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nascimento, com os dons dos astros, seno com os dons das fadas, o traado
de seu destino; fornecem as palavras que faro dele um fiel ou um renegado ,
a lei dos atos que o seguiro at ali onde ele ainda no est e para alm de
sua prpria morte; e atravs deles, seu fim encontra sentido no juzo final,
onde o verbo absolve seu ser ou o condena a menos que ele atinja a
realizao subjetiva do ser-para-a-morte.
O ato cruel representa uma proteo contra a castrao, assim como a
existncia do objeto atesta a proteo diante da existncia. A destruio ou o
ataque ao objeto diz respeito a uma tentativa de desdm diante do objeto,
diante da prpria condio de objeto. Uma forma de denegar a importncia
do objeto como se isso representasse uma superao da castrao, um jbilo
que denega o fato de que de nada adianta. Na bblia vemos como Deus
reage com crueldade quando os homens o expe a castrao, ao limite de seu
gozo, de seu poder.
A crueldade demasiada humana, psicolgica, a existncia da
psique correlata crueldade humana, diferente da agressividade e da
violncia inerente existncia (como a dos animais e das frias naturais).
Quando olhamos com olhos humanos vemos apenas a parte violenta e
agressiva da crueldade, para enxerga-la com clareza preciso olhar como
olhos demasiado humanos - como olhos psicolgicos.
Artaud apresenta este aspecto denso da crueldade. Trata-se de uma
dor de necessidade implacvel sem a qual no haveria nem vida nem
realidade. Turbilho de vida que devora as trevas sem a qual a vida no
saberia se exercitar. O bem desejado, o mal permanente. Deus quando
cria obedece a necessidade cruel da criao, no pode deixar de criar pelo
ncleo do mal no centro do turbilho violento do bem. um apetite de
viver cegamente, passar por cima de tudo, sem isso a vida seria intil e