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STJ - 390. Nas decisões por maioria, em reexame necessário, não se admitem
embargos infringentes.
Os embargos infringentes são interponíveis contra Acórdãos de TJ e TRF que julgam
improcedentes, por votação não unânime, uma Apelação ou RESE – Recurso em Sentido
Estrito (espécies de recurso voluntário).
Segundo o STJ, havendo julgamento não unânime do recurso ex officio, não caberão
embargos infringentes. Dessa forma, só caberão embargos infringentes contra acórdãos
que julgam improcedentes recursos voluntários (Apelação e RESE).
STJ - 376. Compete à turma recursal processar e julgar o mandado de segurança contra
ato de juizado especial.
A turma recursal terá competência também para apreciar as Ações Autônomas de
Impugnação interpostas contra as decisões do juiz singular dos juizados.
de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato
Segundo o Supremo, o requisito formal (exigido pela súmula vinculante 11) para a
utilização de algema é a fundamentação por escrito. Diante dessa posição, caso as
algemas forem usadas sem a devida fundamentação ou sem nos casos de resistência,
fuga ou perigo a integridade física, ocorrerá ilegalidade na prisão e o ato será nulo.
Em síntese, o desrespeito a súmula vinculante 11 gerará a nulidade relativa.
► Lei 11.340/2006. Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei no 9.099, de 26
de setembro de 1995.
Lei Maria da Penha. Representação.
A Turma, ao prosseguir o julgamento, por maioria, concedeu a ordem de habeas corpus, mudando o entendimento quanto à representação
prevista no art. 16 da Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha). Considerou que, se a vítima só pode retratar-se da representação perante o
juiz, a ação penal é condicionada. Ademais, a dispensa de representação significa que a ação penal teria prosseguimento e impediria a
reconciliação de muitos casais. HC 113.608, Rel. p/ ac. Min. Celso Limongi (Des. conv. TJ-SP), 5.3.09. 6ª T. (Info. 385)
► Lei 11.340/2006. Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz,
em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público.
Inicialmente, o STJ entendeu que os crimes de lesão leve e lesão culposa seriam de
Ação Penal Incondicionada. Todavia, atualmente, o STJ vem aplicando o art. 88 da lei
9099/95 aos crimes de violência doméstica. Nada obstante, para Nestor, o art. 89
(Suspensão Condicional do Processo) também deve ser aplicado aos casos de violência
doméstica (isso já vem sendo feito pelos promotores da Bahia).
organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira.
► CP. Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de
trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto: Pena: reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da
► Art. 203. Frustrar, mediante fraude ou violência, direito assegurado pela legislação do trabalho: Pena: detenção de um ano a dois anos, e multa, além da pena correspondente à
violência.
► Lei 5.010/1966. Art. 10. Estão sujeitos à Jurisdição da justiça federal : [...] VII – os crimes contra a organização do trabalho e o exercício do direito de greve.
Segundo o STJ, para que o crime seja julgado na Justiça Federal é essencial
(REQUISITO OBJETIVO IMPLÍCITO) que a justiça ou a polícia do Estado sejam
desidiosas em cumprir o seu papel.
► Súmula STJ 208. Compete à justiça federal processar e julgar prefeito municipal por desvio de verba sujeita a prestação de contas perante órgão federal.
O STJ, nas súmulas 208 e 209, traça o entendimento de que se a verba transferida foi
incorporada ao patrimônio do município, ela agora é verba municipal e a competência é
da justiça estadual. Não havendo incorporação a competência é da justiça federal,
estando a verba sujeita a prestação de contas a órgão federal.
► Lei 9.099/1995. Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá
propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta. ► Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplicação de
pena, pela ausência do autor do fato, ou pela não ocorrência da hipótese prevista no art. 76 desta Lei, o Ministério Público oferecerá ao Juiz, de imediato, denúncia oral, se não
Se o suposto autor do crime não comparece à audiência preliminar ela se encerra com
a oferta oral de denúncia, devendo haver a citação pessoal do denunciado para que ele
compareça a audiência de instrução e julgamento. Caso o autor do fato não seja
encontrado, como não existe citação edilícia nos juizados, os autos serão remetidos ao
juízo comum seguindo-se o PROCEDIMENTO SUMÁRIO.
pertinente e relevante.
► Art. 402. Sempre que o juiz concluir a instrução fora do prazo, consignará nos autos os motivos da demora.
