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JooBoaMorte
CabraMarcadoparaMorrer
Vou contar para vocs
um caso que sucedeu
na Paraba do Norte
com um homem que chamava
Pedro Joo Boa-Morte
lavrador da Chapadinha:
talvez tenha boa morte
porque vida ele no tinha.
Sucedeu na Paraba
mas uma historia banal
em todo aquele Nordeste.
Podia ser no Sergipe,
Pernambuco ou Maranho,
que todo cabra-da-peste
ali se chama Joo
Boa-Morte, vida no.
Morava Joo nas terras
de um coronel muito rico,
tinha mulher e seis filhos,
um co que chamava "Chico",
um faco de cortar mato,
um chapu e um tico-tico.
Trabalhava noite e dia
nas terras do fazendeiro,
mal dormia, mal comia,
mal recebia dinheiro;
se no recebia no dava
para acender o candeeiro.
um cabra do Benedito
que dizia a quem passava:
"Esse moleque maldito
pensou que desrespeitava
o que o patro tinha dito.
Toda planta que aqui nasce
planta do coronel,
ele manda nesta terra
como Deus manda no cu.
Quem estiver descontente
acho melhor no falar
ou fale e depois se agente
que eu mesmo venho enforcar."
Joo ficou revoltado
com aquele crime sem nome.
Maria disse: "Cuidado,
no te mete com esse homem."
Joo respondeu zangado:
"Antes morrer enforcado
do que sucumbir de fome."
Nisso pensando, Joo
falou com seus companheiros:
"Lavradores, meus irmos,
esta nossa escravido
tem que ter um paradeiro.
No temos terra, nem po,
vivemos em um cativeiro.
Livremos nosso serto
do jugo do fazendeiro."
O coronel Beneditino
quando soube que Joo
tais coisas havia dito
ficou bravo como o co.
Armou dois "cabras" e disse:
- "Joo Boa-Morte no presta,
no quero na minhas terras
caboclo metido a besta."
"Vou Lhe dar uma lio.