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Epidemiologia e Implicações do ADR

Na década passada, a investigação científica estabeleceu a base da eficácia das


intervenções em teorias psico-sociais, desenhadas sócio-culturalmente para ajudar
pessoas a alterar os seus comportamentos sexuais de risco ou de consumo de drogas.
Muitos destes estudos demonstraram os efeitos da prevenção primária através de
intervenções rigorosamente planeadas, tendo estudado não apenas as alterações
comportamentais, mas também a incidência de ISTs e de VIH como resultado.

A abordagem da prevenção VIH pode ser conceptualizada em termos do nível de


intervenção: intervenções face-a-face (individuais; casais; e pequenos grupos);
intervenções direccionadas à comunidade e intervenções de cariz sócio-político.

Pela necessidade de intervenções face-a-face, foi desenvolvido um enorme número de


investigações com vista a identificar abordagens de redução de risco junto de indivíduos,
casais ou pequenos grupos.

Intervenção Comunitária

Em contraste com as intervenções face-a-face, que promovem a alterção comportamental


a indivíduos ou pequenos grupos, a abordagem comunitária é dirigida a populações ou
segmentos específicos vulneráveis à infecção VIH. Estas intervenções têm como objectivo
alterar a prevalência de comportamentos de risco na comunidade transportando para o
nível populacional normas sociais relacionadas com o sexo seguro, percepção do risco,
atitudes ou intenções para a utilização do preservativos e conceitos de auto-eficácia da
própria comunidade na promoção e alteração comportamental.

Intervenção Sócio-política

As intervenções anteriores direccionam-se para a alteração comportamental, ou das


características sociais relacionadas com o risco pela interferência nas atitudes, intenções,
capacidade, percepções normativas, ou outros mediadores. Uma outra abordagem
envolve a alteração das estruturas sociais ou políticas que afectam o comportamento e a
vulnerabilidade à infecção. Como tal, deve existir uma abordagem integral nas estratégias
de prevenção, não abordando apenas as causas de risco mas também as razões de
vulnerabilidade, que reduzem a capacidade das pessoas e das comunidades em
protegerem-se: Redução da vulnerabilidade; Redução do risco; Redução do
impacto. As intervenções estruturais incluem a alteração legislativa e política e
promovem procedimentos operacionais que influenciam o comportamento de risco,
enquanto que as intervenções ambientais são aquelas que têm impacto nas condições de
vida, recursos, ou oportunidades sociais relacionadas com o risco ou segurança (ex.:
Programa Troca de Seringas).

Aconselhamento, Diagnóstico e Referenciação (ADR) como estratégia de Saúde


Pública

O ADR de qualidade não só permite e encoraja o acesso das pessoas com VIH a cuidados
adequados como também é eficaz na prevenção da infecção. As pessoas que têm acesso
aos centros de aconselhamento, diagnóstico e referenciação adequados reflectem sobre
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os seus valores e práticas de risco, e um diagnóstico, positivo ou negativo, encontra-se


frequentemente associado à redução de comprotamentos de risco.

O serviço ADR pode ser utilizado para possibilitar o acesso a informação sobre
comportamentos de risco individuais e prevenção do VIH. Os utentes aprendem quais as
formas de transmissão do VIH mais frequentes, o que é sexo seguro (utilização
consistente do preservativo) e como reduzir o risco para os utilizadores de drogas
injectáveis (equipamento de injecção esterilizado). Os profissionais de saúde devem
explicar a relação entre as ISTs e a transmissão do VIH e referenciar clientes para
realização de testes IST.

O ADR é já um componente-chave dos programas de VIH nos países desenvolvidos.

Em 2005 a epidemia da sida causou 3,1 milhões de mortes e estima-se que cerca de 4,9
milhões de pessoas adquiriram a infecção – o número total de pessoas a viver com a
infecção VIH está estimado em cerca de 40,3 milhões. Entre estes, cerca de 2,3 milhões
são crianças com idade inferior a 15 anos.

