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BREVIÁRIO FORENSE

EXPRESSÕES E FRASES DE TRANSIÇÃO PARA


PETIÇÕES

Observação: O diferencial desse livro está em trazer ao profissional do


direto frases diversas para iniciar uma peça, uma contestação, citar
artigos de Lei, Doutrina, Jurisprudência, deixando de lado a “mesmice”
contidas nos chamados modelos “padronizados” do CTRL+C e CTRL+
V”. Com todo o nosso respeito, o nosso único intuito é a criação, inerente
a todo ser humano.

Contém ainda:

DICAS - ASPECTOS LÓGICOS E METODOLÓGICOS

REGRAS DA LÓGICA JURÍDICA


EXPRESSÕES E FRASES LATINAS DIVERSAS
SIGLAS E ABREVIATURAS
MÉTODO PRÁTICO PARA LOCALIZAR A AÇÃO CABÍVEL
ESTUDO PRÉVIO DA AÇÃO
MÉTODO PRÁTICO POR EXCLUSÃO

Prefácio

Muitas vezes, quando estamos redigindo uma peça processual, enfrentamos a


dificuldade em encontrar a expressão ou frase adequada ao encadeamento e
desenvolvimento do raciocínio. Nesse momento surgem várias indagações:
Que palavra se adapta melhor? Inicialmente, primeiramente. Como destacar a
citação de um artigo de lei? Diz o artigo tal, ou, reza o disposto. E a doutrina?
No mesmo sentido a doutrina..., ou, a melhor doutrina...... Há coesão textual?
Está coerente a frase? O receptor entenderá o que escrevo? Estou sendo
Cortes? A redação não está prolixa?

Pensado nisso, garimpando centenas de livros e petições, compilamos neste


breviário, uma coletânea de expressões e frases já consagradas e rubricadas
pelo estilo forense, com o intuito de estimular a criatividade do consulente,
através do raciocínio lógico - dedutivo, tão valioso na ciência do direito.
In passant, trazemos ainda dicas sobre os Aspectos lógicos e metodológicos;
Regras da lógica jurídica; Expressões e frases latinas diversas; Siglas e
abreviaturas, e um Método prático para localizar a ação cabível.

Finalmente, longe da pretensão de esgotar o assunto, esperemos despertar o


interesse pela leitura de pensadores primos e cultivados na arte de escrever.

UMA ADVERTÊNCIA PARA REFLETIR

O texto confuso de uma petição inicial fez o juiz Rodolfo Cezar Ribeiro da Silva,
da Vara da Fazenda Pública da Comarca de Itajaí (SC), extinguir -- sem
julgamento de mérito -- uma ação proposta pela empresa M. Reis & Cia. Ltda.
Ainda cabe recurso.

O juiz afirmou: “Não vislumbro possibilidade de dar prosseguimento à ação em


face de a técnica redacional ser totalmente confusa, obscura e enleada de
forma que da narração dos fatos não decorre uma conclusão lógica
justificadora do pedido”.
Ribeiro afirmou que a empresa não aponta, na petição inicial, contra quem
exatamente pretende litigar em busca de seu direito. O réu é indicado como
“Estado de Santa Catarina=Besc”. As informações são do site Espaço Vital.
Segundo o juiz, enquanto o estado de Santa Catarina é pessoa jurídica de
direito público interno, o Besc é instituição financeira e pessoa jurídica de
direito privado. De acordo com Ribeiro, “o intuito de demonstrar um vocabulário
rebuscado e erudito, torna o entendimento da peça exordial verdadeiro jogo de
quebra-cabeças, onde se tenta descobrir quais são os fatos que o levaram a
intentar a presente ação junto ao Poder Judiciário”.
O juiz critica a falta de uso do ponto final “depois de tantas leituras” da petição
inicial e lembra que "a concisão é o mais importante requisito do estilo forense".
Ele indaga também: “Será que não houve interrupção de pensamento no
decorrer de duas folhas escritas pelo autor?”.
Ação: consignação em pagamento
Requerente: M.REIS E CIA LTDA.
Requerido: ESTADO DE SANTA CATARINA
Proc. nº 033.04.027273-0

DICAS
ASPECTOS LÓGICOS E METODOLÓGICOS

A estética e a escrita de acordo com o padrão culto da língua portuguesa são


importantes no momento da redação de peças forenses. Escrever bem e
correto não significa redigir uma petição utilizando palavras difíceis e
incompreensíveis. O ideal é que o juiz tenha interesse em ler uma petição até o
final, portanto:

• Evite abreviaturas: Prefira sempre a escrita por extenso. Por exemplo,


use "Vossa Excelência" ao invés de "V. Exa.".