Em que pese o STJ denegar as reperguntas realizadas pelo advogado do corréu, Ada
Pellegrini e as mesas de processo penal da USP entendem possível quando ocorra
delação, viabilizando, assim, o exercício do contraditório e da ampla defesa.
ouvir o Ministério Público, conceder ao réu liberdade provisória, mediante termo de comparecimento a todos os atos do processo, sob pena de revogação.
► Lei 11.343/2006. Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade
O STF ainda não pacificou a matéria, tendo decisões a favor e contra a liberdade
provisória nos crimes hediondos.
► Art. 563. Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa.
► Lei 11.343/2006. Art. 55. Oferecida a denúncia, o juiz ordenará a notificação do acusado para oferecer defesa prévia, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.
► Lei 10.409/2002. Art. 38. Oferecida a denúncia, o juiz, em 24 (vinte e quatro) horas, ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez)
dias, contado da data da juntada do mandato aos autos ou da primeira publicação do edital de citação, e designará dia e hora para o interrogatório, que se realizará dentro dos 30
(trinta) dias seguintes, se o réu estiver solto, ou em 5 (cinco) dias, se preso. (revogado p/ Lei 11.343/2006)
Por outro lado, vale lembrar que a notificação da defesa preliminar na lei de
tóxicos é obrigatória, sob pena de nulidade absoluta.
interesse.
► DL 201/1967. Art. 1º. São crimes de responsabilidade dos Prefeitos Municipal, sujeitos ao julgamento do Poder Judiciário, independentemente do pronunciamento da Câmara
dos Vereadores: [...] VI – deixar de prestar contas anuais da administração financeira do Município a Câmara de Vereadores, ou ao órgão que a Constituição do Estado indicar, nos
prazos e condições estabelecidos; VII – Deixar de prestar contas, no devido tempo, ao órgão competente, da aplicação de recursos, empréstimos subvenções ou auxílios internos ou
Magistrado. Parcialidade.
Na espécie, ainda na fase de investigação preliminar, antes que fosse oferecida a denúncia, o juiz, por entender que a causa era complexa,
iniciou a realização do interrogatório de alguns réus. O referido procedimento não encontra respaldo no ordenamento jurídico pátrio, o que
torna nulos não apenas os atos decisórios, mas todo o processo. O juiz não pode realizar as funções do órgão acusatório ou de Polícia
Judiciária, fazendo a gestão da prova, pois seria retornar ao sistema inquisitivo. Assim, a Turma, por maioria, deu provimento ao recurso
para declarar a nulidade de todo o processo, não apenas dos atos decisórios, bem como dos atos praticados pelo juiz durante a fase das
investigações preliminares, determinando que os interrogatórios por ele realizados nesse período sejam desentranhados dos autos, de forma
que não influenciem a opinio delicti do órgão acusatório na propositura da nova denúncia. RHC 23.945, Rel. Min. Jane Silva, 5.2.09. 6ª T. (Info.
382)
STF - 727. Não pode o magistrado deixar de encaminhar ao Supremo Tribunal Federal o
agravo de instrumento interposto da decisão que não admite recurso extraordinário,
ainda que referente a causa instaurada no âmbito dos Juizados Especiais.
STF - 735. Não cabe recurso extraordinário contra acórdão que defere medida liminar.
Como o Supremo afirma que não caberá RE contra decisão que defere liminar, temos
02 situações a serem apresentadas.
a) Deferimento Monocrático: contra essa decisão caberá agravo regimental;
b) Deferimento Colegiado: deste acórdão não cabe RE.
Proposta de Súmula Vinculante n° 31: “Não cabe prisão civil do depositário infiel”.
de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.
tem como fundamentos: [...] III – a dignidade da pessoa humana. ► Art. 5º. LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal. ► Art. 129.
São funções institucionais do Ministério Público: I – promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei.
► CP. Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à
► CPP. Art. 212. As perguntas das partes serão requeridas ao juiz, que as formulará à testemunha. O juiz não poderá recusar as perguntas da parte, salvo se não tiverem relação
tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que
vedam a progressão.
determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312.
reparação do dano.
judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.
no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão
do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender.
► Súmula STF 714. É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do Ministério Público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime
Depoimento. Contraditório.
