou falar um pouco do marco do gás natural no País, o marco
regulatório, a evolução da infraestrutura, centrar basicamente na importância do gás
natural no Estado e em algumas oportunidades que eu gostaria de comentar e que o
Dr. Julio Bueno já até adiantou.
Iniciando a apresentação, quero destacar que o grupo operador,
quer dizer, o grupo gás natural, na verdade, tem uma história muito parecida com a da
CEG. É um grupo que há 150 anos foi fundado na Catalunha e depois cresceu
baseado numa série de fusões e aquisições, mas há 150 anos ele faz história.
No caso da CEG, temos 155 anos, basicamente. E os dois
começaram com iluminação a gás. Mais recentemente, em 2009, o grupo passou por
um processo de transformação com a aquisição de uma grande empresa na Espanha –
vou mostrar mais à frente – que se chama União Fenosa. A fusão desses dois grupos
gás natural e União Fenosa fez com que nascesse um líder verticalmente integrado de
gás e energia elétrica no mundo.
Quer dizer, a combinação dos dois grupos faz com que surja uma
empresa com liderança no mercado de GNL, quer dizer, no Atlântico Mediterrâneo,
com movimentação de mais de 30 bilhões de metros cúbicos de gás. Para se ter idéia,
no Brasil, hoje, o consumo é mais ou menos da ordem de 19. Quer dizer, o grupo
movimenta 30 bilhões, é um operador líder, tem mais de 20 milhões de clientes no

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mundo inteiro, e 18 gigawatts de potência instalada. E também é um grupo que


começa a ter uma presença grande na parte de geração eólica.
Aí, rapidamente, para mostrar um mapa onde o grupo está presente
na parte de movimentação de GNL, quer dizer, só destacar que existem 13 navios do
grupo movimentando o GNL em todo o mundo, e o grupo tem duas plantas de
liquefação hoje.
Na parte mais de downstream, eu comentei sobre os 20 milhões de
clientes espalhados aí por 23 países, e hoje um conjunto de 20 mil empregados. E
hoje, o grupo além da distribuição de gás, opera na parte de ciclos combinados a gás,
hidroeletricidade, nuclear, carvão e também eólicas. E aí, é o mapa de onde o grupo
hoje está espalhado.
Entrando basicamente na questão do Brasil, porque no Brasil
também nós conseguimos nesses 12 anos a liderança no mercado de distribuição de
gás, na área de downstream, hoje, além do Rio de Janeiro, estamos presentes em
outros quatro Estados, somando cinco Estados, e os dados principais de 2008 são de
vendas de 19 milhões de metros cúbicos, entre convencional e geração. Essas vendas
hoje são bastante inferiores em razão da crise, se bem que vêm sendo recuperadas
gradativamente, alcançando quase 800 mil clientes, 51 municípios atendidos, e um
investimento acumulado desde o início da privativação de 2,4 bilhões. São quatro
empresas no total que o grupo controla, que somado ao resultado das quatro empresas
hoje esse resultante colocaria entre as cem maiores empresas do País. Acho que este é
um ponto importante para o Estado do Rio ter uma empresa desse porte.
Passando para a questão de marcos importantes na história.
Basicamente, o marco principal é o início da criação em 1854 e 1982. A CEG passa
a utilizar gás natural na sua distribuição. Antes, se utilizava a nafta. Em 1997, veio a
privatização; em 1999, o início da operação do gasoduto Brasil-Bolívia e, em 2000,
as térmicas. Sobre esses dois pontos, eu quero só fazer uma reflexão rápida: duas
decisões tomadas há dez anos, que têm um impacto muito forte no dia de hoje. Quer
dizer, hoje nós estamos tomando decisões que provavelmente vão ter impacto daqui a
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dez anos. Então, é muito importante realmente planejar e identificar quais são as
necessidades futuras, porque no setor de energia, de infraestrutura intensiva, é
importante o planejamento.
Em 2003, veio o plano de massificação do uso do gás. A partir daí,
houve um forte incremento. Em 2007, o de balanço de gás; em 2008, como eu
comentei, houve a entrada do gasoduto de Vitória/Cabiúnas; em 2008, ainda, um
tema muito importante que a Agência Reguladora deliberou, que foi o início da
criação de clientes livres. Hoje, as grandes indústrias podem comprar gás diretamente
de algum produtor. Isso ainda não ocorre por questões conjunturais no País, mas é
um marco bastante avançado no Rio de Janeiro.
Um fato importante em 2008: nós assinamos novos contratos Sr.
Presidente, aqui; o senhor mesmo nos cobrou muito. Então, hoje temos gás para
crescer, quer dizer, não tem problema nenhum. E o gás nacional também, agora mais
no final de 2008, começa a se deslocar um pouquinho do preço do gás da Bolívia. Em
que pese isso como o Dr. Júlio falou, nós temos tarifas competitivas, ainda que
comprando um gás hoje um pouco mais caro.
Em 2009, a redução da demanda, e mesmo em 2009, como eu
comentei, entra o terminal de GNL, que dá uma flexibilidade muito grande. São 14
milhões de metros cúbicos, dinheiro que pode ser injetado no sistema. Então, hoje o
Rio de Janeiro tem uma situação estrutural de sistema de distribuição muito seguro,
muito robusto em comparação a outros Estados.
Indo para o slide seguinte, não vou me deter muito tempo, mas ver
os dois entes regulatórios, o da União e o dos Estados. Somente destacar que o gás
pode chegar ou por meio de um gasoduto ou por meio de barcos, GNL, como na Baía
de Guanabara. Ao contrário de outros países, aqui não há a questão do
armazenamento subterrâneo, que também é um elemento que poderia gerar uma
confiabilidade muito maior. Chega a um determinado ponto em que o transportador
entrega o gás e as distribuidoras o levam para os seus clientes finais.

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Aí é um mapa. Ao todo, existem 27 distribuidoras de gás natural


no País, sendo cinco privadas. Dessas cinco, três o Grupo Gás Natural controla, CEG,
CEG-Rio, e, em São Paulo, a São Paulo-Sul. A Petrobras está presente em 20.
Destacamos que dos cerca de 1,5 milhão de clientes hoje no Brasil, basicamente
quase a totalidade está concentrada no eixo Rio/São Paulo, onde a distribuição foi
privatizada – 50% deles estão no Rio.
Destaco também que de cerca de R$ 6 bilhões que foram
investidos nesses últimos anos no setor de distribuição, 5 bilhões se concentraram
nessas empresas que foram privatizadas. Quer dizer, a privatização, do ponto de vista
do desenvolvimento econômico, foi muito importante. Destaco também que, em que
pese termos cerca de 1,5 milhão de clientes em todo Brasil, o País poderia ter um
potencial de mais de 10 milhões de clientes, porque ainda tem uma forte presença do
GLP.
Entrando um pouco na questão de evolução de tarifa e de preço,
repetindo, em que pese haver tarifas competitivas em relação a outros estados, hoje
percebemos um descolamento do gás da Bolívia para o gás natural. Quer dizer, eles
estiveram historicamente muito próximos entre si e vemos, hoje, digamos, esse gap
entre os dois se distanciando um pouco. Isso, no longo prazo, poderia trazer algum
efeito, mas é uma questão que hoje não podemos ainda situar com relação a isso.
Da estrutura de custo total que, digamos, a companhia fatura, na
tarifa há a questão da margem, que tem um peso de 15%. Isso é sempre importante
destacar. Quer dizer, o que é objeto de regulação no Estado são exatamente esses
15%. O restante está dividido entre o custo do gás, com 69% – aí está o peso grande,
é o custo do gás –, e uma parte de tributos.
Falando um pouco da evolução no mercado do Rio de Janeiro,
especificamente no caso do mercado convencional, hoje o Rio está muito bem
abastecido. Eu diria que mais de 90% do consumo térmico conversível a gás utiliza
gás. Alguns municípios têm uma baixa industrialização e vou explicar mais adiante

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como podemos ampliar ainda mais isso. Mas, praticamente, o maior mercado nosso é
industrial, em seguida, o GNV.
O GNV experimentou um crescimento constante e sustentável
durante anos. Mais recentemente, em função da crise, do estímulo ao etanol, ao
álcool, ele vivenciou um período de redução. Felizmente, dados dão conta de que
recentemente as conversões voltaram a reagir. Já superamos cerca de 4 mil, quer
dizer, voltamos a crescer em conversões. Um fato importante na questão do GNV é
que, eu posso estar equivocado, hoje temos um parque muito grande de veículos. Eu
vou falar dos benefícios que isso traz, mas o Rio de Janeiro é o maior produtor de gás
e é importante que esse gás seja utilizado aqui.
Ao permitir a entrada do álcool, estamos fazendo com que um
produto que, se não me engano, em 80% vem importado de outros estados, gerando
emprego nos outros estados, entre aqui, ao contrário do gás natural, que realmente
podemos utilizar. Hoje, de certa forma, existe um volume bastante satisfatório no
sentido de ampliar esse consumo.
Destaco que nos 12 anos nós chegamos a quase 800 mil clientes.
No mercado convencional, fruto desses investimentos que citei anteriormente,
tivemos um crescimento importante: saímos de 2,6 milhões de m3/dia para 7,3
milhões de m3 em 2008. Do GNV, na época, existiam 21 postos, junto com toda a
cadeia de GNV, que, sem dúvida, é fundamental, desde fabricantes de compressores,
distribuidores. Saltamos para mais de 500 aqui no Rio de Janeiro, representando 50%
desse mercado no Brasil. Estimulamos a eficiência energética com um projeto de
climatização e cogeração, já chegando hoje a próximo de 90 clientes, e reduzimos o
consumo de óleo combustível substancialmente, quase o eliminando aqui no Rio de
Janeiro, com ganhos ambientais muito grandes.
Como o Dr. Júlio comentou, foram construídas as quatro usinas
termoelétricas, o que aportou mais de 3.000 megawatts de potência instalada. Os
investimentos, como comentei, foram da ordem de 2,4 milhões. Basicamente, esses

