Ralph Bonewitz, extensionista em pecuária leiteira da Universidade do
Estado de Kansas, nos EUA, escreveu que pouca gente, mesmo aquelas pessoas que convivem com ela – a vaca leiteira – avalia cabalmente essa extraordinária fábrica, que proporciona aos seres humanos nutrientes de alta qualidade, a partir de plantas que não podemos comer.
Para confirmar sua afirmação, Bonewitz afirma: “tome uma boa
produtora. Se ela produziu, em uma lactação de 10 meses, 7.257 quilos de leite com 3,5% de matéria gorda ou gordura, seu leite contém aproximadamente os seguintes volumes de nutrientes: 225 quilos de proteína, 356 quilos de lactose, 254 quilos de gordura, e 51 quilos de cinzas, incluindo 8,6 quilos de cálcio e 7,26 quilos de fósforo. Estas quantidades – cerca de 900 quilos de nutrientes de alta digestibilidade – significam uma produção média diária de 3 quilos de nutrientes”.
O que mais impressiona é quantidade de proteína produzida. Em 10
meses, essa vaca deu proteína equivalente à encontrada nas cortes comestíveis de 10 novilhas, pesando cada um 544 quilos, ou na carne de 28 porcos de 90 quilos cada. O leite obtido em sua lactação de 10 meses contém proteína suficiente para cobrir as necessidades de um homem durante 9,5 anos; cálcio para 30 anos; fósforo para 25 anos; riboflavina para 18 anos e energia para 5 anos.
O açúcar do leite (lactose) é obtido a partir da glucose. Somente para
síntese da lactose, a vaca necessita, em média, de 1,250 quilos de glucose por dia. Precisa também de glucose para outros processos corporais, chegando essas necessidades a 2 quilos diários.
Apesar de uma produção de 7.257 quilos de leite ser uma boa
lactação, alguns plantéis chegam a uma média maior e, geralmente, alta produção de gordura significa uma menor produção de leite. Mas a produção total de nutrientes não é menos espetacular, diz Bonewitz. Devido ao tremendo rendimento de nutrientes no leite, as necessidades alimentícias de uma vaca em alta lactação são, também, extremamente elevadas em relação a suas necessidades para o rápido crescimento e reprodução.
“É preciso atentar”, ressalta Bonewitz, que a vaca leiteira produz não
somente uma grande quantidade de nutrientes, mas nutrientes de alta digestibilidade e proteína de qualidade. A vaca que produz 7.257 quilos de leite em 10 meses converte aproximadamente os 28% do total de proteína ingerida durante esse período em perto de 50% da proteína digestível do alimento em proteína no leite.
A conversão da proteína das forragens em proteína do leite, no
mesmo tipo de animal, é um processo muito mais eficiente do que a conversão da proteína da forragem em proteína de carne. Há a acrescentar ainda, o seguinte: o papel da vaca, como produtora de alimento humano, é muito mais impressionante, se considerarmos que uma grande parte de sua alimentação pode ser formada por alimentos fibrosos e nitrogênio não protéico. Com a ajuda de microorganismos do rumem, a vaca converte substâncias que não podem ser utilizadas na alimentação humana, como a celulose e a uréia, em alimentos de alta qualidade.
Alguém já observou que as verdadeiras riquezas de um país são suas
terras férteis. Segundo Bonewitz, a pecuária leiteira é a maior construtora de solos entre todas as empresas agropecuárias. A pastagem protege o solo contra erosões e a perda de contextura; outras plantas , como as leguminosas, fixam o nitrogênio no solo; o esterco incorpora muitos elementos ao solo, como a matéria orgânica – tudo isto são partes da empresa que se dedica à criação de gado leiteiro.
Continuando, Bonewitz frisa que, “ao contrario de muitas outras
indústrias que dependem dos recursos naturais, a criação do gado leiteiro, para alcançar êxito, deve repor tudo aquilo que retira do solo. Isto significa que é uma industria que produz ano após ano sem deteriorar a fonte de recursos”.
Bonewitz diz que a pecuária leiteira é uma das empresas industriais
gigantes dos EUA. Hoje, existem cerca de 300 mil estabelecimentos leiteiros, que, com a venda do leite, obtém a totalidade ou em quase totalidade de sua renda. O número de vacas ordenhadas deve estar ao redor de 11 milhões. A produção leiteira contribui com cerca de 12% do total da renda agropecuária do país. Existem, nos EUA, umas 1.500 usinas de leite, que distribuem o produto fresco ou subprodutos industrializados, empregando 116 mil pessoas. Em 1976, foram trabalhados mais de 56 milhões de toneladas de leite, com uma renda, no varejo, no valor de U$$ 23 bilhões, em leite derivados.
Assim conclui ele: “na próxima vez que você vir uma vaca leiteira pastando, você deve pensar nela como uma maravilha da natureza; e até hoje o homem não produziu nada igual capaz de substituí-la”.