O paciente foi condenado a quinze anos de reclusão como incurso no art. 121, § 2°, II, do CP pelo tribunal do júri. Ajuizou revisão
criminal, que foi indeferida pelo TJ. Sob o fundamento de que a condenação teve respaldo de uma única testemunha, cujo depoimento foi
tomado apenas na fase policial, sem contraditório, foi impetrado o presente habeas corpus. O min. relator concedia parcialmente a ordem
para anular a condenação e determinar que o paciente fosse submetido a novo julgamento perante o tribunal do júri, assegurando o direito
de aguardar em liberdade a nova decisão do mencionado Tribunal. Por sua vez, o min. Celso Limongi entendeu que não seria caso de
oferecimento da denúncia; se recebida, como foi, não caberia a decisão de pronúncia, porque a prova baseava-se em único depoimento,
tomado na fase inquisitorial, sem o necessário e indispensável contraditório. Pronunciado o réu, foi levado a julgamento no tribunal do júri.
Era evidente caso de absolvição, mas foi, porém, condenado. Na apelação, nenhuma dúvida havia de que era caso de provimento para
anular o julgamento, enviando o réu a novo Júri. Mas a apelação não foi provida. Ajuizada revisão criminal, um único voto acolhia a
pretensão deduzida pelo peticionário e o absolvia, para reparar manifesto erro judiciário. A revisão criminal foi indeferida, porque a
condenação baseara-se em prova produzida em juízo. Se o error juris judicando assume tais características de iniquidade manifesta, que de
plano possa ser verificado, cabível ainda será o habeas corpus ante a evidente falta de justa causa para a condenação. Assim, a Turma
desconstituiu a condenação pelo júri e absolveu o paciente por falta de justa causa, com expedição de alvará de soltura. HC 63.290, Rel. p/ ac.
Min. Celso Limongi (Des. conv. TJ-SP), 3.9.09. 6ª T. (Info. 405)
► CP. Art. 121. Matar alguém: Pena: reclusão, de seis a vinte anos. [...] Homicídio qualificado. § 2°. Se o homicídio é cometido: [...] II – por motivo fútil.
COMPETÊNCIA
HC 88.214-PE. Rel. p/ ac.: Min. Menezes Direito
Habeas corpus. Processual penal. Competência do Juízo. Prisão preventiva. Fundamentação
idônea. Cautelaridade demonstrada. Alegação de excesso de prazo. Questão não analisada no
Superior Tribunal de Justiça. Supressão de instância. Precedentes da Corte. 1. Tem prevenção
para a ação penal o Juiz que primeiro toma conhecimento da causa e examina a representação
policial relativa aos pedidos de prisão temporária, busca e apreensão e interceptação telefônica,
nos termos do art. 75, parágrafo único, c/c art. 83 do Código de Processo Penal. 2. A análise do
decreto de prisão preventiva autoriza o reconhecimento de que existe fundamento suficiente para
justificar a privação processual da liberdade do paciente, nos termos do art. 312 do Código de
Processo Penal, especialmente porque se constatou, através da interceptação telefônica
autorizada judicialmente, que o paciente estava envolvido com o extravio de processo relativo a
tráfico ilícito de entorpecentes e, também, na tentativa de utilização de testemunhas que faltariam
com a verdade. 3. A questão relativa ao excesso de prazo não foi examinada pelo Superior
Tribunal de Justiça, o que impossibilita a sua análise, nesta sede, sob pena de indevida
supressão de instância. 4. Habeas corpus denegado. (Info. 555)
_ CPP. Art. 75. Parágrafo único. A distribuição realizada para o efeito da concessão de fiança ou
da decretação de prisão preventiva ou de qualquer diligência anterior à denúncia ou queixa
prevenirá a da ação penal. _ Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que,
concorrendo dois ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles
tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa,
ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou da queixa (arts. 70, § 3º, 71, 72, § 2º, e 78, II,
c). _ Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da
ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei
penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria.
OBS.: Com o novo CPP nós teremos a figura do Juiz das Garantias tendo competência
para tomar medidas cautelares na fase preliminar e estando impendido de atuar na fase
processual.
O STF não aplica a súmula 330 do STJ, ou seja, se a denúncia estiver embasada em IP,
o juiz deve notificar o denunciado para que ele apresente defesa preliminar.
Art. 514. Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia ou queixa em devida forma, o juiz
mandará autuá-la e ordenará a notificação do acusado, para responder por escrito, dentro do
prazo de quinze dias.
STJ - 330. É desnecessária a resposta preliminar de que trata o artigo 514 do Código de
Processo Penal, na ação penal instruída por inquérito policial.