O pronome de tratamento Vossa Excelência exige o verbo na terceira


pessoa. O pronome possessivo correspondente é seu e sua. Por isso,
não construa esta frase: “Vossa Excelência resolveu o vosso
problema?”. Corrija para: “Vossa Excelência resolveu o seu problema?”
Da mesma forma, é incorreto elaborar a seguinte oração: “O autor vem,
mui respeitosamente, à vossa presença”. Corrija para: “O autor vem, mui
respeitosamente, a sua presença” ou “O autor vem, à presença de
Vossa Excelência, requerer o julgamento antecipado da lide.”

• Utilize autor e réu (ou demandante e demandado) como termos


genéricos da jurisdição contenciosa; exeqüente e executado (ou credor
e devedor) no processo de execução; requerente e requerido no
processo cautelar; requerente no processo de jurisdição voluntária.

Não use, em nenhum caso, suplicante e suplicado, pois súplica é um


termo inadequado para o ato de propor ou requerer em juízo.

• Não faça inversões de períodos: As inversões confundem o leitor


trazendo um resultado indesejado. No lugar de "Vale ressaltar, de vários
fatores alheios à pessoa do Requerente depende o sucesso do evento",
use: "Vale ressaltar, que o sucesso do evento depende de vários fatores
alheios à pessoa do Requerente".

• Evite citação excessiva de expressões em latim: Utilize apenas


expressões em latim que são mais conhecidas no mundo jurídico, por
exemplo: fumus boni juris e periculum in mora.

• Cuidado com erros ortográficos ou gramaticais: Sempre que estiver em


dúvida, consulte um bom dicionário.
• Nunca faça a petição em primeira pessoa. Afinal, não é você quem está
pedindo, é seu cliente. Ao invés de "tenho em meu poder um contrato
assinado pelo Réu" use "o Autor tem em seu poder um contrato
assinado pelo Réu".

Outro erro:

Não use a expressão Senão, vejamos. Como já assinalado acima, o


pedido é redigidas em terceira pessoa. A expressão Senão, vejamos é
primeira pessoa do plural, pois a expressão completa é: “Senão,
vejamos nós”. A permuta de pessoas do discurso, na produção textual
jurídica, é considerada erro gramatical. As peças processuais devem ser
redigidas em terceira pessoa. Expressões do tipo: “Vejamos, pois”,
“Senão, vejamos”, estão incorretas. Tais expressões precisam ser
corrigidas para: “Veja-se, pois”, “Senão, veja-se”, Senão, confira-se, etc.

Usa-se senão (a expressão leva a uma confirmação do que foi


anteriormente enunciado) , quando puder ser substituída por do
contrário, mas sim; a não ser, de outro modo. Por exemplo: “A oposição
precisa ser oferecida antes da audiência, senão ela será processada
como procedimento autônomo”, “Razão assiste ao opoente, senão
vejam-se os arestos colacionados”. Ao usar o se não (separado), deve-
se observar que seu significado equivale a caso não, pois equivale a
incerteza, condição, precisão. Por exemplo: “Se não chover, o opoente
irá ao fórum”, “A resposta está correta? Se não, vejamos”.

• Evite linguagem rebuscada:

Confira:: “O réu vive de espórtula, tanto é que é notória sua cacosmia”.

Conseguiu traduzir?

E assim: “O réu vive de donativos, tanto é que é notória sua


miserabilidade”.

• Se tiver dificuldade em escrever, experimente o método de fazer a


narração dos fatos em forma de itens (1, 2, 3 etc.), assim, seu raciocínio
será mais lógico e mais inteligível.
• Caso seja necessário escrever algumas laudas (folhas), quer para
descrever os fatos, quer para explicar o direito em jogo, deixe claro cada
ponto, abrindo itens e subitens e até intitulando cada um deles.

• Fuja do gongorismo ( excesso de erudição) e de alusões estranhas,


metáforas esdrúxulas, trocadilhos etc.
Confira o que o árcade português Correia Garção já dizia sobre o
gongorismo no século XVI:

EPÍSTOLA I

Não busques pensamentos esquisitos,


Em denegridas nuvens embrulhadas;
Não tragas, não, metáforas violentas,
Imitando esse corvo do Mondego,
Que entre os cisnes do Tejo anda grasnando;
Usa da pura língua portuguesa
Que aprendido já tens no bom Ferreira,
No Camões imortal, um Sousa e Barros.
(Obras Completas, vol. I, Livraria Sá da Costa, Lisboa, 1957, pp.199-200)

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