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APOSTILA DE INTRODUÇÃO

BÍBLICA

Pr. Expedito José

Igreja de Cristo El Shadday

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INTRODUÇAO BÍBLICA

A Bíblia, sendo a Palavra de Deus, embora considerada por alguns apenas uma
obra literária, é o mais notável livro que o mundo tem visto. Ela contém uma série de
acontecimentos do mais vivo interesse. A história da sua influência é a história da
civilização. Os melhores e mais sábios dentre os homens têm testemunhado o poder das
Escrituras, como um instrumento de luz, de santidade, e tendo sido as Escrituras preparadas
por homens que “falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo” (2Pe1.21), para
revelarem “o único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, a quem Ele enviou” (Jo 17.3), tem a
Bíblia por este motivo os mais fortes direitos ao nosso atento e reverente respeito:

O uso de uma obra de estudo bíblico requer as seguintes preocupações:

1) A primeira é que não devemos contemplar este majestoso edifício da Verdade divina
como espectadores somente. O nosso fim não deve ser admirar de fora tão bela
obra, mas estar dentro para que possamos crer e obedecer.
2) Em segundo lugar somente a entrada no edifício da Verdade nos dá luz. O alvo,
portanto, do nosso estudo, é tornar mais claro o impressionante livro de Deus, o
livro por excelência, a Bíblia.

I - A ORÍGEM DA BÍBLIA

A - Houve um tempo em que a Palavra de Deus não era ainda escrita.


Não há evidências de que o homem tivesse a Palavra de Deus escrita antes
do dia em que Jeová disse a Moisés, “escreve isto para memorial num livro (Ex 17.14)”.
Daquele tempo em diante os homens de Deus escreveram inspirados pelo
Espírito Santo.
Entretanto, houve homens santos aos quais Deus falou, como Noé, Abraão e
José. Mas não lemos que alguns deles foram inspirados para escrever a Palavra de
Deus. Às vezes Deus revelou a Sua vontade oralmente, numa maneira direta e pessoal a
Adão, Caim, a Noé, a Abraão, a Abimeleque, a Isaac, a Jacó e muitos outros.

B – Devemos lembrar-nos de que havia sempre duas testemunhas de Deus:


1) As suas obras – Sl 19.1; Rm 1.19-20
2) A consciência do homem – Rm 2.15

• Assim o homem possuía desde o princípio um conhecimento sem as leis


escritas. No entanto, a consciência não serve como um veículo de
revelação divina, porque pode ser cauterizada e fica quase inutilizada.
Conseqüentemente havia necessidade uma revelação que durasse para
sempre. Tal é a Palavra escrita, “que permanece para sempre.” (I Pe 1.23)

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Introdução Bíblica

C – O estudo metódico da Bíblia ensina que Deus escolheu um povo


particular para ser o intermediário da revelação. Deus escolheu o povo judaico (Dt
14.2) e o separou para que fizesse dele repositório da sua verdade e por ele entregasse a
Bíblia ao mundo.

D – “Deus fez de homens livros” antes de dar a Palavra escrita. Podemos


traçar a história da transmissão verbal da palavra de Deus desde o dia em que Ele falou
a Adão (Gn 1.28), até o tempo em que ordenou a Moisés que a escrevesse num livro
(Ex 17.14).

II – OS NOMES DA BÍBLIA

A – O nome Bíblia foi usado pela primeira vez por Crisóstomo no século IV. é
derivado da palavra grega “biblos” que significa “livros”. Mas empregamos o singular
livro, e não o plural livros, afirmando a sua unidade e preeminência. A Bíblia é um
livro, e a sua unidade das suas partes, e a unidade na adversidade, tem sido aceita pela
consciência cristã através dos séculos.

B – A Bíblia é dividida em duas partes: O ANTIGO TESTAMENTO E O


NOVO TESTAMENTO. O nome “testamento” não se encontra como um título na
Bíblia. É derivado do latim “testamentum”. Na língua grega significa “concerto ou
pacto” (Hb 7.22). A mesma palavra é usada em II Co 3.6,14 como testamento (aliança).

C – Alguns nomes internos (dentro da Bíblia) são:


1) A Palavra de Deus(Hb 4.12)
2) A Escritura de Deus(Ex 32.16)
3) As Sagradas Letras (II Tm 3.15)
4) A Lei (Mt 12.5)
5) A Escritura da Verdade (Dn 10.21)
6) As Palavras de vida (At 7.38)

III – AS LÍNGUAS DA BÍBLIA

Deus usou a linguagem escrita de uma forma especial para transmitir Sua
vontade aos homens. Uma das vantagens da linguagem escrita sobre os demais veículos
de comunicação é a precisão, a permanência, a objetividade, e a disseminação.
O estudo das diversas línguas é interessante e de muito proveito. As línguas
estão sempre se modificando e mudando com o desenvolvimento dos povos e o inter-
relacionamento das nações.

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Originalmente a Bíblia foi escrita em três línguas: Hebraica, Aramaica e
Grega.
Alguns comentadores dizem que provavelmente Abraão deixou de usar a velha
língua semítica – A “caldaica” a qual era da sua própria terra (Gn 12.15), quando saiu
de Ur e adotou a língua dos cananeus, em cujo meio foi morar.
Introdução Bíblica

Os hebreus, mais tarde, durante o cativeiro Babilônico, deixaram de falar a língua


hebraica e adotaram a “caldaico-aramaica”, a qual continuou a ser falada até os tempos do
Senhor Jesus Cristo. Esta língua “Cananéia”, que Abraão usou, era provavelmente a mesma
ou a forma dela que foi conhecida mais tarde como hebraica. Algumas das tabuinhas de
Tel-el Amarna, descobertas em 1.887 no Egito, com data de 400 anos mais ou menos depois
de Abraão, são escritas em boa língua cananéia ou língua hebraica .

A – A LÍNGUA DO ANTIGO TESTAMENTO

Com poucas exceções, o Antigo Testamento foi escrito na língua hebraica. Esta
era a língua do povo de Israel e é chamada de “língua judaica” (II Rs 18.26). Esta
língua continuou a ser falada e escrita pelos hebreus até o cativeiro quando adotaram a
aramaica, a qual é um dialeto da hebraica com origem semítica.
Podemos descobrir três períodos em que se divide a história do desenvolvimento
da língua hebraica.
1) O período em que foi escrito o Pentateuco. É a língua hebraica falada no
tempo de Moisés.
2) O período em que a língua alcançou o ponto do seu maior desenvolvimento
em pureza e refinamento. Uma parte dos livros históricos, poéticos e a
maioria dos livros proféticos.
3) O período em que forma escritos os demais livros de profecia, assim como
Ester, Esdras e Neemias. Certas passagens de Esdras, jeremias e Daniel são
escritas no dialeto caldaico-aramaico. Este fenômeno se explica pela
residência de Daniel e Esdras na Babilônia.
• Passagens escritas no aramaico (siríaco):
• Esdras 4.8-6, 18 e 17.12-26; Jeremias 10.11; Daniel 2.4; 7.28.