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investimentos ficaram centrados na expansão em novos municípios e na ampliação da


capacidade de distribuição na Região Metropolitana.
O Rio de Janeiro contava, em 1997, com cerca de 2.000 km de
rede e hoje já são mais de 5.000 km. Para se ter uma ideia, toda a rede de transporte
da Petrobras, hoje, acho que é de algo próximo de 7 km, quer dizer, existe uma
estrutura de rede de distribuição aqui muito grande em relação ao período muito curto
em que foi desenvolvida essa rede. Durante todo esse período, renovou-se 600 km de
rede. Também substituímos 95% de válvulas em 28 mil ramais e fizemos a conversão
da cidade.
O quadro adiante mostra a evolução do número de municípios.
Não vou entrar em detalhe, ali estão citados, mas quero só destacar que hoje já
chegamos a 838 municípios. Deveremos estar, nos próximos dias, inaugurando os
primeiros clientes em Três Rios e Paraíba do Sul e, lá em Friburgo, também postos de
GNV. Maricá e Angra dos Reis para o próximo ano, em 2010, e, mais à frente, vou
mostrar como podemos intensificar a chegada do gás a outros municípios de menor
industrialização. Só destaco que para os próximos quatro anos temos investimentos
previstos da ordem de R$ 1 bilhão, basicamente na continuidade da massificação do
uso do gás, na interiorização, garantindo o acesso à universalização do gás.
Um acordo com a Secretaria do Júlio foi importante, porque um
dos preceitos do contrato de concessão é o princípio da modicidade tarifária, então, é
muito importante fazermos os investimentos de forma equilibrada. A decisão,
apoiada pela Secretaria, de começar a utilizar o GNC, o gás natural com maior
intensidade, vai permitir, realmente, a chegada a mais municípios do que
anteriormente, com o gasoduto, levávamos. Vamos concluir o termo renovação até
2012, construir os backups e manter elevados padrões de segurança, qualidade,
modernidade e eficiência.
Qual a importância do gás natural? Brevemente, no caso de novas
indústrias, entendemos que é um energético essencial e fundamental na atração de
projetos para o Estado. Uma indústria, na tomada de decisão entre uma área e outra,
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se uma tem gás natural, há a tendência muito mais de se dirigir para aquela área.
Então, é uma vantagem competitiva. O Estado tem um número muito grande de
municípios, como também o Estado hoje tem um posicionamento privilegiado, dentro
do sistema Sul–Sudeste, de malha de gasodutos.
Na questão ambiental, é fundamental que as indústrias, quando se
instalem, utilizem o gás, quer dizer, são importantes as melhorias que proporciona.
Na questão do fornecimento de energia elétrica, não se tem a menor dúvida de que,
embora o País tenha um potencial hídrico muito grande, vai haver necessidade de
implantar novas termoelétricas, então, o Rio de Janeiro já se beneficiou disso e,
eventualmente, no futuro, pode continuar se beneficiando.
Sobre a questão da eficiência, economia eficiência energética,
destaco aqui um ciclo combinado. Não sou expert nisso, mas tem uma eficiência da
ordem de 45% e ao fazer cogeração em algumas indústrias – o Dr. Armando conhece
isso bastante – tem ganho de eficiência de 70%, podendo, em alguns casos, chegar até
a 90%. Então, seria muito interessante continuar estimulando a cogeração e a
climatização.
Economia para as famílias: fazendo um cálculo muito rápido, hoje,
sobre a situação de preço de álcool e GNV, uma família que utiliza GNV no carro
pode chegar ao final do ano com R$ 4 mil a mais no bolso, entre economia em
combustível e IPVA. Então, é muito importante esse programa continuar firme e
sólido. O uso doméstico e comercial, sem dúvida, diminui o tráfego de caminhões.
No momento em que se substitui o GLP se aporta mais comodidade e segurança e é
muito importante o desenvolvimento sócio-econômico de municípios que ainda não
são atendidos.
Levando em conta novas oportunidades, entendemos que, na
expansão do sistema em áreas mais distantes da infraestrutura atual ou em áreas com
baixo potencial industrial, seria muito importante a ampliação do projeto de gás
natural comprimindo, desde que ponto a ponto, como mais recentemente fizemos em
Friburgo ou como devemos fazer no início do ano em Maricá e em Saquarema, como
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também de projetos estruturantes. Temos um projeto lá em Friburgo e vamos


inaugurar um posto de GNV também no final do ano.
Queremos deixar claro que hoje, embora esteja dentro da Baía – o
Júlio já esteve até comentando, sugerindo isso –, existem hoje tecnologias para que se
possa trazer o GNL ao continente no estado líquido e para que se possa levá-lo a
unidades satélites do Estado também, ampliando a interiorização sem que se tenha
que chegar ao gasoduto.
A questão do biogás vem crescendo no mundo inteiro e
acreditamos que no futuro esse combustível também poderá crescer. No atendimento
de novos mercados e usos, eu destacaria como exemplo o uso de GNV em ônibus,
que vem crescendo muito no mundo inteiro – aqui, por uma série de questões, ainda
não avançamos muito, em que pese que se está tentando bastante –, e o uso em
caminhões de coleta de lixo e no próprio transporte marítimo. Vemos que em alguns
países da Europa isso já avançou bastante, com ganhos e benefício tanto ambiental
quanto sonoro e econômico.
Nesse mapa que se encontra agora no painel, as áreas que estão
coloridas são aquelas onde hoje já existem infraestrutura de rede de transporte e
distribuição e, eventualmente, até algum projeto de GNC. Mas ainda existem, embora
as áreas em branco hoje, no caso da CEG, representem 5%, áreas dentro de
municípios que não têm infraestrutura. No caso da CEG Rio é de 50% e entendemos
que esses municípios poderiam não estar privados do gás se realmente
conseguíssemos intensificar o programa de gás natural comprimido. Com relação a
isso, entendemos que estamos bastante alinhados com o Governo do Estado e
esperamos poder ampliar o atendimento no futuro.
Eu gostaria, com relação ao slide seguinte, de falar um pouco do
GNV. O Rio é a capital do GNV; o programa de GNV no Rio é um exemplo para o
mundo inteiro, inclusive, vêm técnicos de outros países ver como se conseguiu esse
sucesso, esse êxito aqui no Rio de Janeiro. Mas destaco que também que hoje, em
outros lugares, em quase todos os países, já estão utilizando o GNV: no Paquistão,
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com 1, 8 milhão; na Argentina, com 1,7; no Brasil, com 1,6, sendo que metade dos
usuários está aqui no Rio de Janeiro. Hoje já são mais de 10 milhões de veículos,
entre ônibus, caminhões e carros, que circulam com GNV ou com biogás,
representando 40 bilhões de m3. Esse é um número que representa o dobro do gás
veiculado no Brasil, então, o GNV é uma realidade e o Rio é um exemplo.
Sobre o mercado de GNV, temos informações de que os principais
países envolvidos, em especial a União Europeia, têm como objetivo substituir pelo
menos 10% dos combustíveis utilizados atualmente por GNV até 2020. Estima-se
que o número de veículos, isso está no relatório da IGU, International Gas Union, até
2030 deverá chegar a 35 milhões de GNV em todo o mundo, num consumo de cerca
de 60 BCMs de gás natural e 5 a 10 de biogás.
Não preciso entrar em detalhes sobre os benéficos com relação à
redução de emissões. Não só no caso do Rio de Janeiro, mas do Brasil como um
todo, o GNV foi um elemento muito interessante na chegada de gás a municípios e
áreas menos industrializadas, porque ele era um elemento âncora. Então, é muito
importante para o desenvolvimento da indústria do gás natural e, principalmente, para
chegar a mercados de pequeno consumo que o mercado de GNV continue assim,
bastante ativo e em crescimento.
Chegando ao final da apresentação e como comentários finais, eu
queria só fazer algumas observações. Primeira: conforme estudo publicado pela IGU,
no recente Congresso de Buenos Aires, espera-se que o gás natural continue
crescendo muito nos próximos 25 anos. Há estudos indicando que nesses últimos
anos o gás natural cresceu mais do que outros energéticos e o nível de contaminação
cresceu menos. Então, foi o aporte que o gás natural deu para isso, mas se espera que
continue crescendo nos próximos 25 anos, principalmente pelas seguintes razões:
existem grandes reservas importantes; por ser um energético bastante importante para
o crescimento global sustentável, por todas as questões ambientais, como diminuição
da contaminação; pelo aumento da eficiência na indústria, como comentei, pois é

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muito importante para a indústria aumentar a sua eficiência; pela sua condição
competitiva de preços e pela crescente oferta de GNL no mundo.
Entendemos que o mundo está buscando uma matriz cada vez
mais limpa e, sem sombra de dúvidas, o Brasil tem uma situação muito superior,
muito melhor que a de outros países. Ainda tem muitos recursos hídricos, mas, em
que pese isso, não se tem dúvida de que as termoelétricas, se combinadas a gás, vão
continuar a ter um papel importante no futuro. Entendemos que são os dois mercados
com grande potencial de crescimento: a questão da geração e o próprio GNV. Temos
grandes reservas, que, espera-se, pelos números que se comenta em diversos fóruns,
poderiam gerar excedentes. Deputado Luiz Paulo, entendemos que seria muito
melhor do que exportar esses excedentes conseguir produzir produtos com maior
valor agregado no próprio País.
Acho que é importante ter GNL, entrar no contexto mundial, mas
também é importante planejar de forma que esse gás seja utilizado aqui e gere riqueza
aqui, com produto agregado muito maior. Nesse ponto, é importante frisar que todos
os investimentos já realizados em distribuição no Estado e os previstos para os
próximos anos, somados a todos os incentivos que o Governo do Estado vem dando,
servirão para garantir que o Estado continue como uma ponta desse desenvolvimento
e continue tendo uma grande atratividade para esses projetos, em relação a outros
estados.
Muito obrigado a todos. Era isso o que eu tinha a comentar.
(Palmas)
O SR. PRESIDENTE (Luiz Paulo) – Anuncio a presença do
Deputado Mário Marques e do Prefeito de Mangaratiba, Aarão, e informo que o
Secretário Júlio Bueno vai ter que se retirar. O Sr. Jorge Loureiro, assessor de energia
da Secretaria de Estado de Energia, Indústria e Serviços vai ocupar o lugar do
Secretário Júlio Bueno.

