O documento discute a evolução histórica dos sistemas educacionais, desde os primeiros esforços da Igreja até os sistemas estatais modernos. Explica que os Estados-nação desenvolveram sistemas educacionais nacionais para promover valores comuns e a integração social, porém excluíram grandes parte da população. Também analisa como esses sistemas buscaram igualdade de oportunidades, mas na prática reproduziram desigualdades sociais.
O documento discute a evolução histórica dos sistemas educacionais, desde os primeiros esforços da Igreja até os sistemas estatais modernos. Explica que os Estados-nação desenvolveram sistemas educacionais nacionais para promover valores comuns e a integração social, porém excluíram grandes parte da população. Também analisa como esses sistemas buscaram igualdade de oportunidades, mas na prática reproduziram desigualdades sociais.
O documento discute a evolução histórica dos sistemas educacionais, desde os primeiros esforços da Igreja até os sistemas estatais modernos. Explica que os Estados-nação desenvolveram sistemas educacionais nacionais para promover valores comuns e a integração social, porém excluíram grandes parte da população. Também analisa como esses sistemas buscaram igualdade de oportunidades, mas na prática reproduziram desigualdades sociais.
Trata-se de termo bastante amplo e que contempla distintos significados. Durkheim
(2001) definiu a educao como processo de socializao pelo qual valores, normas e costumes de uma sociedade so passados de uma gerao a outra. Assim, possvel considerar que por meio da educao que os seres humanos se transformam em sujeitos histricos portadores de cultura. A Igreja, sobretudo as religies monotestas, foi a pioneira em fornecer os primeiros instrumentos para a expanso da educao, exercendo influncia decisiva na ampliao social e homogeneizao da mensagem intergeracional, mas o desenvolvimento da educao de massa e os sistemas educativos nacionais como conhecemos so essencialmente obra do Estado Nao. Apesar de terem sido desenvolvidos de diferentes maneiras e em distintos perodos histricos, nos pases ocidentais, os sistemas educativos se constituram por meio da ao do Estado, sendo que tais processos convergiram, de maneira geral, durante o intervalo que foi do final do sculo XIX at meados do sculo XX. O Estado, medida que foi se separando da religio, constituiu-se em Estado moderno, organizando de forma racional, com base no direito legal e reivindicando para si a instruo pblica, considerando-a de sua competncia. No Estado moderno, os sistemas escolares foram institudos com a funo de manter a ordem social, por meio da difuso de valores que se pretendiam comuns e universais, essenciais integrao nacional. Contudo, para os indivduos em particular, a funo social da escola seria a promoo de justia social, possibilitando que os mesmos, por meio da instruo pblica, pudessem se capacitar para o trabalho e assim obter mobilidade social. Ancorado na noo de uma tica coletiva concorrente tica religiosa, o Estado passou a defender a noo de educao comum, em que o mesmo atuasse como o organizador do discurso pedaggico para que o sistema escolar pudesse formar os cidados republicanos e democrticos. A educao foi convocada a construir a subjetividade da cidadania, justificando as maneiras do Estado junto aos indivduos e os deveres dos indivduos em relao ao Estado (ODONNEL, 2002). Assim, os sistemas escolares se constituram tendo como suporte ideolgico o liberalismo e o republicanismo, o que resultou em que os conceitos de comum e de universal, evocados OLIVEIRA, D.A. Educao. In:OLIVEIRA, D.A.; DUARTE, A.M.C.; VIEIRA, L.M.F. DICIONRIO: trabalho, profisso e condio docente. Belo Horizonte: UFMG/Faculdade de Educao, 2010. CDROM
por tais sistemas, deixassem de fora camadas expressivas da populao. Os sistemas
educativos, em regra, foram desenvolvidos de cima para baixo e, em algumas raras circunstncias, com apoio popular. Desde o princpio da organizao dos sistemas escolares, o ensino pblico teve como objetivo a instruo dos cidados em relao aos conhecimentos dos novos direitos e deveres individuais, assim como a transmisso de novos valores que deveriam contribuir com a criao da conscincia nacional e de um imaginrio coletivo. O prprio Durkheim identificava os professores como os militantes dessa nova ordem. O princpio da igualdade dos cidados pressupunha a concepo de um sistema escolar a que todos teriam direito ao acesso e cuja possibilidade estaria garantida pelo Estado. Por sua vez, esses sistemas escolares seriam importantes agentes de difuso dos valores nacionais, os quais