O hebraico é a língua principal do Antigo Testamento, especialmente


adequada para tarefa de criar uma ligação entre a biografia do povo de Deus
e o relacionamento do Senhor com esse povo. O hebraico encaixou-se bem
nessa tarefa porque é um a língua PICTÓRICA. Expressa-se mediante
metáforas vívidas e audaciosas, capazes de desafiar e dramatizar a narrativa
dos acontecimentos. Além disso, o hebraico é uma língua pessoal. Apela
diretamente ao coração e as emoções, e não apenas à mente e razão. É uma
língua em que a mensagem é mais sentida que meramente pensada.

B – A LÍNGUA DO NOVO TESTAMENTO

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Os livros do Novo Testamento foram escritos originalmente na língua grega,
conhecida como helênica porque os gregos eram chamados de helenos.
Depois da grande conquista de Alexandre Magno, rei da Macedônia, a língua
grega espalhou-se em toda parte do Egito e do Oriente, e tornou-se a língua vernácula
dos hebreus que residiam nas colônias de Alexandre e outras partes. O Novo

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testamento foi escrito na língua grega chamada “koinê”, a língua grega popular do
povo da época do Novo Testamento.
O grego do Novo Testamento adaptou-se de modo adequado à finalidade de
interpretar a revelação de Cristo em linguagem teológica. Tinha recursos lingüísticos
especiais para essa tarefa, por ser um idioma intelectual. Era um idioma da mente, mais
que do coração, e os filósofos atestam isso plenamente. O grego tem precisão técnica de
expressão não encontrado no hebraico.

IV - PARTICULARIDADES ACERCA DA BÍBLIA

A Bíblia é uma verdadeira biblioteca de 66 livros, sendo 39 no Antigo


Testamento e vinte e sete no Novo Testamento. teve cerca de 40 escritores, por um
período de 16 séculos aproximadamente, os quais não se conheceram; viveram em
culturas e nações diferentes. Ao escrever
Todos os autores escreveram inspirados pelo Espírito Santo. Entretanto, há na
Bíblia um só plano, que de fato mostra que havia um só autor divino guiando os
homens. Isto garante a unidade de revelação e ensino.
É como a construção de um grande prédio, em que muitos operários estão
empregados. Cada um sabe bem o seu ofício, porém todos dependem do plano do
arquiteto.
Podemos dizer então que a Bíblia é humana-divina, quer dizer, contém esses
dois elementos:
• Humana – sujeita as leis da língua e literatura; fornecem variedades de
estilo e matéria; referem-se à Bíblia em determinadas partes (cada livro,
um autor).
• Divina – pode ser compreendida apenas por homens espirituais; garante
unidade de revelação e ensino; refere-se à Bíblia como um só livro.

A - Os Materias Empregados Pelos Escritores da Bíblia


• Pergaminho – Conhecido também como couro ou velino, era fabricado
com peles de cabra ou de ovelhas e era mais duradouro que o papiro,
porém muito mais caro ( II Tm 4.13,14).
• Papiro – Também conhecido como junco, é uma planta aquática
muito comum no Egito. Do cerne de seu caule produzia-se um
material semelhante à folha de papel, que os antigos usavam para a
escrita (Ex 2.3;Is 18.2)
• Papel e tinta – II Jo 12

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• Madeira – Ez 37.16
• Tijolo – Ez 4.1
• Lâminas de ouro - Ex 28.13
• Tábuas de pedras – Ex 24.12; 31.18; Js 8.31-32

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B - Datas Aproximadas em que Foram Escritos os Livros da Bíblia e seus


Respectivos Autores.

LIVRO DATA AUTOR LIVRO DATA AUTOR


Gênesis 1445-1405 aC Moisés Miquéias 735-710 aC Miqueias
Êxodo 1445-1405aC Moisés Naum 663-612 aC Naum
Levítico 1444-1405aC Moisés Habacuque 607-598 aC Habacuque
Números 1444-1405aC Moisés Sofonias 640-612 aC Sofonias
Deuteronômio 1405aC Moisés Ageu 520-518 aC Ageu
Josué 1400-1375 aC Josué,Finéia Zacarias 520-518 aC Zacarias
s, Eleazer,
Juizes 1043-1004aC Samuel Malaquias 458-433 aC Malaquias
Rute 1050-1000 aC Desconhecido
Mateus 58-68 dC Mateus
I Samuel 1015-930 aC Samuel Marcos 55-65 dC Marcos
II Samuel 1015-930 aC Samuel,Natã Lucas 60-62 dC Lucas
e Gade
I Reis 560-550 aC Jeremias João 85-90 dC João
II Reis 560-550 aC Jeremias Atos 60-62 dC Lucas
I Crônicas 450-430 aC Esdras Romanos 57 dC Paulo
II Crônicas 450-430 aC Esdras I Coríntios 56 dC Paulo
Esdras 457-444 aC Esdras II Coríntios 57 dC Paulo
Neemias 444-410 aC Neemias Gálatas 53-56 dC Paulo
Ester 464-435 aC Mordecai? Efésios 60-62 dC Paulo
Jó 2000-1450aC? Moisés? Filipenses 60-62 dC Paulo
Salmos 1410-430 aC Davi, Asafe, Colossenses 60-62 dC Paulo
os filhos de
Core,Moisés
, anônimos.
Provérbios 931-780 aC Salomão I Tessalonicenses 51 dC Paulo
Eclesiastes 953 aC... Salomão II Tessalonicenses 51 dC Paulo
Cantares 965 aC... Salomão I Timóteo 62-63 dC Paulo
Isaias 740-680 aC Isaias II timóteo 67 dC Paulo
Jeremias 627-580 aC Jeremias Tito 63 dC Paulo
Lamentações 588-586 aC Jeremias Filemon 60-62 dC Paulo
Ezequiel 592-570 aC Ezequiel Hebreus 64-68 dC Desconhecido
Daniel 536-530 aC Daniel Tiago 46-49 dC Tiago
Oséias 755-710 aC Oséias I Pedro 64 dC Pedro

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Joel 841-835 aC Joel II Pedro 64-66 dC Pedro
Amós 780-755 aC Amós I, II e III João 85-95 dC João
Obadias 848-841 aC Obadias Judas 66-80 dC Judas
Jonas 782-753 aC Jonas Apocalipse 95-96 dC João

