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1. Introdução
Hoje em dia, existe o consenso de que na sociedade pós-industrial, cuja economia assume
tendências globais, a informação passou a ser considerada um capital precioso, equiparando-
se aos recursos de produção, materiais e financeiros. O que tem sido relevante é a mudança
fundamental no significado que a informação assume na nova realidade mundial de uma
sociedade globalizada: agora a informação não é apenas um recurso, mas o recurso. A
aceitação desta idéia a coloca como o recurso-chave de competitividade efetiva, de diferencial
de mercado e de lucratividade nesta nova sociedade.
A importância da informação para as organizações é universalmente aceita, constituindo,
senão o mais importante, pelo menos, um dos recursos cuja gestão e aproveitamento estão
diretamente relacionados com o sucesso desejado. A informação também é considerada e
utilizada em muitas organizações como um fator estruturante e um instrumento de gestão.
Portanto, a gestão efetiva de uma organização requer a percepção objetiva e precisa dos
valores da informação e do sistema de informação.
O projeto proposto é um modelo conceitual de sistema de informação gerencial (SIG).
Começa com a definição de Sistema de Informação, seu escopo e seus objetivos; propõe sua
integração conceitual e sistêmica aos demais subsistemas organizacionais, e termina com a
proposta de implantação de um SIG no processo decisório de uma organização. Mais do que
uma facilidade, o Sistema de Informação Gerencial é uma necessidade.
As informações se configuram como parte fundamental na tomada de decisões e devem ser
íntegras, disponíveis, rápidas, fidedignas e utilizáveis, integrando todo um sistema
organizacional. O SIG se apresenta como uma forma de facilitar e embasar essas decisões,
devendo ser utilizado por todos os níveis gerenciais da organização.
2. Revisão da Literatura
Conforme Nakagawa (1987), através do conhecimento, as regras, diretrizes e procedimentos
são usados para selecionar, organizar e manipular os dados, para torná-los úteis para uma
tarefa específica. O ato de seleção ou rejeição dos fatos, baseados na sua relevância em
relação às tarefas particulares é também um tipo de conhecimento usado no processo de
conversão de dados em informação.
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O conjunto de dados, regras, procedimentos e relações que devem ser seguidos para se atingir
o valor informacional ou o resultado adequado do processo, está contido na base do
conhecimento. Na figura 1, demonstra-se o fluxo de transformação de dados em informação,
ao nível do processo de conhecimento.
Sendo assim, com a informação, um dado torna-se mais útil através da aplicação do
conhecimento. A informação é valiosa se for pertinente à situação, fornecida no tempo certo,
para as pessoas certas de forma não complexa demais para ser entendida, devendo ser precisa
e completa, e de custo compatível (NAKAGAWA, 1987).
Identificar as fontes de dados, os componentes e a forma do processamento dos dados que
serão utilizados, além de especificar o formato, o custo e o tempo mínimo para a apresentação
da informação, são os procedimentos básicos que governam o desenvolvimento dos Sistemas
de Informação.
Conseqüentemente, o Sistema de Informação Gerencial (SIG), responsabiliza-se pela provisão
da organização das informações que a empresa necessita de forma regular e precisa.
É o sistema que transforma dados em informações, que serão usadas posteriormente para a
formação do conhecimento (Laudon, 2004). Na figura 2, é ilustrado o mapeamento do SIG,
transformando os dados em informações para as decisões organizacionais.
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Dados compreendem a classe mais baixa de informação e incluem os itens que representam
fatos, textos, gráficos, imagens estáticas, sons, segmentos de vídeo analógicos ou digitais etc.
Os dados são coletados, por meio de processos organizacionais, nos ambientes interno e
externo. Em suma, dados são sinais que não foram processados, correlacionados, integrados,
avaliados ou interpretados de qualquer forma. Esta classe representa a matéria- prima a ser
utilizada na produção de informações.
A próxima classe é a da informação propriamente dita. Nesta classe, os dados passam por
algum tipo de processamento para serem exibidos em uma forma inteligível às pessoas que
irão utilizá-los. Processar dados inclui a revelação de fotografias de um filme, as transmissões
de rádio transformadas em um formato de relatório padronizado, a exibição de procedimentos
que incluem formatação, tradução, fusão, impressão e assim por diante. Amaior parte deste
processo pode ser executada automaticamente. Moraes (2004), descreve que um dos fatores
determinantes para o correto funcionamento de uma empresa é a forma como esta trata a
informação.
