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CURSO DE FÉRIAS – PROCESSO PENAL – NESTOR TÁVORA

STJ - 415. O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da


pena cominada.
Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão
suspensos o processo e o curso do prazo prescricional (PELO TEMPO ABSTRATAMENTE
FIXADO PARA O CRIME PRESCREVER, CONFORME ART. 109 DO CP), podendo o juiz
determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso,
decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no artigo 312.

Apesar do entendimento, majoritário, do STJ, conforme exposto acima, para o STF, a


suspensão do processo e do prazo prescricional estão condicionadas a um evento futuro
e incerto que é o comparecimento do réu, ou seja, o Supremo nega aplicação à súmula
415, ou seja, caso o réu não compareça, o processo e o prazo prescricional ficarão
suspensos ad eternum.

STJ - 390. Nas decisões por maioria, em reexame necessário, não se admitem
embargos infringentes.
Os embargos infringentes são interponíveis contra Acórdãos de TJ e TRF que julgam
improcedentes, por votação não unânime, uma Apelação ou RESE – Recurso em Sentido
Estrito (espécies de recurso voluntário).

Segundo o STJ, havendo julgamento não unânime do recurso ex officio, não caberão
embargos infringentes. Dessa forma, só caberão embargos infringentes contra acórdãos
que julgam improcedentes recursos voluntários (Apelação e RESE).

STJ - 376. Compete à turma recursal processar e julgar o mandado de segurança contra
ato de juizado especial.
A turma recursal terá competência também para apreciar as Ações Autônomas de
Impugnação interpostas contra as decisões do juiz singular dos juizados.

Uso. Algemas. Justificação.


O paciente foi preso em flagrante em uma localidade, mas foi transportado à delegacia de plantão situada em outra cidade (distante 190
Km), local em que lavrado o flagrante. Ele foi mantido algemado por todo o trajeto; porém, só quando de seu transporte da delegacia para o
presídio da mesma cidade, agentes de polícia assinaram uma comunicação de serviço dirigida ao delegado, justificando o uso das algemas
nesse percurso. Alega, na impetração, a nulidade de sua prisão em flagrante, porque a justificação do uso de algemas só diz respeito a esse
pequeno trajeto feito dentro da cidade, daí sua condução sob algemas no trajeto anterior ser indevida frente à Súm. Vinculante 11-STF,
quanto mais se essa justificação deveria ser feita pelo condutor no boletim de ocorrência. Consequentemente, a impetração busca
desconstituir a imposição do TJ quando revogou a prisão cautelar (convolada em preventiva pelo juiz) de que o paciente comparecesse a
todos os atos do processo como condição à sua liberdade. Contudo, nesse contexto, é lícito concluir que, se houve necessidade de algemar o
paciente para o deslocamento dentro da própria cidade para a garantia da integridade física dos policiais e dele próprio, certamente o risco
era bem maior no trajeto de uma cidade a outra, pois é inconcebível que o risco em sua condução só tenha surgido na delegacia . Não há
constrangimento ilegal na circunstância de não constar a justificativa da lavratura do flagrante, mesmo porque o paciente encontra-se, como
já dito, em liberdade. Por último, a imposição de condições para que ele responda ao processo em liberdade é medida comum acolhida pela
jurisprudência do STJ. HC 138.349, Rel. Min. Celso Limongi (Des. conv. TJ-SP), 27.10.09. 6ª T. (Info. 413)
► Súmula Vinculante 11. Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou

de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato

processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.

Segundo o Supremo, o requisito formal (exigido pela súmula vinculante 11) para a
utilização de algema é a fundamentação por escrito. Diante dessa posição, caso as
algemas forem usadas sem a devida fundamentação ou sem nos casos de resistência,
fuga ou perigo a integridade física, ocorrerá ilegalidade na prisão e o ato será nulo.
Em síntese, o desrespeito a súmula vinculante 11 gerará a nulidade relativa.

Competência. Lavagem. Dinheiro. Crime antecedente.


A Seção declarou competente o juízo federal da vara especializada em crimes contra o Sistema Financeiro Nacional e em lavagem de
valores suscitante para dar prosseguimento ao feito apurado em inquérito policial pela prática de conduta que se amolda ao tipo penal de
lavagem de dinheiro que teve como crime antecedente tráfico nacional de entorpecente, mas no qual os investigados foram processados e
condenados pelo juízo federal criminal. No caso dos autos, embora o crime antecedente seja tráfico nacional de entorpecentes, ele só foi
julgado pelo juízo federal por haver conexão com crime de falsidade de passaporte em observância às regras de competência. Assim
também, o juízo federal é competente para o julgamento do crime de lavagem de dinheiro nos termos do art. 2º, III, b, da Lei 9.613/1998.
CC 97.636, Rel. Min. Maria T. A. Moura, 22.4.09. 3ª S. (Info. 391)
► Lei 9.613/1998. Art. 2º. O processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei: [...] III – são da competência da justiça federal : [...] b) quando o crime antecedente for de

competência da justiça federal.

O crime de lavagem de dinheiro será julgado na Justiça Federal, se o crime


antecedente for de competência da Justiça Federal.
STJ - 122. Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos
de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, a, do Código de
Processo Penal.

Lei Maria da Penha. Ação penal pública incondicionada.


A Turma, por maioria, denegou a ordem, reafirmando que, em se tratando de lesões corporais leves e culposas praticadas no âmbito
familiar contra a mulher, a ação é, necessariamente, pública incondicionada. Explicou a min. relatora que, em nome da proteção à família,
preconizada pela CF/1988, e frente ao disposto no art. 41 da Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), que afasta expressamente a aplicação
da Lei 9.099/1995, os institutos despenalizadores e as medidas mais benéficas previstos nesta última lei não se aplicam aos casos de
violência doméstica e independem de representação da vítima para a propositura da ação penal pelo MP nos casos de lesão corporal leve ou
culposa. Ademais, a nova redação do § 9º do art. 129 do CP, feita pelo art. 44 da Lei 11.340/2006, impondo a pena máxima de três anos à
lesão corporal qualificada praticada no âmbito familiar, proíbe a utilização do procedimento dos juizados especiais e, por mais um motivo,
afasta a exigência de representação da vítima. Conclui que, nessas condições de procedibilidade da ação, compete ao MP, titular da ação
penal, promovê-la. Sendo assim, despicienda, também, qualquer discussão da necessidade de designação de audiência para ratificação da
representação, conforme pleiteava o paciente. HC 106.805, Rel. Min. Jane Silva, 3.2.09. 6ª T. (Info. 382)
► CP. Art. 129. § 9º. Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-

se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade:

► Lei 11.340/2006. Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei no 9.099, de 26

de setembro de 1995.
Lei Maria da Penha. Representação.
A Turma, ao prosseguir o julgamento, por maioria, concedeu a ordem de habeas corpus, mudando o entendimento quanto à representação
prevista no art. 16 da Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha). Considerou que, se a vítima só pode retratar-se da representação perante o
juiz, a ação penal é condicionada. Ademais, a dispensa de representação significa que a ação penal teria prosseguimento e impediria a
reconciliação de muitos casais. HC 113.608, Rel. p/ ac. Min. Celso Limongi (Des. conv. TJ-SP), 5.3.09. 6ª T. (Info. 385)
► Lei 11.340/2006. Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz,

em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público.

Inicialmente, o STJ entendeu que os crimes de lesão leve e lesão culposa seriam de
Ação Penal Incondicionada. Todavia, atualmente, o STJ vem aplicando o art. 88 da lei
9099/95 aos crimes de violência doméstica. Nada obstante, para Nestor, o art. 89
(Suspensão Condicional do Processo) também deve ser aplicado aos casos de violência
doméstica (isso já vem sendo feito pelos promotores da Bahia).

Atualmente o STJ prega que a Ação é Pública Condicionada à representação em


crimes de lesão leve e lesão culposa em sede de violência doméstica.

Competência. Roubo. Casa lotérica.


Cinge-se a questão em saber se a justiça federal é a competente para o processo e julgamento do feito relativo ao delito de roubo em casa
lotérica. A Seção conheceu do conflito e declarou competente o juízo de direito, o suscitado, por entender que o roubo ocorrido em casa
lotérica, estabelecimento de pessoa jurídica de direito privado permissionária de serviço público, não caracteriza hipótese de competência
da justiça federal , pois inexiste detrimento de bens, serviços ou interesses da União e suas entidades. CC 100.740, Rel. Min. Maria T. A.
Moura, 12.8.09. 3ª S. (Info. 402)
Competência. Trabalho escravo.
Nos crimes de redução à condição análoga à de escravo e frustração de direito assegurado por lei trabalhista (arts. 149 e 203 do CP), é da
justiça federal a competência, quando eles se referem a determinado grupo de trabalhadores (art. 109, V-A e VI, da CF/1988; art. 10, VII,
da Lei 5.010/1966, e Título IV da Parte Especial do CP). CC 95.707, Rel. Min. Maria T. A. Moura, 11.2.09. 3ª S. (Info. 383)
► CF. Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: [...] V – as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo; VI – os crimes contra a

organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira.

► CP. Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de

trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto: Pena: reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da

pena correspondente à violência.

► Art. 203. Frustrar, mediante fraude ou violência, direito assegurado pela legislação do trabalho: Pena: detenção de um ano a dois anos, e multa, além da pena correspondente à

violência.

► Lei 5.010/1966. Art. 10. Estão sujeitos à Jurisdição da justiça federal : [...] VII – os crimes contra a organização do trabalho e o exercício do direito de greve.

Segundo o STJ, para que o crime seja julgado na Justiça Federal é essencial
(REQUISITO OBJETIVO IMPLÍCITO) que a justiça ou a polícia do Estado sejam
desidiosas em cumprir o seu papel.

Segundo o STJ, a competência federal só se estabelece, no caso de trabalho escravo,


se o crime afetar a coletividade de trabalhadores, pois se o interesse é individual, a
competência é da justiça estadual.

Crimes conexos. Competência federal.


Trata-se de paciente que, juntamente com outros 17, está sendo acusada de fraudar licitações públicas realizadas com recursos federais
oriundos de convênios firmados entre municípios, órgãos e autarquias federais (MEC e FNDE). Irresignada com o recebimento da denúncia
e com a prisão cautelar, sustenta a nulidade da ação penal, inclusive por incompetência do juízo processante, uma vez que os recursos são
federais e ainda alvo de inquérito na Polícia Federal, por incidirem as Súmulas ns. 208 e 122 deste Superior Tribunal. Isso posto,
inicialmente, o min. relator reconheceu que o mandamus impetrado no tribunal de origem perdeu seu objeto no que concerne à análise dos
fundamentos da prisão preventiva, tendo em vista sua revogação pelo juízo de primeiro grau. Dessa forma, a ordem foi conhecida somente
em parte, em razão da incompetência absoluta do juízo processante, pois, no caso, os recursos têm realmente origem federal (Súm. 208-
STJ) e o fato de a exordial acusatória imputar também crimes de competência estadual em razão da conexão não afasta a competência do
juízo federal (Súm. 122-STJ). Com esse entendimento, a Turma conheceu parcialmente da ordem de habeas corpus e, nessa parte,
concedeu-a para declarar a nulidade de todos os atos decisórios proferidos na ação penal, devendo as peças ser remetidas ao juízo federal
competente. HC 97.457, Rel. Min. Felix Fischer, 2.6.09. 5ª T. (Info. 397)
► Súmula STJ 122. Compete à justiça federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, “a”,

do Código de Processo Penal.

► Súmula STJ 208. Compete à justiça federal processar e julgar prefeito municipal por desvio de verba sujeita a prestação de contas perante órgão federal.

O STJ, nas súmulas 208 e 209, traça o entendimento de que se a verba transferida foi
incorporada ao patrimônio do município, ela agora é verba municipal e a competência é
da justiça estadual. Não havendo incorporação a competência é da justiça federal,
estando a verba sujeita a prestação de contas a órgão federal.

Audiência preliminar. Denúncia oral. Juizado especial.


Na espécie, foi instaurado inquérito policial com o objetivo de apurar a suposta prática do crime previsto no art. 129, § 6º, do CP, tratando-
se, no caso, de agressão física por genitora da vítima. Designada audiência preliminar perante o juizado especial criminal, não foi possível a
intimação pessoal da autora do delito, que não compareceu à audiência. O juiz, após vista do Ministério Público, encaminhou os autos ao
juízo comum, mesmo sem o oferecimento da denúncia. Para o min. relator, o procedimento do juizado especial prevê a realização de
audiência preliminar, momento em que é cabível a transação penal, atendidos os requisitos legais, não sendo caso de arquivamento.
Entretanto, o art. 77 da Lei 9.099/1995 dispõe que, não havendo aplicação da pena proposta pelo MP pela ausência do autor do fato, ou
pela não ocorrência da hipótese prevista no art. 76 da referida lei, o MP oferecerá, de imediato, denúncia oral, se não houver necessidade de
diligências. Portanto, no caso, como a autora não compareceu à audiência preliminar e sendo prescindíveis as diligências, é caso de
apresentação de denúncia oral, perante o juizado especial (art. 77 caput da Lei 9.099/1995) – e não de remessa ao juízo comum. Diante
disso, a Seção conheceu do conflito e declarou competente o juízo suscitado. CC 102.240, Rel. Min. Og Fernandes, 25.3.09. 3ª S. (Info. 388)
► CP. Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena: detenção, de três meses a um ano. § 6°. Se a lesão é culposa: Pena: detenção, de dois meses a um ano.

► Lei 9.099/1995. Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá

propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta. ► Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplicação de

pena, pela ausência do autor do fato, ou pela não ocorrência da hipótese prevista no art. 76 desta Lei, o Ministério Público oferecerá ao Juiz, de imediato, denúncia oral, se não

houver necessidade de diligências imprescindíveis.

Se o suposto autor do crime não comparece à audiência preliminar ela se encerra com
a oferta oral de denúncia, devendo haver a citação pessoal do denunciado para que ele
compareça a audiência de instrução e julgamento. Caso o autor do fato não seja
encontrado, como não existe citação edilícia nos juizados, os autos serão remetidos ao
juízo comum seguindo-se o PROCEDIMENTO SUMÁRIO.

HC. Adulteração. Combustível.