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Convido o Sr. Jorge Paulo Delmonte a fazer um panorama da


indústria do gás natural do Brasil e peço ao Cerimonial que o conduza até o plenário.
O SR. JORGE PAULO DELMONTE – Boa tarde a todos.
Inicialmente, agradeço à Alerj o convite feito ao IBP para
participar deste evento. Saúdo a Mesa, o Deputado Luiz Paulo, o Bruno, Presidente
da CEG, o Sr. Armando Guedes, Presidente do Conselho de Energia da Firjan e
Conselheiro do IBP, o Jorge Loreiro, que está no lugar do Júlio Bueno, e o José
Carlos de Araújo, Presidente da Agenersa.
Quando o IBP foi convidado para participar deste evento, eu
imaginei que seria interessante darmos uma ideia de como é a indústria de gás no
País. Então, a minha apresentação está separada em basicamente duas: um pequeno
esclarecimento, um pequeno comercial de como é o IBP, quem é o IBP, o que nós
fazemos; e uma descrição rápida de como é a indústria do gás no Brasil.
O IBP já tem mais de 50 anos de existência e, resumindo o que
está escrito nessa transparência, o objetivo do Instituto é, por diversos meios,
promover o desenvolvimento da indústria brasileira de petróleo e gás. Fazemos isso
através de diversos produtos, através de certificação na área de inspeção de
equipamentos, através da área de treinamento, através da área de eventos. Também
temos feito, depois da abertura, em 1997, um trabalho para levar aos entes
governamentais e entidades que discutem as questões do setor qual é a posição da
indústria em relação a pontos importantes, como, por exemplo, a abertura da
discussão dos contratos de concessão. Mais recentemente, tivemos uma participação
muito ativa tanto no Ministério de Minas e Energia quanto no Congresso Nacional,
com relação à discussão da Lei do Gás, e assim sucessivamente.
Aí está uma lista das empresas que participam, que são associadas
ao Instituto. Essas empresas são muito importantes para nós, não só pela contribuição
como associadas, mas também, principalmente, porque elas estão todas representadas
nos grupos que discutem todos os produtos e estudos que o IBP prepara. Há desde a

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Petrobras, como grande empresa brasileira de petróleo e gás hoje, até diversas
empresas que passarão a desenvolver atividades no País depois da abertura e a CEG,
com o gás. Quer dizer, toda cadeia está presente no Instituto.
Esse é um exemplo rápido da grande quantidade de eventos que
produzimos. Um evento, em particular, está ali embaixo, no centro: é o Seminário de
Gás Natural, que começa amanhã e mostra a abrangência das discussões que são
feitas no Instituto. O nosso maior evento é a Feira de Petróleo e Gás, que é
organizada a cada ano par. Ocupamos todo o Riocentro – só no congresso são mais
de três mil participantes de todo o mundo.
Esses são números da área de treinamento do Instituto.
Oferecemos diversos cursos de pós-graduação que estão aqui registrados e já há mais
de 20 anos oferecemos uma série muito grande de cursos de curta duração, de uma
semana, que ajudam muito a trazer mais conhecimento para a nossa indústria.
Aí está uma figura que mostra uma série de publicações que são
feitas no Instituto, não só com o apoio das nossas comissões técnicas, mas também
através de contratação de especialistas, para redigir diversos livros numa área carente
de informação como a nossa.
Agora eu vou dar uma ideia, tentando ser bastante objetivo, de
como funciona a indústria de gás no Brasil. Aí está uma “pizza”, que é um clássico
nas palestras a que assistimos, que mostra como é a participação do gás na nossa
matriz energética. Alguns anos atrás, particularmente no início da produção do gás
Gasbol, tínhamos uma participação pequena do gás na matriz – era de cerca de 3% a
participação na matriz, isso em meados da década de 90. Poucos anos atrás, até antes
do advento do pré-sal, o governo estabeleceu uma meta: fazer o gás crescer para 12%
na matriz. A expectativa, hoje, com as descobertas do pré-sal, é de que esse número
seja ainda maior.
Esse slide tem o objetivo de dar uma ideia para os senhores de
como é a estrutura da indústria de gás. Existe uma separação clara entre as atribuições

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do órgãos federais, a ANP e o MME, que estão regulando a atividade de produção e


importação de gás e transporte. A partir do city gate vai haver toda a regulação feita
pelas Agências Reguladoras, como é o caso, aqui, da Agenersa no Rio de Janeiro. Há
a figura do carregador, que é quem contrata o gás, contrata o transporte e faz esse gás
chegar até a distribuidora.
Esse quadro aí é interessante porque ilustra muito claramente
como se deu o desenvolvimento da indústria de gás. Uma curva mostra o nível de
consumo de gás no País e claramente se vê três fases. No começo, existia uma
produção pequena na Bahia, mais ou menos até meados da década de 70, quando
começou a produção em Campos. A partir da produção de Campos, houve uma oferta
maior de gás. Com essa oferta de gás, o mercado começou a crescer e, a partir de
1998, quando entrou em produção o Gasbol, houve uma subida muito rápida no
consumo, também em consequência da oferta. Isso explica muito uma máxima do
gás, de que onde ele está disponível ele acaba desenvolvendo mercado, um pouco
diferentemente de outros combustíveis.
Agora vamos falar um pouquinho de como está a indústria do gás
hoje. Eu busquei passar por todas as etapas da cadeia do gás, falando da produção de
gás e um pouco da importação de gás e, depois, abordando um pouco a questão do
transporte. Falarei um pouquinho da distribuição que acontece no city gate, no caso
do Rio, no mercado do Rio, e vou falar um pouquinho de São Paulo.
Olhando esse quadro, vemos que, mais uma vez, não estão
consideradas aí as descobertas do pré-sal, porque ainda existem algumas questões a
serem respondidas quanto ao pré-sal. Mas já mostramos aí que o Rio de Janeiro é o
grande estado produtor de gás no País e tem sido um grande incentivador do seu uso
também, por diversas razões. Há uma posição mais ou menos grande no Espírito
Santo, que tem um mercado que vem se desenvolvendo, e São Paulo também tem
uma posição mais ou menos grande. Uma observação importante é que o mercado do
Amazonas, no Solimões, é isolado, não se integra à indústria de gás. São dois grandes
sistemas, vamos dizer assim, além do Solimões: a rede do Nordeste e a rede Sudeste.
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Isso aí mostra como é a produção de gás no País. Mais uma vez, o


Rio de Janeiro se mostra como estado amigo do gás e como responsável pela maior
produção de gás. Aí mostramos graficamente – para quem é engenheiro é mais
interessante –, e até o Bruno comentou, que o maior produtor de gás no País, hoje, é o
Rio de Janeiro.
Aí está uma nova oferta de gás, a maior fonte de suprimento de
gás no País, os terminais de GNL. Costumamos dizer que essa é uma forma flexível
de se oferecer o gás. Esses projetos foram todos feitos com o menor custo fixo
possível e o maior custo variável, exatamente para atender a essa parcela de mercado
de gás. Seria uma demanda mais flexível, principalmente no que diz respeito à
geração térmica. Temos hoje dois terminais, um de seis milhões de metros cúbicos de
gás por dia, em Pecém, no Ceará, e um com capacidade de gaseificação de 14
milhões de metros cúbicos, na Baía de Guanabara. A Petrobras aponta mais dois
projetos, sem ainda definir exatamente onde vão ser – um, provavelmente, integrando
a Rede Sudeste e, talvez, mais um no Nordeste.
Esse é um quadro onde mostramos o consumo de gás. O que é
importante nesse quadro é notar que cerca de 50% do consumo de gás é importado da
Bolívia e 50% são da produção de gás. Também é importante notar que no final de
2008 apresentamos uma média de mais ou menos 56 milhões de metros cúbicos de
gás, por dia, de consumo, enquanto em setembro de 2009 foi de 46. Isso é o impacto
da crise no mercado brasileiro. A demanda caiu muito, não só a demanda térmica, a
demanda industrial também, mas já mostram uma pequena recuperação os números
do gráfico – talvez esteja meio difícil de ver. Depois, se o pessoal quiser, dá para ver
o crescimento.
Bom, essa é uma figura da malha de gasodutos existente, de
transportes existentes no País, hoje. Como tinha mencionado, temos um sistema
isolado, lá no Amazonas; tem uma rede de transporte no Nordeste, que vai da Bahia
até Fortaleza; e tem uma rede no Sudeste, que é responsável pela maior parte de