OBS.: Postura do Juiz na Sentença à luz do art. 387: Na sentença deverá haver capítulo
contendo a situação prisional do réu sendo que:
a) se o réu estiver solto, o juiz só poderá decretar prisão preventiva e deverá declarar
que esta prisão não influenciará no julgamento de futura apelação;
b) se o réu estiver preso, o juiz deverá motivar o porquê do réu continuar preso. Nesse
caso, também deverá dizer o porquê do não cabimento da liberdade provisória.
Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória:
I – mencionará as circunstâncias agravantes ou atenuantes definidas no Código Penal, e cuja existência
reconhecer;
II – mencionará as outras circunstâncias apuradas e tudo o mais que deva ser levado em conta na
aplicação da pena, de acordo com o disposto nos arts. 59 e 60 do Decreto-lei no 2.848, de 7 de dezembro
de 1940 – Código Penal;
III – aplicará as penas de acordo com essas conclusões;
IV – fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos
sofridos pelo ofendido;
V – atenderá, quanto à aplicação provisória de interdições de direitos e medidas de segurança, ao disposto
no Título XI deste Livro;
VI – determinará se a sentença deverá ser publicada na íntegra ou em resumo e designará o jornal em que
será feita a publicação (artigo 73, §1°, do Código Penal).
Parágrafo único. O juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a manutenção ou, se for o caso, imposição de
prisão preventiva ou de outra medida cautelar, sem prejuízo do conhecimento da apelação que vier a ser
interposta.
Obs.: Atualmente existe um sigilo externo idealizado para proteção da vítima – gestão judicial
do sigilo através de decisão motivada – que é a proibição do vazamento de informação. Esse
sigilo é administrado e decretado pelo juiz. Nesse caso, o delegado será advertido que se
vazar informação ele responderá administrativamente (lei 11690/08).
DUPLA IMPUTAÇÃO
HC: pessoa jurídica e representante legal
A Turma, em votação majoritária, negou provimento a agravo regimental interposto contra
decisão que não conhecera, por ausência de interesse processual, de habeas corpus impetrado
em favor de representante legal de pessoa jurídica, o qual fora citado para, nessa qualidade,
presentá-la (CPC, art. 12, I) em ação penal contra ela instaurada pela suposta prática de crimes
ambientais. A decisão impugnada assentara a inexistência de risco de constrangimento ilegal à
liberdade de locomoção do paciente, uma vez que ele não figurava como réu no mencionado
processo-crime. Tendo em conta que, no caso, a denúncia fora oferecida contra a pessoa jurídica
da qual o ora agravante seria representante legal, afirmou-se existir óbice ao processamento do
writ. Enfatizou-se não haver, segundo o ordenamento jurídico pátrio e a partir da Constituição,
possibilidade de pessoa jurídica que se encontre no pólo passivo de ação penal valer-se do
habeas corpus porque o bem jurídico por ele tutelado é a liberdade corporal, própria das
pessoas
naturais. Vencido o Min. Marco Aurélio que, sem apreciar o mérito do habeas corpus, provia o
agravo para que viesse, devidamente aparelhado, ao Colegiado. HC 88747Agr/ES, rel. Min.
Carlos Britto, 15.9.2009. 1ª T. (Info. 559)
_ CPC. Art. 12. Serão representados em juízo, ativa e passivamente: I – a União, os Estados, o
Distrito Federal e os Territórios, por seus procuradores.
Segundo o STJ a denúncia da pessoa jurídica por crime ambiental impõe a denúncia
conjunta da pessoa física responsável pela ordem criminosa – isso é o que se chama
de dupla imputação.
ARQUIVAMENTO DO IP
Desarquivamento de inquérito policial e excludente de ilicitude – 1
A Turma, por maioria, indeferiu habeas corpus no qual pleiteado o trancamento de ação penal
instaurada a partir do desarquivamento de inquérito policial, em que reconhecida excludente de
ilicitude. No caso, o citado inquérito apurava homicídio imputado ao paciente, delegado de
polícia, e a outros policiais, sendo arquivado a pedido do Ministério Público do Estado do Espírito
Santo, que reputara configurado o estrito cumprimento do dever legal. Passados dez anos da
decisão judicial, fora instalado, pelo parquet, o Grupo de Trabalho para Repressão ao Crime
Organizado – GRCO naquela unidade federativa – que dera origem, posteriormente, a
Comissões Parlamentares de Inquérito em âmbito estadual e nacional –, cujos trabalhos
indicariam que o paciente e os demais policiais não teriam agido em estrito cumprimento do
dever legal, mas sim supostamente executado a vítima (“queima de arquivo”). A partir disso,
novas oitivas das mesmas testemunhas arroladas no inquérito arquivado foram realizadas e o
órgão ministerial, concluindo pela caracterização de prova substancialmente nova, desarquivara
aquele procedimento, o que fora deferido pelo juízo de origem e ensejara o oferecimento de
denúncia. A impetração alegava que o arquivamento estaria acobertado pelo manto da coisa
julgada formal e material, já que reconhecida a inexistência de crime, incidindo o Enunciado 524
da Súmula do STF. HC 95211/ES, rel. Min. Cármen Lúcia, 10.3.2009. 1ª T. (Info. 538)
Desarquivamento de inquérito policial e excludente de ilicitude – 2
O Min. Ricardo Lewandowski suscitou questão de ordem no sentido de que os autos fossem
deslocados ao Plenário, porquanto transpareceria que as informações as quais determinaram a
reabertura do inquérito teriam se baseado em provas colhidas pelo próprio Ministério Público.