Trata-se de habeas corpus de presidente de distribuidora de combustível e outros corréus denunciados pela suposta prática do crime de
venda de combustível adulterado. No caso, noticiam os autos que, no processo administrativo, a Agência Nacional de Petróleo (ANP) não
pôde definir tecnicamente o momento em que o combustível foi adulterado, por isso responsabilizou solidariamente todos os envolvidos,
ou seja, distribuidor, transportador e varejista. Essa conclusão administrativa foi utilizada pelo Ministério Público estadual na denúncia.
Para a min. relatora, embora seja comum o MP utilizar-se das informações administrativas para fundamentar a denúncia criminal, não é
possível simplesmente reproduzi-la como peça acusatória. Assim, a denúncia deixou de individualizar as condutas dos acusados. Observou,
também, ser inaceitável a responsabilidade solidária no processo penal, diante da previsão constitucional de que a responsabilidade é
sempre pessoal. Após essas considerações, entre outras, a Turma concedeu a ordem, determinando a anulação do processo a partir do
oferecimento da denúncia, o que não impede que o MP formule nova denúncia, individualizando as condutas dos acusados. HC 71.493, Rel.
Min. Maria T. A. Moura, 14.4.09. 6ª T. (Info. 390)

DENÚNCIA GENÉRICA é aquela que não especifica de forma detalhada a cota de


participação, mas permite vincular o infrator ao crime e garante o exercício do
contraditório e da ampla defesa. Esse tipo de denúncia é admitida nos crimes
societários, multitudinários e de autoria coletiva.

Interrogatório. Pergunta. Advogado. Corréu.


Mesmo diante da alteração do art. 188 do CPP pela Lei 10.792/2003, que transformou o interrogatório judicial em meio de produção de
prova a necessitar do contraditório e da presença de advogado, nele, não há como sujeitar o interrogado a perguntas formuladas pelo
advogado de seu corréu, pois aquele ato ainda mantém seu caráter de instrumento de autodefesa. Assim, não há que se falar em qualquer
cerceamento da defesa do paciente em razão da negativa do pedido de seu advogado para questionar o interrogado, visto que, mesmo diante
de efetiva delação do corréu, existe a possibilidade de realizar diligência para contradizer as alegações prestadas (art. 402 do CPP) ou
infirmar qualquer depoimento antes da prolação da sentença, nas alegações finais. HC 90.331, Rel. Min. Laurita Vaz, 14.4.09. 5ª T. (Info. 390)
► CPP. Art. 188. Após proceder ao interrogatório, o juiz indagará das partes se restou algum fato para ser esclarecido, formulando as perguntas correspondentes se o entender

pertinente e relevante.

► Art. 402. Sempre que o juiz concluir a instrução fora do prazo, consignará nos autos os motivos da demora.

Em que pese o STJ denegar as reperguntas realizadas pelo advogado do corréu, Ada
Pellegrini e as mesas de processo penal da USP entendem possível quando ocorra
delação, viabilizando, assim, o exercício do contraditório e da ampla defesa.

Intimação. Réu. Ausência. Contrarrazões. Apelação.


Noticiam os autos que o juízo de origem nomeou defensor dativo ao paciente diante da não apresentação de contrarrazões na apelação do
Ministério Público, ao argumento de inércia do seu patrono. Argui a defesa, em habeas corpus, a nulidade do processo a partir da fase das
contrarrazões. Para o min. relator, o juízo deveria ter intimado o paciente para garantir-lhe o direito de constituir advogado de sua confiança
em homenagem ao princípio da ampla defesa. No caso, a tese do MP na apelação foi acolhida, agravando a situação imposta ao paciente:
majorou-se a pena, além de reconhecer, somente naquela instância, a perda da função pública do paciente. Anotou ainda precedente da
relatoria da min. Maria Thereza de Assis Moura em que demonstra ser a matéria controvertida nos tribunais superiores, existindo
julgamentos no sentido de que, nesses casos, não configuraria nulidade absoluta. Entretanto, a 6ª Turma tem posicionamento no sentido de
que ofende o princípio da ampla defesa e do contraditório a não intimação do réu da ausência das contrarrazões. Diante do exposto, a
Turma concedeu a ordem de habeas corpus para anular o julgamento da apelação, para que outro seja feito, após facultar ao paciente a
constituição de novo defensor para oferecimento das contrarrazões. Em consequência, afastou a perda da função pública e assegurou que
permaneça em liberdade até o desfecho do processo, devendo assinar termo de compromisso de comparecimento a todos os atos do
processo, sob pena de revogação. HC 109.699, Rel. Min. Og Fernandes, 14.4.09. 6ª T. (Info. 390)

HC. Prisão. Flagrante. Liberdade provisória.


O paciente foi preso em flagrante com oito papelotes de cocaína. Tais circunstâncias levam à conclusão de que o entorpecente destinava-se
ao tráfico de entorpecentes. Sustenta haver constrangimento ilegal pela falta de fundamentação da decisão que lhe indeferiu a liberdade
provisória. Mas a Turma denegou a ordem ao entendimento de que a proibição da concessão do benefício de liberdade provisória para os
autores do mencionado delito está prevista no art. 44 da Lei 11.343/2006, que é, por si só, fundamento suficiente, por se tratar de norma
especial em relação ao parágrafo único do art. 310 do CPP (O STJ, NA SUA COMPOSIÇÃO ESPECIAL – 25 MINISTROS – ,
ENTENDEU QUE LEGISLADOR ORDINÁRIO PODE RESTRINGIR INTEGRALMENTE A LIBERDADE PROVISÓRIA,
CABENDO AO JUIZ, SE FOR O CASO, TRANSPOR A VEDAÇÃO, ESTRIBADO NO PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE).
HC 124.535, Rel. Min. Laurita Vaz, 17.3.09. 5ª T. (Info. 387)
► CPP. Art. 310. Quando o juiz verificar pelo auto de prisão em flagrante que o agente praticou o fato, nas condições do art. 19, I, II e III, do Código Penal, poderá, depois de

ouvir o Ministério Público, conceder ao réu liberdade provisória, mediante termo de comparecimento a todos os atos do processo, sob pena de revogação.

► Lei 11.343/2006. Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade

provisória, vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos.

Prisão. Flagrante. Liberdade provisória.


Os impetrantes insurgem-se contra decisão do tribunal a quo que afirma ser impossível a concessão de liberdade provisória para os
acusados de crimes hediondos, independentemente da existência dos requisitos autorizadores da prisão preventiva. Isso posto, verificando-
se empate na votação, a Turma concedeu a ordem, ao argumento de que a prisão em flagrante não impede, por si só, a concessão de
liberdade provisória, se seus requisitos estiverem preenchidos. A simples referência à lei ou à gravidade do delito não basta para seu
indeferimento, exigindo-se fundamentação idônea e adequada. HC 121.920, Rel. Ministro Celso Limongi (Des. conv. TJ-SP), 24.3.09. 6ª T. (Info.
388)

O STF ainda não pacificou a matéria, tendo decisões a favor e contra a liberdade
provisória nos crimes hediondos.

Ação penal. Anulação. Recebimento. Denúncia.


O paciente foi preso em flagrante, sendo posteriormente denunciado pela suposta prática do crime de tráfico de drogas, porque mantinha
em depósito quase 28 quilos de cocaína. Recebida a denúncia e prolatada a sentença, o paciente foi condenado, por tráfico de drogas à pena
de dez anos e seis meses de reclusão a ser cumprida integralmente em regime fechado, mais pagamento de 175 dias-multa. Aponta a
existência de nulidade absoluta do processo, porque não foi observado o rito previsto no art. 38 da Lei 10.409/2002 e também que seria
inconstitucional a vedação à progressão de regime. Inicialmente, ressaltou o min. Og Fernandes, relator, filiar-se ao entendimento de que a
inobservância da defesa preliminar preconizada no mencionado artigo da citada lei configura tão somente nulidade relativa. Para o min.
relator, em matéria de nulidades, deve prevalecer o disposto no art. 563 do CPP, que consagra o princípio pas de nullité sans grief, segundo
o qual não se declara nulidade no caso em que inexiste prejuízo para a apuração da verdade substancial da causa. Entretanto, prevalece, na
6ª Turma deste Superior Tribunal, a orientação de que configura nulidade absoluta a ausência de notificação para defesa preliminar, agora
prevista no art. 55 da Lei 11.343/2006, por violação dos princípios da ampla defesa e do devido processo legal. Sendo assim, e ressalvando
seu posicionamento de que o vício apontado apenas autoriza a anulação do processo quando demonstrado o prejuízo, por se tratar de
nulidade relativa, o min. relator aderiu ao entendimento deste Superior Tribunal para acompanhar sua jurisprudência. O min. Og Fernandes
entende que a Lei 11.343/2006 trouxe nova sistemática às políticas públicas sobre entorpecentes, revogando a Lei 10.409/2002, mas não
alterou o direito de o acusado apresentar sua defesa prévia anteriormente ao início da ação penal, com o recebimento da denúncia (art. 55
da Lei 11.343/2006). É inequívoca, portanto, a necessidade de abertura de prazo para a apresentação de defesa preliminar antes do
recebimento da denúncia a todos os procedimentos em andamento durante a vigência da Lei 10.409/2002 publicada em 11.1.2002, e
revogada pela Lei 11.343/2006, em 23.8.2006. No caso, a denúncia foi oferecida e recebida pelo magistrado singular, que não outorgou à
defesa do paciente a oportunidade de apresentar sua defesa preliminar antes do recebimento da peça acusatória, em desrespeito ao rito
estabelecido pela Lei 10.409/2002. Uma vez anulada a ação penal desde o recebimento da denúncia, o novo procedimento a ser seguido é o
determinado pela Lei 11.343/2006, em homenagem ao princípio do efeito imediato da lei processual penal, de que trata o art. 2º do CPP.
Com a anulação, fica prejudicado o pedido de modificação do regime prisional, sendo necessária a expedição de alvará de soltura sob pena
de ofensa ao princípio constitucional da razoável duração do processo. Diante disso, a Turma, por maioria, concedeu a ordem para anular a
ação penal desde o recebimento da denúncia, inclusive, impondo-se ao juízo processante observar o rito da Lei 11.343/2006, conferindo ao
paciente o direito à liberdade provisória, mediante assinatura de termo de compromisso de comparecimento a todos os atos do processo. HC
138.275, Rel. Min. Og Fernandes, 5.11.09. 6ª T. (Info. 414)
► CPP. Art. 2º. A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior.

► Art. 563. Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa.

► Lei 11.343/2006. Art. 55. Oferecida a denúncia, o juiz ordenará a notificação do acusado para oferecer defesa prévia, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.

► Lei 10.409/2002. Art. 38. Oferecida a denúncia, o juiz, em 24 (vinte e quatro) horas, ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez)

dias, contado da data da juntada do mandato aos autos ou da primeira publicação do edital de citação, e designará dia e hora para o interrogatório, que se realizará dentro dos 30

(trinta) dias seguintes, se o réu estiver solto, ou em 5 (cinco) dias, se preso. (revogado p/ Lei 11.343/2006)

 O STJ, na súmula 330, entende que se a denúncia estiver acompanhada de IP, a


defesa preliminar (notificação) está suprimida.
STJ - 330. É desnecessária a resposta preliminar de que trata o artigo 514 do Código de
Processo Penal, na ação penal instruída por inquérito policial.

 O STF, todavia, em recente decisão mudou o entendimento (Prova MP de Goiás)


advertindo que a notificação para a preliminar é obrigatória sob pena de nulidade
relativa.

 Por outro lado, vale lembrar que a notificação da defesa preliminar na lei de
tóxicos é obrigatória, sob pena de nulidade absoluta.

 A lei 11719/08 estabelece a apresentação de uma defesa preliminar dentro do


processo (arts. 396 e 396-A do CPP) para todos os procedimentos que tramitem no
juízo de 1° grau.

Crime. Responsabilidade. Prefeito. Defesa prévia.


No caso, o paciente foi denunciado como autor do crime previsto no art. 1º, VI e VII do DL 201/1967 e, após a regular notificação para
apresentar sua defesa prévia, ele o fez em nome próprio. Agora não cabe a ele arguir, em habeas corpus, a nulidade do feito sob a alegação
de não ter sido assistido por advogado naquela fase processual, de acordo com o princípio estabelecido no art. 565 do CPP. Ressaltou-se,
ainda, que, apesar de a redação da defesa preliminar estar subscrita pelo paciente, ela demonstra que ocorreu sob orientação técnica de
advogado. Ademais, é cediço que, segundo o entendimento há muito firmado neste Superior Tribunal, só existe caso de nulidade absoluta
quando não há a notificação do acusado. Diante disso, a Turma denegou a ordem de habeas corpus. HC 92.209, Rel. Min. Napoleão N. Maia
Fº., 5.5.09. 5ª T. (Info. 393)
► CPP. Art. 565. Nenhuma das partes poderá argüir nulidade a que haja dado causa, ou para que tenha concorrido, ou referente a formalidade cuja observância só à parte contrária

interesse.

► DL 201/1967. Art. 1º. São crimes de responsabilidade dos Prefeitos Municipal, sujeitos ao julgamento do Poder Judiciário, independentemente do pronunciamento da Câmara

dos Vereadores: [...] VI – deixar de prestar contas anuais da administração financeira do Município a Câmara de Vereadores, ou ao órgão que a Constituição do Estado indicar, nos

prazos e condições estabelecidos; VII – Deixar de prestar contas, no devido tempo, ao órgão competente, da aplicação de recursos, empréstimos subvenções ou auxílios internos ou

externos, recebidos a qualquer titulo.


 A defesa preliminar, nos crimes de responsabilidade, não exige capacidade
postulatória.

Magistrado. Parcialidade.
Na espécie, ainda na fase de investigação preliminar, antes que fosse oferecida a denúncia, o juiz, por entender que a causa era complexa,
iniciou a realização do interrogatório de alguns réus. O referido procedimento não encontra respaldo no ordenamento jurídico pátrio, o que
torna nulos não apenas os atos decisórios, mas todo o processo. O juiz não pode realizar as funções do órgão acusatório ou de Polícia
Judiciária, fazendo a gestão da prova, pois seria retornar ao sistema inquisitivo. Assim, a Turma, por maioria, deu provimento ao recurso
para declarar a nulidade de todo o processo, não apenas dos atos decisórios, bem como dos atos praticados pelo juiz durante a fase das
investigações preliminares, determinando que os interrogatórios por ele realizados nesse período sejam desentranhados dos autos, de forma
que não influenciem a opinio delicti do órgão acusatório na propositura da nova denúncia. RHC 23.945, Rel. Min. Jane Silva, 5.2.09. 6ª T. (Info.
382)

 Apesar de a jurisprudência entender a reforma como constitucional, segundo


Aury Lopes Junior, o juiz não tem iniciativa probatória, já que diante do sistema
acusatório o ônus da prova é integralmente da defesa, e se ao final do processo o
juiz está em dúvida, ele deverá absolver o réu ao invés de determinar a produção
probatória.

STF - 727. Não pode o magistrado deixar de encaminhar ao Supremo Tribunal Federal o
agravo de instrumento interposto da decisão que não admite recurso extraordinário,
ainda que referente a causa instaurada no âmbito dos Juizados Especiais.

Esta súmula também será aplicada quando diante da rejeição do agravo de


instrumento para destrancar REsp ao STJ.

STF - 735. Não cabe recurso extraordinário contra acórdão que defere medida liminar.

Como o Supremo afirma que não caberá RE contra decisão que defere liminar, temos
02 situações a serem apresentadas.
a) Deferimento Monocrático: contra essa decisão caberá agravo regimental;
b) Deferimento Colegiado: deste acórdão não cabe RE.