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consumo de gás no país, que vem da Bolívia, passa em Mato Grosso, em São Paulo e
se integrando recentemente ao Rio de Janeiro, indo até Porto Alegre, no Sul do País.
Próximo. Agora, falaremos um pouquinho da distribuição: temos,
no País, 23 empresas distribuidoras, que são responsáveis por 17.000km de
gasodutos. E um fato que chama a atenção é que mais de 70% desse mercado
encontra-se no Estado de São Paulo. Também deixei para os senhores um exemplo de
como se realiza a distribuição, tanto no que diz respeito à infraestrutura de gasodutos
- que está na parte inferior do quadro. Percebe-se que Rio e São Paulo são
dominantes. E, na parte superior está um gráfico de pizza que ilustra como se realiza
a venda de gás no País. Mais uma vez, Rio e São Paulo são dominantes.
Próximo slide. Esse quadro resume bem sinteticamente tudo o que
foi descrito aí previamente com relação ao mercado de gás. Temos uma infraestrutura
de transporte de um pouco mais do que 9.000km de gasodutos e uma rede de
distribuição de 17.700km de gasodutos. Como eu falei, o mercado, hoje, consome 46
milhões de m³/dia, com mais ou menos metade sendo importado da Bolívia e metade
sendo produzido aqui no País. E uma oferta flexível de gás liquefeito de petróleo da
ordem de 20 milhões de m3 de gás por dia.
Próximo. Esse é um gráfico que mostra como é o perfil do
mercado consumidor brasileiro. Essa é uma média do consumo dos setores no país
todo. Podemos observar que em amarelo tem o mercado de GNV, que é um mercado
bastante estável; em azul, o mercado industrial, que também é um mercado âncora,
para o desenvolvimento desse setor, que sofreu impacto no final do ano passado em
função da crise econômica, mas já recuperou boa parte do seu crescimento. Em cima,
em verde, verificamos o consumo térmico, que teve um comportamento um pouco
diferente em 2008, porque houve um despacho forçado das térmicas. Normalmente,
esse despacho tem subidas e descidas ao longo do ano.
Próximo. Aí, eu achei interessante mostrar um pouco a diferença,
até porque costumamos muito comparar os mercados, para entender como
funcionam, ilustrar como é o mercado do Rio e como é o mercado de São Paulo, em
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termos de segmento de consumo. Então, o que chama a atenção é que São Paulo tem
um consumo industrial bastante elevado, e o consumo térmico e o GNV não são as
partes mais importantes do que é comercializado. No caso do Rio de Janeiro, temos
um consumo mais importante de GNV, que é o mercado de Gás Natural Veicular, e
um consumo térmico bastante elevado também, que mostra que o Estado, por ter o
maior parque termoelétrico brasileiro é o maior produtor de gás de térmica e também
o maior exportador de energia elétrica a partir do gás.
O próximo. Agora vou falar um pouquinho das expectativas, sobre
o futuro para a indústria de gás no Brasil. Vemos na área de transportes uma
duplicação da malha do Nordeste e da malha do Sudeste. Espera-se, para 2010, a
interligação dos dois sistemas, através do gasênio, um dos maiores projetos de gás,
acho que isso só foi menor que o Brasil-Bolívia.
O próximo. A intenção desse slide é mostrar como a nossa
indústria ainda é infante, ainda tem muita coisa para acontecer no país. Se olharmos o
gráfico anterior percebe-se que a malha de transporte e a malha de distribuição
brasileira é muito pequena em relação ao mercado americano. Somos, talvez, cerca de
5% desse mercado, e considerando que possuímos em torno de 10.000km de
gasodutos e 17.000km de gasodutos de distribuição. Então, comparando com uma
malha de 400.000km, 25.000 ou 27.000km mostram o quanto a gente tem para
crescer e os desafios que a gente tem pela frente. A Lei do Gás, publicada no início
deste ano, tem como um dos objetivos estabelecer regras claras para o
desenvolvimento dessa infraestrutura. Como eu disse, temos um desafio muito grande
aí.
O próximo slide, se não me engano esse é o último, vamos falar
um pouco do que se espera para a indústria de gás em relação ao pré-sal. Já temos de
concreto, hoje, três campos com descobertas declaradas: Iara, Tupi e Guará. Só essas
reservas já dobram a nossa reserva de hidrocarbonetos. O fato é que muitas perguntas
ainda permanecem quanto ao escoamento da produção desse gás a ser produzido a

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300 km da costa e, juntando a lâmina d’água e a faixa de terra, a 7.000km de


profundidade.
Temos grandes desafios, mas uma esperança. O mercado todo tem
muita convicção de que boa parte desse gás - e quanto mais, melhor - vai chegar para
o nosso mercado e vai criar um novo salto, como aquele criado pelo Gás Ball, ou
seja, vamos ter uma nova oferta de gás muito importante, que fará com que esse
mercado cresça muito.
É isso. Obrigado. (Palmas)
O SR. PRESIDENTE (JORGE PICCIANI) – Obrigado, Dr. Jorge
Paulo Delmonte. Com a palavra o presidente do Conselho de Energia da Firjan, Dr.
Armando Guedes.
O SR. ARMANDO GUEDES – Boa tarde, Presidente Picciani,
membros da Mesa, Srs. Deputados, senhores e senhoras, presentes, a minha
abordagem vai ser mais sob o aspecto do planejamento estratégico para o gás dentro
do contexto de que no Brasil até há pouco tempo, há dez anos, vamos dizer, se deu
muito pouca importância ao gás, praticamente nenhuma importância. O uso que
temos dado ao gás, eu diria, não é dos melhores, nós poderíamos usá-lo de maneira
que agregasse muito mais valor. A minha abordagem é no sentido de procurar
mostrar que temos discutido esse assunto com bastante profundidade na Federação
das Indústrias, na Firjan. Já levamos essa posição para Brasília, discutimos com a
CNI e também com os deputados da Comissão de Energia da Câmara Federal, dentro
de um contexto que entendemos deveria ser, trabalhando uma política específica para
o gás no Brasil prevendo um pouco o futuro. Evidentemente, nesse particular, o Rio
de Janeiro tem uma posição proeminente.
Vamos começar. Qual o objetivo? Construir uma política racional
e duradoura para o gás natural, que seja sustentável. A estratégia básica, a idéia, é
termos uma política de preços no País que se incentive melhor a utilização do gás
natural em relação à situação de hoje. Hoje, a grande parcela do gás natural é