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C – Composição da Bíblia

A Bíblia compõe-se de duas partes:


- Antigo Testamento
- Novo Testamento

• O Antigo Testamento está dividido em 39 livros que estão divididos em


quatro classes:

1ª.) LEI (ou Pentateuco) são os cinco primeiros livros, isto é, de Gênesis a
deuteronômio.
2ª.) HISTÓRICOS (são doze livros: de Josué a Ester). Divide-se em quatro
períodos da história de Israel:
a) Teocracia (Juízes);
b) Monarquia (Saul, Davi, Salomão);
c) Divisão do Reino e Cativeiro (Judá e Israel);
d) Período pós-cativeiro.
3ª.) POESIA (são cinco livros: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cântico
dos cânticos.
4ª) PROFECIA (são sete livros: de Isaías a Malaquias), divididos em:
a) Profetas Maiores (de Isaías a Daniel);
b) Profetas Menores (de Oséias a Malaquias).
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• O Novo Testamento contém vinte e sete livros, e está dividido em quatro
seções:

1ª.) BIOGRAFIA (são quatro livros)): Mateus, Marcos ,Lucas e João;


2ª.) HISTÓRIA (um livro): Atos dos Apóstolos;
3ª.) DOUTRINA (são vinte um livros), também chamados de epístolas
(ou cartas), que começam com a epístola aos Romanos e
terminam com a epístola de Judas;
4ª.) PROFECIA ( um livro):o livro do Apocalipse (Revelação de Jesus Cristo)

Inicialmente, os escritos da Bíblia não eram divididos; em capítulos e


versículos; a divisão em capítulos só veio a acontecer por volta de 1.228, quando
Stephen Langton procedeu à divisão de toda a Bíblia em capítulos. Alguns
historiadores atribuem o trabalho ao cardeal Hugo de Sancto Caro, monge dominicano,
que o teria completado em 1.250 e dele se serviu para sua concordância com a Vulgata.

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“As aplicações a esta concordância deram-lhe muito valor e estabeleceram a prática de
citar os capítulos em vez de referir-se ao livro ou a alguns fatos proeminentes nele
contidos”. Caro, mui provavelmente, haja se limitado a introduzir melhorias na obra de
Langton.

Introdução Bíblica

No ano 1.551, Robert Stephen fez a divisão em versículos, publicando a


primeira Bíblia, assim dividida em 1.555, a Vulgata Latina. A famosa Bíblia Hebraica,
da imprensa de Bomberg de Veneza, por iniciativa do erudito judeu Jacob Bem Haim,
foi impressa com a divisão em versículos em 1525: trinta anos antes da Bíblia de Robert
Stephen.
Existem, aproximadamente, 2.800 línguas e 3.000 dialetos, mas a Bíblia já foi
vertida, em parte, em 1.500 línguas e dialetos. A Bíblia inteira só está traduzida em
cerca de 300 línguas.
A Bíblia foi escrita num período de 1.500 anos, por cerca de 40 homens, e
conte, 66 livros, 1.189 capítulos, 31.278 versículos e cerca de 3 milhões de letras, assim
distribuídos:

ANTIGO TESTAMENTO NOVO TESTAMENTO


39 livros 27 livros
929 capítulos 260 capítulos
23.328 versículos 7.950 versículos
Cerca de 31 autores Cerca de 9 autores
Escrito em hebraico Escrito em grego
Livro central: Provérbios Livro central: 2Tessalonicenses
Versículo menor: Ex 20.13 Versículo menor: João11.35
Versículo maior: Et 8.9 Versículo maior: Ap 20.6
Mensagem: Jesus virá Mensagem: Jesus já veio
Antiga aliança: Ex 24.8 Nova aliança: Hb 9.14,15

• O verso de ouro, ou o versículo áureo da Bíblia, encontra-se no


Evangelho de João, capítulo 3, versículo 16: “Porque Deus amou o
mundo de tal maneira que deu seu Filho unigênito, para que todo
aquele que nele crê não pereça,mas tenha a vida eterna.”

• A Bíblia é o livro mais lido do mundo;


• A bíblia é o livro mais editado do mundo;
• O Autor da Bíblia é Deus;
• O Intérprete da Bíblia é o Espírito Santo;
• O assunto central da Bíblia é Jesus Cristo.

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V – A ORIGEM DIVINA DA BÍBLIA

A autoridade da Bíblia decorre de sua inspiração divina. O próprio Senhor Jesus


cristo a reconheceu e a declarou mais de uma vez. A revelação divina por meio das
Escrituras foi preservada para todos os povos. Deus prometeu que a Sua Palavra subsistiria
para sempre (Is 40.8; 1 Pe 1,25).

Introdução Bíblica

A autenticidade dos textos bíblicos está acima de qualquer suspeita:

1. Revelação – A palavra revelação, literalmente “tirando o véu” é equivalente latino


do termo grego (Apocalipse), “o ato de descobrir”. A ação de descobrir a verdade e
a própria verdade descoberta são semelhantemente chamadas “revelação”. A
revelação é então essencialmente uma operação especial de Deus em virtude da
qual Ele se manifesta aos homens e manifesta a sua vontade e a sua verdade.
Podemos também dizer que, “Revelação é a manifestação de Deus na história da
humanidade de um modo sobrenatural e para um fim especial”.

Revelação conforme a Bíblia, nunca chega ao homem como mera informação, mas
sim como uma regra de fé e conduta: “Eu Sou o Deus Todo-Poderoso: anda na minha
presença , e sê perfeito” (Gn 17.1).

A – Necessidade da Revelação

A necessidade da Revelação tem origem na transcendência de Deus. Isto


significa que Deus está tão acima do homem em seu modo de ser que o homem não
pode vê-Lo (João 1.18; 1Tm 6.16), nem encontrá-Lo por mais que tente (Jó 11.7;
23.3,8-9), nem discernir seus pensamentos mediante habilidosas teorias (Is 55.8-9).
Uma iniciativa divina é necessária antes que o homem possa conhecê-Lo.Esta
iniciativa teria sido necessária ainda que o homem não tivesse pecado, e se era
necessário antes da queda do homem, muito mais essencial é agora, uma vez que o
homem é pecador e sua capacidade de percepção das coisas espirituais foram
completamente corrompidas pelo diabo (2Co 4.4), pelo pecado (1co 2.14), e pela
“sabedoria” que imagina ter e que está em luta contra o verdadeiro conhecimento de
Deus (Rm 1.21; 1 Co 1.21), ou seja, está muito além de seus poderes naturais
compreender a Deus.