deveriam contribuir para a integrao da sociedade em torno de uma identidade comum. O ideal de igualdade de oportunidades, fundado na possibilidade de os indivduos ascenderem a posies sociais de maior prestgio por seus valores pessoais e no por herana ou dinheiro, constitui matriz normativa importante dos sistemas escolares. Contudo, esse sustentculo, baseado no princpio de igualdade, nunca passou de um enunciado terico e formal (VAN ZANTEN, 2008). As redes nacionais de escolas foram consolidadas com a ajuda do Estado e progressivamente as leis sobre a gratuidade do ensino e a obrigatoriedade escolar foram garantindo o acesso universal das crianas e jovens nas escolas. medida que o nmero de escolas pblicas aumentou, estas passaram a ser predominantes sobre as instituies privadas e voluntrias, os governos cresceram em sua influncia no domnio da educao, por meio de uma autoridade central ou local. O Estado ampliou seu controle sobre a educao por meio da alocao de recursos, da autorizao e inspeo de escolas, do recrutamento, da formao e da certificao dos docentes. A educao profissional proliferou-se com o desenvolvimento industrial, sendo que alguns sistemas escolares nacionais buscaram responder diretamente s demandas do setor produtivo, ainda que financiada por recursos pblicos. Como observam Carnoy e Levin (1993), a educao no capitalismo constitui-se em funo do Estado e, por isso mesmo, campo de conflito social. O Estado nas democracias capitalistas responsvel OLIVEIRA, D.A. Educao. In:OLIVEIRA, D.A.; DUARTE, A.M.C.; VIEIRA, L.M.F. DICIONRIO: trabalho, profisso e condio docente. Belo Horizonte: UFMG/Faculdade de Educao, 2010. CDROM
pela promoo de justia e de igualdade, devendo compensar as desigualdades que
emergem do sistema social e econmico. A educao vista, ento, como o processo que permite melhorar a posio dos grupos carentes, dispondo a seu alcance os conhecimentos e o credenciamento para que possam participar da vida social. Assim, o Estado capitalista e seu sistema educacional devem reproduzir as relaes capitalistas de produo, entre as quais a diviso do trabalho e as relaes de classe (CARNOY; LEVIN, 1993). Os anos 1960 trouxeram uma forte crtica aos sistemas educacionais estatais e ao princpio de justia, sob o qual se fundamentam, ou seja, o ideal de igualdade de oportunidade. As anlises crticas daquele momento buscavam demonstrar o papel reprodutor das relaes sociais desempenhado pelo sistema escolar, identificando as instituies educacionais como reprodutoras das concepes da classe dominante. (Baudelot e Establet; Bourdieu e Passeron). Para Carnoy e Levin (1993), essas anlises ignoram o fato de que as escolas pblicas refletem tambm as demandas sociais, pois so as reivindicaes sociais que acabam por moldarem o Estado e a educao. A histria dos sistemas escolares no Brasil e na Amrica Latina foi, nos seus primrdios, dirigida aos filhos das elites brancas, deixando de fora os nativos, os negros, os considerados selvagens. Assim, nossas repblicas geraram sistemas injustos de distribuio dos bens e do acesso aos direitos que proclamavam as revolues liberais. E ainda mais, como nossos sistemas educativos se desenvolveram adotando como modelo os sistemas europeus ou o norte-americano, o direito educao dos nossos povos se reduzia muitas vezes substituio das prprias culturas pela cultura dominante. (PUIGGRS, 2010). Os sistemas educacionais nos pases latino-americanos tiveram processos de constituio bastante desiguais, sendo que, no Brasil, tal processo pode ser considerado tardio, se comparado maioria de seus vizinhos; o que o tornou bastante devedor aos seus cidados.
DICIONRIO: trabalho, profisso e condio docente. Belo Horizonte: UFMG/Faculdade de Educao, 2010. CDROM
BOURDIEU, P.; PASSERON, J. C. A reproduo: elementos para uma teoria do
sistema de ensino. 3 ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1992. CARNOY, M.; LEVIN, H. Escola e trabalho no estado capitalista. So Paulo: Cortez, 1993. DURKHEIM, E. Educao e sociologia. So Paulo: Edies 70, 2001. O'DONNEL, G. Anotaes para uma teoria do Estado. Geocincias,
PUIGGRS, A. Avatares y resignificaciones del derecho a La educacin em Amrica Latina. Docncia, Santiago de Chile, v. 15, n. 40, p. 13-21, mayo 2010. VAN ZANTEN, A. Politiques ducatives. In: VAN ZANTEN, A. (Dir.) Dictionnaire de lducation. Paris: Quadrige, 2008.
A RELAÇÃO DA CLASSE SOCIAL FAMILIAR DOS ESTUDANTES DE ENSINO MÉDIO DE PORTO ALEGRE E REGIÃO COM O SEU NÍVEL DE INFORMAÇÃO SOBRE AS POLÍTICAS DE AÇÕES AFIRMATIVAS PARA INGRESSO NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ATRAVÉS DO VESTIBULAR