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utilizada como combustível, e o que ele substitui é produto de menor valor agregado
dentro da indústria do petróleo, que é o valor usado como energia. Ele tem utilizações
muito mais nobres do que essa.
Então, a linha a que propusemos é a de buscarmos uma estratégia
em que possamos utilizar o gás de maneira um pouco mais nobre. Só para dar um
exemplo, o Brasil importa 80% do fertilizando que utiliza. Se o país quer ser um
grande produtor de grãos – como pode ser – não pode importar 70%, 80% do
fertilizante. Nós não temos uma indústria que atenda a nossa necessidade de
fertilizante, porque os preços do gás não tornam possível que essas indústrias se
instalem. Quando comparamos o preço do gás no Brasil com o de outros países,
vemos que aqui o preço é muito alto. Tem uma razão de ser. Se vai discutir por que
era alto, porque não tínhamos uma matriz de gás expressiva, a Petrobras teve e está
tendo de investir uma enorme quantidade de recursos para criar um mínimo de
logística para o gás. E evidentemente, numa circunstância dessa, não é fácil, é muito
complicado justificar que você tenha preços de gás atrativos para a indústria. Não
temos uma indústria química que usa gás em expressão. A nossa indústria química é
muito pobre. Exemplo típico, o próprio caso do Estado do Rio de Janeiro que nossas
linhas de etanol praticamente pararam por conta que o preço do gás não justificava.
Era mais barato importar o metanol do que produzir aqui. E outras indústrias que
poderiam eventualmente utilizar gás e não o fazem, porque os preços não são
convidativos. Tudo dentro desse contexto sobre o que fazer para frente. Procuramos
mostrar como é que a demanda e como estamos. Quais são as parcelas dos vários
segmentos que utilizam.
Vamos adiante. Aí, como a demanda está crescendo. Ela está
crescendo dentro da linha que comentei, como substitutivo energético.
Vamos adiante. Sobre a oferta, a tendência da oferta é de crescer,
gritantemente, de crescer, outra vez sem falar no pré-sal. Na hora em que
adicionarmos o pré-sal esse problema se torna bastante sério. Vamos ter uma oferta
muito maior do que a demanda. E aí vem a grande questão de que nós deveríamos
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planejar isso com antecipação, no caso do Rio de Janeiro, porque está a grande
produção.
Há expectativa com o pré-sal de no ano de 2020, quer dizer, dez
anos à frente, qualquer indústria que você queira instalar, o prazo não pode ser
inferior a dez anos, em nível de perspectiva, de planejamento. Qualquer indústria que
seja instalada precisa de um prazo desse tipo para poder se materializar. Então, você
tem que ter uma política que anteceda a isso para que ela possa se planejar. Não
adianta eu trabalhar com um prazo de seis meses. Ninguém vai implantar uma
indústria, com investimentos pesados, se não tiver garantia de fornecimento
sustentável num prazo maior em condições de competitivas.
Vamos adiante. No mercado potencial, aí abordamos os vários
segmentos e menciono fundamentalmente alguns segmentos: como o GNV – que foi
mencionado – pode substituir a gasolina e o álcool, que são, na cadeia no petróleo, os
produtos de maior valor agregado. Então, se você substitui está agregando valor.
Você pode substituir o óleo diesel - também já foi mencionado aqui – em caminhões,
em motores de carga pesada. O diesel também tem valor agregado alto e tem uma
característica, ele é bem inexperiente do que o gás natural, se usado no lugar dele. Por
exemplo, o Brasil tem investido um monte de dinheiro para produzir o tal Diesel S-
10, que tem 10ppm de enxofre, exatamente para evitar, para diminuir os gases de
efeito estufa. O gás natural tranquilamente é um substitutivo para o óleo diesel e
transportes pesados. No Rio de Janeiro, se você substitui a frota de ônibus da cidade,
em torno de 15.000 veículos, de óleo diesel para gás natural, você agrega um enorme
valor, melhora substancialmente a condição ambiental e aumenta o consumo de gás,
que pode atingir até 1milhão m³/dia, só na frota de ônibus do Rio de Janeiro. Isso
pode ser repicado em várias grandes cidades do Brasil, como São Paulo e outras.
Adiante. O primeiro ponto que eu queria mencionar e que acho
talvez seja a grande chance que está aparecendo. O gás natural sempre foi agregado
ao petróleo no que diz respeito ao preço dele, em função da quantidade de energia
que você possa utilizar de um e de outro. E você tem uma relação mais ou menos da
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seguinte natureza: nos Estados Unidos, por exemplo, você tem o preço de gás daquela
ordem que é mencionado naquele gráfico, que chegou a cerca de dois dólares e hoje
está em torno de quatro, isso se relaciona ao petróleo na faixa dos 30 ou 35 dólares o
barril. O que aconteceu? Há indicações bastante precisas de uma gigantesca
descoberta de gás natural nos Estados Unidos inshore em terra, o chamado shore gas;
só para vocês terem uma ideia dos valores que são indicados com precisão bastante
grande, porque são fatos bastante estabelecidos, e foi discutido tremendamente nesse
último congresso mundial de gás que teve recentemente em Buenos Aires, que as
reservas americanas de gás, uma grande preocupação dos Estados Unidos, teria uma
duração da ordem de 12 anos, passa com essa nova descoberta para mais de 40 anos.
Os americanos resolveram o problema de gás deles, que era uma grande preocupação
não só para eles, mas para o mundo inteiro. As grandes empresas de petróleo estão
investindo dezenas de milhões de dólares no Oriente Médio para produzir GNL para
transportar, para atender ao mercado americano. O que vai acontecer? Com essa
descoberta dos americanos esse gás, que estaria sendo produzido na Ásia sob forma
liquefeita, não vai ter mercado nos Estados Unidos.
Vou usar uma expressão forte, mas serve para colocar o que deve
ser dito: o mercado vai ser inundado de gás natural. Isso explica o que aconteceu,
porque houve um desprendimento do preço do gás. O petróleo foi pra 70 dólares, e o
gás caiu de 11 para quatro ou cinco dólares. O mercado americano já está
precificando esse aumento da produção de gás natural, o que significa dizer que no
caso do Brasil nós vamos ter o mesmo problema. A estratégia que a Petrobras estava
adiantando era no sentido do excedente de gás natural que teríamos com as
descobertas do pré-sal seria liquefeito e eventualmente exportado. Para você colocar
gás nos Estados Unidos a três ou quatro dólares por milhão, em BTU, vai ter que sair
gás daqui quase a preço zero.
Isso significa que a própria companhia, a Petrobras, vai ter que
mudar sua estratégia no que diz respeito ao mercado interno. Ela vai ter que
desenvolver posições conforme o mercado interno se desenvolva, para que ela possa
colocar o gás aqui no mercado interno, e não no externo. Até porque ela não poderá
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produzir petróleo se não der um rumo para o gás. E ela exportar a gás ao preço dos
Estados Unidos a três ou quatro dólares por milhão de BTUs, vai sair quase a preço
zero aqui, se não for impossível nessas condições, ou seja, dando prejuízo. Então, até
dando condição – isso é que eu acho que é a grande conclusão – tem toda uma
condição de nós desenvolvermos uma política no Brasil, e particularmente no caso do
Estado do Rio de Janeiro, para você utilizar o gás no mercado interno em vez de
vender para o mercado externo. E, utilizando no mercado interno, tanto quanto
possível agregando mais valor, substituindo gás natural liquefeito, gás natural
veicular – substituindo álcool e gasolina, substituindo o diesel, usando na indústria
química para produzir uma série de produtos; na indústria petroquímica, em que
também o uso do gás é extremamente pequeno. O volume de gás que de São Paulo
vai entrando, lá em Caraguatatuba, é gigantescamente grande, e não está se pensando
na utilização das frações mais nobres do gás natural, que é o uso da indústria química.
Então, nós estamos – nós, eu digo, nós brasileiros e
particularmente nós, do Estado do Rio de Janeiro – temos que pressionar de um lado
o governo, do outro lado a Petrobras, para perceber – isso claramente está caindo a
ficha – que o mercado de gás natural no mundo vai mudar e particularmente no Brasil
também deve mudar. E nós temos todas as condições de poder fazer isso.
Então, eu acho que o grande papel que nós vamos ter que vencer é
exatamente criar condições para que isso possa se proceder, através dessas
colocações feitas aí. Esse eu acho que é o recado, essa é a mensagem. Há um
potencial enorme de produção de gás. Vamos ter excedente de gás. O preço do gás no
Brasil é o único preço que tem vinculação com o mercado internacional. Todos os
outros produtos, volta e meia você ouve reclamos de que está um pouco zoneado,
mas de tempos em tempos esse alinhamento é feito. No caso do gás natural, não. O
preço nosso é mais ou menos o dobro do preço dos grandes mercados lá fora, e todo o
quadro futuro é de um trading, de uma tendência de que vai haver um excesso de tal
ordem que o preço do gás natural no mundo vai cair vertiginosamente e nós vamos
ter que trabalhar para que isso aconteça também no Brasil, e criar condições para usar
nosso gás de maneira bem mais nobre.
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Era essa a mensagem. Muito obrigado. (Palmas)


O SR. PRESIDENTE (JORGE PICCIANI) – Obrigado, Dr.
Armando Guedes. Com a palavra, o Presidente da Agenersa, Dr. José Carlos dos
Santos Araújo.
O SR. JOSÉ CARLOS DOS SANTOS ARAÚJO – Boa tarde a
todos, primeiramente agradeço o convite para me apresentar no Fórum, saúdo a Mesa
ao saudar o Exmo. Presidente Jorge Picciani. Deputados presentes, demais
convidados, meus pares de Conselho, eu ouvi atentamente todos os outros
palestrantes. Na verdade, o que faz a agência reguladora? Reúne todos esses debates e
regula, dirime os conflitos, decide as margens, fiscaliza as obras e se prepara para o
futuro.
O conceito de agência ainda é muito pouco divulgado; poucos
conhecem, mas a agência nesses últimos dez anos, no Rio de Janeiro, tem prestado
acho que um bom serviço. Vou tentar resumir, rapidamente, mas a agência foi criada
nós somos herdeiros da Asef – em 97, por diversas leis, e continua funcionando. A
agência reguladora tem como objetivo principal esse que nós falamos: cuidar do
contrato de concessão, verificar que a concessionária está fazendo todos os serviços
contratados, verificar que ela está tendo a remuneração devida; proteger os
consumidores, implantar as políticas públicas, principalmente; regular todas as
questões - vou pulando os slides – e também fazer esse tripé entre o poder concedente
– estados e prefeituras – concessionárias, consumidores, nós temos a figura da
agência reguladora. A agência reguladora é um órgão independente criado por esta
Casa, esta Casa nos deu autonomia econômica, administrativa e financeira, mas nos
deixou tão liberta de cometer ilegalidade. Então, a agência é fiscalizada tanto pela
Assembleia Legislativa, que tem esse poder, o Ministério Público, Poder Judiciário,
de vez em quando a própria concessionária procura para corrigir ou para tentar
corrigir atos da agência, e pelo Ministério Público.
A agência trabalha como? Isso é importante: ela trabalha através
do processo regulatório. São processos criados pela agência, com pleitos das
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concessionárias, com pleito do poder concedente, com pleito dos usuários, e todos os
nossos pleitos são julgados em sessão pública. Nossa agência não julga nada em
sessão fechada. E as nossas sessões, desde o dia 30/06 passado, são todas
transmitidas pela Internet. Pela nossa página da Internet, qualquer pessoa pode
acompanhar nossas sessões, que normalmente são na última semana do mês.
Também temos, quando todo assunto é muito importante,
precedemos isso de uma grande discussão, de uma grande audiência pública, como
foi o caso dos consumidores livres, das revisões quinquenais e de outros assuntos de
grande importância.
Também temos a consulta pública. A nossa Ouvidoria tem agido
hoje com bastante eficiência. Nós temos um quadro ali, só para citar, que chega a
nossa Ouvidoria basicamente 0,013% do número de reclamações proporcional ao
número de usuários. Desse total, a agência tem conseguido resolver 90,73% na
Ouvidoria, sem ir ao conselho diretor. Isso, eu acho que é um grande feito da agência.
Nós temos trabalhado sempre com convênios com a UFF,
Fundação Getúlio Vargas, IME, ANP, NTT e outros órgãos.
Eu vou pular algumas coisas que já foram ditas pelos demais, para
apressar um pouco a apresentação. E vou falar um pouco sobre a estrutura tarifária
que muitas pessoas confundem que a agência faz a tarifa. A agência não faz a tarifa: a
agência regula a margem, que é de aproximadamente 15% do que é a tarifa. Então,
nós temos várias formas de reajuste da tarifa. Uma, é a própria revisão quinquenal de
cada cinco anos, considerando todas as políticas públicas, os investimentos futuros,
todos os equilíbrios e desequilíbrios nós reavaliamos para os próximos cinco anos.
Nós temos, uma vez por ano, reajuste da margem, no dia 1º de
janeiro, pelo IGPM. E também toda vez que a Petrobrás sobe ou desce o gás,
imediatamente, a commodity, o preço final sobe ou desce. Mas somente nós contamos
com 15%, essa margem que é capaz de fazer todo o investimento, a universalização
do gás no Estado do Rio de Janeiro. Então, quando se paga a conta de gás, a agência