B – Qualidades da Revelação

1) Revelação Geral – Quando falamos em revelação geral nos referimos à


maneira como Deus se revela para o homem através da criação, pela qual manifesta o
seu poder, glória , majestade e eternidade( Sl 19.1; Rm 1.20);

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2) Revelação Moral – Através da sua consciência o homem recebe de Deus a
revelação moral. Isto é o conhecimento do certo e do errado, mas num certo sentido não
absoluto sendo sujeito às limitações da imperfeita natureza humana (Rm 2.15; 1.32)

3) Revelação Verbal – Qualquer estudo da Bíblia revelará o fato de que a


Bíblia concebe a revelação de Deus aos homens como primária e fundamentalmente
uma comunicação verbal (Sl 119.9-10; 119.105; 19.7,8; 1.1-3; Js 1.8; Jo 1.1). A
primeira revelação é verbal e depois vem a revelação pelas obras, que de fato é a
confirmação da autoridade da Palavra conforme Mc 16.20.
Introdução Bíblica

4) Revelação Pessoal – Pelas revelações geral, moral e verbal conhecemos a


existência de Deus, Sua vontade moral, e exigências específicas. Mas isto ainda não é
suficiente para nos levar a conhecê-Lo pessoalmente.
Precisamos ter um encontro com Deus, ou seja recebermos uma revelação
transformadora, que nos levará a uma experiência existencial. E isto não pode acontecer
sem a própria intervenção de Deus. Jó disse: “Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas
agora te vêm os meus olhos. Por isso me abomino e me arrependo no pó e na cinza” (Jó
42.5-6).
Pelas outras revelações podemos saber alguma coisa a respeito de Deus, mas
pela revelação pessoal conhecemos a Deus pessoalmente.

2. Inspiração – Em 2Tm 3.16 temos a revelação (verbal) que a Escritura é


divinamente inspirada. A palavra grega usada lá “THEOPNEUSTOS”, que significa
“expirada ou exalada por Deus”. Como o novo dicionário da Bíblia diz:
“theopneustos” significa soprado para fora, e não inspirado (soprado para dentro) da
parte de Deus.
Devemos guardar nas nossas mentes que a Bíblia não fala sobre a inspiração dos
escritores, mas sim, sobre a inspiração do produto do seu trabalho e ministério.
Então definimos a inspiração bíblica assim: “A inspiração é uma operação de
Deus que terminava não nos homens que escreveram as Escrituras (Como se, tendo-lhes
dado as idéias do que deviam dizer, Deus os tivesse deixado sozinhos para expressarem
tais idéias da melhor maneira que pudessem), mas antes, terminou no produto escrito
real. A Escritura, o texto escrito é que é soprado por Deus”.
Então dizemos que a Bíblia não é apenas o fruto do pensamento e premeditação
humana, mas sim , é a palavra de Deus, proferida por meio de lábios humanos ou
escrita com a pena pela mão humana.
Há três elementos na inspiração: o primeiro elemento da inspiração é a sua
causa: Deus, que a origina. Deus é a força primordial que moveu os profetas e apóstolos
a escrever. A motivação primária por trás dos escritos inspirados é o desejo de Deus de
comunicar-se com o ser humano. O segundo fator é a mediação humana. A Palavra de
Deus nos veio por meio de homens de Deus. Deus faz uso da pessoa como instrumento
para transmitir sua mensagem. Por último, a mensagem profética escrita foi revestida de
autoridade divina. As palavras dos profetas são a Palavra de Deus.
Na doutrina da inspiração divina das Escrituras precisamos destacar o fato de
que trata-se de uma inspiração verbal e plenária, ou seja, cada palavra (verbal) e todas

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palavras (plenária) foram inspiradas por Deus, de modo que a ação supervisionadora de
Deus sobre os autores humanos da Bíblia, fez com que eles, usando suas próprias
personalidades e estilos, pudessem compor e registrar sem erros as palavras de Sua
revelação ao homem . E dessa forma Deus garantiu a inerrância das Escritura Sagradas.

3. Preservação – Uma coisa que é preciso dizer quanto à inspiração da Bíblia é que tal
inspiração diz respeito apenas aos escritos originais (ou autógrafos).
As traduções não são inspiradas. Por esta razão as palavras de uma tradução variam
da outra . temos que reconhecer que a ciência da tradução tem sido melhorada mais e
Introdução Bíblica

mais a cada geração. Isto, e com os resultados da arqueologia, tem nos dado melhor
entendimento de algumas passagens bíblicas.
Contudo, afirmamos que a mensagem de Deus aos homens não foi poluída pelo
processo de cópia e tradução dos escritos originais. Deus tem nos prometido que Sua
Palavra nunca passaria, e até hoje está conosco. Quando os manuscritos do Mar Morto
foram descobertos, os críticos diziam que estes manuscritos provariam como defeituosa
eram nossas traduções. Isto porque estes rolos não tinham sido tocados por séculos.
Mas quando eles foram traduzidos houve tão poucas discrepâncias que os críticos foram
silenciados a respeito da tradução bíblica e tiveram de reconhecer que realmente algo
sobrenatural estava por traz de tudo isto. Não foi mera coincidência, mas sim, a
verdadeira preservação da Palavra de Deus

. 4. Iluminação – Significa derramar luz e esclarecer, tornar claro a Palavra de Deus


pelo Espírito Santo, é a compreensão da verdade já revelada.

VI – O CÂNON SAGRADO

1. Características da canonicidade - A inspiração é o meio pelo qual a Bíblia


recebeu a sua autoridade: a canonização é processo pelo qual a Bíblia recebeu sua
aceitação definitiva. Uma coisa é um profeta receber uma mensagem da parte de Deus,
mas coisa bem diferente é tal mensagem ser aceita pelo povo de Deus. Canonicidade é o
estudo que trata do reconhecimento e da compilação dos livros que nos foram dados por
inspiração de Deus.

2. Palavra “cânon” na Bíblia - A palavra Kanon (cânon) é de origem hebraica -


qaneh “cana”, e significava “vara de medir” (Ez 40.3). na literatura grega clássica
traz a idéia de “regra, norma, padrão”. Ela aparece no Novo Testamento com o
sentido de regra moral (Gl 6.16); é traduzida ainda por “medida” (2Co 10.13,14,16)
No sentido ativo, a Bíblia é o cânon pelo qual tudo o mais deve ser julgado.
No sentido passivo, cânon significava a regra ou padrão pelo qual um escrito
deveria ser julgado inspirado ou dotado de autoridade.