Proposta de Súmula Vinculante n° 31: “Não cabe prisão civil do depositário infiel”.

Requisição. Réu preso. Oitiva. Testemunhas. Acusação.


A ação penal em comento envolve quinze réus presos em diferentes unidades da Federação e apura a prática de diversas infrações de
notável gravidade, tais como o tráfico internacional de entorpecentes, a associação para o tráfico, a lavagem de dinheiro, a formação de
quadrilha e a falsidade ideológica. Insurge-se o paciente, um desses réus, contra o fato de, por estar preso em foro diverso, não ser
requisitado para audiência de oitiva das testemunhas de acusação. Sucede que a jurisprudência deste Superior Tribunal firmou-se no
sentido de que essa falta de requisição configura nulidade relativa, a ser reconhecida se conjugados dois requisitos: a arguição em momento
oportuno sob pena de preclusão e a comprovação do prejuízo à defesa. No caso, a nulidade foi arguida oportunamente, durante a instrução,
mas lhe faltou a efetiva demonstração do prejuízo, visto que somente feitas alegações genéricas que não se reportam a dados concretos.
Anote-se que o paciente foi efetivamente assistido em todas as audiências por advogados constituídos ou defensores ad hoc; que o juízo,
quando da sentença, nem sequer se referiu aos respectivos depoimentos das testemunhas e que é inequívoca a dificuldade operacional em
deslocar todos os acusados, presos em diferentes estados membros, para as numerosas audiências. Mas não se olvida que o STF já se
pronunciou no sentido de essa nulidade ser absoluta, porém fê-lo em decisão de Turma e não de Plenário. Contudo, aquele mesmo sodalício
já denegou a ordem de habeas corpus manejado em favor do ora paciente, que deduzia as mesmas alegações trazidas perante este Superior
Tribunal. Com esse entendimento, acolhido pela maioria, a Turma, ao continuar o julgamento, denegou a ordem. HC 110.242, Rel. Min. Og
Fernandes, 23.4.09. 6ª T. (Info. 391)
Princípio ne reformatio in pejus.
O paciente foi condenado pela justiça estadual, devido à prática de tráfico internacional de entorpecentes, à pena de quatro anos de
reclusão. Por meio de recurso exclusivo da defesa (a acusação não recorreu), o TJ reconheceu, de ofício, nulidade absoluta consubstanciada
na incompetência da justiça estadual para o processo e julgamento do feito, determinando a remessa dos autos à justiça federal. Já na Vara
Criminal Federal, o magistrado impôs ao paciente a pena de cinco anos e quatro meses de reclusão, residindo nesse fato, a alegação de
reformatio in pejus indireta. Para o min. relator, nos julgamentos deste Superior Tribunal, há precedentes com entendimentos distintos. Uns
afirmam que, por se tratar de nulidade absoluta, portanto passível de ser reconhecida a qualquer tempo, até mesmo de ofício, não haveria
proibição quanto ao agravamento da situação do acusado em eventual condenação pelo juízo competente. Em outras palavras, não estaria a
nova decisão limitada ao máximo da pena aplicada na sentença anulada. Esse entendimento baseia-se na premissa de que o juiz natural,
cuja competência decorre da própria Constituição, não pode ficar subordinado aos limites da pena fixada em decisão absolutamente nula.
Outros, contrariamente, dizem ser impossível que o juiz natural da causa imponha pena mais grave ao acusado, ainda que o decreto
condenatório seja anulado por incompetência absoluta do juízo, sob pena de reformatio in pejus indireta. Diante disso, o min. relator
posicionou-se no sentido de que a nova condenação deve limitar-se, como teto, à pena estabelecida pelo magistrado primevo. Deveras, não
obstante irrepreensível o reconhecimento pela autoridade coatora da incompetência da justiça estadual para o julgamento da ação penal,
ainda que em sede de apelação exclusiva da defesa, visto que se trata de vício de natureza absoluta, impõe-se que a nova condenação pelo
juiz natural da causa não exceda quatro anos de reclusão, tal como estabelecido pelo juízo da vara criminal, em observância ao princípio ne
reformatio in pejus. Assim, a Turma concedeu parcialmente a ordem para determinar que o juiz da Vara Criminal Federal redimensione a
pena do paciente na ação penal, tendo como parâmetro o teto estabelecido pela sentença anulada, devendo, ainda, reavaliar, se for o caso, a
possibilidade de substituição da sanção corporal por medidas restritivas de direitos e ainda de eventual fixação de regime menos gravoso.
HC 105.384, Rel. Min. Haroldo Rodrigues (Des. conv. TJ-CE), 6.10.09. 6ª T. (Info. 410)

EDcl. MP. Imposição. Pena restritiva. Direitos.


Não caracteriza reformatio in pejus o fato de o tribunal a quo, em sede de embargos de declaração propostos pelo MP para aclarar o
julgado que proveu sua apelação, cominar mais uma pena restritiva de direitos ao paciente. O que se fez foi o reconhecimento do lapso de
não impor a segunda pena restritiva de direito ou multa, tal como prescreve o art. 44, § 2º, do CP. HC 100.203, Rel. Min. Maria T. A. Moura,
10.2.09. 6ª T. (Info. 383)
► CP. Art. 44. § 2º. Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa

de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.

HC. Prisão preventiva.


Trata-se de habeas corpus em que se alega não haver os requisitos autorizadores da prisão preventiva e o ora paciente apresentar condições
pessoais favoráveis. Alega-se, ainda, haver equívoco por parte do juízo de primeiro grau ao considerá-lo foragido. Conforme os autos,
verificou-se que dois foram os fundamentos para a decretação da prisão preventiva, isto é, a situação de foragido e os graves antecedentes
do paciente. A Turma, ao prosseguir o julgamento, entendeu, por maioria, que a fundamentação relativa aos antecedentes é plenamente
válida, pois não se trata de presumir a periculosidade do agente a partir de meras ilações, conjecturas desprovidas de base empírica
concreta, pelo contrário, no caso, a periculosidade decorre do fato de constar, na folha de antecedentes do paciente, condenação pelos
crimes de latrocínio e extorsão mediante sequestro e ainda um processo em curso pela prática do crime do art. 297 do CP (falsificação de
documento público), além de acusação de homicídio. Tal condição demonstra a possibilidade de que o paciente, se solto, volte a delinquir.
Assim, sua soltura pode ensejar grave ameaça ao seio social e, por consequência, à ordem pública. Ademais, condições favoráveis, tais
como ocupação lícita e residência fixa no distrito da culpa, por si sós, não têm o condão de garantir ao paciente a revogação da prisão
preventiva se há, nos autos, elementos hábeis a recomendar a manutenção de sua custódia cautelar. Diante disso, denegou-se a ordem. HC
125.059, Rel. p/ ac. Min. Felix Fischer, 16.6.09. 5ª T. (Info. 399)
► CP. Art. 297. Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro: Pena: reclusão, de dois a seis anos, e multa.

Prisão preventiva. Periculosidade.


Cuida-se de habeas corpus impetrado em favor do paciente que estaria utilizando sua clínica para abusar da sua condição de renomado
médico geneticista e constranger suas pacientes a degradantes atos de conotação sexual. Ele foi acusado de ser o autor de mais de 56 crimes
de estupro. Inicialmente, advertiu o min. relator que se busca, no remédio heróico, unicamente, a revogação da prisão preventiva decretada.
O único objetivo do writ é a verificação da presença dos requisitos autorizadores da segregação cautelar. Não está em discussão o mérito da
ação penal movida pelo Parquet. Diante disso, a Turma, por maioria, denegou a ordem ao argumento de que a prisão preventiva pode ser
decretada como forma de garantia da ordem pública, desde que a gravidade concreta dos fatos narrados na denúncia possa denotar a
periculosidade acentuada do paciente. Exsurgindo da decisão combatida que o paciente, em tese, teria praticado graves crimes contra a
liberdade sexual, sua segregação cautelar encontra-se justificada em razão da evidenciada gravidade dos fatos em apuração. O afastamento
cautelar do paciente do exercício da medicina por órgão administrativo não afasta, per si, a periculosidade invocada no decreto atacado. É
dizer, por tudo o que consta na decisão, que o paciente é uma pessoa perigosa e não somente um médico perigoso. Assim, persiste o risco
de que, caso solto, volte a praticar novos delitos. HC 148.988, Rel. Min. Felix Fischer, 24.11.09. 5ª T. (Info. 417)

Audiência. Art. 212 do CPP. Nova redação.


Trata-se de HC impetrado pelo MP em favor do paciente contra acórdão proferido pelo TJ que negou provimento à reclamação ajuizada
pelo impetrante naquele tribunal e referente à decisão proferida nos autos do processo-crime em que o paciente foi condenado à pena de
cinco anos, sete meses e 20 dias de reclusão em regime fechado, pela prática do delito previsto no art. 157, caput, do CP. Na reclamação e
neste HC, a questão de grande relevância é a aplicabilidade do art. 212 do CPP diante da alteração de sua redação promovida pela Lei
11.690/2008, que passou a viger a partir de 9 de agosto de 2008. O MP alega que, designada audiência de instrução e julgamento, essa se
realizou no dia 14.8.2008 em desacordo com as normas contidas no referido art. 212 do CPP, uma vez que houve inversão na ordem de
formulação das perguntas, o que enseja nulidade absoluta (que prescinde da demonstração do efetivo prejuízo e de dilação probatória), em
virtude da violação do referido artigo, bem como do sistema acusatório, do devido processo legal e do princípio da dignidade da pessoa
humana (arts. 129, I; 5º, LIV, e 1º, III, todos da CF/1988). O juiz de 1º grau indeferiu o pleito do MP em audiência sob o fundamento de
que tal dispositivo legal não trouxe inovação com relação ao sistema outrora estabelecido a respeito da presidência dos atos procedimentais
no curso das audiências, qual seja, sistema presidencial, o qual permanece em pleno vigor e, nessa condição, concede ao magistrado o
poder/dever de, caso queira, arguir primeiro as testemunhas arroladas pelas partes. Diante disso, a Turma concedeu a ordem para anular a
audiência realizada em desconformidade com o contido no art. 212 do CPP e os atos subsequentes, determinando que outra seja realizada
nos moldes do referido dispositivo, sob os argumentos de que, dentre outros, no caso vertente restou violado due process of law
constitucionalmente normatizado, pois o retrocitado art. 5º, LIV, da CF/1988 preceitua que ninguém será privado da liberdade ou de seus
bens sem o devido processo legal e, na espécie, o ato reclamado não seguiu o rito estabelecido na legislação processual penal, acarretando a
nulidade do feito. Afinal, a teor do art. 212 do CPP com sua nova redação, a oitiva das testemunhas deve ocorrer com perguntas feitas
direta e primeiramente pelo MP e depois pela defesa, sendo que, no caso, o juiz não se restringiu a colher, ao final, os esclarecimentos que
elegeu necessários, mas sim realizou o ato no antigo modo, ou seja, efetuou a inquirição das vítimas, olvidando a alteração legal, mesmo
diante do alerta ministerial no sentido de que a audiência fosse concretizada nos moldes da vigência da Lei 11.690/2008. Também restou
consignado que, além de a parte ter direito à estrita observância do procedimento estabelecido na lei, por força do princípio do devido
processo legal, o paciente teve proferido julgamento em seu desfavor, sendo que, diante do novo método utilizado para a inquirição de
testemunhas, a colheita da referida prova de forma diversa, ou seja, pelo sistema presidencial, indubitavelmente lhe acarretou evidente
prejuízo. HC 121.216, Rel. Min. Jorge Mussi, 19.5.09. 5ª T. (Info. 395)
► CF. Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e

tem como fundamentos: [...] III – a dignidade da pessoa humana. ► Art. 5º. LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal. ► Art. 129.

São funções institucionais do Ministério Público: I – promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei.

► CP. Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à

impossibilidade de resistência: Pena: reclusão, de quatro a dez anos, e multa.

► CPP. Art. 212. As perguntas das partes serão requeridas ao juiz, que as formulará à testemunha. O juiz não poderá recusar as perguntas da parte, salvo se não tiverem relação

com o processo ou importarem repetição de outra já respondida.

Oitiva. Corréu. Testemunha.


Paciente condenado por homicídio duplamente qualificado à pena de treze anos a ser cumprida integralmente no regime fechado pugna
pelo reconhecimento de nulidade do julgamento a fim de ser submetido a novo júri. Alega cerceamento de defesa por ter sido indeferida a
oitiva do corréu arrolado como testemunha de defesa e violação do princípio do promotor natural pela participação de promotor assistente
em plenário. Para o min. relator, a decisão atacada não merece reforma, pois o corréu não pode ser ouvido como testemunha do acusado no
mesmo processo. Observa que não se confunde testemunha com corréu. A testemunha presta compromisso legal e está sujeita ao crime de
falso testemunho; já o corréu pode falsear a verdade, uma vez que não presta compromisso legal. Ademais, no caso dos autos, as
declarações prestadas pelo corréu foram juntadas aos autos. Assim, bastaria que a defesa requeresse a leitura das declarações para ser
suprido o indeferimento. Também não há violação do princípio do promotor natural na designação do promotor adjunto que atuou no caso.
Entretanto, a ordem foi concedida, mas de ofício, apenas para ser afastada a vedação à progressão de regime do crime cometido antes da
Lei 11.464/2007. Logo, a progressão de regime há de obedecer aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal (Lei 7.210/1984). HC
40.394, Rel. Min. Og Fernandes, 14.4.09. 6ª T. (Info. 390)
► LEP. Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso

tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que

vedam a progressão.

Produção antecipada. Provas. Necessidade.


A jurisprudência deste Superior Tribunal é firme no sentido de que a produção antecipada das provas, conforme o art. 366 do CPP, exige
concreta demonstração da urgência e da necessidade da medida. Não é motivo hábil para justificá-la, como na espécie, a decisão que afirma
que as testemunhas, no futuro, possam vir a mudar de domicílio, dificultando a colheita de provas, e que elas poderão perder a memória dos
fatos. Assim, a Turma deu provimento ao recurso, para anular a decisão que determinou a produção antecipada de provas, bem como os
atos subsequentes, sem prejuízo de nova determinação fundamentada em dados concretos. RHC 21.173, Rel. Min. Maria T. A. Moura, 19.11.09.
6ª T. (Info. 416)
► CPP. Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz

determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312.

Revogação. Sursis processual. Período. Prova.


A Turma deu provimento ao recurso do Ministério Público, reafirmando que, se o acusado vier a ser processado por outro crime, a teor do
art. 89, § 3º, da Lei 9.099/1995, impõe-se a revogação da suspensão condicional do processo (sursis) ainda que essa decisão venha a ser
proferida após transcorrido o período de prova, mas desde que não tenha sido proferida sentença extintiva da punibilidade. Nesses casos,
explica o min. relator, o réu deixa de ser merecedor do benefício proveniente de norma excepcional, para ser processado com todas as
garantias pertinentes. REsp 1.111.427, Rel. Min. Felix Fischer, 2.6.09. 5ª T. (Info. 397)
► Lei 9.099/1995. Art. 89. § 3º. A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a ser processado por outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a

reparação do dano.