Conforme Nakagawa (1987), uma vez que dados tenham sido transformados em informações,
pelo menos em uma interpretação inicial, é possível refinar as informações mediante um
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processo de elaboração.
As informações resultantes deste processo incluem características adicionais do problema,
geram hipóteses, conseqüências das hipóteses, sugerem soluções para problemas, explanação
e justificativas de sugestões, crítica de argumentos etc. Portanto, a transformação de dados em
informações deve ser vista como um tipo de pré-processamento de um processo de
elaboração.
O próximo nível é o do conhecimento, que pode ser definido como sendo informações que
foram analisadas e avaliadas sobre a sua confiabilidade, sua relevância e sua importância.
Neste caso, o conhecimento é obtido pela interpretação e integração de vários dados e
informações para iniciar a construção de um quadro de situação.
O processo de transformação é realizado por meio de avaliação e dados e Informações
(NAKAGAWA, 1987). Os insumos provenientes das diversas fontes são analisados e
combinados na síntese de um produto final, o conhecimento. É por meio do conhecimento que
aqueles que assessoram as decisões buscam uma compreensão mais efetiva da situação
problema.
O conhecimento não é estático, modificando-se mediante a interação com o ambiente, sendo
este processo denominado aprendizado. Uma visão mais ampla é que o aprendizado é a
integração de novas informações em estruturas de conhecimento, de modo a torná-las
potencialmente utilizáveis em processos futuros de processamento e de elaboração. Além
disto, conhecimentos novos podem resultar de um processo de inferência na própria estrutura
do conhecimento.
O nível mais alto desta hierarquia é a inteligência, que pode ser entendida como sendo a
informação como oportunidade, ou seja, o conhecimento contextual relevante que permite
atuar com vantagem no ambiente considerado. Também pode ser vista como o conhecimento
que foi sintetizado e aplicado a uma determinada situação, para ganhar maior profundidade de
consciência da mesma. Portanto, conforme O´brien (2004), a inteligência resulta da síntese de
corpos de conhecimentos, sendo usados julgamento e intuição daquele que toma decisões, e
obtida uma visualização completa da situação.
Idealmente, o entendimento de uma situação apóia o decisor na visualização do cenário e cria
as condições para que o planejamento possa ser realizado e as ações efetivadas. Além disso,
podem ser revelados fatores críticos em qualquer situação, possibilitando a antecipação a
eventos, mediante o reconhecimento das conseqüências de desenvolvimentos novos ou
iminentes ou dos efeitos de uma decisão. Por isso tudo, a inteligência deve ser a base do
processo decisório, considerando que raramente é possível alcançar a compreensão total.
A transformação de conhecimento em inteligência é realizada por meio de síntese, sendo uma
habilidade puramente humana baseada em experiência e intuição, que vai muito além da
capacidade de qualquer sistema especialista ou de inteligência artificial. Síntese simplesmente
não pode ser reduzida a procedimentos ou regras, por não considerarem o complexo.
Por fim, a experiência pode ser definida como a efetividade da inteligência de uma
organização, que é aperfeiçoada pelas decisões tomadas e consideradas como geradoras de
algum tipo de vantagem. Então, a experiência é uma agregação de valor ao processo decisório
de uma organização, por refletir toda a sua capacitação para atuar com competitividade no seu
ambiente externo.
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4.1 Empresa
A OAM Indústria e Comércio de Confecções e Bordados Ltda. - ME é prestadora de serviços
para o setor têxtil, mais exatamente ramo de bordados. Atualmente conta com 6 máquinas de
bordar automatizadas, uma prensa e uma máquina de corte a laser e 15 funcionários e um
setor de criação de desenhos de bordado, em uma área de cento e oitenta m2.
Atualmente os únicos indicadores utilizados pela empresa, são porcentagem de peças
defeituosas e dados financeiros mensais sem detalhamento adequado.
Para que a empresa possa continuar seu crescimento, torna-se essencial a utilização de um
sistema informatizado que possa se adequar ao trabalho desenvolvido pela empresa e ao
mesmo tempo integre os departamentos e seja capaz de prover informações para melhorar as
decisões e suas operações.
A OAM possui os seguintes departamentos com as respectivas responsabilidades e
atribuições:
a) Vendas – Encaminhamentos de pedidos de orçamento e produção, previsão de demanda,
vendas e cooperação na formação de preços. É a vitrine da empresa perante os clientes.