3. Os livros canônicos - São os livros que compõem a Bíblia Sagrada. Nos três
primeiros séculos do Cristianismo, a palavra “cânon” referia-se ao conteúdo normativo,
doutrinário e ético da fé cristã. A partir do quarto século, os pais da Igreja aplicaram a

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palavra “cânon” e “canônico” aos livros sagrados, para chancelar a autoridade destes
como inspirados por Deus, e como instrumento normativo para a fé cristã.

4. A determinação da canonicidade – Determinado livro só era considerado


inspirado se escrito por um profeta, ou porta – voz de Deus. Foram canônicos apenas os
livros de Moisés a Malaquias. Para ser canônico, qualquer livro do Antigo Testamento
deveria vir de uma sucessão profética, durante o período profético.

Introdução Bíblica

5. Os três passos mais importantes no processo de canonização – Há três


elementos básicos no processo genérico de canonização da Bíblia: a inspiração de Deus,
o reconhecimento da inspiração pelo povo de Deus e a coleção e preservação dos livros
inspirados pelo povo de Deus

6. O Cânon ratificado pelo Senhor Jesus – Ele fez menção do cânon sagrado
quando declarou: “São estas as palavras que vos disse estando ainda
convosco:Convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei, e nos
profetas, e nos Salmos” (Lc 24.44).
O registro mais antigo do cânon judaico tríplice, como o conhecemos,
retrocede ao século 2 a.C. a tradição rabínica afirma que o cânon judaico atual foi
organizado por Esdras (Ed 7.14; Ne 8.13).O sínodo de Jâmnia ou Yavne, realizado por
volta de 90 d.C., em Yavne, Gaza, portanto muito tempo depois do encerramento do
cânon judaico, apenas ratificou o cânon já conhecido. O historiador judeu Flavio Josefo
escreveu: “Ninguém jamais foi tão atrevido para tentar tirar ou acrescentar, ou mesmo
modificar-lhes a mínima coisa”.

É a inspiração de Deus num livro que determina sua canonicidade. Deus dá


autoridade divina a um livro, e os homens de Deus o acatam. Deus revela, e seu povo
reconhece o que o Senhor revelou. A canonicidade é determinada por Deus e descoberta
pelos homens de Deus. A Bíblia constitui o “cânon” , ou “medida” pela qual tudo o
mais deve ser medido ou avaliado pelo fato de ter autoridade concedida por Deus. Só
Deus pode conceder a um livro autoridade absoluta, e por isso mesmo, canonicidade
divina.

7. Os Princípios da Canonicidade dos Livros do Novo Testamento

Os livros e cartas do Novo Testamento foram escolhidos segundo quatro


padrões:
A – Apostolicidade:o livro foi escrito ou influenciado por algum apóstolo?
B - Doutrina: o seu caráter espiritual é suficiente?
C – Universalidade: foi amplamente aceito pela Igreja?
D – Inspiração: o livro oferecia prova interna de inspiração?

8. A Formação do Cânon do Novo Testamento

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A formação do cânon do Novo Testamento pode ser dividida em três partes:
1ª. O Período dos Apóstolos: eles reivindicaram autoridade para seus escritos (1
Ts 5.27; cl 4.16).
2ª. O Período Pós- Apostólico: todos os livros foram reconhecidos, exceto
Hebreus, 2 Pedro, 2 e 3 João.
3ª. O Concílio de Cartago (397 d.C): reconheceu como canônicos os 27 livros
do Novo Testamento.

Introdução Bíblica

Concílios sínodos, ou até mesmo a Igreja, não estão investidos de poderes para
aferir ou “canonizar” esse ou aquele livro das Escrituras. É a Bíblia que julga a Igreja e
não a Igreja que julga a Bíblia. A Patrística e os concílios apenas aceitaram esses livros
como inspirados. Cada livro da Bíblia conquistou seu espaço no Cânon Sagrado pelo
fato de o conteúdo deles provar sua origem divina e inspiração.

VII – OS LIVROS APÓCRIFOS

A Vulgata Latina, a Bíblia da Igreja Romana, contém em adição aos livros do


cânon hebraico livros apócrifos que nós evangélicos não consideramos como canônicos.
O próprio Jerônimo, que traduziu a Bíblia completa para o latim (a Vulgata) entre 382 a
404 d.C., disse: “E os outros livros (os apócrifos) a Igreja usará para exemplo de vida e
instrução de costumes; mas não os aplica para estabelecer doutrina alguma”.
A palavra apócrifo vem do grego, apokriphos, que significa “oculto”, e era
usada para literatura secreta, ligada a mistérios. São eles:
1.Tobias
2. Judite
3. Sabedoria de Salomão
4. Eclesiástico
5. Baruque
6. I livros dos Macabeus
7. II livro dos Macabeus
8. E os acréscimos aos livros de Ester (cap. 11-16) e Daniel (três acréscimos: o cântico
dos três hebreus, a história de Suzana e a história de bel e o dragão ).
Jerônimo inseriu-os na Vulgata Latina como apêndice histórico e informativo e
não como inspirados por Deus; mas esses livros foram inseridos nas edições católicas
da Bíblia por determinação do Concílio de Trento (1.545-1.563)

VIII – COMO A BÍBLIA CHEGOU ATÉ NÓS

O texto da Bíblia passou por várias etapas no caminho dos escritores sagrados
até nós. Originalmente suas mensagens foram escritas em rolos de papiro e cópias
delas foram feitas pelos escribas para melhorar a sua distribuição. Pelo século II d.C. o
rolo começou a ser substituído pelo CÓDICE ou CÓDEX, que era formado de “folhas

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de papiro” juntas em forma de um livro. O códex tinha algumas vantagens distintas
sobre o rolo, como por exemplo: facilitava a pronta consulta e continha mais matéria
escrita.
Um livro de pergaminho, tinha 65 cm de altura por 25 cm de largura. A pele de
ovelha, cabra ou bezerro, era tratada e cortada em folhetos e estes eram postos um em
cima do outro para formar não um rolo, mas um volume (em grego: teuchos) de onde
vem a palavra Pentateuco para assinalar os cinco primeiros livros do Antigo