Júri. Inovação. Tréplica.


A Turma, ao prosseguir o julgamento, por maioria, entendeu que, no âmbito do Júri, é possível a inovação de tese defensiva (no caso, de
inexigibilidade de conduta diversa) quando da tréplica, visto que essa instituição vem pautada, sobremaneira, pela plenitude de defesa (art.
5º, XXXVIII, a, e LV, da CF/1988). O voto vencido repudiava a inovação ao fundamento de violação do princípio do contraditório. HC
61.615, Rel. p/ ac. Min. Nilson Naves, 10.2.09. 6ª T. (Info. 383)
► CF. Art. 5º. XXXVIII – é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: a) a plenitude de defesa; [...] LV – aos litigantes, em processo

judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.

Ação penal pública condicionada. Arquivamento.


Atribui-se a pecha de criminosa à conduta de noticiar, em vários veículos, tal como a Internet, a existência de representação oferecida ao
Conselho Nacional de Justiça (CNJ) a respeito da indicação de determinado juiz federal para compor o TRF. A parte ofendida fez
representação ao MPF, que não propôs a ação penal pública, mas requereu o arquivamento por entender não ocorrer o crime ali narrado.
Discutiu-se, então, a possibilidade de abrir vista ao ofendido para que avaliasse a conveniência de propor ação penal privada. Sucede que
esse entendimento, defendido pelo min. relator, não foi acolhido pela maioria da Corte Especial, pois prevaleceu, ao final, o voto vista do
min. Nilson Naves no sentido de que, escolhida a via da ação penal pública condicionada, o MP que não foi omisso, diante do pedido de
arquivamento, não pode ser substituído pela parte. Anotou-se que não se pode aplicar a sistemática do art. 28 do CPP porque o
subprocurador-geral, no caso, atua por delegação justamente do procurador-geral e que não se desconhece que o STF tem admitido dupla
legitimidade apenas em algumas hipóteses, tais como nos crimes contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções
(Súm. 714-STF). AgRg na SD 180, Rel. p/ ac. Min. Nilson Naves, 4.11.09. Corte Especial. (Info. 414)
► CPP. Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz,

no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão

do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender.

► Súmula STF 714. É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do Ministério Público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime

contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções.

HC. Tráfico internacional. Drogas.


O paciente, juntamente com outras pessoas, inclusive dois irmãos seus, estaria envolvido, de forma estável, em vigoroso esquema de tráfico
internacional de drogas. No curso de investigações realizadas pela Polícia Federal brasileira, em conjunto com a Polícia colombiana, foram
apreendidos, no intervalo de três dias, dois carregamentos de cocaína com peso aproximado de 143 quilos. O entorpecente teria por origem
a Colômbia e seguiria à Ilha de Cabo Verde, de onde seria levado à Europa. Inicialmente, o min. rel. Og Fernandes entendeu que deve ser
afastada a pena referente ao crime previsto no art. 10 da Lei 9.437/1997, uma vez que a condenação deu-se pelo crime de posse ilegal de
arma, pois o paciente guardava, em sua residência, armamento de uso permitido. Tal conduta, entretanto, há de ser alcançada pela abolitio
criminis temporária trazida pela Lei 10.826/2003, impondo, assim, o reconhecimento da atipicidade. Sobre a alegação de faltar justa causa
para a persecução penal quanto aos crimes de tráfico de drogas e associação para o tráfico, entendeu o min. rel. que, nesse ponto, a ordem
não comporta concessão. A jurisprudência iterativa deste Superior Tribunal é no sentido de que o trancamento da ação penal em sede de
habeas corpus é medida excepcional, somente se justificando se demonstrada, inequivocamente, a absoluta falta de provas, a atipicidade da
conduta ou a ocorrência de causa extintiva da punibilidade. Mas, na hipótese, foram apontados robustos fundamentos que indicam a
participação do paciente nos crimes que lhe são atribuídos. Pela descrição pormenorizada da atuação de cada um dos envolvidos, ao
paciente incumbiria a tarefa de remeter a droga para fora do país. O entorpecente seguiria para a Europa em navios, camuflado em
carregamentos de tijolos e de madeiras, remessa que se valeria da empresa de propriedade de seus irmãos. Em razão disso, a Turma
concedeu parcialmente a ordem tão somente a fim de afastar da condenação a pena referente ao crime de posse ilegal de arma de fogo. HC
44.267, Rel. Min. Og Fernandes, 3.12.09. 5ª T. (Info. 418)

Depoimento. Contraditório.
O paciente foi condenado a quinze anos de reclusão como incurso no art. 121, § 2°, II, do CP pelo tribunal do júri. Ajuizou revisão
criminal, que foi indeferida pelo TJ. Sob o fundamento de que a condenação teve respaldo de uma única testemunha, cujo depoimento foi
tomado apenas na fase policial, sem contraditório, foi impetrado o presente habeas corpus. O min. relator concedia parcialmente a ordem
para anular a condenação e determinar que o paciente fosse submetido a novo julgamento perante o tribunal do júri, assegurando o direito
de aguardar em liberdade a nova decisão do mencionado Tribunal. Por sua vez, o min. Celso Limongi entendeu que não seria caso de
oferecimento da denúncia; se recebida, como foi, não caberia a decisão de pronúncia, porque a prova baseava-se em único depoimento,
tomado na fase inquisitorial, sem o necessário e indispensável contraditório. Pronunciado o réu, foi levado a julgamento no tribunal do júri.
Era evidente caso de absolvição, mas foi, porém, condenado. Na apelação, nenhuma dúvida havia de que era caso de provimento para
anular o julgamento, enviando o réu a novo Júri. Mas a apelação não foi provida. Ajuizada revisão criminal, um único voto acolhia a
pretensão deduzida pelo peticionário e o absolvia, para reparar manifesto erro judiciário. A revisão criminal foi indeferida, porque a
condenação baseara-se em prova produzida em juízo. Se o error juris judicando assume tais características de iniquidade manifesta, que de
plano possa ser verificado, cabível ainda será o habeas corpus ante a evidente falta de justa causa para a condenação. Assim, a Turma
desconstituiu a condenação pelo júri e absolveu o paciente por falta de justa causa, com expedição de alvará de soltura. HC 63.290, Rel. p/ ac.
Min. Celso Limongi (Des. conv. TJ-SP), 3.9.09. 6ª T. (Info. 405)
► CP. Art. 121. Matar alguém: Pena: reclusão, de seis a vinte anos. [...] Homicídio qualificado. § 2°. Se o homicídio é cometido: [...] II – por motivo fútil.

COMPETÊNCIA
HC 88.214-PE. Rel. p/ ac.: Min. Menezes Direito
Habeas corpus. Processual penal. Competência do Juízo. Prisão preventiva. Fundamentação
idônea. Cautelaridade demonstrada. Alegação de excesso de prazo. Questão não analisada no
Superior Tribunal de Justiça. Supressão de instância. Precedentes da Corte. 1. Tem prevenção
para a ação penal o Juiz que primeiro toma conhecimento da causa e examina a representação
policial relativa aos pedidos de prisão temporária, busca e apreensão e interceptação telefônica,
nos termos do art. 75, parágrafo único, c/c art. 83 do Código de Processo Penal. 2. A análise do
decreto de prisão preventiva autoriza o reconhecimento de que existe fundamento suficiente para
justificar a privação processual da liberdade do paciente, nos termos do art. 312 do Código de
Processo Penal, especialmente porque se constatou, através da interceptação telefônica
autorizada judicialmente, que o paciente estava envolvido com o extravio de processo relativo a
tráfico ilícito de entorpecentes e, também, na tentativa de utilização de testemunhas que faltariam
com a verdade. 3. A questão relativa ao excesso de prazo não foi examinada pelo Superior
Tribunal de Justiça, o que impossibilita a sua análise, nesta sede, sob pena de indevida
supressão de instância. 4. Habeas corpus denegado. (Info. 555)
_ CPP. Art. 75. Parágrafo único. A distribuição realizada para o efeito da concessão de fiança ou
da decretação de prisão preventiva ou de qualquer diligência anterior à denúncia ou queixa
prevenirá a da ação penal. _ Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que,
concorrendo dois ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles
tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa,
ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou da queixa (arts. 70, § 3º, 71, 72, § 2º, e 78, II,
c). _ Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da
ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei
penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria.

Torna-se prevento o juiz que:


a) Pratica o primeiro ato do processo (recebimento da denúncia);
b) Delibera sobre medidas cautelares na fase do IP.

OBS.: Julgamento de HC não define prevenção!

OBS.: Com o novo CPP nós teremos a figura do Juiz das Garantias tendo competência
para tomar medidas cautelares na fase preliminar e estando impendido de atuar na fase
processual.

PROCEDIMENTO – DEFESA PRELIMINAR


Art. 514 do CPP e defesa preliminar
A circunstância de a denúncia estar embasada em elementos de informação colhidos em
inquérito policial não dispensa a obrigatoriedade, nos crimes afiançáveis, da defesa preliminar de
que trata o art. 514 do CPP. A Turma, com base nesse entendimento, deferiu habeas corpus
para anular, desde o início, ação penal instaurada para apurar suposta prática dos delitos de
peculato e extorsão em concurso de agentes (CP, artigos 312 e 158, caput e § 1º, c/c os artigos
69 e 29) em desfavor de servidor público que não fora intimado a oferecer a referida defesa
preliminar. HC 96058/SP, rel. Min. Eros Grau. 17.3.2009. 2ª T. (Info. 539)
_ CP. Art. 29. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade. _ Art. 69. Quando o agente, mediante mais de uma
ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as
penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas
de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. _ Art. 158. Constranger alguém,
mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida
vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa: Pena: reclusão,
de quatro a dez anos, e multa. § 1º. Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com
emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade. _ Art. 312. Apropriar-se o
funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que
tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: Pena: reclusão, de
dois a doze anos, e multa.
_ CPP. Art. 514. Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia ou queixa em devida forma, o juiz
mandará autuá-la e ordenará a notificação do acusado, para responder por escrito, dentro do
prazo de quinze dias.

O STF não aplica a súmula 330 do STJ, ou seja, se a denúncia estiver embasada em IP,
o juiz deve notificar o denunciado para que ele apresente defesa preliminar.
Art. 514. Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia ou queixa em devida forma, o juiz
mandará autuá-la e ordenará a notificação do acusado, para responder por escrito, dentro do
prazo de quinze dias.
STJ - 330. É desnecessária a resposta preliminar de que trata o artigo 514 do Código de
Processo Penal, na ação penal instruída por inquérito policial.

OBS.: Segundo o STF, se um particular responde por crime de responsabilidade em


concurso com funcionário público, a ele não cabe notificação para apresentação da
defesa preliminar.
REJEIÇÃO DA APELAÇÃO E A DESERÇÃO PELA FUGA
Direito de recorrer em liberdade – 4
O conhecimento de apelação da defesa independe do recolhimento do réu à prisão. Com base
nesse entendimento, o Tribunal proveu recurso ordinário em habeas corpus interposto pelo
Ministério Público Federal no qual se discutia, em face do princípio da presunção da
nãoculpabilidade,
ser possível, ou não, o conhecimento do recurso de apelação interposto em favor
de condenado foragido (CPP, art. 594) – v. Informativo 334. Considerou-se que o princípio
constitucional da presunção de inocência impõe, como regra, que o acusado recorra em
liberdade, podendo-se determinar o seu recolhimento, se preenchidos os requisitos para a prisão
cautelar. Salientou-se, ainda, que o não-conhecimento da apelação pelo fato de o réu ter sido
revel durante a instrução ofende o princípio que assegura a ampla defesa, bem como a regra do
duplo grau de jurisdição prevista em pactos internacionais, como o de São José da Costa Rica,
assinados pelo Brasil posteriormente à edição do Código de Processo Penal. Enfatizou-se,
ademais, que a Lei 11.719/2008 revogou expressamente o aludido art. 594 do CPP e introduziu o
parágrafo único ao art. 387 desse mesmo código. A Min. Ellen Gracie aduziu que o princípio do
duplo grau de jurisdição não tem estatura constitucional, por isso não existiria a obrigatoriedade
da existência de dois graus de jurisdição para todos os casos. RHC provido, a fim de que o
tribunal local profira novo juízo de admissibilidade da apelação. RHC 83810/RJ, rel. Min.
Joaquim
Barbosa, 5.3.2009. Pleno. (Info. 537)
_ CPP. Art. 387. O juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a manutenção ou, se for o caso,
imposição de prisão preventiva ou de outra medida cautelar, sem prejuízo do conhecimento da
apelação que vier a ser interposta. _ Art. 594. O réu não poderá apelar sem recolher-se à prisão,
ou prestar fiança, salvo se for primário e de bons antecedentes, assim reconhecido na sentença
condenatória, ou condenado por crime de que se livre solto. (revogado p/ Lei 11.719/2008).

Art. 595 do CPP e não-recepção


Tendo em conta o entendimento firmado no julgamento do HC 85961/SP (DJE 23.3.2009),
segundo o qual o art. 595 do CPP não foi recebido pela ordem jurídico-constitucional vigente, o
Tribunal concedeu habeas corpus, afetado ao Pleno pela 1ª Turma, para afastar óbice ao
prosseguimento de recurso de apelação interposto pelo paciente, que empreendera fuga, após a
sua condenação – v. Informativo 525. HC 85369/SP, rel. Min. Cármen Lúcia, 26.3.2009.
Pleno.
(Info. 540)
_ CPP. Art. 595. Se o réu condenado fugir depois de haver apelado, será declarada deserta a
apelação.

O STF construiu entendimento de que o art. 595 está tacitamente revogado


(entendimento adotado pelo STJ – súmula 347).
STJ - 347. O conhecimento de recurso de apelação do réu independe de sua prisão.
Art. 595. Se o réu condenado fugir depois de haver apelado, será declarada deserta a
apelação.