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só regulou 15% daquela conta, e esses 15% são capazes de proporcionar a


universalização de todos os serviços de manutenção, investimentos do gás no Rio de
Janeiro.
Eu também vou, para ser mais rápido, como me foi pedido, citar
algumas ações importantes da agência. A nossa agência fez a primeira revisão
quinquenal do Brasil de uma concessão. Isso foi um fato novo nos primeiros cinco
anos das agências. Já estamos agora na segunda revisão quinquenal da CEG-Rio
concluídas. Também somos a primeira agência que regulou o consumidor livre no
Brasil.
Tivemos a importância de acompanhar e concluir a transformação
de gás manufaturado para gás natural. Isso foi talvez a maior conversão feita no
mundo, mais de 500 mil usuários.
A nossa agência tem definido os investimentos, acompanhado,
fiscalizado. Nossa agência permitiu o GNC, falado aqui pelo presidente, que hoje é
capaz de se levar gás a certo município, antecipando investimento, levando-o
comprimido para, mais tarde, levá-lo por canalização.
E temos o último desafio, um desafio que é para agora, que é
regular a futura lei do gás, para ela acabar de ser regulamentada. Já estamos
estudando e prontamente, saindo a regulamentação, a agência abrirá audiência
pública para ouvir todos os seus usuários e, em pouco tempo, acho que em dois, três
meses nós teremos regulamentada a Lei do Gás.
Acredito que a Agência tem prestado um serviço importante; tem feito o seu trabalho
de mediação; tem feito o seu trabalho de acompanhamento; tem feito o seu trabalho
de prestar contas; tem feito o seu trabalho de ser democrática e transparente.
Agradeço a todos, não quero mais tomar o seu tempo. Acho que os
palestrantes anteriores esgotaram bastante o assunto da distribuição do gás no Rio de
Janeiro. Acho que hoje o ambiente regulatório no Rio de Janeiro, eu acho que foi dito

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por todos os componentes, pelo poder concedente, pelos nossos usuários, pelos
clientes consumidores, pelas concessionárias, é de paz.
Então é isso que a Agência pugna, é isso que a Agência pretende. É
a harmonia entre todos nós.
Muito obrigado. (Palmas)
O SR. PRESIDENTE (Luiz Paulo) – Obrigado, Dr. José Carlos.
Eu quero convidar o Deputado Domingos Brazão para fazer uso da
palavra, visto que V.Exa. está inscrito e foi um daqueles que pediu ao Presidente
Jorge Picciani que participasse do Fórum de hoje.
O SR. DOMINGOS BRAZÃO – Nobre Deputado Luiz Paulo nosso
companheiro de Assembleia, que preside esta solenidade, Senhores da Mesa – não
vou citar nominalmente, porque já foram citados aqui diversas vezes – Srs.
Deputados, Senhoras e Senhores, nosso cordial boa tarde. Inicio parabenizando, mais
uma vez, a Assembleia, na pessoa do Presidente, pela criação do Fórum Permanente,
que reúne mais de trinta instituições para debater os principais temas do
desenvolvimento sócio-econômico do nosso Estado na certeza de que a Assembleia
tem dado uma contribuição significativa nesses fóruns. Acima de tudo, é uma
oportunidade para os Deputados aprenderem mais sobre os diversos temas que aqui
são discutidos e elaborarmos, a partir daí, leis que possam colaborar com o
desenvolvimento do Estado. Também quero cumprimentar de maneira muito especial
os Conselheiros das Agências que estão aqui presentes.
Deputado Luiz Paulo, eu inicio dizendo que talvez o nosso
problema – quando digo nosso, não é só do Rio de Janeiro, mas de todo o Brasil –
seja a forma de encarar a coisa, como vemos a questão da energia e do
desenvolvimento. Todos nós sabemos que embora a energia mova o mundo, embora
nós estejamos assistindo ainda os noticiários de ontem à noite e de hoje, dizendo que
o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, bem como o representante da
China, anunciaram que não levariam à Copenhague uma proposta concreta de
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redução do efeito estufa. E me pergunto o porquê de não levar uma proposta


concreta? Ora, porque reduzir efeito estufa implica em reduzir o desenvolvimento
econômico. Então a China, que é um país de Primeiro Mundo hoje, do ponto de vista
econômico, embora com problemas de Terceiro Mundo, se ausenta de levar uma
proposta concreta porque entende que diminuirá a sua condição de competir no
mundo. Da mesma forma, o Congresso americano não deu ainda ao Presidente dos
Estados Unidos autorização para ele falar em percentuais.
E se nós temos, no Brasil, uma fonte de energia que é ao mesmo
tempo competitiva, barata, mas também é uma fonte de energia limpa, que é o gás.
Pode-se trabalhar nas duas pontas. O gás permite a não desaceleração da economia e
contribui para a diminuição da poluição. Então eu me pergunto o porqudo termos Excluído:
ê
uma política, como foi dito aqui pelo Dr. Armando Guedes, voltada para que este
Excluído:
produto passe a ser o principal produto da cadeia. Ou seja, nós temos que inverter a e nã
mão, quando não pudermos usar o gás devemos pensar no óleo diesel, pensar numa
gasolina. Pois depois dos hidros, certamente o gás teria de ser a principal fonte de
energia.
É uma pena que o nosso Secretário de Indústria e Comércio já
tenha ido, mas o Dr. Jorge Loureiro o representa muito bem. Houve um equivoco na
fala do nosso Secretário quando se falou do preço. Por que o gás do Rio de Janeiro,
que é um estado produtor, chega a custar 40% mais caro do que o gás da Bolívia ou
50% mais caro do que o gás dos Estados Unidos? Nós estamos exatamente na
contramão da história. Um mercado que diz que pode se autorregular com a oferta e a
procura, se nós conseguirmos viabilizar o preço para este produto, certamente as
nossas indústrias serão mais competitivas quanto ao seu produto. Poderemos
competir em melhores condições com as indústrias nacionais e, também, no que se
refere às exportações. Porque teremos uma fonte de energia muito mais barata.
A outra pergunta que não se cala é como explicar ao cidadão
comum, eu sinceramente não consigo explicar, que importamos 24 milhões de metros
cúbicos/dia da Bolívia, para honrar um contrato - e aqui não vai nenhum desejo para
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desonrarem contratos, ao contrário, o Brasil historicamente é um país que honra os


seus acordos. Mas se queima 12 milhões de metros cúbicos/dia. Além de queimar
metade deste capital, que é importantíssimo para as questões sociais, mais uma vez,
se contribui para o aquecimento global, na contramão da história.
Em relação ao Rio de Janeiro, mais especificamente. Há uma
política clara do Estado de São Paulo que é a política do álcool, muito bem lembrada
pelo Dr. Bruno. Mas São Paulo justifica-se, porque São Paulo é um estado produtor,
um estado que vende álcool para o Brasil inteiro. Mas quando o Rio de Janeiro
compra álcool de São Paulo, com todo carinho e respeito que São Paulo nos merece,
nós estamos gerando riquezas no Estado de São Paulo, em detrimento de gerar
emprego dentro do nosso Estado. Então, mais uma vez, nós caímos na vala comum
do inexplicável, este tema que tem sido debatido aqui quase que semanalmente, não é
Deputado Luiz Paulo? Em especial eu e o Deputado Luiz Paulo, porque são coisas
que não se pode compreender. Então, fica aqui a sugestão do Dr. Jorge Loureiro ao
Secretário. O Secretário precisa buscar um entendimento com a Petrobrás de modo
que possa reduzir o preço do gás no Rio de Janeiro. Se tivesse uma política nacional
seria até um pouco mais fácil de compreender. Se tivesse uma política nacional que
ditasse uma média de preços. Se o preço na Bolívia caísse hoje, então, faríamos o
equilíbrio dos estados do Sul, de São Paulo e do Rio de Janeiro com o resto do Brasil,
onde eles pagariam um pouco mais caro do que estão pagando hoje, e o resto dos
estados um pouco mais barato. Você teria o equilíbrio nas contas. Equilíbrio esse que
para o Rio de Janeiro já não seria muito aceitável, sendo um estado produtor. Mas,
pelo menos, haveria um equilíbrio, haveria um preço nacional do gás. Mas, o Rio de
Janeiro, como um estado produtor, infelizmente, amarga um preço de 40% maior.
Então, é uma coisa que não se compreende. Acho que, dentro de pouco tempo,
estaremos – e foi lembrado aqui novamente pelo Dr. Armando – numa situação muito
delicada, porque quando entrar realmente em produção os novos poços, nós teremos,
no mínimo, mais dez ou 15 milhões de metros cúbicos aproximadamente e não
teremos mercado para absorvê-los. Acho que foi uma falha estratégica, porque no
primeiro susto que a Petrobras tomou - quando os reservatórios sinalizaram ficar
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abaixo da média -, de repente, sem nenhuma preocupação com os efeitos, suspendeu