Introdução Bíblica

Testamento. O rolo de papiro, era preso a dois cabos de madeira, para se manusear mais
facilmente durante a leitura (o rolo assim formado se chama, em grego, biblos – daí a
palavra Bíblia), era enrolado da direita para a esquerda, não tinha um comprimento
exato (podia ter até dez metros), pois dependia da escrita, mais tinha uma largura em
média de 25 a 30 cm. Seria portanto difícil carregar os 66 livros da Bíblia, se não fosse
a imprensa atual.
Os manuscritos da Bíblia foram copiados com o propósito de preservação e
propagação das mensagens dos escritores sagrados. Estas cópias foram feitas
cuidadosamente para preservar a pureza do original.
Não existe mais nenhum original das Sagradas Escrituras. As leis sagradas dos
escribas, exigiam que os manuscritos gastos pelo uso fossem enterrados. Quando um
original se tornava velho, imediatamente era copiado e o original enterrado ou
queimado. Outros foram destruídos durante as guerras e perseguições.
Na perda dos manuscritos originais, podemos ver a providência de Deus,
porque o homem poderia até adorar estes escritos e assim anular o seu propósito.
A falta dos manuscritos originais não nos deve assustar, por que há milhares de
manuscritos gregos e hebraicos copiados dos originais, espalhados pelo mundo. Quando
as primeiras Bíblias foram impressas, havia mais de 2.000 destes manuscritos. Hoje,
existem milhares, que foram encontrados posteriormente. Este número é mais do que
suficiente para estabelecer a genuinidade e autenticidade da Bíblia.
Os três mais velhos destes manuscritos, pela providência de Deus, acham-se
aos cuidados dos três ramos do cristianismo: o grego, o romano e o protestante:
1) O Sinaítico (Códex Alfa), está na Biblioteca de Lenigrado, como possessão
da Igreja Ortodoxa Grega. Descoberto entre 1844-1859. É considerado em geral a
testemunha mais importante do texto, por causa de sua antiguidade, exatidão e
inexistência de omissões.
2) O vaticano (Códex B), pertence a Igreja Católica Romana e se acha
atualmente na Biblioteca do Vaticano, em Roma. Descoberto no século IV.
3) O Alexandrino (Códex A), está no Museu Britânico, em Londres.
Descoberto no século V.
Todos estes manuscritos foram escritos na língua grega.
Depois destas cópias, a fase das traduções chegou, em que o texto foi traduzido
para outros idiomas. Entre as traduções estão as seguintes versões:
1. A Septuaginta – 285 a.C. É a tradução do Antigo Testamento do hebraico
para o grego. É reconhecida como uma obra de grande valor, além de ser um

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monumento literário do grego helenístico. Serviu de ponte lingüística e teológica entre
o hebraico do Antigo Testamento e o grego do Novo Testamento. Além disso, foi usada
pelas gerações de judeus espalhados por todas as partes do mundo.
2. Síriaca (Peshitta, palavra aramaica que significa “simples”) – 150 d.C., é a
versão oficial da Igreja Siríaca.
3. A Vulgata Latina – Entre o final do séc. IV e o início do séc. V.
Durante dez séculos a única versão das Escrituras, conhecida, era a VULGATA
LATINA, pois o latim era a língua universal da Idade Média. Somente com o advento
da Reforma Religiosa, encetada por Martinho Lutero, é que a Bíblia começou
Introdução Bíblica

a ser traduzida em língua vernácula. Antes de Lutero, John Wicleff, conhecido como a
“Estrela D’ Alva da Reforma”, fez a tradução da Vulgata para o inglês, em 1.382 dC.
Mas a primeira tradução em linguagem popular foi feita por Lutero, que verteu para o
alemão diretamente do hebraico e grego, em 1.534.
Houve outras traduções para o inglês, mas as principais foram as de William
Tyndale, em 1.525; a Bíblia de Genebra em 1.560; e a versão do Rei Tiago (King
James), que é a Bíblia mais famosa há mais de 370 anos, no mundo de fala inglesa.
A primeira tradução feita para o português data de 1279, no tempo do Rei
Diniz (primeiros capítulos de Gênesis). Mas o futuro da Bíblia, em português, dependia
de João Ferreira de Almeida, nascido em Portugal, em 1628. Com apenas 16 anos, em
1.645, traduziu o Novo Testamento, usando como base o melhor texto até hoje
conhecido: o TEXTO RECEPTUS, mas só foi publicado em 1.681. Somente em 1.819
é que a Bíblia toda de Almeida foi publicada pela Sociedade Bíblica Britânica, depois
de várias correções e reformas.

IX – OS MANUSCRITOS DO MAR MORTO

Os essênios formavam uma seita, fundada em 160 aC., por judeus que saíram
de Jerusalém para o meio do deserto, respeitando a lei judaica de forma extremista.
Estabeleceram-se junto ao Mar Morto e construíram reservatórios através das águas
desviadas do Rio Qumram. Escrever sobre couro e papiro era uma das atividades mais
importantes deles. No ano 68 Dc. descobrem que o governo romano os considerava
nocivos, e a décima legião romana é enviada para destruí-los. Uns vão para Massada e
outros escondem seus tesouros (os rolos).
Em 1.947, dois beduínos, em busca de suas cabras desgarradas nas ravinas
rochosas da costa noroeste do Mar Morto, descobriram sete rolos de pergaminho. Um
deles, Manuscrito de Isaías, de 30 cm x 7,80 m de comprimento (dezessete folhas de
pergaminho costuradas umas às outras) do ano 1.000 aC. As 11 cavernas de Qumram
trouxeram à tona cerca de 170 manuscritos bíblicos, descobertos entre 1.947 e 1.964.
Essa descoberta foi o achado do século XX, e confirma a autenticidade da Bíblia. Com
exceção do livro de Ester, todos os livros do Antigo Testamento estão representados
nesses manuscritos.

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X – ALIANÇAS OU DISPENSAÇÕES: QUAL DESTAS ESTRUTURA A
BÍBLIA?

As iniciativas de Deus no estabelecimento dos relacionamentos de aliança


estruturam a história da redenção. Suas soberanas intervenções provêem a estrutura
essencial para a compreensão das grandes épocas bíblicas.
Uma alternativa para se analisar a estrutura da história bíblica é oferecida por
uma escola de pensamento evangélico mais popularmente conhecida como
dispensacionalismo. O dispensacionalismo tem se colocado em oposição à teologia da
aliança como meio de compreender a estrutura arquitetônica da revelação bíblica.

Introdução Bíblica

A teologia da aliança (ou teologia do pacto) concentra-se em uma grande


aliança geral conhecida como aliança da redenção (ou pacto da graça). Essa aliança da
redenção é realizada por meio de pactos subordinados, iniciando com o pacto das obras
e culminando com a nova aliança, que cumpre e completa a obra graciosa de Deus em
relação aos seres humanos, na terra. Esses pactos incluem o pacto adâmico (Gn
3.14:19), o pacto noaico (Gn 9.9:17), o pacto abraâmico (Gn 17.1,2), o pacto mosaico
(Ex 19.1s; 24.1s), o pacto davídico (2 Sm 7.12-16) e a nova aliança (Mt 26.28).
O pacto da graça também é usado para explicar a unidade da redenção ao longo
de todas as eras, começando com a Queda, quando terminou o pacto das obras.