OBS.: Postura do Juiz na Sentença à luz do art. 387: Na sentença deverá haver capítulo
contendo a situação prisional do réu sendo que:
a) se o réu estiver solto, o juiz só poderá decretar prisão preventiva e deverá declarar
que esta prisão não influenciará no julgamento de futura apelação;
b) se o réu estiver preso, o juiz deverá motivar o porquê do réu continuar preso. Nesse
caso, também deverá dizer o porquê do não cabimento da liberdade provisória.
Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória:
I – mencionará as circunstâncias agravantes ou atenuantes definidas no Código Penal, e cuja existência
reconhecer;
II – mencionará as outras circunstâncias apuradas e tudo o mais que deva ser levado em conta na
aplicação da pena, de acordo com o disposto nos arts. 59 e 60 do Decreto-lei no 2.848, de 7 de dezembro
de 1940 – Código Penal;
III – aplicará as penas de acordo com essas conclusões;
IV – fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos
sofridos pelo ofendido;
V – atenderá, quanto à aplicação provisória de interdições de direitos e medidas de segurança, ao disposto
no Título XI deste Livro;
VI – determinará se a sentença deverá ser publicada na íntegra ou em resumo e designará o jornal em que
será feita a publicação (artigo 73, §1°, do Código Penal).
Parágrafo único. O juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a manutenção ou, se for o caso, imposição de
prisão preventiva ou de outra medida cautelar, sem prejuízo do conhecimento da apelação que vier a ser
interposta.

INQUÉRITO POLICIAL – SIGILO


ED: inquérito policial e direito de vista
A Turma iniciou julgamento de embargos de declaração opostos pelo Ministério Público Federal
contra acórdão que deferira habeas corpus para permitir o acesso dos acusados a procedimento
investigativo sigiloso – v. Informativo 529. O embargante sustenta que a concessão da ordem,
sem ressalvas na parte dispositiva, pode levar o juízo de 1ª instância ao engano de autorizar o
acesso a todos os atos do procedimento investigatório e não somente àqueles referentes às
diligências já concluídas. O Min. Ricardo Lewandowski, relator, acompanhado pela Min. Cármen
Lúcia, acolheu os declaratórios, sem os efeitos modificativos. Inicialmente, em face da
importância do tema, considerou oportuna a explicitação a fim de evitar qualquer equívoco
quanto ao alcance da decisão embargada e salientou que o exame do writ ocorrera antes da
aprovação da Súmula Vinculante 14. Assim, recebeu os embargos exclusivamente para
esclarecer, com base inclusive na referida Súmula Vinculante 14, que o alcance da ordem
concedida refere-se ao direito assegurado ao indiciado – bem como ao seu defensor – de acesso
aos elementos constantes em procedimento investigatório que lhe digam respeito e que já se
encontrem documentados nos autos, não abrangendo as informações concernentes à decretação
e à realização das diligências investigatórias pendentes, em especial, as que digam respeito a
terceiros eventualmente envolvidos. O Min. Marco Aurélio, enfatizando que o sigilo diz respeito a
terceiros, divergiu para possibilitar à defesa o conhecimento do todo existente nos autos e não
apenas às peças que estariam ligadas ao envolvido. Após, pediu vista dos autos o Min. Carlos
Britto. HC 94387 ED/RS, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 30.6.2009. 1ª T. (Info. 553)
_ Súmula Vinculante 14. É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo
aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por
órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.

Classificação do sigilo do IP:


a) Sigilo Externo: contra terceiros desinteressados (ex.: imprensa). Esse sigilo se
fundamenta no princípio do estado de inocência (Fauzi Hassan);
b) Sigilo Interno: é aquele que atingiria os interessados na investigação. O sigilo interno
é frágil e limitado, pois ele não atinge a consulta aos autos do IP, ou seja, os autos do
IP podem ser acessados pelo MP, juiz e advogado* do suspeito (Fauzi Hassan).

*Súmula Vinculante – STF – 14. É direito do defensor, no interesse do representado, ter


acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório
realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do
direito de defesa.

*Ferramentas para combater o arbítrio (quando o advogado é impedido de acessar os autos


do IP – o que ele deve fazer?): O advogado poderá impetrar Mandado de Segurança e ao
mesmo tempo ingressar com uma Reclamação Constitucional. Para o STJ e STF, é cabível,
ainda, HC “PROFILÁTICO ou PREVENTIVO”, haja vista que de forma incidental existe um
risco à liberdade do suspeito.

Obs.: Atualmente existe um sigilo externo idealizado para proteção da vítima – gestão judicial
do sigilo através de decisão motivada – que é a proibição do vazamento de informação. Esse
sigilo é administrado e decretado pelo juiz. Nesse caso, o delegado será advertido que se
vazar informação ele responderá administrativamente (lei 11690/08).

DUPLA IMPUTAÇÃO
HC: pessoa jurídica e representante legal
A Turma, em votação majoritária, negou provimento a agravo regimental interposto contra
decisão que não conhecera, por ausência de interesse processual, de habeas corpus impetrado
em favor de representante legal de pessoa jurídica, o qual fora citado para, nessa qualidade,
presentá-la (CPC, art. 12, I) em ação penal contra ela instaurada pela suposta prática de crimes
ambientais. A decisão impugnada assentara a inexistência de risco de constrangimento ilegal à
liberdade de locomoção do paciente, uma vez que ele não figurava como réu no mencionado
processo-crime. Tendo em conta que, no caso, a denúncia fora oferecida contra a pessoa jurídica
da qual o ora agravante seria representante legal, afirmou-se existir óbice ao processamento do
writ. Enfatizou-se não haver, segundo o ordenamento jurídico pátrio e a partir da Constituição,
possibilidade de pessoa jurídica que se encontre no pólo passivo de ação penal valer-se do
habeas corpus porque o bem jurídico por ele tutelado é a liberdade corporal, própria das
pessoas
naturais. Vencido o Min. Marco Aurélio que, sem apreciar o mérito do habeas corpus, provia o
agravo para que viesse, devidamente aparelhado, ao Colegiado. HC 88747Agr/ES, rel. Min.
Carlos Britto, 15.9.2009. 1ª T. (Info. 559)
_ CPC. Art. 12. Serão representados em juízo, ativa e passivamente: I – a União, os Estados, o
Distrito Federal e os Territórios, por seus procuradores.

Segundo o STJ a denúncia da pessoa jurídica por crime ambiental impõe a denúncia
conjunta da pessoa física responsável pela ordem criminosa – isso é o que se chama
de dupla imputação.

Segundo o STF o HC não é ferramenta adequada para tutela dos interesses da


pessoas jurídicas (falta interesse de agir), o adequado é o manejo do MS.

É importante destacar que segundo a atual ordem constitucional, a PESSOA JURÍDICA


também pode figurar no pólo passivo da demanda criminal.
Art. 173 §5°. A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa
jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis
com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra
a economia popular.

Art. 225 §3°. As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente


sujeitarão os infratores, pessoas físicas OU jurídicas, a sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

Na responsabilização criminal da PJ, tem sido aplicada a TEORIA DA DUPLA


IMPUTAÇÃO, tendo a ação de ser manejada não só em face da PJ infratora, mas
também, contra a PF responsável pela administração da mesma (posição do STJ) (Art.
2° da lei 9605/98).

Estando a PJ no pólo ativo da demanda, exercendo o direito de ação, a exemplo de


empresa que tenha sido vítima de difamação, a representação será feita por quem os
respectivos contratos ou estatutos designarem, e no silêncio destes, pelos diretores ou
sócios-administratores.
Art. 37. As fundações, associações ou sociedades legalmente constituídas poderão
exercer a ação penal, devendo ser representadas por quem os respectivos contratos ou
estatutos designarem ou, no silêncio destes, pelos seus diretores ou sócios-gerentes.

ARQUIVAMENTO DO IP
Desarquivamento de inquérito policial e excludente de ilicitude – 1
A Turma, por maioria, indeferiu habeas corpus no qual pleiteado o trancamento de ação penal
instaurada a partir do desarquivamento de inquérito policial, em que reconhecida excludente de
ilicitude. No caso, o citado inquérito apurava homicídio imputado ao paciente, delegado de
polícia, e a outros policiais, sendo arquivado a pedido do Ministério Público do Estado do Espírito
Santo, que reputara configurado o estrito cumprimento do dever legal. Passados dez anos da
decisão judicial, fora instalado, pelo parquet, o Grupo de Trabalho para Repressão ao Crime
Organizado – GRCO naquela unidade federativa – que dera origem, posteriormente, a
Comissões Parlamentares de Inquérito em âmbito estadual e nacional –, cujos trabalhos
indicariam que o paciente e os demais policiais não teriam agido em estrito cumprimento do
dever legal, mas sim supostamente executado a vítima (“queima de arquivo”). A partir disso,
novas oitivas das mesmas testemunhas arroladas no inquérito arquivado foram realizadas e o
órgão ministerial, concluindo pela caracterização de prova substancialmente nova, desarquivara
aquele procedimento, o que fora deferido pelo juízo de origem e ensejara o oferecimento de
denúncia. A impetração alegava que o arquivamento estaria acobertado pelo manto da coisa
julgada formal e material, já que reconhecida a inexistência de crime, incidindo o Enunciado 524
da Súmula do STF. HC 95211/ES, rel. Min. Cármen Lúcia, 10.3.2009. 1ª T. (Info. 538)
Desarquivamento de inquérito policial e excludente de ilicitude – 2
O Min. Ricardo Lewandowski suscitou questão de ordem no sentido de que os autos fossem
deslocados ao Plenário, porquanto transpareceria que as informações as quais determinaram a
reabertura do inquérito teriam se baseado em provas colhidas pelo próprio Ministério Público.
Contudo, a Turma entendeu, em votação majoritária, que, antes, deveria apreciar matéria
prejudicial relativa ao fato de se saber se a ausência de ilicitude configuraria, ou não, coisa
julgada material, tendo em conta que o ato de arquivamento ganhara contornos absolutórios, pois
o paciente fora absolvido ante a constatação da excludente de antijuridicidade (estrito
cumprimento do dever legal). Vencido, no ponto, o Min. Ricardo Lewandowski que, ressaltando o
contexto fático, não conhecia do writ por julgar que a via eleita não seria adequada ao exame da
suposta prova nova que motivara o desarquivamento. No mérito, também por maioria, denegouse
a ordem. Aduziu-se que a jurisprudência da Corte seria farta quanto ao caráter impeditivo de
desarquivamento de inquérito policial nas hipóteses de reconhecimento de atipicidade, mas não
propriamente de excludente de ilicitude. Citando o que disposto no aludido Verbete 524 da
Súmula, enfatizou-se que o tempo todo fora afirmado, desde o Ministério Público capixaba até o
STJ, que houvera novas provas decorrentes das apurações. Ademais, observou-se que essas
novas condições não afastaram o fato típico, o qual não fora negado em momento algum, e sim a
ilicitude que inicialmente levara a esse pedido de arquivamento. Vencidos os Ministros Menezes
Direito e Marco Aurélio que deferiam o habeas corpus por considerar que, na espécie, ter-se-ia
coisa julgada material, sendo impossível reabrir-se o inquérito independentemente de outras
circunstâncias. O Min. Marco Aurélio acrescentou que nosso sistema convive com os institutos da
justiça e da segurança jurídica e que, na presente situação, este não seria observado se reaberto
o inquérito, a partir de preceito que encerra exceção (CPP, art. 18). HC 95211/ES, rel. Min.
Cármen Lúcia, 10.3.2009. 1ª T. (Info. 538)
_ CPP. Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por
falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de
outras provas tiver notícia.
_ Súmula STF 524. Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do
Promotor de Justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas.
Inquérito policial e arquivamento implícito
O sistema processual penal brasileiro não agasalhou a figura do arquivamento implícito de
inquérito policial. Com base nesse entendimento, a Turma desproveu recurso ordinário em
habeas corpus interposto contra acórdão do STJ que denegara writ lá impetrado ao fundamento
de que eventual inobservância do princípio da indivisibilidade da ação penal não gera nulidade
quando se trata de ação penal pública incondicionada. No caso, o paciente fora preso em
flagrante pela prática do delito de roubo, sendo que – na mesma delegacia em que autuado – já
tramitava um inquérito anterior, referente ao mesmo tipo penal, contra a mesma vítima, ocorrido
dias antes, em idênticas condições, sendo-lhe imputado, também, tal fato. Ocorre que o parquet
– em que pese tenha determinado o apensamento dos dois inquéritos, por entendê-los conexos –
oferecera a denúncia apenas quanto ao delito em que houvera o flagrante, quedando-se inerte
quanto à outra infração penal. O Tribunal local, todavia, ao desprover recurso de apelação,
determinara que, depois de cumprido o acórdão, fosse aberta vista dos autos ao Ministério
Público para oferecimento de denúncia pelo outro roubo. Destarte, fora oferecida nova exordial
acusatória, sendo o paciente novamente condenado. Sustentava o recorrente, em síntese, a
ilegalidade da segunda condenação, na medida em que teria havido arquivamento tácito, bem
como inexistiria prova nova a autorizar o desarquivamento do inquérito. RHC 95141/RJ, rel. Min.
Ricardo Lewandowski, 6.10.2009. 1ª T. (Info. 562)

Segundo o STF, na súmula 524, o arquivamento, em regra, não faz coisa julgada
material (submete-se a preclusão). Tanto é verdade que se surgirem novas provas, o
MP terá aptidão de denunciar. Excepcionalmente, o arquivamento é imutável, segundo
o STF, quando pautado na certeza da atipicidade e, segundo a doutrina, quando estiver
extinta a punibilidade.

Elementos de Mérito --------------------------------------------------------------------------------------------------


Excludente de
Justifica o arquivamento e faz coisa julgada
tipicidade
Excludente de Não justifica o arquivamento e se o promotor pedir o arquivamento com
ilicitude base nela e o juiz homologar, não fará coisa julgada
Excludente de Não justifica o arquivamento e se o promotor pedir o arquivamento com
culpabilidade base nela e o juiz homologar, não fará coisa julgada
Extinção de
Justifica arquivamento e, para a doutrina, faz coisa julgada.
punibilidade

Condições da Ação
e Pressupostos Justificam arquivamento, mas não fazem coisa julgada.
Processuais

Súmula 524 do STF x Art. 18 do CPP


O requisito objetivo necessário para que se ofereça a denúncia após o
arquivamento é o surgimento de novas provas – nova prova é aquela conhecia
após o arquivamento (a nova prova já podia existir antes do arquivamento,
todavia ela não era conhecida).

STF - 524. Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do


promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas.

 Se o magistrado homologar o pedido de arquivamento, esta decisão faz


coisa julgada material? Em regra, NÃO, pelo fato do arquivamento ter natureza
administrativo-judicial, já que emana do magistrado, mas ainda na fase pré-
processual, não certificando o direito e, portanto, não faz coisa julgada.
Segundo o STF, na súmula 524, o arquivamento, em regra, não faz coisa
julgada material (não há preclusão – esse decisão tem caráter administrativo).
Tanto é verdade que, se surgirem novas provas admite-se o oferecimento de
denúncia, desde que o crime não esteja prescrito.
*Exceção: Arquivamento realizado com base na prova da atipicidade do
fato – nesse caso, o arquivamento faz coisa julgada material, não sendo
admissível denúncia nem mesmo se surgissem novas provas, por ofensa
a coisa julgada material – STF.