Na maior parte do mundo, a maioria das novas infecções ocorre em pessoas entre os 15 e
os 24 anos.

Situação Regional da infecção VIH/sida

ANEXO

Situação em Portugal da infecção VIH/sida

ANEXO

A vigilância do VIH

A medida mais comum para vigiar a epidemia VIH/sida é a prevalência da infecção VIH
entre a população adulta, ou seja, a percentagem de população adulta infectada pelo VIH.
Estes dados são estimados através da observação de determinadas populações – por
exemplo, mulheres grávidas, infectados por ISTs, utilizadores de drogas injectáveis,
trabalhadores do sexo, e homens que têm sexo com homens (homo e bissexuais, HSM).
Podem ser obtidas informações complementares através da monitorização de
comportamentos específicos entre populações específicas.

Caracterização da Epidemia ONUSIDA/OMS

1. Nível Baixo Abaixo de 1% na generalidade da população, abaixo de 5% em grupos


específicos

2. Concentrada Abaixo de 1% na generalidade da população, acima de 5% em grupos


específicos
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3. Generalizada Acima de 1% na generalidade da população

A vulnerabilidade ao VIH

A transmissão do VIH ocorre como resultado de comportamentos humanos que colocam o


indivíduo em risco. Os comportamentos que mais colocam um indivíduo em risco de
adquirir a infecção VIH incluem as relações sexuais (vaginais ou anais) desprotegidas, e a
partilha de equipamento de injecção de drogas.

A vigilância comportamental acompanha os comportamentos de risco e fornece sinais


sobre a disseminação do VIH

Comportamentos sexuais

• Utilização inconsistente do preservativo


• Vários parceiros sexuais
• Consumo do sexo pago

Injecção de Drogas

• Partilha do material de injecção

A transmissão do VIH envolve geralmente deteminados comportmentos socialmente


censurados (ou ilegais). O

estigma e a discriminação são questões muito relevantes para as pessoas que vivem com
VIH/sida

Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) e a transmissão do VIH

A importância das ISTs aumentou, em termos de saúde pública, desde que é conhecido o
seu factor potenciador da transmissão da infecção VIH. Ao nível individual, as ISTs
aumentam a susceptibilidade do indivíduo adquirir a infecção VIH. As ISTs também
aumentam o risco de transmissão dos indivíduos infectados pelo VIH a outrem.

A transmissão de ISTs está associada com os mesmos comportamentos que colocam os


indivíduos em risco, como vários parceiros sexuais, parceiros de elevado risco e falta de
consistência na utilização do preservativo.

Prevenir ISTs, previne a transmissão do VIH!!!

Estratégias de Prevenção do VIH

Com o objectivo de criar estratégias de prevenção para o VIH, realizam-se vários estudos
de investigação comportamental que contribuem para identificação de factores
psicológicos, factores sociais e factores situacionais relacionados com os comportamentos
sexuais de alto risco e consumo de drogas. Para tal, são desenvolvidas múltiplas
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estratégias de avaliação em populações diversificadas. Estes estudos possibilitam a


identificação dos comportamentos de risco, tais como: factores cognitivos e de precepção
face ao risco (crenças incorrectas sobre o risco, atitudes negativas para com o
preservativo, fraca motivação para alteração de comportamentos e expectativas
negativas para com o resultado do sexo seguro), incompetência na minimização do risco
(utilização segura do preservativo, negociação sexual ou assertividade e resolução da
redução do risco pessoal), factores relacionais (padrões de sexo seguro mais frequente
em relações casuais e primeiras relações do que em relações de médio/longo-termo),
suporte social e dos pares limitados para a alteração comportamental de redução do riso,
e factores situacionais que contribuem para o risco (toxicodependência). Muitos dos
factores identificados como determinantes ou contribuintes para o comportamento de
risco são de natureza psico-social, enquanto outros envolvem factores de risco que são
sensíveis a alteração após intervenções comportamentais. Por estes motivos, muitas das
intervenções estabelecidas para a prevenção VIH são baseadas em teorias psico-sociais.

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