A teologia dispensacionalista vê o mundo e a história da humanidade como


uma esfera doméstica sobre a qual Deus supervisiona a realização do seu propósito e
vontade. Essa realização do seu propósito e vontade pode ser vista ao se observarem os
diversos períodos ou estágios das diferentes economias pelas quais Deus lida com a sua
obra e com a humanidade em particular. Esses diversos estágios ou economias são
chamados dispensações ( resumindo: dispensação seria um período de tempo em que o
homem é provado a respeito de sua obediência a certa revelação da vontade de Deus. O
seu número pode chegar a sete: inocência (Gn 2.6; 3.24), consciência (Gn 3.1-8.4),
governo humano (Gn 8.15-11.32), promessa (Gn 12.1-Ex 12.37), lei (desde o Êxodo do
Egito até a crucificação de Cristo), graça (desde a crucificação de Cristo até o
arrebatamento da Igreja) e reino ou milênio (Seu início se dará com a segunda vinda de
Cristo e findará com a instalação do Grande Trono Branco – Ap 20.11-15).

Deve-se lembrar que as alianças são indicadores escriturísticos explícitos das


iniciativas divinas que estruturam a história redentiva. As dispensações, ao contrário,
representam imposições arbitrárias sobre a ordem bíblica. no fim, não é o desígnio
humano, mas a iniciativa divina que estrutura a Escritura.

XI – O PROPÓSITO DA BÍBLIA

Qual o propósito de Deus em dar-nos a Sua Palavra?

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Com base na própria Palavra de Deus, podemos destacar três propósitos
principais:
a) Dar ao homem uma revelação autoritária da natureza de Deus (l Jo 1.5;4.16;
Jo 4.24; Sl 103.8-10; 25.8; 48.1; 1Co 10.13; Is 6.3; Ef 3.20)
b) Dar ao homem uma revelação autoritária da Sua vontade para com os
homens (Lv 20.26; 1Ts 4.3; Lc 10.26-28; Rm 12.12; 1Ts 5.14-22)
c) Dar ao homem uma revelação autoritária da responsabilidade humana em
responder a Sua vontade (Is 55.6-7; At 16.31; Cl 2.6-8; 3.1-2; Ef 6.10-13)

Introdução Bíblica

Quando olhamos para o mundo, é evidente que precisamos de uma revelação


autoritária, tanto da natureza e vontade de Deus, como também da responsabilidade
humana. Cada grupo, e até cada homem tem a sua própria idéia. O propósito da Bíblia
é dar a primeira e a última palavra sobre as diversas opiniões humana. Como está
escrito em 1Co 1.19-21: “Destruirei a sabedoria dos sábios e aniquilarei a inteligência
dos entendidos...”
Deus, em verdade é o autor deste livro maravilhoso e infalível, que revela a
salvação, libertação e transformação do homem em uma nova criatura (II Co 5.17).
As evidências confirmam o efeito e a influência da Bíblia em pessoas e nações.
A Palavra de Deus tem melhorado o mundo, pelo caráter que molda na vida das
pessoas. Muitos, dantes incrédulos, indiferentes, viciados, idólatras, cheios de
superstições, que aceitaram este livro, foram por ele transformados, salvos libertos e
santificados.

XII - GEOGRAFIA BÍBLICA

A PALESTINA

A Palestina é a terra onde Jesus Cristo nasceu, morreu e ressuscitou. Neste


local deram-se os principais acontecimentos da Bíblia. Chama-se também Terra santa,
terra de Canaã, Terra Prometida e Terra de Israel.
1. As razões do nome: o nome Palestina foi dado pelos gregos 5 séculos a.C. Provém da
palavra hebraica Palestim, que quer dizer: Filisteus. De fato, filisteus moravam na
região sul. Navegantes gregos comerciavam com eles e deram à terra o nome de
Palestina ou Terra dos Palestim.
O nome Terra Santa popularizou-se a partir da Idade Média, quando os cristãos
denominaram a Palestina de Terra Santa, por ter sido santificada pela presença de
Cristo.
Quando Deus começou a formar seu Povo com os Patriarcas Abraão, Isaac e
Jacó, esta terra chamava-se Terra de Canaã. Lá moravam os cananeus, descendentes de

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Canaã, neto de Noé. Ao retirar seu povo da escravatura no Egito, Deus prometeu
novamente a seu povo a Terra de Canaã que recebeu o nome de Terra Prometida
Passou em seguida a chamar-se Terra de Israel, por que ali moravam os
descendentes de Israel. Israel é outro nome de Jacó, neto de Abraão.
Hoje, a Palestina está dividida em duas faixas verticais: a da esquerda chama-
se Pais de Israel (constituído na maioria de israelitas ou judeus), e a da direita, chama-se
País da Jordânia (constituído de árabes).

2. Limites e Extensão: A Palestina teve seus limites e extensão várias vezes


modificados, durante os séculos. No tempo de Cristo, limitava-se ao norte: com a Síria
e a Fenícia (hoje Líbano); ao sul: com os desertos de Negeb; a leste: com os desertos da
Arábia; a oeste: com o Mar Mediterrâneo.

Introdução Bíblica

A região comumente habitada da Palestina, de norte a sul, tinha


aproximadamente 240 Km; e de leste a oeste, em média, cerca de 120 Km.

O RIO JORDÃO

O rio Jordão corta a Palestina de norte a sul e é o principal rio da Palestina.


Nasce no monte Hermon e é formado por 3 pequenos rios. Estas nascentes do Jordão
encontram-se entre 200 a 500m acima do nível do mar. Depois de percorrer
aproximadamente 30 Km, o rio Jordão desce até 212m abaixo do nível o mar.. Nesse
ponto alarga-se e forma o grande Lago de Genesaré, que tem 12 Km de largura. Do
Lago de Genesaré em diante, o rio Jordão desce mais ainda. Ao desembocar no Mar
Morto, chega a atingir 392m abaixo do nível de outros mares. O Jordão é o único rio do
mundo que corre abaixo do nível dos mares.
O percurso entre o lago de Genesaré e o Mar Morto, em linha reta seriam,
aproximadamente, 110 Km. O rio Jordão, porém, devido as estonteantes curvas, faz
esse percurso em 330 Km. não é rio navegável. Tem dezenas de lugares rasos, que
impedem a navegação, mas facilitam a travessia a pé. Sua largura máxima é de 70 m.

OS LAGOS

A Palestina tem dois grandes lagos, também chamados mares: o Lago de


Genesaré ou Mar da Galiléia, ao norte; e o Mar Morto, ao sul.