Por sua vez, o delegado pode realizar diligências ao longo do arquivamento, na


expectativa de colher prova nova que viabilize o oferecimento da denúncia. É
isto que o art. 18 do CPP prega – ele autoriza a realização de diligências pela
polícia (sem a necessidade de instaurar outro IP), mesmo durante o
arquivamento, na esperança que sejam colhidas novas provas que irão viabilizar
o oferecimento da denúncia em ato jurídico que concretiza o desarquivamento
que é ato do MP.
Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade
judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá
proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.

ATOS DE COMUNICAÇÃO PROCESSUAL


Sessão de julgamento: intimação pessoal do defensor e nulidade relativa
Tendo em conta as particularidades do caso, a Turma indeferiu habeas corpus em que se
alegava nulidade processual consistente na ausência de intimação pessoal do defensor público
para a audiência de julgamento do recurso de apelação do paciente. De início, salientou-se que
seria incontroverso nos autos que o patrono do réu não fora intimado pessoalmente da data do
aludido julgamento e que, interposta a apelação pela defesa, houvera publicação da pauta da
sessão de julgamento na imprensa oficial. Em seguida, enfatizou-se que a nulidade por falta de
intimação do patrono para o julgamento da apelação é de natureza relativa, devendo ser sanada
no momento em que o defensor do réu dela tem conhecimento, sob pena de preclusão.
Esclareceu-se, ainda, que os dois momentos essenciais à defesa, sem os quais haveria, sim,
nulidade absoluta, foram cumpridos em favor do paciente, quais sejam, a intimação para a oferta
das razões de apelação e a intimação do resultado do julgamento. Aduziu-se, também, que o ato
de intimação para a data do julgamento, que permitiria à defesa não mais do que uma
sustentação oral, nos termos do regimento interno do tribunal estadual, se ausente ou deficiente,
caracterizaria apenas nulidade relativa. Contudo, na presente situação, inexistiria dado a
evidenciar que a defensoria não tivesse sido cientificada do resultado do julgamento do recurso.
Assim, se essa instituição e o paciente, apesar de intimados do resultado da apelação,
quedaram-se inertes por mais de 8 anos quanto a contestação de eventuais vícios
procedimentais, não haveria como deixar de assentar a preclusão. Ademais, reiterou-se que o
writ não pode ser empregado como sucedâneo de revisão criminal. HC 94277/SP, rel. Min.
Ricardo Lewandowski, 3.2.2009. 1ª T. (Info. 534)

Em razão da lei orgânica nacional da defensoria, os defensores que já eram notificados


pessoalmente, agora o serão com carga dos autos quando se faça necessário. Por um
critério de isonomia, isso deve ocorrer todas as vezes que o MP for notificado com
carga.

OBS.: O trânsito em julgado da decisão, havendo nulidade absoluta e evidente, é


possível o ingresso com HC para impugnar o julgado. Percebe-se claramente com o
STF que a ausência de intimação de razões e do resultado do acórdão que julga o
apelo ocasiona nulidade absoluta.
LIBERDADE PROVISÓRIA
HC 98.548-SC. Rel.: Min. Cármem Lúcia
Habeas corpus. Prisão em flagrante por tráfico de drogas. Liberdade provisória:
inadmissibilidade. Ordem denegada. 1. A proibição de liberdade provisória, nos casos de crimes
hediondos e equiparados, decorre da própria inafiançabilidade imposta pela Constituição da
República à legislação ordinária (Constituição da República, art. 5º, inc. XLIII). Precedentes. O
art. 2º, inc. II, da Lei 8.072/90 atendeu o comando constitucional, ao considerar inafiançáveis os
crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como
crimes hediondos. Inconstitucional seria a legislação ordinária que dispusesse diversamente,
tendo como afiançáveis delitos que a Constituição da República determina sejam inafiançáveis.
Desnecessidade de se reconhecer a inconstitucionalidade da Lei 11.464/07, que, ao retirar a
expressão ‘e liberdade provisória’ do art. 2º, inc. II, da Lei 8.072/90, limitou-se a uma alteração
textual: a proibição da liberdade provisória decorre da vedação da fiança, não da expressão
suprimida, a qual, segundo a jurisprudência deste Supremo Tribunal, constituía redundância.
Mera alteração textual, sem modificação da norma proibitiva de concessão da liberdade
provisória aos crimes hediondos e equiparados, que continua vedada aos presos em flagrante
por quaisquer daqueles delitos. 2. A Lei 11.464/07 não poderia alcançar o delito de tráfico de
drogas, cuja disciplina já constava de lei especial (Lei 11.343/06, art. 44, caput), aplicável ao caso
vertente. 3. Irrelevância da existência, ou não, de fundamentação cautelar para a prisão em
flagrante por crimes hediondos ou equiparados: Precedentes. 4. Ordem denegada. (Info. 571)
_ CF. Art. 5º. XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a
prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos
como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo
evitá-los, se omitirem.
_ Lei 11.343/2006. Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 desta Lei
são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a
conversão de suas penas em restritivas de direitos.
_ Lei 8.072/90. Art. 2º. Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de: [...] II – fiança.
Liberdade provisória e tráfico de drogas
A Turma, superando a restrição fundada no Enunciado 691 da Súmula do STF, concedeu, de
ofício, habeas corpus para assegurar a denunciado pela suposta prática do delito de tráfico de
substância entorpecente (Lei 11.343/2006, art. 33) o direito de permanecer em liberdade, salvo
nova decisão judicial em contrário do magistrado competente fundada em razões supervenientes.
Enfatizou-se que a prisão cautelar do paciente fora mantida com base, tão-somente, no art. 44 da
Lei 11.343/2006 que, segundo a Turma, seria de constitucionalidade, ao menos, duvidosa. HC
100742/SC, rel. Celso de Mello, 3.11.2009. 2ª T. (Info. 566)
_ Lei 11.343/2006. Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir,
vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever,
ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou
em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena: reclusão de 5 (cinco) a 15
(quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. _ Art. 44.
Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e
insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a conversão de suas
penas em restritivas de direitos.
_ Súmula STF 691. Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpus
impetrado contra decisão do relator que, em habeas corpus requerido a tribunal superior,
indefere
a liminar.
Percebe-se claramente que o STF está longe de pacificar a matéria acerca da
admissibilidade de liberdade provisória sem fiança aos hediondos e equiparados,
existindo declaradamente duas correntes – uma favorável e outra contra a
admissibilidade, em razão do que dispõe o art. 2°, II, da Lei 8072/90, o art. 5°, XLIII da
CF e o art. 44 da lei 11343/06.

OBS.: Vale consignar que para os partidários da admissibilidade de liberdade provisória


sem fiança aos hediondos, não poderão haver, por lei ordinária, vedações absolutas à
liberdade provisória por ofensa ao princípio da proporcionalidade e a tripartição de
poderes, já que o legislativo estaria se intrometendo em matéria típica do judiciário.

PROCEDIMENTO – DEFESA PRELIMINAR


Art. 514 do CPP e defesa preliminar – 1
A Turma, por maioria, indeferiu habeas corpus em que delegado da polícia federal – preso
preventivamente em 5.7.2007 e denunciado pela suposta prática do crime de concussão, de
forma continuada (CP, art. 316, c/c o art. 71) –, alegava nulidade absoluta da ação penal contra
ele intentada, ante ausência de sua notificação prévia (CPP, art. 514) para apresentar defesa
preliminar. Pleiteava a invalidação do processo, desde o recebimento da denúncia, e,
conseqüentemente, a concessão de liberdade provisória em virtude de excesso de prazo. Na
espécie, tal nulidade fora suscitada desde o interrogatório do paciente, sendo o pleito indeferido
pelo juízo monocrático, e pelas demais instâncias, ao fundamento de ser desnecessária a
resposta preliminar, de que trata o art. 514 do CPP, na ação penal instruída por inquérito policial,
como ocorrera no caso. HC 97033/SP, rel. Min. Cármen Lúcia, 12.5.2009. 1ª T. (Info. 546)
_ CP. Art. 71. Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais
crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras
semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a
pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer
caso, de um sexto a dois terços. _ Art. 316. Exigir, para si ou para outrem, direta ou
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem
indevida: Pena: reclusão, de dois a oito anos, e multa.
_ CPP. Art. 514. Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia ou queixa em devida forma, o juiz
mandará autuá-la e ordenará a notificação do acusado, para responder por escrito, dentro do
prazo de quinze dias.
Art. 514 do CPP e defesa preliminar – 2
Esclareceu-se, inicialmente, que, apesar de existir entendimento do Supremo no sentido de ser
de “prova impossível” o prejuízo de determinadas nulidades, o princípio do pas de nullité sans
grief exige, em regra, a demonstração de prejuízo concreto à parte que suscita o vício,
independentemente da sanção prevista para o ato – nulidade absoluta ou relativa. Asseverou-se,
entretanto, que, na situação apreciada, a defesa do paciente não comprovara em que se julgara
prejudicada pela preterição da formalidade, limitando-se a ressaltar que a inobservância do
procedimento previsto no art. 514 do CPP teria contrariado os princípios da ampla defesa, do
contraditório, da legalidade, do devido processo legal e da dignidade da pessoa humana,
sustentando, ademais, que, por se tratar de nulidade absoluta, a comprovação de dano seria
dispensável. Enfatizou-se que, ainda que argüida em momento procedimentalmente adequado,
essa nulidade, para ser reconhecida, exigiria demonstração de efetivo prejuízo à defesa do réu.
Dessa forma, não existindo, na hipótese, essa necessária demonstração, a alegada nulidade –
absoluta ou relativa – não poderia ser decretada. Ademais, salientou-se que, mesmo que se
pudesse reconhecer tal nulidade, fulminando-se o processo principal desde a decisão de
recebimento da denúncia, disso não resultaria a imediata expedição de alvará de soltura, haja
vista que, na linha da jurisprudência desta Corte, a nulidade da condenação restabelece o título
antecedente da prisão, seja ela decorrente de flagrante, de decreto de prisão preventiva ou da
pronúncia e que, pelo que se tem dos autos, esta fora decretada antes mesmo do recebimento
da denúncia. Por fim, não se conheceu de eventual excesso de prazo, o qual restaria
caracterizado se anulado o processo. Ressaltou-se que se cuidaria de questão autônoma, não
apreciada nas impetrações antecedentes, cujo conhecimento pelo STF implicaria supressão de
instância. Vencido o Min. Marco Aurélio, que, por entender que a continuidade delitiva deveria ser
interpretada de forma a beneficiar o paciente, deferia o writ, para afastar o óbice apontado pela
Procuradoria-Geral da República quanto à inafiançabilidade do delito imputado em razão do
crime continuado, e concluir que, por se tratar de direito de defesa e por haver articulação a
tempo, o prejuízo estaria certificado pelo decreto condenatório. HC 97033/SP, rel. Min. Cármen
Lúcia, 12.5.2009. 1ª T. (Info. 546)
_ CPP. Art. 514. Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia ou queixa em devida forma, o juiz
mandará autuá-la e ordenará a notificação do acusado, para responder por escrito, dentro do
prazo de quinze dias.

Atualmente o STF não vem aplicando a súmula 330 do STJ, importando destacar que a
ausência de notificação para a apresentação da defesa preliminar (art. 514) ocasiona
nulidade de natureza relativa.

CAPACIDADE POSTULATÓRIA – PRESSUPOSTO PROCESSUAL


Advogado licenciado da OAB e demonstração de prejuízo – 1
A Turma, por maioria, indeferiu habeas corpus em que se alegava a nulidade absoluta de
processo criminal no qual a defesa da paciente fora realizada por advogado licenciado da Ordem
dos Advogados do Brasil – OAB. No caso, em sede de revisão criminal, a paciente informara que
os patronos dos réus estariam impossibilitados de exercer a advocacia e, por conseguinte,
seriam nulos os atos por eles praticados. O tribunal de origem, contudo, concluíra que a regra da
pás de nulitté sans grief – aplicável tanto às nulidade relativas quanto às absolutas – impediria
a
declaração de invalidade dos atos processuais que não ocasionaram prejuízos às partes. O STJ
mantivera esse entendimento e destacara que a falta de capacidade postulatória só implicaria
nulidade, se comprovada a deficiência técnica na defesa, o que não ocorrera nos autos. A
impetração reiterava que a ausência do mencionado pressuposto processual à época da ação
penal teria causado sim prejuízos à paciente, porquanto ela fora condenada e recolhida à prisão,
sendo afastada do convívio de seus familiares, bem como perdera seus direitos políticos e
emprego. HC 99457/RS, rel. Min. Cármen Lúcia, 13.10.2009. 1ª T. (Info. 563)
Advogado licenciado da OAB e demonstração de prejuízo – 2
Considerou-se, não obstante o rigor do art. 4º do Estatuto da OAB e do Enunciado 523 da
Súmula do STF, que a defesa não conseguira comprovar, na espécie, a presença de
constrangimento ilegal a ferir direito da paciente nem ilegalidade ou abuso de poder a ensejar a
concessão da ordem, especialmente porque os poderes de representação judicial outorgados ao
advogado, ainda que licenciado da OAB, foram ampla e livremente por ela conferidos por
instrumento de procuração. Enfatizou-se não existir prova de que a paciente não conhecesse a
condição do patrono constituído e assinalou-se a impossibilidade de produção dessa prova na via
eleita. Ademais, mencionou-se que o princípio da falta de interesse, tal como estabelecido na 1ª
parte do art. 565 do CPP, não admite argüição da nulidade por quem tenha dado causa ou
concorrido para a existência do vício. Registrou-se que fora bem realçado pela Corte local que o
causídico não conseguira inocentar a paciente, mas daí não se poderia afirmar não ter havido
defesa técnica eficaz. Por fim, aduziu que a situação resolver-se-ia, caso a paciente não tivesse
conhecimento da circunstância, noutra esfera jurídica, em ação de indenização. Vencido o Min.
Carlos Britto que, ressaltando a indispensabilidade do advogado para a administração da justiça
(CF, art. 133) e a necessidade de o mesmo atender as qualificações profissionais que a lei
estabelecer (CF, art. 5º, XIII), deferia o writ por reputar que a lei não habilita o advogado
licenciado ao exercício da profissão. HC 99457/RS, rel. Min. Cármen Lúcia, 13.10.2009. 1ª
T.
(Info. 563)
_ CF. Art. 5º. XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as
qualificações profissionais que a lei estabelecer; _ Art. 133. O advogado é indispensável à
administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da
profissão, nos limites da lei.
_ CPP. Art. 565. Nenhuma das partes poderá argüir nulidade a que haja dado causa, ou para
que tenha concorrido, ou referente a formalidade cuja observância só à parte contrária interesse.
_ EOAB. Art. 4º. São nulos os atos privativos de advogado praticados por pessoa não inscrita na
OAB, sem prejuízo das sanções civis, penais e administrativas. Parágrafo único. São também
nulos os atos praticados por advogado impedido – no âmbito do impedimento – suspenso,
licenciado ou que passar a exercer atividade incompatível com a advocacia.
_ Súmula STF 523. No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua
deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu.