Na figura 4 são demonstrados como as atividades são executadas e quais informações são
compartilhadas entre os setores da empresa, para a correta execução do processo empresarial.
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Definição de Prazo,
Valores e Crédito
Clientes
Pagamento de Contas,
Negociação de Dívidas
Cotação de Bordado,
Entrega de Pedido
Entrega do Bordado
Prazo, Capacidade,
Definição de Preço,
Previsão de
Ordem de Geração
Demanda, Vendas de desenhos
Vendas Criação
Formação Orçamentos
de Preço Gerados
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Materiais/Revisões
Compras Produção
Orçamento de Pedidos de Materiais,
Materiais/Revisões Reposição/Quebra
Execução de Serviço
Entrega de Material
Material/Serviço
Cotação de
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2. Exibir Pedidos – permite localizar facilmente um pedido ou uma ordem de serviço entre
centenas (ou milhares) de outras;
6. Ajuda – apresenta a Ajuda on-line do produto, que também pode ser acionado pela tecla
F1.
Através do menu Tarefas pode-se acessar algumas outras funções de menor utilização.
A janela Exibição de Pedidos é de suma importância ao bordador, pois após algum tempo
existirão centenas ou milhares de pedidos e ordens de serviço. Diversos "filtros" ou critérios
podem então ser combinados para facilitar a localização do pedido ou ordem desejada.
Na figura 6, à esquerda estão listados os pedidos. Conforme o pedido selecionado, a janela da
direita lista as respectivas ordens de serviço. Com um duplo clique sobre o pedido selecionado
abre-se o mesmo.
A seleção por Bordados é particularmente útil para identificar se um determinado bordado já
foi utilizado, e se alguma observação ficou registrada na ordem correspondente.
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4.2.3 Cadastros
Os cadastros são a base do Gerente. Mantê-los sempre atualizados é essencial para uma
representação fiel da empresa e o correto funcionamento do sistema. Estes são compostos de:
Clientes;
Fornecedores;
Empregados;
Bordadeiras;
Bordados;
Linhas;
Materiais;
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Bastidores;
Cada um destes cadastros armazena informações importantes para que o sistema exerça
adequadamente aquilo que se propõe. Por exemplo, o cadastro de bastidores reúne
informações sobre os bastidores utilizados na empresa, conforme demonstrado na figura 8.
4.2.4 Relatórios
Uma das principais funções de uma enorme base de dados é a extração de informação útil e
clara. Para isto utiliza-se dos relatórios, pois hoje se pode precisar de um com todos os
pedidos pendentes de produção, amanhã outro, com todos os pedidos concluídos e não pagos
por um cliente. Estes podem ser customizados para atender as necessidades individuais do
bordador.
Também com o gerente pode-se imprimir uma série de relatórios "estáticos" em formato de
tabela, pressionando-se o botão "Relatórios" da tela principal do Gerente. O primeiro passo
consiste em escolher o relatório que se deseja visualizar ou imprimir, como mostrado na
figura 9.
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5. Resultados
5.1 A Integração
A seguir são descritos os principais pontos onde o Gerente cooperou para as relações
interdepartamentais da empresa e seus respectivos fluxos de dados. Pelo uso do sistema, as
seguintes interações foram obtidas:
a) Entre vendas e produção – A ordem de serviço é a entidade mais importante do sistema,
permite um controle adequado do processo de produção com o cadastro de eventos ocorridos,
priorizando-se as de ordens de serviço e estimando-se o tempo de produção.
b) Entre compras e produção – Pelo controle de estoque de linhas, o insumo de maior uso por
um bordador é monitorado. Apesar de simples, resolve grande parte dos problemas de
estoque.
c) Entre compras e fornecedores – Pelo cadastro de dados dos fornecedores, seus contatos,
produtos, preços e observações diversas. São gerenciadas as simples relações com os poucos
fornecedores de um bordador. De certa forma, estes dados também podem ser consultados ou
inseridos pelo departamento financeiro/administrativo.
6. Conclusão
O sistema implantado atende em grande parte as necessidades de informações na empresa
estudada. Seu baixo custo, não é um obstáculo para sua implementação. devido o setor ser
reduzido em tamanho. Não há muitas ferramentas disponíveis para escolha, esta ficou
limitada a poucas opções existentes.
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A falta de cultura organizacional pode dificultar a utilização do sistema, por ser um obstáculo
para sua implementação, no entanto, isto deve ser superado com um certo tempo para o total
aproveitamento do sistema.
6.Referências
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