1. O Lago de Genesaré: é também chamado Mar da Galiléia, por se encontrar na


Província da Galiléia. Às vezes é denominado de Lago de Tiberíades, por se encontrar,
em suas margens, a cidade de Tiberíades. Mede 21Km de comprimento e 12 Km de
largura. Está a 212 m. abaixo do nível de outros mares. Suas águas atingem pouco
menos de 50 m de profundidade. O Lago de Genesaré ou Mar da Galiléia é o próprio rio
Jordão que se alarga. Forma o enorme lago e prossegue depois para o Mar Morto. É de
água doce e rico em peixes. Está cercado de montanhas que formam em torno dele uma
espécie de imenso caldeirão. Ás vezes o ar quente deste lago encontra, ao subir, o ar

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frio, provindo do Mar Mediterrâneo. Este conflito provoca violentos redemoinhos e
tempestades imprevistas no Lago.

2. O Mar Morto: tem esse nome porque em suas águas não vivem peixes, animais ou
plantas. Este fenômeno se deve a grande quantidade de sal, potassa e outros produtos
químicos que se encontram em suas águas. mede 76 Km de comprimento e 17 Km de
largura. suas águas encontram-se a 392 m abaixo do nível de outros mares. O Mar
Morto é alimentado pelo rio Jordão e outros pequenos rios de água doce. Embora suas
águas não tenham escoamento, por estarem cercadas de terra por todos os lados, o nível
deste mar permanece, geralmente, estável. Este fato deve-se ao calor excessivo, que
evapora milhões de metros cúbicos de água por dia. Apesar de alimentado com água
doce , o Mar Morto é salgado. Suas águas contém 25% de sal (seis vezes mais que ou
Introdução Bíblica

outros mares). Este sal do Mar Morto provém de salinas que se encontram em suas
margens ao sul. No Mar Morto, qualquer pessoa bóia em suas águas, como uma cortiça,
mesmo não sabendo nadar.

AS CIDADES

1. Jerusalém: A cidade de Jerusalém é a principal cidade da Palestina, a cidade bíblica


por excelência; fica a 750 m acima do nível do mar. No ano 1.005 a.C., Davi, rei de
Israel, conquistou Jerusalém, que estava em poder dos Jebuseus e a transformou em
capital e centro religioso e civil da Palestina.

2. Jericó: dista de Jerusalém só 37 Km e fica a mais de 300 m abaixo do nível do mar.


É a cidade mais próxima do centro da terra. Em Jericó, no verão a temperatura chega a
50º acima de zero. Jericó é a cidade mais antiga do mundo, com 10.000 anos de
existência. pelo ano 1.200 a.C. Jericó foi conquistada por Josué.

3. As Províncias

No tempo de Cristo, a Palestina estava dividida em três principais províncias:


Galiléia, ao norte; Samaria, no centro; e Judéia, ao sul.
Havia ainda a Peréia, à direita do rio Jordão, a Decápole, a sudeste do Mar da
Galiléia, a Traconítide, a noroeste do Mar da Galiléia.
a) As principais cidades da Província da Galiléia eram: Nazaré, Cana, Naim,
Betsáida (cidade natal dos apóstolos Pedro, André e Filipe), Tiberíades e Cafarnaum
(era porto do mar da Galiléia. Na alfândega deste porto, trabalhava Mateus como fiscal,
quando recebeu o convite de Jesus para ser apóstolo. Cafarnaum é mencionada 16 vezes
nos evangelhos)
b) As principais cidades da Província da Samaria eram: Siquém, Sicar, Samaria
e Cesaréia Marítma. A 1 Km de Sicar havia um poço famoso, chamado Poço de Jacó.
este poço tem cerca de 3.800 anos de existência e mede 38 m de profundidade e ainda
hoje fornece água aos visitantes. Cesaréia Marítma era a cidade onde residiam os
procuradores romanos que governavam a província da Judéia e Samaria.

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c) As principais cidades da província da Judéia são: Belém, Hebron, Jópe, Jericó,
Ain karém, Emaús, Jerusalém. Jópe é um porto no Mar Mediterrâneo. Desse porto
partiu o profeta Jonas, quando pretendia fugir de Deus, que lhe ordenara pregar em
Nínive, capital da Assíria. Hoje Jópe é bairro de Tel Aviv.

XIII – AS FESTAS RELIGIOSAS DO POVO DE DEUS

A Bíblia do Antigo Testamento dá destaques a três festas principais da


Palestina: Páscoa, Pentecostes e festa dos Tabernáculos. Estas festas foram instituídas
por Deus no tempo de Moisés e eram celebradas todos os anos:

Introdução Bíblica

1. Páscoa: a Páscoa festejava-se na metade do primeiro mês de Nisan, que corresponde


em nosso calendário ao mês de março e parte de abril. Na Páscoa comemoravam a
passagem do Povo de Deus da escravidão do Egito à Terra Prometida. Páscoa é palavra
de origem hebraica e significa: “Passagem”.
2. Pentecostes: era festejada 50 dias depois da Páscoa. Daí o nome Pentecostes, que
quer dizer: a Festa do Qüinquagésimo. Em Pentecostes comemoravam a promulgação
dos Dez Mandamentos, dados por Deus a Moisés no Monte Sinai.
3. Tabernáculos: a Festa dos Tabernáculos era celebrada seis meses após a Páscoa. Na
festa dos Tabernáculos, recordavam o fato de o Povo de Deus ter vivido durante 40 anos
no deserto, sob tendas, após a saída do Egito, e rumo à terra Prometida.

Por ocasião da Páscoa, celebravam o início da colheita de cereais,


principalmente cevada. Por ocasião de Pentecostes, comemoravam o término da
colheita de cereais e o início da colheita do trigo. na Festa dos Tabernáculos celebravam
o fim da colheita de uvas, azeitonas e outras frutas. Nestas festas o povo oferecia a Deus
sacrifícios de louvor e levavam ao templo parte do produto de seus trabalhos.
agradeciam a Deus as colheitas e solicitavam bênçãos para os próximos trabalhos.

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Bibliografia

Bíblia Alfalite
Bíblia Anotada
Bíblia de Genebra
Bíblia do Povo
Wilkinson, B & Boah, K. Descobrindo a Bíblia. ed Candeia: S. Paulo, SP, 1983.
Cabral, J. Introdução Bíblica. E. G.U.: Rio de Janeiro, RJ,1995
Geisler, Norman. Introdução Bíblica. ed. Vida Nova: S. Paulo, SP, 1997.
Robertson, O Palmer. O Cristo dos Pactos. ed. Luz Para o Caminho: Campinas, SP,
1997.
Introdução Bíblica, Apostila do Seminário Teológico Pentecostal do Nordeste.

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