De acordo com a súmula 523 do STF, a ausência de defesa técnica ocasiona nulidade
absoluta, ao passo que a sua deficiência ocasionará nulidade relativa. Em que pese a
posição da ministra Carmen Lucia, o STF, em julgados antecedentes, afirma que se o
réu foi assistido por quem não está regularmente inscrito na OAB o prejuízo é evidente
e a nulidade é absoluta.

PRESENÇA DO RÉU PRESO


Réu preso: instrução processual e direito de presença
Assiste ao réu preso, sob pena de nulidade absoluta, o direito de comparecer, mediante
requisição do Poder Judiciário, à audiência de instrução processual em que serão inquiridas
testemunhas arroladas pelo Ministério Público. Com base nesse entendimento, a Turma, por
maioria, concedeu habeas corpus para cassar decisão proferida por relator de recurso especial
e
restabelecer acórdão de tribunal local o qual anulara processo-crime que resultara na
condenação do paciente por tráfico de drogas (Lei 6.368/76, art. 12). No caso, o pleito do
paciente de comparecer à audiência de instrução, realizada no juízo deprecado, fora denegado.
Assentou-se que essa orientação teria por suporte o reconhecimento de que o direito de
audiência, de um lado, e o direito de presença do réu, de outro – esteja ele preso ou não –
traduzem prerrogativas jurídicas que derivam da garantia constitucional do due process of law e
que asseguram, por isso mesmo, ao acusado, o direito de comparecer aos atos processuais a
serem realizados perante o juízo processante, ainda que situado este em local diverso daquele
em que esteja custodiado o réu. Ressaltou-se, ademais, serem irrelevantes as alegações do
Poder Público concernentes à dificuldade ou inconveniência de proceder à remoção de acusados
presos a outros pontos do Estado ou do País, eis que razões de mera conveniência
administrativa não teriam precedência sobre as inafastáveis exigências de cumprimento e
respeito ao que determina a Constituição. Vencida a Min. Ellen Gracie que, ressalvando apenas a
inexorável conclusão de que o processo seria nulo desde a data da audiência de inquirição de
determinada testemunha, denegava a ordem por não vislumbrar nos autos elementos suficientes
que permitissem aferir que o testemunho teria sido central e indispensável para a formulação do
juízo de condenação do paciente. Acrescentou, no ponto, a necessidade de se buscar uma visão
global do processo, com a verificação de todos os elementos de prova produzidos durante a
instrução, não se revelando suficiente a seleção de determinadas peças processuais –
normalmente as que interessam à defesa – para alcançar tal conclusão. HC 93503/SP, rel. Min.
Celso de Mello, 2.6.2009. 2ª T. (Info. 549)
_ Lei 6.368/1976. Art. 12. Importar ou exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir,
vender, expor à venda ou oferecer, fornecer ainda que gratuitamente, ter em depósito,
transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar ou entregar, de qualquer forma, a
consumo substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica, sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena: Reclusão, de 3
(três) a 15 (quinze) anos, e pagamento de 50 (cinqüenta) a 360 (trezentos e sessenta) diasmulta.
(revogado p/ Lei 11.343/2006)

No interrogatório, o não comparecimento do réu requisitado gera nulidade absoluta.

No júri, se o réu ou seu advogado subscrevem requerimento, o juiz irá dispensar o seu
comparecimento na sessão plenária não havendo, nesse caso, de se falar em nulidade.

A presença do réu preso na instrução processual também é obrigatória, até porque,


atualmente, a audiência é única onde todos os atos, inclusive o interrogatório, serão
realizados. Havendo expedição de precatória, o entendimento majoritário é de que a
apresentação do réu pode ser dispensada em razão da dificuldade de deslocamento
(STF e STJ). O Supremo, todavia, de forma minoritária (Celso de Mello) entendeu que
a presença é obrigatória sob pena de nulidade absoluta.

STATUS DE INOCÊNCIA
Prisão preventiva: pendência de recurso sem efeito suspensivo e execução
provisória – 5
Ofende o princípio da não-culpabilidade a execução da pena privativa de liberdade antes do
trânsito em julgado da sentença condenatória, ressalvada a hipótese de prisão cautelar do réu,
desde que presentes os requisitos autorizadores previstos no art. 312 do CPP. Com base nesse
entendimento, o Tribunal, por maioria, concedeu habeas corpus, afetado ao Pleno pela 1ª
Turma,
para determinar que o paciente aguarde em liberdade o trânsito em julgado da sentença
condenatória. Tratava-se de habeas corpus impetrado contra acórdão do STJ que mantivera a
prisão preventiva do paciente/impetrante, ao fundamento de que os recursos especial e
extraordinário, em regra, não possuem efeito suspensivo – v. Informativos 367, 371 e 501.
Salientou-se, de início, que a orientação até agora adotada pelo Supremo, segundo a qual não
há óbice à execução da sentença quando pendente apenas recursos sem efeito suspensivo,
deveria ser revista. Esclareceu-se que os preceitos veiculados pela Lei 7.210/84 (Lei de
Execução Penal, artigos 105, 147 e 164), além de adequados à ordem constitucional vigente (art.
5º, LVII: “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória”), sobrepõem-se, temporal e materialmente, ao disposto no art. 637 do CPP, que
estabelece que o recurso extraordinário não tem efeito suspensivo e, uma vez arrazoados pelo
recorrido os autos do traslado, os originais baixarão à primeira instância para a execução da
sentença. Asseverou-se que, quanto à execução da pena privativa de liberdade, dever-se-ia
aplicar o mesmo entendimento fixado, por ambas as Turmas, relativamente à pena restritiva de
direitos, no sentido de não ser possível a execução da sentença sem que se dê o seu trânsito em
julgado. Aduziu-se que, do contrário, além da violação ao disposto no art. 5º, LVII, da CF, estarse-
ia desrespeitando o princípio da isonomia. HC 84078/MG, rel. Min. Eros Grau, 5.2.2009.
Pleno. (Info. 534)
_ CPP: Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da
ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei
penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria. _ Art. 637. O
recurso extraordinário não tem efeito suspensivo, e uma vez arrazoados pelo recorrido os autos
do traslado, os originais baixarão à primeira instância, para a execução da sentença.
_ LEP. Art. 105. Transitando em julgado a sentença que aplicar pena privativa de liberdade, se o
réu estiver ou vier a ser preso, o Juiz ordenará a expedição de guia de recolhimento para a
execução. _ Art. 147. Transitada em julgado a sentença que aplicou a pena restritiva de direitos,
o Juiz da execução, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, promoverá a execução,
podendo, para tanto, requisitar, quando necessário, a colaboração de entidades públicas ou
solicitá-la a particulares. _ Art. 164. Extraída certidão da sentença condenatória com trânsito em
julgado, que valerá como título executivo judicial, o Ministério Público requererá, em autos
apartados, a citação do condenado para, no prazo de 10 (dez) dias, pagar o valor da multa ou
nomear bens à penhora.

Segundo o STF, o status de inocência só se encerra com o trânsito em julgado da


sentença condenatória; até este marco, o encarceramento do réu só se justifica se
presentes os requisitos da preventiva; portanto, a execução provisória da pena é
inconstitucional; todavia, nada impede que o preso cautelar pode usufruir dos
benefícios da lei de execuções penais (súmulas 716 e 717 do STF), desde que
presentes os seguintes requisitos: a) preclusão da decisão para o MP; e b)
apresentação de apelação apenas pela defesa.

PRISÃO PREVENTIVA
Prisão preventiva e morador de rua
O simples fato de o acusado não possuir residência fixa nem ocupação lícita não é motivo legal
para a decretação da custódia cautelar. Com base nesse entendimento, a Turma deferiu habeas
corpus para conceder liberdade provisória (CPP, art. 310, parágrafo único) a denunciado por
suposta tentativa de homicídio qualificado, cuja prisão fora decretada para assegurar a aplicação
da lei penal e preservar a ordem pública, porquanto morador de rua, sem endereço conhecido ou
local onde pudesse ser encontrado com habitualidade. HC 97177/DF, rel. Min. Cezar Peluso,
8.9.2009. 2ª T. (Info. 558)
_ CPP. Art. 310. Parágrafo único. Igual procedimento será adotado quando o juiz verificar, pelo
auto de prisão em flagrante, a inocorrência de qualquer das hipóteses que autorizam a prisão
preventiva (arts. 311 e 312).

Segundo o STF, a ausência de residência fixa NÃO faz presumir fuga, já que o risco
desta tem que estar devidamente demonstrado.

INCIDENTE DE INSANIDADE
Incidente de insanidade mental e ausência de dúvida razoável
Por não vislumbrar gravame à defesa da paciente, a Turma denegou habeas corpus em que se
alegava constrangimento ilegal consubstanciado no indeferimento do pedido de realização de
seu exame de insanidade mental. No caso, a paciente fora denunciada, com terceiros, como
incursa nas sanções dos artigos 136, §§ 2º e 3º e 148, § 2º, ambos do CP e do art. 1º, II, § 3º,
primeira parte e § 4º, II, da Lei 9.455/97 pelo fato de supostamente ter submetido menor de idade
a sessões de tortura física, maus tratos e mantê-la em cárcere privado. Durante o curso da ação
penal, pleiteara-se a realização do citado exame, denegado pelo juízo de primeiro grau e pelas
demais instâncias. A impetração sustentava que a negativa dessa perícia constituiria
cerceamento de defesa, haja vista a existência de dúvidas quanto à integridade mental da
acusada. De início, salientou-se que a instauração de incidente de insanidade mental pressupõe
a configuração de dúvida razoável sobre a integridade mental do requerente, que, na presente
situação, não fora demonstrada na petição inicial e nos documentos coligidos nos autos. Aduziuse
que a instauração desse incidente não pode ser autorizada somente porque requerida, sendo
necessários elementos que ensejem dúvida quanto à higidez mental do paciente. Dessa forma,
entendeu-se que a negativa do aludido exame não ofendera os princípios da ampla defesa e do
contraditório. Concluiu-se que, inexistindo qualquer informação concreta que colocasse em
dúvida a sanidade mental da paciente, não importaria cerceamento de defesa a denegação de
pedido para a realização de perícia psiquiátrica. Além disso, considerou-se suficiente a
fundamentação utilizada pelo julgador ordinário para afastar a necessidade da perícia para a
elucidação dos fatos. HC 97098/GO, rel. Min. Joaquim Barbosa, 28.4.2009. 2ª T. (Info.
544)
_ CP. Art. 136. Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou
vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação
ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer
abusando de meios de correção ou disciplina: Pena: detenção, de dois meses a um ano, ou
multa. [...] § 2º. Se resulta a morte: Pena: reclusão, de quatro a doze anos. § 3º. Aumenta-se a
pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos. _ Art. 148.
Privar alguém de sua liberdade, mediante seqüestro ou cárcere privado: Pena: reclusão, de um a
três anos. [...] § 2º. Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção,
grave sofrimento físico ou moral: Pena: reclusão, de dois a oito anos.
_ Lei 9.455/1997. Art. 1º. Constitui crime de tortura: [...] II – submeter alguém, sob sua guarda,
poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou
mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. Pena: reclusão,
de dois a oito anos. [...] § 3º. Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é
de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos. § 4º.
Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: [...] II – se o crime é cometido contra criança,
gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos.

Segundo o STF, se não existe lastro probatório mínimo que revele dúvida razoável
quando a sanidade, não caberá a instauração de incidente. Por outro lado, se o juiz
defere o pedido ou o determina ex officio, o imputado não pode se negar a se submeter
ao exame, cabendo, contudo, a impetração de HC se a determinação é visivelmente
arbitrária.

OITIVA DE TESTEMUNHA
Oitiva de testemunha: indeferimento e juízo de conveniência
A Turma, por maioria, indeferiu habeas corpus em que condenado pelos crimes de abuso de
poder e extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento alegava violação aos
princípios do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório (CF, art. 5º, LV e LIV) em
vista do indeferimento de oitiva de testemunha na fase de instrução processual, o que teria
ocasionado o cerceamento de sua defesa e conseqüente nulidade do feito. No caso, a
impetração teve tal pedido negado ao fundamento de sua total desnecessidade e irrelevância
para a busca da verdade real, na medida em que a testemunha arrolada estaria presa há vários
anos, muito antes da ocorrência dos fatos que estavam em apuração, bem como da ausência de
relação entre o que a defesa pretendia provar e o objeto daqueles autos. Assentou-se que a
jurisprudência do STF está alinhada no sentido de não constituir cerceamento de defesa o
indeferimento de diligências requeridas pela defesa, se forem elas consideradas desnecessárias
pelo órgão julgador, a quem compete a avaliação da necessidade ou conveniência do
procedimento então proposto. Asseverou-se, ademais, que a decisão a qual indeferiu a oitiva de
testemunha da defesa está amplamente motivada, não cabendo a esta Corte substituir o juízo de
conveniência da autoridade judiciária a respeito da necessidade ou não dessa oitiva. Vencido o
Min. Celso de Mello, que concedia o writ por entender que a exclusão antecipada, por parte do
órgão judiciário competente, do rol de testemunhas, sob a alegação de que o depoimento poderia
ser procrastinatório, ou de que, como na espécie, os fatos os quais o réu pretendia provar com a
oitiva da aludida testemunha não tinham qualquer relação com aqueles tratados na ação penal,
na verdade, acabaria frustrando a perspectiva de o réu produzir, em seu favor, prova,
especialmente a partir da possibilidade da inquirição a ser feita em juízo, com a oportunidade de
o Ministério Público ou contraditar esta testemunha antes mesmo da tomada de seu depoimento
ou então de formular reperguntas com o objetivo de neutralizar as repostas por ela
eventualmente dadas. HC 94542/SP, rel. Min. Eros Grau, 3.2.2009. 2ª T. (Info. 534)
_ CF. Art. 5º. LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo
legal; LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.
Se as partes, em momento diverso do permitido em lei, indicam testemunha, caberá ao
magistrado, analisando a conveniência e a pertinência temática, indeferir ou não o
pedido.