Contudo, a Turma entendeu, em votação majoritária, que, antes, deveria apreciar matéria
prejudicial relativa ao fato de se saber se a ausência de ilicitude configuraria, ou não, coisa
julgada material, tendo em conta que o ato de arquivamento ganhara contornos absolutórios, pois
o paciente fora absolvido ante a constatação da excludente de antijuridicidade (estrito
cumprimento do dever legal). Vencido, no ponto, o Min. Ricardo Lewandowski que, ressaltando o
contexto fático, não conhecia do writ por julgar que a via eleita não seria adequada ao exame da
suposta prova nova que motivara o desarquivamento. No mérito, também por maioria, denegouse
a ordem. Aduziu-se que a jurisprudência da Corte seria farta quanto ao caráter impeditivo de
desarquivamento de inquérito policial nas hipóteses de reconhecimento de atipicidade, mas não
propriamente de excludente de ilicitude. Citando o que disposto no aludido Verbete 524 da
Súmula, enfatizou-se que o tempo todo fora afirmado, desde o Ministério Público capixaba até o
STJ, que houvera novas provas decorrentes das apurações. Ademais, observou-se que essas
novas condições não afastaram o fato típico, o qual não fora negado em momento algum, e sim a
ilicitude que inicialmente levara a esse pedido de arquivamento. Vencidos os Ministros Menezes
Direito e Marco Aurélio que deferiam o habeas corpus por considerar que, na espécie, ter-se-ia
coisa julgada material, sendo impossível reabrir-se o inquérito independentemente de outras
circunstâncias. O Min. Marco Aurélio acrescentou que nosso sistema convive com os institutos da
justiça e da segurança jurídica e que, na presente situação, este não seria observado se reaberto
o inquérito, a partir de preceito que encerra exceção (CPP, art. 18). HC 95211/ES, rel. Min.
Cármen Lúcia, 10.3.2009. 1ª T. (Info. 538)
_ CPP. Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por
falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de
outras provas tiver notícia.
_ Súmula STF 524. Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do
Promotor de Justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas.
Inquérito policial e arquivamento implícito
O sistema processual penal brasileiro não agasalhou a figura do arquivamento implícito de
inquérito policial. Com base nesse entendimento, a Turma desproveu recurso ordinário em
habeas corpus interposto contra acórdão do STJ que denegara writ lá impetrado ao fundamento
de que eventual inobservância do princípio da indivisibilidade da ação penal não gera nulidade
quando se trata de ação penal pública incondicionada. No caso, o paciente fora preso em
flagrante pela prática do delito de roubo, sendo que – na mesma delegacia em que autuado – já
tramitava um inquérito anterior, referente ao mesmo tipo penal, contra a mesma vítima, ocorrido
dias antes, em idênticas condições, sendo-lhe imputado, também, tal fato. Ocorre que o parquet
– em que pese tenha determinado o apensamento dos dois inquéritos, por entendê-los conexos –
oferecera a denúncia apenas quanto ao delito em que houvera o flagrante, quedando-se inerte
quanto à outra infração penal. O Tribunal local, todavia, ao desprover recurso de apelação,
determinara que, depois de cumprido o acórdão, fosse aberta vista dos autos ao Ministério
Público para oferecimento de denúncia pelo outro roubo. Destarte, fora oferecida nova exordial
acusatória, sendo o paciente novamente condenado. Sustentava o recorrente, em síntese, a
ilegalidade da segunda condenação, na medida em que teria havido arquivamento tácito, bem
como inexistiria prova nova a autorizar o desarquivamento do inquérito. RHC 95141/RJ, rel. Min.