o abastecimento do gás no Rio de Janeiro. Isso trouxe um processo de insegurança e
de desconfiança, e a confiança é fator prioritário em qualquer relação, seja comercial,
seja amistosa, seja familiar; quando rompe a confiança, as demais coisas tendem a dar
problema.
Quando a Petrobras, sem se preocupar com os efeitos que isto
traria, no primeiro sinal de baixa toma este tipo de atitude, ela nos faz lembrar a
época do programa do álcool, na década de 80. Vivemos hoje um momento onde há
sobra de gás, porém as indústrias, desconfiadas, não convertem os seus motores
mesmo sabendo que hoje está mais barato do que os outros combustíveis. A
desconfiança joga por terra um trabalho de dez anos, no Estado do Rio de Janeiro, e
podemos afirmar que o Governo do Estado do Rio de Janeiro foi um Governo que
acreditou no gás; um Governo que investiu; que criou incentivos para a indústria,
haja vista que o ICMS do gás, aqui, é bem mais barato do que a maioria dos Estados;
um Governo, que no caso do GNV, abriu mão de três terços do IPVA, acreditou e as
empresas, gradativamente, estavam convertendo os seus motores.
O tema dos ônibus. As empresas de ônibus foram visitadas pela
Petrobras, pela CEG, enfim, no sentido de convencê-las converterem os seus motores.
Então, hoje, já poderíamos ter boa parte da frota dos quase 15 mil ônibus do Estado
do Rio de Janeiro, trabalhando com o gás. Logo, concluímos que o problema não está
no Estado; o problema não está em quem distribui, mas em quem produz. E acredito
que este fórum pode contribuir com um documento, uma carta exigindo à Petrobras
um tratamento respeitoso para com o Estado do Rio de Janeiro, na cadeia de energia.
É isso o que eu tinha a dizer.
Agradeço a V.Exa., ao Presidente Luiz Paulo, e aos
senhores.(Palmas)
O SR. PRESIDENTE (Luiz Paulo) – Obrigado, Deputado
Domingos Brazão.

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Tenho aqui duas perguntas para serem feitas, da jornalista


Fernanda ao Presidente da CEG. Antes, aqui me passa o Dr. Jorge Loureiro que, no
dia 23 de novembro, haverá um workshop sobre GNV em veículos pesados, no Rio
Othon Palace Hotel: “GNV em Veículos pesados: oportunidades, desafios e
estratégias”. Está feita a divulgação.
Dr. Bruno, a Fernanda faz duas perguntas a V.Sa.: “O Gás Natural
pretende aproveitar a expertise da União Fenosa e investir em GNL no Brasil?
Como?”. E a segunda: “Por que não houve interesse dos grandes consumidores do
Rio de Janeiro em se tornarem livres? O senhor acredita que em São Paulo será
diferente? Por quê?”.
O SR. BRUNO ARMBRUST – Bem, com relação à primeira
pergunta inicialmente quero comentar que, o Gás Natural e a União Fenosa, os dois
tinham experiência em GNL, sendo que grupo Gás Natural, numa sociedade com a
Repsol, com 50% de participação de cada um, tinha uma frota muito maior do que a
União Fenosa. Ao contrário, a Fenosa tinha dois projetos no Egito de GNL. O
importante é que a soma das duas empresas incrementa o potencial, a experiência e a
expertise dela.
Como isso poderia ajudar na participação aqui no Brasil? De
imediato, a partir do momento que o país tem terminais de regaseificação para
offshore, os que foram comentados aqui anteriormente, o Gás Natural pode usar o seu
conhecimento, todo o gás que ela tem contratado e que comercializa para,
eventualmente, se houver interesse, colaborar trazendo gás GNL para ser
regaseificado.
Em relação a projetos, ao contrário, quer dizer, num projeto de
liquefação, como se vem comentando aqui, para o futuro, não temos ainda nada
preconcebido. Quer dizer, são projetos que ainda estão numa fase embrionária e
temos de esperar para ver como vai evoluir e ver se haverá algum interesse.

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De qualquer maneira, o Brasil hoje – eu até me sinto muito


orgulhoso quando vou a fóruns aí fora – é um país que está na moda. Quer dizer, o
Grupo tem muito interesse em ampliar os investimentos. Um dos sócios do Grupo, a
própria Repsol, vem anunciando também alguns investimentos. E, na verdade, existe
um fator que é muito importante, de sazonalidade, quer dizer, quando se tem um
regime de inverno na Europa, necessita-se mais do gás; aqui no Brasil também tem
um período de chuvas que necessita menos. Então, há uma complementaridade que
eventualmente o Gás Natural, com o seu conhecimento de longo tempo de mercado,
somado a União Fenosa pode ajudar.
Quer dizer, acho que existem players mais importantes aqui neste
momento, como o trabalho de exploração da própria Petrobras, quer dizer, são
questões que devem avançar passo a passo no decorrer do tempo. Mas seguramente o
Gás Natural tem interesse no presente e no futuro nos projetos do GNL.
Com relação à segunda questão, a legislação de clientes livres aqui
no Rio de Janeiro é bastante recente. Em São Paulo ainda não existe. Quer dizer,
ainda vai existir agora proximamente. Agora, para que uma indústria possa se tornar
livre, ela terá de contratar da distribuidora o serviço de distribuição. Quer dizer, ela
vai ter que trazer o gás, por meio de um gaso transporter contratado diretamente de
um produtor, diretamente à city gate e o entregar. A tarifa, daí para frente, já está
regulada pela Agência. Daí para trás, porque, no meu entendimento, a coisa ainda não
ocorreu. Hoje não existem grandes ofertantes de gás. Quer dizer, na medida em que
isto possa existir no futuro, eu acredito que o mercado possa desenvolver. Por
enquanto é mais cômodo, é mais confortável para ela comprar, para a indústria
comprar gás da CEG, da distribuidora, e nós contratamos o gás com a Petrobras
porque conseguimos flexibilizar as condições de take or pay, uma série de outras
questões, na medida em que preço por preço não traria qualquer vantagem
competitiva ela contratar direto na Petrobras.
Eu acho que essa é uma questão que no Brasil aconteceu ao
inverso do que acontece na maior parte dos países mais desenvolvidos nos quais a
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liberação vem da produção para a distribuição, quer dizer, do grande para o pequeno.
E aqui foi ao contrário; aqui começou do pequeno para o grande. Então, é uma
questão que seguramente vai evoluir com as descobertas que têm. Com o
desenvolvimento de outros ofertantes a condição futura pode mudar. O Rio de Janeiro
tem hoje uma legislação e quando isto vai ocorrer não dá para precisar neste
momento. Mas em algum momento acredito que isto vá ocorrer e vão existir
condições para tal.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Paulo) – Temos aqui ainda mais duas
perguntas para que eu possa fazer, posteriormente, o encerramento.
O autor das perguntas é o Sr. Celso Silva, Diretor Comercial da El
Paso Óleo e Gás do Brasil, dirigida também ao Dr. Bruno: “Como a regulamentação
da lei do gás poderá contribuir na aceleração do desenvolvimento do mercado de gás?
Que ações devem ser implementadas para permitir a aproximação de outros
produtores de gás à CEG?”
O SR. BRUNO ARMBRUST - Eu vou começar pela segunda.
Com relação a isto podemos sair ali fora e conversar sem nenhum problema.
Bem, brincadeira à parte, a lei do gás eu acho que é muito
importante. A legislação precisa ser alterada. Já temos a lei; ela precisa, agora, ser
regulamentada e que, no nosso entendimento, seria importante que a regulamentação
criasse condições e que outros produtores pudessem, eventualmente, ofertar. Nesse
sentido é importante, por exemplo, que as infra-estruturas que existirão no futuro,
independente de ser estatal ou privada, sejam possibilitadas realmente a outras
empresas. Quer dizer, é importante que o Governo defina as infra-estruturas; que ele
defina que plantas de regaseificação existirão, quer dizer, que o planejamento seja
feito pelo Governo. Acho que a Petrobras desenvolveu este mercado com muita
competência nos últimos anos, mas a chegamos a uma nova etapa, quer dizer, uma
nova dimensão futura. Temos o pré-sal, onde tem toda essa conjuntura dos Estados
Unidos, Dr. Armando falou. Hoje existe um excesso de oferta e se tivéssemos,
digamos, um marco regulatório distinto, eventualmente... Se tivéssemos terminais de
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regaseificação ao longo de toda a costa, como em outros países têm, o caso da