PROVA EMPRESTADA
Prova emprestada em processo penal
A Turma manteve decisão do STJ que, em habeas corpus lá impetrado, admitira a utilização de
prova emprestada em processo penal, desde que sobre ela ambas as partes fossem
cientificadas, a fim de que pudessem exercer o contraditório. Tratava-se, na espécie, de writ –
impetrado em favor de condenado em primeira instância pela prática do crime de extorsão
mediante seqüestro (CP, art. 159, § 3º) – no qual se sustentava, em síntese, que a prova
emprestada deveria ser julgada ilícita, na medida em que produzida sem a observância do devido
processo legal e do contraditório, ainda que gerada em processo no qual o réu também figurara
como parte. Considerou-se que, na verdade, a defesa pretendia o revolvimento de fatos e provas,
incabível na via estreita do habeas corpus. Observou-se, ademais, relativamente à possibilidade
de manifestação do paciente quanto à prova emprestada, bem como quanto à higidez das
demais provas que serviram de embasamento para a condenação, que não haveria, no ponto,
nenhuma ilegalidade. HC 95186/SP, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 26.5.2009. 1ª T. (Info.
548)
_ CP. Art. 159. Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer
vantagem, como condição ou preço do resgate: Pena: reclusão, de oito a quinze anos. [...] § 3º.
Se resulta a morte: Pena: reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.
HC 87.743-MG. Rel.: Min. Cezar Peluso
Habeas corpus. Concurso de agentes. Desmembramento. Absolvição de co-réu. Circunstância
exclusivamente pessoal. Extensão aos demais réus. Impossibilidade. HC indeferido. Inteligência
do art. 580 do CPP. A absolvição de um dos réus por inexistir prova de que tenha concorrido com
a infração penal não aproveita aos demais que se encontrem em situação diversa. (Info. 552)
_ CPP. Art. 580. No caso de concurso de agentes (Código Penal, art. 25), a decisão do recurso
interposto por um dos réus, se fundado em motivos que não sejam de caráter exclusivamente
pessoal, aproveitará aos outros.

Prova emprestada é aquela produzida em um processo e transferida documentalmente


a outro processo.

Requisitos da prova emprestada:


a) mesmas partes;
b) respeito ao contraditório;
c) respeito à disciplina legal (ou seja, não se empresta prova ilícita – exceto para
absolver).

PROIBIÇÃO DA REFORMATIO IN PEJUS


Tribunal do júri e princípio da “ne reformatio in pejus” indireta – 1
A Turma deferiu habeas corpus para assentar que o princípio da ne reformatio in pejus
indireta
tem aplicação nos julgamentos realizados pelo tribunal do júri. No caso, acusado como incurso
nos delitos capitulados no art. 121, § 2º, I e IV, c/c o art. 29, ambos do CP, fora absolvido pelo
conselho de sentença, o qual acolhera a tese de legítima defesa. Interposta apelação pelo
Ministério Público, o tribunal de justiça local dera-lhe provimento para submeter o paciente a novo
julgamento, por reputar que a decisão dos jurados teria sido manifestamente contrária à prova
dos autos. Em novo julgamento, conquanto reconhecida a legítima defesa, entendera o júri ter o
paciente excedido os limites dessa causa de justificação, motivo pelo qual o condenara por
homicídio simples à pena de 6 anos de reclusão, a ser cumprida em regime semi-aberto.
Irresignada, a defesa interpusera recurso de apelação, provido, sob o argumento de que
contradição na formulação dos quesitos teria maculado o decreto condenatório, eivando de
nulidade absoluta o feito. O paciente, então, fora submetido a terceiro julgamento perante o
tribunal do júri, sendo condenado por homicídio qualificado à pena de 12 anos de reclusão, em
regime integralmente fechado. A defesa, desse modo, recorrera à corte local e ao STJ,
concluindo este que, em crimes de competência do tribunal do júri poderia ser proferida, em novo
julgamento, decisão que agravasse a situação do réu, tendo em vista a soberania dos veredictos.
A impetração sustentava que, decretada a nulidade do julgamento anterior, não poderia o
conselho de sentença, no novo julgamento, agravar a pena do réu, sob pena de violar o princípio
constitucional da ampla defesa, bem como a vedação da reformatio in pejus. HC 89544/RN,
rel.
Min. Cezar Peluso, 14.4.2009. 2ª T. (Info. 542)
_ CP. Art. 29. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este
cominadas, na medida de sua culpabilidade. _ Art. 121. Matar alguém: Pena: reclusão, de seis a
vinte anos. [...] § 2°. Se o homicídio é cometido: I – mediante paga ou promessa de recompensa,
ou por outro motivo torpe; [...] IV – à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro
recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido.
Tribunal do júri e princípio da “ne reformatio in pejus” indireta – 2
Inicialmente, salientou-se que, se, de um lado, a Constituição da República reconhece a
instituição do júri e a soberania de seus veredictos (art. 5º, XXXVIII, c), de outro, assegura aos
acusados em geral o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes
(art. 5º, LV). Observou-se que ambas as garantias, as quais constituem cláusulas elementares do
princípio constitucional do devido processo, devem ser interpretadas sob a luz do critério da
chamada concordância prática, que consiste numa recomendação para que o aplicador das
normas constitucionais, em se deparando com situações de concorrência entre bens
constitucionalmente protegidos, adote a solução que otimize a realização de todos eles, mas, ao
mesmo tempo, não acarrete a negação de nenhum. Ressaltou-se que tal situação seria
decorrência lógico-jurídica do princípio da unidade da Constituição, e cuja ratio juris estaria em
garantir a coexistência harmônica dos bens nela tutelados, sem predomínio teórico de uns sobre
outros, cuja igualdade de valores fundamenta o critério ou princípio da concordância.
Considerouse,
ademais, que, como corolário do contraditório e da ampla defesa, o CPP contempla, dentre
outros, o princípio da personalidade dos recursos (art. 617, parte final), que obsta a reformatio
in
pejus, tratando-se, aí, de proibição taxativa, segundo a qual o recorrente não pode ver agravada
sua situação jurídica, material ou processual, quando não haja recurso da parte contrária.
Acrescentou-se, nesse sentido, ser consolidada a jurisprudência da Corte, ao estabelecer que o
juiz o qual venha a proferir nova decisão, em substituição à cassada no âmbito de recurso
exclusivo da defesa, está limitado e adstrito ao máximo da pena imposta na sentença anterior,
não podendo de modo algum piorar a situação jurídico-material do réu, sob pena de incorrer em
reformatio in pejus indireta. HC 89544/RN, rel. Min. Cezar Peluso, 14.4.2009. 2ª T. (Info.
542)
_ CF. Art. 5º. XXXVIII – é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei,
assegurados: [...] c) a soberania dos veredictos; [...] LV – aos litigantes, em processo judicial ou
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os
meios e recursos a ela inerentes.
_ CPP. Art. 617. O tribunal, câmara ou turma atenderá nas suas decisões ao disposto nos arts.
383, 386 e 387, no que for aplicável, não podendo, porém, ser agravada a pena, quando somente
o réu houver apelado da sentença.
Tribunal do júri e princípio da “ne reformatio in pejus” indireta – 3
Esclareceu-se que, em que pese ser pacífica essa orientação na Corte, a proibição da
reformatio
in pejus indireta tem sido aplicada restritivamente ao tribunal do júri, sob a explícita condição de o
conselho de sentença reconhecer a existência dos mesmos fatos e circunstâncias admitidos no
julgamento anterior. Entendeu-se que tal restrição aniquilaria, na prática, a ampla defesa, na
medida em que, intimidando o condenado, embaraçar-lhe-ia, senão que lhe inibiria o manejo dos
recursos. Aduziu-se que o conselho de sentença deve decidir sempre como lhe convier, ao passo
que o juiz presidente do tribunal do júri, ao fixar a pena, estaria obrigado a observar o máximo da
reprimenda imposta ao réu no julgamento anterior. Registrou-se, no ponto, ser necessário
distinguir, na sentença subjetivamente complexa do tribunal do júri, qual matéria seria de
competência dos jurados – e, portanto, acobertada pela soberania – e qual a de competência do
juiz-presidente – despida, pois, desse atributo. Enfatizou-se que, no âmbito de julgamento de
recurso exclusivo da defesa, conferir ao tribunal do júri o poder jurídico de lhe agravar a pena
resultaria em dano ao réu, em autêntica revisão da sentença pro societate, favorecendo à
acusação, que não recorrera. Destarte, na espécie, concluiu-se não estar o terceiro Júri jungido à
decisão anterior, que reconhecera excesso doloso à legítima defesa, de modo que lhe era lícito
decidir como conviesse, adstrito às provas dos autos. O juiz-presidente é que, ao dosar a pena,
deveria ter observado aquela fixada no julgamento anulado em razão do recurso exclusivo da
defesa. Asseverou-se, ademais, não se encontrar nenhuma razão lógico-jurídica que, legitimando
outra conclusão, preexcluísse estender a proibição da reformatio in pejus indireta, sempre
admitida na província das decisões singulares, aos julgamentos da competência do tribunal do
júri, ainda quando consideradas circunstâncias que o não tenham sido em julgamento anterior.
Por fim, acrescentou-se que a regra que o sustenta é, em substância, de natureza processual e,
no específico quadro teórico desta causa, apareceria, com caráter cogente, dirigida apenas ao
juiz-presidente do júri, que a deveria reverenciar no momento do cálculo da pena, sem que isso
importasse limitação de nenhuma ordem à competência do conselho de sentença ou à soberania
dos veredictos. Nesse sentido, concedeu-se a ordem para fixar a pena do paciente nos exatos
termos em que imposta no segundo julgamento, qual seja, 6 anos de reclusão, em regime inicial
semi-aberto. HC 89544/RN, rel. Min. Cezar Peluso, 14.4.2009. 2ª T. (Info. 542)

De acordo com a remansosa jurisprudência do STJ e com quase toda a doutrina, a


proibição da reformatio in pejus indireta não se aplica aos jurados, pois o seu veredicto
é soberano, ressalvando-se, contudo, esta recente decisão do Supremo (Informativo
542) contrariando o entendimento majoritário.

Transação penal descumprida e seguimento da ação penal


O Tribunal, após reconhecer a existência de repercussão geral no tema objeto de recurso
extraordinário interposto contra acórdão da Turma Recursal do Estado do Rio Grande do Sul,
reafirmou a jurisprudência da Corte acerca da possibilidade de propositura de ação penal quando
descumpridas as cláusulas estabelecidas em transação penal (Lei 9.099/95, art. 76) e negou
provimento ao apelo extremo. Aduziu-se que a homologação da transação penal não faz coisa
julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retorna-se ao status quo ante, viabilizando-se
ao Ministério Público a continuidade da persecução penal. RE 602072 QO/RS, rel. Min. Cezar
Peluso, 19.11.2009. Pleno. (Info. 568)
_ Lei 9.099/1995. Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública
incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação
imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.

Revisão criminal: direito de aguardar em liberdade e art. 16 do CP


Ante as peculiaridades do caso, a Turma, por maioria, deferiu habeas corpus para que o
paciente
aguarde em liberdade o julgamento de revisão criminal, ficando, neste período, suspenso o prazo
prescricional. Na espécie, o STJ, em recurso especial movido pelo parquet, cassara decisão
absolutória proferida por tribunal local e restabelecera sentença que condenara o paciente à pena
de 2 anos e 8 meses de reclusão, em regime inicial aberto, pela prática do crime de apropriação
indébita, agravada pela reincidência e aumentada em virtude de o paciente ter cometido o crime
na condição de advogado da vítima (CP, art. 168, § 1º, III, c/c o art. 61, I). Essa decisão transitara
em julgado, sendo ajuizada, pelo paciente, revisão criminal, em que se busca a aplicação da
causa de diminuição de pena prevista no art. 16 do CP O Ministro relator no STJ, liminarmente,
indeferira tal pleito, o que ensejara a presente impetração. Frisou-se que, no caso, o impetrante,
antes do recebimento da denúncia, celebrara acordo amigável com a vítima, visando ao
ressarcimento da quantia indevidamente apropriada. Salientou-se, ademais, que, se fosse
aplicada a redução máxima prevista no art. 16 do CP, o paciente já teria quase cumprido
integralmente a sua pena. Vencido o Min. Carlos Britto, que indeferia o writ. HC 99918/RS, rel.
Min. Dias Toffoli, 1º.12.2009. 1ª T. (Info. 570)
_ CP. Art. 16. Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano
ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a
pena será reduzida de um a dois terços. _ Art. 61. São circunstâncias que sempre agravam a
pena, quando não constituem ou qualificam o crime: I – a reincidência; _ Art. 168. Apropriar-se
de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção: Pena: reclusão, de um a quatro anos,
e multa. § 1º. A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa: [...] III – em
razão de ofício, emprego ou profissão.

Art. 221 do CPP: não comparecimento e perda da prerrogativa


O Tribunal resolveu questão de ordem suscitada em ação penal no sentido de declarar a perda
da prerrogativa prevista no caput do art. 221 do CPP em relação a Deputado Federal arrolado
como testemunha que, sem justa causa, não atendera, ao chamado da justiça, no prazo de trinta
dias. Na espécie, o juízo federal encarregado da diligência informara que o parlamentar em
questão, embora tivesse indicado cinco diferentes datas e horários em que desejava ser
inquirido, não comparecera a nenhuma das audiências designadas nessas datas por ele
indicadas. Asseverou-se que a regra prescrita no art. 221 do CPP tenta conciliar o dever que
todos têm de testemunhar com as relevantes funções públicas exercidas pelas autoridades ali
mencionadas, por meio de agendamento prévio de dia, hora e local para a realização de
audiência em que essas autoridades serão ouvidas. Afirmou-se que o objetivo desse dispositivo
legal não seria abrir espaço para que essas autoridades pudessem, simplesmente, recusar-se a
testemunhar, seja não indicando a data, a hora e o local em que quisessem ser ouvidas, seja não
comparecendo aos locais, nas datas e nos horários por elas indicados. Em razão disso,
concluiuse
que, sob pena de admitir-se que a autoridade, na prática, pudesse, indefinidamente, frustrar a
sua oitiva, dever-se-ia reconhecer a perda da sua especial prerrogativa, decorrido tempo razoável
sem que ela indicasse dia, hora e local para sua inquirição ou comparecesse no local, na data e
na hora por ela mesma indicados. Registrou-se, por fim, que essa solução não seria nova no
cenário jurídico brasileiro, tendo em conta o disposto no § 7º do art. 32 da EC 1/69, incluído pela
EC 11/78, que estabelecia a perda das prerrogativas processuais de parlamentares federais,
arrolados como testemunhas, que não atendessem, sem justa causa, no prazo de trinta dias, ao
convite judicial. O Min. Celso de Mello observou que essa prerrogativa processual muitas vezes é
utilizada para procrastinar intencionalmente o regular andamento e o normal desfecho de causa
penal em andamento na Corte, e que a proposta formulada pelo relator seria plenamente
compatível com a exigência de celeridade e seriedade por parte de quem é convocado como
testemunha para depor em procedimentos judiciais. AP 421 QO/SP, rel. Min. Joaquim
Barbosa,
22.10.2009. Pleno. (Info. 564)
_ CPP. Art. 221. O Presidente e o Vice-Presidente da República, os senadores e deputados
federais, os ministros de Estado, os governadores de Estados e Territórios, os secretários de
Estado, os prefeitos do Distrito Federal e dos Municípios, os deputados às Assembléias
Legislativas Estaduais, os membros do Poder Judiciário, os ministros e juízes dos Tribunais de
Contas da União, dos Estados, do Distrito Federal, bem como os do Tribunal Marítimo serão
inquiridos em local, dia e hora previamente ajustados entre eles e o juiz

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