Ricardo Lewandowski, 6.10.2009. 1ª T. (Info. 562)
Segundo o STF, na súmula 524, o arquivamento, em regra, não faz coisa julgada
material (submete-se a preclusão). Tanto é verdade que se surgirem novas provas, o
MP terá aptidão de denunciar. Excepcionalmente, o arquivamento é imutável, segundo
o STF, quando pautado na certeza da atipicidade e, segundo a doutrina, quando estiver
extinta a punibilidade.
Condições da Ação
e Pressupostos Justificam arquivamento, mas não fazem coisa julgada.
Processuais
Atualmente o STF não vem aplicando a súmula 330 do STJ, importando destacar que a
ausência de notificação para a apresentação da defesa preliminar (art. 514) ocasiona
nulidade de natureza relativa.
De acordo com a súmula 523 do STF, a ausência de defesa técnica ocasiona nulidade
absoluta, ao passo que a sua deficiência ocasionará nulidade relativa. Em que pese a
posição da ministra Carmen Lucia, o STF, em julgados antecedentes, afirma que se o
réu foi assistido por quem não está regularmente inscrito na OAB o prejuízo é evidente
e a nulidade é absoluta.
No júri, se o réu ou seu advogado subscrevem requerimento, o juiz irá dispensar o seu
comparecimento na sessão plenária não havendo, nesse caso, de se falar em nulidade.
STATUS DE INOCÊNCIA
Prisão preventiva: pendência de recurso sem efeito suspensivo e execução
provisória – 5
Ofende o princípio da não-culpabilidade a execução da pena privativa de liberdade antes do
trânsito em julgado da sentença condenatória, ressalvada a hipótese de prisão cautelar do réu,
desde que presentes os requisitos autorizadores previstos no art. 312 do CPP. Com base nesse
entendimento, o Tribunal, por maioria, concedeu habeas corpus, afetado ao Pleno pela 1ª
Turma,
para determinar que o paciente aguarde em liberdade o trânsito em julgado da sentença
condenatória. Tratava-se de habeas corpus impetrado contra acórdão do STJ que mantivera a
prisão preventiva do paciente/impetrante, ao fundamento de que os recursos especial e
extraordinário, em regra, não possuem efeito suspensivo – v. Informativos 367, 371 e 501.
Salientou-se, de início, que a orientação até agora adotada pelo Supremo, segundo a qual não
há óbice à execução da sentença quando pendente apenas recursos sem efeito suspensivo,
deveria ser revista. Esclareceu-se que os preceitos veiculados pela Lei 7.210/84 (Lei de
Execução Penal, artigos 105, 147 e 164), além de adequados à ordem constitucional vigente (art.
5º, LVII: “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória”), sobrepõem-se, temporal e materialmente, ao disposto no art. 637 do CPP, que
estabelece que o recurso extraordinário não tem efeito suspensivo e, uma vez arrazoados pelo
recorrido os autos do traslado, os originais baixarão à primeira instância para a execução da
sentença. Asseverou-se que, quanto à execução da pena privativa de liberdade, dever-se-ia
aplicar o mesmo entendimento fixado, por ambas as Turmas, relativamente à pena restritiva de
direitos, no sentido de não ser possível a execução da sentença sem que se dê o seu trânsito em
julgado. Aduziu-se que, do contrário, além da violação ao disposto no art. 5º, LVII, da CF, estarse-
ia desrespeitando o princípio da isonomia. HC 84078/MG, rel. Min. Eros Grau, 5.2.2009.
Pleno. (Info. 534)
_ CPP: Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da
ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei
penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria. _ Art. 637. O
recurso extraordinário não tem efeito suspensivo, e uma vez arrazoados pelo recorrido os autos
do traslado, os originais baixarão à primeira instância, para a execução da sentença.
_ LEP. Art. 105. Transitando em julgado a sentença que aplicar pena privativa de liberdade, se o
réu estiver ou vier a ser preso, o Juiz ordenará a expedição de guia de recolhimento para a
execução. _ Art. 147. Transitada em julgado a sentença que aplicou a pena restritiva de direitos,
o Juiz da execução, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, promoverá a execução,
podendo, para tanto, requisitar, quando necessário, a colaboração de entidades públicas ou
solicitá-la a particulares. _ Art. 164. Extraída certidão da sentença condenatória com trânsito em
julgado, que valerá como título executivo judicial, o Ministério Público requererá, em autos
apartados, a citação do condenado para, no prazo de 10 (dez) dias, pagar o valor da multa ou
nomear bens à penhora.
