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Introdução
De 3 a 5 de maio de 2008, cerca de 50 representantes de institutos religiosos estiveram
reunidos em Roma para examinar os resultados da pesquisa intitulada “Um serviço de
amor” e discutir o prosseguimento do trabalho dos/as religiosos/as no campo do HIV e
aids. Estavam presentes também representantes da Santa Sé, organizações de
inspiração católica e outras organizações Internacionais. Este encontro é uma
continuação daquele realizado em dezembro de 2005 – de 12 a 14 – que, entre outras
propostas, promoveu um mapeamento, realizado em todo o mundo, nos institutos
religiosos masculinos e femininos, procurando levantar o empenho dos mesmos em
resposta ao fenômeno “HIV/aids”.
O que segue é o resultado da análise feita em conjunto, incluindo algumas
recomendações.
O ministério da aids é uma oportunidade particular para todos os institutos religiosos
exercerem o profetismo nos nossos dias. É evidente, das próprias palavras de Jesus,
que o “cuidar”, o exercer curas é uma das componentes de seu ministério (Lc 4,18; Mt
11, 1-5) e que Ele desejava que seus discípulos continuassem essa missão(Lc 9,1.6).
Cuidar e curar é parte integrante da missão da igreja. As nossas fundadoras e
fundadores compreenderam e propuseram ministérios e serviços que respondessem às
necessidades urgentes de seu tempo. Da mesma maneira, religiosos/as, desde o início
da epidemia, se envolveram na luta contra a aids, flagelo de nosso tempo.
O HIV/aids é mundialmente reconhecido como uma questão que vai além do campo
sanitário. Estamos diante de uma pandemia que exige uma resposta de toda a
humanidade. Como discípulos de Cristo, não temos escolha. Precisamos nos envolver.
A igreja é fortemente motivada pelo desejo de manter vivo o amor misericordioso de
Cristo pela humanidade sofredora e os seus membros continuam a sentir no coração o
desafio de exprimir esta compaixão no contexto histórico da geração da qual fazem
parte. Não temos nenhuma dúvida de que o HIV/aids apresenta à humanidade um dos
maiores desafios de todos os tempos. A OMS afirmou que “HIV e aids serão a causa
principal do peso das doenças nos países pobres em 2015”.
Sabemos que religiosos/as têm uma voz credível e autorizada. Os resultados de nossa
pesquisa demonstram claramente que o nosso envolvimento é direto e ativo.
Conhecemos os medos, ansiedades e sofrimentos dos pobres. Os pobres têm confiança
em nós e querem que falemos também em seu nome. Somente compaixão é
insuficiente. Se desejamos transformar o mundo, devemos conhecê-lo e saber o que
necessita ser mudado.
Invariavelmente os pobres são as primeiras vítimas da doença. A pobreza é a maior
causa de muitíssimas doenças e sofrimentos de nosso povo. A pesquisa examinada
neste encontro é uma análise da situação e mostra, com clareza, que os países pobres
são os que mais sofrem com esta pandemia.
Os apelos bíblico-teológicos relativos à justiça e à solidariedade no campo social nos
convencem que aceitar passivamente a situação como está significaria ofender, não só
a humanidade, mas a Deus. Ofenderíamos a Deus pelo descuido de seu tesouro mais
valioso: nossos irmãos e irmãs.
Responder à crise do HVI/aids não é tanto uma questão de denúncia, mas de anúncio.
Deus é apresentado por toda a Bíblia, sem exceção, como um Deus que vive, age e se
move em favor da humanidade, para o bem e alegria da humanidade. Nós procuramos
responder sem julgar e de modo incondicional, como é proposto pela compaixão de
Cristo. A pandemia da aids oferece a oportunidade para o ministério pastoral dos
religiosos/as de todos os institutos e chama a uma maior colaboração entre nós a fim de
tornar mais efetiva nossa resposta.
Em nossas congregações há homens e mulheres que através de seu ministério no
campo da aids estão em contato com o Absoluto e vêem o mundo desde a perspectiva
de Deus. São pessoas com grande paixão por Cristo e grande paixão pela humanidade
sofredora; pessoas cuja existência é completamente orientada e guiada pelo amor à
vida e à criação; pessoas com uma sensibilidade aguda para perceber o mal no mundo;
pessoas que mostram por suas ações, sua atenção à voz silenciosa dos pobres e dos
marginalizados.
Nós desejamos continuar o bom trabalho que já está em andamento nesta área,
passando do diálogo à colaboração ativa. Os religiosos/as que assumem esse serviço
poderão se beneficiar de uma palavra mais forte de apoio e sustentação por parte
dos/as superiores/as gerais. As idéias a seguir são recomendações/propostas sobre o
modo como este apoio pode ser manifestado.
1. Promover a articulação
• Internamente nos institutos, com outros institutos no mesmo país, com as
igrejas particulares;
• Difusão de informação aos e entre institutos religiosos
• Animar e encorajar o trabalho em nível nacional
Propostas de trabalho
Uma modalidade para continuar e progredir sobre estes princípios seria a
identificação de nomeação de um coordenador em tempo integral como parte de
uma nova comissão USG/UISG para a aids. Esta pessoa deveria ter suporte
administrativo para desempenhar responsabilidades, como:
Relações com organizações internacionais e com secretários nacionais das
Conferencias de Religiosos;
Conhecimento das atividades dos institutos religiosos no campo da aids e difusão
dos melhores exemplos;
Animação interna e difusão para além das Uniões dos trabalhos realizados no
campo do HIV/aids;
Conclusão
Criar uma comissão HIV e aids com uma coordenadora com tempo integral ajudaria
a fazer avançar os princípios descritos e reforçaria a nossa capacidade de continuar
a viver a missão sanadora de Cristo, através da resposta à pandemia nas
comunidades onde servimos. Os participantes do fórum estão convencidos de que
esta é uma oportunidade para todos os institutos religiosos exercitarem a profecia e
esperamos que vocês, superiores e superioras gerais possam sustentar o
desenvolvimento deste importante trabalho.