Espanha, por exemplo, em que fosse fácil você descarregar um barco, poderíamos
estar comprando o GNL a 3,50 e não a 8, 9 dólares.
Então, eu acho que a regulamentação é importante. No entanto, eu
quero deixar claro que é importante o Governo definir o planejamento. O Governo
definir o que ele quer. E todos os agentes devem se preparar, se estruturar, inclusive a
Petrobras. Eu acredito que é importante, até para a própria Petrobras. Ter outros
ofertantes atuando em um mercado que é, hoje, totalmente globalizado eu acho
saudável e isto, de certa forma, dará outro dinamismo e dimensão ao mercado.
Da nossa parte, vemos com muito otimismo as fases futuras e
gostaríamos muito de estar conversando. A Petrobras é a nossa sócia, uma das
distribuidoras, mas gostaríamos muito de conversar com outros produtores. Mas eu
acho que a infra-estrutura deveria, na regulamentação, permitir o máximo de livre
acesso possível, para que outros produtores pudessem eventualmente ofertar. Esta é
uma questão que, no final, é o Governo, é o país que tem que decidir e depois os
agentes, que estão aí, trabalharem dentro desta regra.
O SR. LUIZ PAULO – Obrigado, Dr. Bruno. Eu vou fazer aqui
um encerramento. Eu tinha me inscrito para fazer uma intervenção, porque eu
converso aqui muito com o Deputado Domingos Brazão sobre a política de gás de
uma maneira geral, e o Deputado Domingos Brazão tem um interesse até muito
focado também na política de preços do gás. Eu queria rememorar, apesar do texto
que o Deputado Jorge Picciani leu na abertura dos trabalhos, que, quando houve a
crise e o ONS determinou à Petrobras que ligasse as termoelétricas, ela ligou as
termoelétricas e faltou GNV para nossa frota de veículos e para algumas plantas
industriais. Perguntamos aqui por que a Petrobras não tinha ligado a térmica de Santa
Cruz? E a resposta que veio foi porque ela era a diesel e, por via de consequência, iria
poluir nosso meio ambiente. Nós insistimos: mas será que não foi uma posição de
mercado, porque custava mais caro operar Santa Cruz do que operar as térmicas a
gás? Não, foi porque era uma questão ambiental. O Deputado Domingos Brazão - eu
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fui assinante da mesma proposta - o Deputado André Corrêa e uma séria de


parlamentares fizeram uma proposta de priorizar, na escassez, qual deveria ser o
destino do gás. Chegamos a votar; teve aqui uma audiência pública com a Sra. Foster,
diretora do gás da Petrobras, que fez uma longa preleção, demonstrando, Dr.
Armando Guedes, que o Estado do Rio de Janeiro ia ser auto-suficiente em gás.
Realmente essas demandas estão aumentando consideravelmente. A argumentação
era de que a questão era o meio ambiente e não uma questão de mercado. Mas,
recentemente, com a crise, a oferta de gás aumentou bastante e a queima também.
Então, arguimos a Petrobras se isto não era uma questão específica de mercado; se
não estava se repetindo aqui o caso do café e similares que já aconteceram: Não, não
é por causa do mercado. Se não é por causa do mercado, cadê o respeito ao meio
ambiente, que foi a primeira premissa? E o que está errado nisso tudo, no meu
entendimento? Nossa agência reguladora, Dr. José Carlos, regulamenta a questão no
tocante especificamente aos 15% de margem. A Agência Nacional de Petróleo e Gás
deveria, no meu entendimento, regulamentar o preço do gás nacionalmente, ou quiçá
o Ministério de Minas e Energia. Como podemos entender que a principal empresa
produtora seja definidora do preço? Então, na medida em que gás não é commodities,
por via de conseqüência não está vinculado a preços internacionais, tem que haver
uma política de preços de um órgão que veja o Brasil como um todo em relação a
essa política de gás. Considerando inclusive, Dr. Armando - e aí eu tenho as minhas
dúvidas de que sempre a oferta será maior do que a demanda – os diversos cenários,
95% do nível das hidrelétricas repletos, 75%, 50% com todos os cenários que gás da
termelétrica vai ser consumido, com todas essas hipóteses. Aí é que vamos ter a
garantia absoluta de que o balanço energético oriundo do gás vai estar atendido.
Acho, Dr. Jorge Loureira, que tem que haver uma questão muito
clara. Creio que nossa Secretaria de Energia tem que se inserir nesse processo de
discussão, a nossa Agência Reguladora também, nesse processo de discussão de
haver uma política de preços nacional para o gás. Porque senão vamos estar sempre
oscilando nessas perspectivas de mercado e no interesse logístico específico do maior
produtor disparado.
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Essa questão nesse debate não está resolvida porque não temos
aqui nem a presença da Petrobras nem a presença do Ministério de Minas e Energia,
tampouco a presença da Agência Nacional de Petróleo. Então, temos que dar um
passo a mais. Quero chamar a atenção para isso.
Essas legislações suplementares que estamos fazendo têm sido
muito oportunas porque têm provocado o debate e têm provocado reação. Aquele
movimento que aqui foi feito na Assembléia há dois anos provocou uma reação na
produção do gás. Agora temos que fazer esse debate para provocar uma discussão
profunda sobre que política de preços nós vamos ter.
O Deputado Domingos Brazão vem insistindo muito nessa tese e
acho que ele tem absoluta razão. Então, acho que ainda falta uma audiência pública
com esse Ministério de Minas e Energia, com a ANP, com Petrobras para discutir
política de preços especificamente.
Antes de concluir, tinha recebido aqui mais uma pergunta e eu não
sabia de onde estava vindo. Seria para o Dr. Bruno. Enquanto empresa que detém o
monopólio de distribuição de gás no Estado do Rio de Janeiro, o que a CEG estaria
fazendo para garantir a segurança do consumidor final de ter seus serviços? A
pergunta é do Grupo Morte por Gás Nunca Mais.
Ainda há uma segunda pergunta para o Dr. José Carlos para depois
fazermos o encerramento. Como uma Agência que se diz fiscalizadora dos serviços
de distribuição do gás no Estado permite que os serviços prestados pela CEG sejam
de qualidade duvidosa, colocando os consumidores finais em risco a maior parte do
tempo? Tem havido grande ocorrência de acidentes sem a devida fiscalização à CEG.
Então, a primeira pergunta ao Dr. Bruno. Passo às suas mãos, caso
o senhor não tenha anotado e depois eu passo ao Dr. José Carlos.
Quero dizer que a Assembleia Legislativa é um ambiente
absolutamente democrático, em que todos têm direito à expressão, àquilo que
desejarem. (Palmas)
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Por favor, Dr. Bruno.


O SR. BRUNO – Sr. Deputado, em primeiro lugar, quero
comentar que, pessoalmente, estive aqui faz algum tempo, participando de uma
audiência pública. Eu ia tratar desse caso, dessa questão que considero difícil e
delicada de se falar num Fórum. De qualquer maneira, deixar claro que os
investimentos que eu comentei anteriormente, vultuosos, que a Ceg comentou, eu
estou muito tranquilo no sentido de falar porque fui presidente da Ceg enquanto ela
era estatal. E eu sei que hoje a companhia, posso afirmar, os clientes e os usuários,
estão muito mais seguros, porque nos próximos cinco anos vamos acabar de concluir
até 2012 a renovação de toda a rede.
Foram substituídas todas as válvulas de segurança que antes,
quando era estatal, não tínhamos recursos para substituir, e algumas vezes não
fechavam. A Ceg fez, durante o processo de conversão, a revisão de cerca de 480 mil
clientes, a Ceg tem um serviço 0800, a Ceg realiza periodicamente, inclusive existe
uma campanha nesse momento sendo veiculada de esclarecimento de segurança, a
gente vem investindo fortemente na formação de instaladores porque não existe
cultura no Brasil como eu falei anteriormente.
Deixar claro que, os nossos clientes representam 13% de toda a
população; cerca de 87% são usuários GLP. A nossa parte viemos fazendo.
Acidentes acontecem em todas as áreas, quer dizer, todas as empresas, todas as áreas
de atuação buscam evitá-los com seriedade e com investimentos. No entanto,
deixamos claro que estamos fazendo investimentos, fizemos vultosos investimentos,
fazemos campanhas de esclarecimento, esperando que pouco a pouco esses tipos de
acidentes diminuam, embora eu queira deixar um testemunho, que no Brasil é um
número bastante inferior.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Paulo) - Muito obrigado, Dr. Bruno.
Por favor, Dr. José Carlos.

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O SR. JOSÉ CARLOS - Sr. Presidente, quero primeiro esclarecer


que a Agência não permite que os serviços prestados pela Ceg sejam de qualidade
duvidosa; pelo contrário, temos fiscalizado e para todos esses acidentes com ou sem
vítimas foram abertos processos regulatórios e estão sendo definidos pela Agência.
Alguns já com punições da Agência pela Ceg, sendo que a nossa comissão é
administrativa; não temos o Poder Judiciário. Porém eu convido, para exaurir a
questão aqui, eu convido o grupo a marcar uma reunião na Agência. Poderemos
discutir melhor esse assunto, quais medidas poderemos tomar, temos tomado várias
resoluções até obrigando que a Ceg desligue o gás quando encontrar algum defeito,
que coloque o lacre. São uma série de medidas que a Agência está tomando.
Acho um campo melhor, o melhor espaço, e é dentro da Agência
que poderemos discutir isso. Então convido, podem agendar comigo, ligar para a
Agência. O grupo está convidado a comparecer à Agência e lá poderemos discutir
esse assunto.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Paulo) – Antes de concluirmos, o
Deputado Alessandro Molon entrou com um projeto de lei sobre essa questão, acho
que foi no ano passado. Para produzir emendas, eu comprei todas as normas da
ABNT. Contrato que a ABNT não fornece, o que vai produzir, desde a posição da
chaminé até a ventilação nas portas dos banheiros.
A rigor, um tema como esse não deveria ser tratado por lei. Por
quê? Porque se tem normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas, é cumprir
o que determina as normas técnicas. Quando não é cumprido, alguém é responsável
por isso, e existem as responsabilidades no campo civil e no campo criminal. Porque
se formos tratar tudo que é matéria em lei específica, transbordaremos até o próprio
conhecimento do Parlamento fluminense, mas mesmo assim produzimos uma série de
emendas, esse projeto foi emendado, saiu de pauta, e até hoje não retornou à pauta.
Como Presidente interino dos trabalhos, vou pedir ao Presidente
da nossa Casa, Deputado Jorge Picciani, que providencie o retorno do projeto à pauta.
E, ao mesmo tempo, a proposta do Dr. José Carlos é válida, de receber pelas pessoas
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que foram duramente atingidas, se organizaram e querem um caminho de solução


para o problema.
Eu agradeço a presença de todos e dou por encerrada a nossa
audiência de hoje.
Muito obrigado. (Palmas)

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