PRISÃO PREVENTIVA
Prisão preventiva e morador de rua
O simples fato de o acusado não possuir residência fixa nem ocupação lícita não é motivo legal
para a decretação da custódia cautelar. Com base nesse entendimento, a Turma deferiu habeas
corpus para conceder liberdade provisória (CPP, art. 310, parágrafo único) a denunciado por
suposta tentativa de homicídio qualificado, cuja prisão fora decretada para assegurar a aplicação
da lei penal e preservar a ordem pública, porquanto morador de rua, sem endereço conhecido ou
local onde pudesse ser encontrado com habitualidade. HC 97177/DF, rel. Min. Cezar Peluso,
8.9.2009. 2ª T. (Info. 558)
_ CPP. Art. 310. Parágrafo único. Igual procedimento será adotado quando o juiz verificar, pelo
auto de prisão em flagrante, a inocorrência de qualquer das hipóteses que autorizam a prisão
preventiva (arts. 311 e 312).
Segundo o STF, a ausência de residência fixa NÃO faz presumir fuga, já que o risco
desta tem que estar devidamente demonstrado.
INCIDENTE DE INSANIDADE
Incidente de insanidade mental e ausência de dúvida razoável
Por não vislumbrar gravame à defesa da paciente, a Turma denegou habeas corpus em que se
alegava constrangimento ilegal consubstanciado no indeferimento do pedido de realização de
seu exame de insanidade mental. No caso, a paciente fora denunciada, com terceiros, como
incursa nas sanções dos artigos 136, §§ 2º e 3º e 148, § 2º, ambos do CP e do art. 1º, II, § 3º,
primeira parte e § 4º, II, da Lei 9.455/97 pelo fato de supostamente ter submetido menor de idade
a sessões de tortura física, maus tratos e mantê-la em cárcere privado. Durante o curso da ação
penal, pleiteara-se a realização do citado exame, denegado pelo juízo de primeiro grau e pelas
demais instâncias. A impetração sustentava que a negativa dessa perícia constituiria
cerceamento de defesa, haja vista a existência de dúvidas quanto à integridade mental da
acusada. De início, salientou-se que a instauração de incidente de insanidade mental pressupõe
a configuração de dúvida razoável sobre a integridade mental do requerente, que, na presente
situação, não fora demonstrada na petição inicial e nos documentos coligidos nos autos. Aduziuse
que a instauração desse incidente não pode ser autorizada somente porque requerida, sendo
necessários elementos que ensejem dúvida quanto à higidez mental do paciente. Dessa forma,
entendeu-se que a negativa do aludido exame não ofendera os princípios da ampla defesa e do
contraditório. Concluiu-se que, inexistindo qualquer informação concreta que colocasse em
dúvida a sanidade mental da paciente, não importaria cerceamento de defesa a denegação de
pedido para a realização de perícia psiquiátrica. Além disso, considerou-se suficiente a
fundamentação utilizada pelo julgador ordinário para afastar a necessidade da perícia para a
elucidação dos fatos. HC 97098/GO, rel. Min. Joaquim Barbosa, 28.4.2009. 2ª T. (Info.
544)
_ CP. Art. 136. Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou
vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação
ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer
abusando de meios de correção ou disciplina: Pena: detenção, de dois meses a um ano, ou
multa. [...] § 2º. Se resulta a morte: Pena: reclusão, de quatro a doze anos. § 3º. Aumenta-se a
pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos. _ Art. 148.
Privar alguém de sua liberdade, mediante seqüestro ou cárcere privado: Pena: reclusão, de um a
três anos. [...] § 2º. Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção,
grave sofrimento físico ou moral: Pena: reclusão, de dois a oito anos.
_ Lei 9.455/1997. Art. 1º. Constitui crime de tortura: [...] II – submeter alguém, sob sua guarda,
poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou
mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. Pena: reclusão,
de dois a oito anos. [...] § 3º. Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é
de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos. § 4º.
Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: [...] II – se o crime é cometido contra criança,
gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos.
Segundo o STF, se não existe lastro probatório mínimo que revele dúvida razoável
quando a sanidade, não caberá a instauração de incidente. Por outro lado, se o juiz
defere o pedido ou o determina ex officio, o imputado não pode se negar a se submeter
ao exame, cabendo, contudo, a impetração de HC se a determinação é visivelmente
arbitrária.
