O documento discute como o pensamento eugenista facilitou a adesão ao movimento nazista, propondo a morte de bebês "imperfeitos" e a purificação da raça ariana. Também analisa como o filme "Solitário Anônimo" mostra como a regulamentação do corpo pelo poder de "fazer viver" ainda está presente, e como a personagem enfrenta a tragicidade de não ter poder sobre o próprio corpo devido à intervenção do sistema de saúde.
Original Description:
Relação entre o filme homo sapiens 1990 e o curta solitário anônimo
O documento discute como o pensamento eugenista facilitou a adesão ao movimento nazista, propondo a morte de bebês "imperfeitos" e a purificação da raça ariana. Também analisa como o filme "Solitário Anônimo" mostra como a regulamentação do corpo pelo poder de "fazer viver" ainda está presente, e como a personagem enfrenta a tragicidade de não ter poder sobre o próprio corpo devido à intervenção do sistema de saúde.
O documento discute como o pensamento eugenista facilitou a adesão ao movimento nazista, propondo a morte de bebês "imperfeitos" e a purificação da raça ariana. Também analisa como o filme "Solitário Anônimo" mostra como a regulamentação do corpo pelo poder de "fazer viver" ainda está presente, e como a personagem enfrenta a tragicidade de não ter poder sobre o próprio corpo devido à intervenção do sistema de saúde.
Enquanto os mecanismos de funcionamento de uma soberania garantem-lhe o poder de
"deixar viver" ou de "fazer morrer", exercendo poder pela punio do corpo dos governados, os mecanismos de funcionamento da regulamentao permitem, pelo biopoder, o exerccio do "fazer viver" e do "deixar morrer". A fora da regulamentao se d pela adeso e no apenas pela coero o que imprime um carter trgico sua mecnica de funcionamento. No filme Homo Sapiens 1900 explicado como a aceitao do pensamento eugenista facilitou a adeso de pessoas ao movimento nazista. Por exemplo, pela "evoluo" da espcie humana, propunha-se deixar morrerem bebs que no fossem perfeitos. O filme tambm documenta como populariza-se o a crena de que havia uma raa ariana cujas caractersticas fsicas e mentais mais se aproximava do ideal de beleza e equilbrio grego, e que por conseqncia estaria mais apta disciplina do trabalho nas indstrias. Pela lgica eugenista, a higienizao da espcie humana em prol da purificao da raa ariana se daria pela exposio morte. esta lgica permite a adeso dos indivduos ao mecanismo do biopoder pois, aqueles que sobrevivem ao risco de morte j representam um avano na purificao da espcie humana. Hoje, em 2015, o pensamento eugenista, assim como o nazismo podem parecer distantes de nossa realidade, apesar de o racismo a xenofobia e o pensamento escravocrata ainda serem facilmente detectados em nosso dia a dia. No entanto, o filme Solitrio Annimo nos ajuda a perceber como a regulamentao da espcie humana pelo poder de "fazer viver" se faz presente e constitui um certo "bom censo" a cerca da indesejabilidade da morte. A tragicidade no contexto da personagem Solitrio Annimo se d pela apresentao de dois fatos: o homem no tinha coragem de se matar de outra forma que no morrer de fome; o homem no tinha foras para se contrapor regulamentao e disciplina de seu corpo na instituio hospitalar. Apesar de tentar se livrar dos vnculos familiares para poder agir livre e autonomamente sobre seu corpo, o biopoder na forma do "fazer viver" o vinculava s pessoas dispostas a ajud-lo. A tragicidade na Grcia antiga se dava pela oposio entre deuses, ou seja, entre princpios mais amplos do que a figura do cidado grego daquela poca. Por outro lado, o trgico hoje atravessa e atravessado pela nossa impresso de liberdade. Pensar o biopoder hoje e o mesmo que questionar nossa subjetividade, pois cada uma de nossas aes posicionada perante o bem estar social de nossa poca. Cabe no confundir tragicidade com impotncia ou pessimismo. Construindo uma idia sobre o funcionamento do poder podemos refinar nossas dvidas ao invs de alegarmos inocncia ou defendermos uma verdade sobre a realidade. Por exemplo, o Solitrio Annimo afirma: "As pessoas acham que tem o direito de se preocupar com outras pessoas." Pergunto a mim mesmo: como no?