OITIVA DE TESTEMUNHA
Oitiva de testemunha: indeferimento e juízo de conveniência
A Turma, por maioria, indeferiu habeas corpus em que condenado pelos crimes de abuso de
poder e extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento alegava violação aos
princípios do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório (CF, art. 5º, LV e LIV) em
vista do indeferimento de oitiva de testemunha na fase de instrução processual, o que teria
ocasionado o cerceamento de sua defesa e conseqüente nulidade do feito. No caso, a
impetração teve tal pedido negado ao fundamento de sua total desnecessidade e irrelevância
para a busca da verdade real, na medida em que a testemunha arrolada estaria presa há vários
anos, muito antes da ocorrência dos fatos que estavam em apuração, bem como da ausência de
relação entre o que a defesa pretendia provar e o objeto daqueles autos. Assentou-se que a
jurisprudência do STF está alinhada no sentido de não constituir cerceamento de defesa o
indeferimento de diligências requeridas pela defesa, se forem elas consideradas desnecessárias
pelo órgão julgador, a quem compete a avaliação da necessidade ou conveniência do
procedimento então proposto. Asseverou-se, ademais, que a decisão a qual indeferiu a oitiva de
testemunha da defesa está amplamente motivada, não cabendo a esta Corte substituir o juízo de
conveniência da autoridade judiciária a respeito da necessidade ou não dessa oitiva. Vencido o
Min. Celso de Mello, que concedia o writ por entender que a exclusão antecipada, por parte do
órgão judiciário competente, do rol de testemunhas, sob a alegação de que o depoimento poderia
ser procrastinatório, ou de que, como na espécie, os fatos os quais o réu pretendia provar com a
oitiva da aludida testemunha não tinham qualquer relação com aqueles tratados na ação penal,
na verdade, acabaria frustrando a perspectiva de o réu produzir, em seu favor, prova,
especialmente a partir da possibilidade da inquirição a ser feita em juízo, com a oportunidade de
o Ministério Público ou contraditar esta testemunha antes mesmo da tomada de seu depoimento
ou então de formular reperguntas com o objetivo de neutralizar as repostas por ela
eventualmente dadas. HC 94542/SP, rel. Min. Eros Grau, 3.2.2009. 2ª T. (Info. 534)
_ CF. Art. 5º. LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo
legal; LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.
Se as partes, em momento diverso do permitido em lei, indicam testemunha, caberá ao
magistrado, analisando a conveniência e a pertinência temática, indeferir ou não o
pedido.
PROVA EMPRESTADA
Prova emprestada em processo penal
A Turma manteve decisão do STJ que, em habeas corpus lá impetrado, admitira a utilização de
prova emprestada em processo penal, desde que sobre ela ambas as partes fossem
cientificadas, a fim de que pudessem exercer o contraditório. Tratava-se, na espécie, de writ –
impetrado em favor de condenado em primeira instância pela prática do crime de extorsão
mediante seqüestro (CP, art. 159, § 3º) – no qual se sustentava, em síntese, que a prova
emprestada deveria ser julgada ilícita, na medida em que produzida sem a observância do devido
processo legal e do contraditório, ainda que gerada em processo no qual o réu também figurara
como parte. Considerou-se que, na verdade, a defesa pretendia o revolvimento de fatos e provas,
incabível na via estreita do habeas corpus. Observou-se, ademais, relativamente à possibilidade
de manifestação do paciente quanto à prova emprestada, bem como quanto à higidez das
demais provas que serviram de embasamento para a condenação, que não haveria, no ponto,
nenhuma ilegalidade. HC 95186/SP, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 26.5.2009. 1ª T. (Info.
548)
_ CP. Art. 159. Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer
vantagem, como condição ou preço do resgate: Pena: reclusão, de oito a quinze anos. [...] § 3º.
Se resulta a morte: Pena: reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.
HC 87.743-MG. Rel.: Min. Cezar Peluso
Habeas corpus. Concurso de agentes. Desmembramento. Absolvição de co-réu. Circunstância
exclusivamente pessoal. Extensão aos demais réus. Impossibilidade. HC indeferido. Inteligência
do art. 580 do CPP. A absolvição de um dos réus por inexistir prova de que tenha concorrido com
a infração penal não aproveita aos demais que se encontrem em situação diversa. (Info. 552)
_ CPP. Art. 580. No caso de concurso de agentes (Código Penal, art. 25), a decisão do recurso
interposto por um dos réus, se fundado em motivos que não sejam de caráter exclusivamente
pessoal, aproveitará aos outros.