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Relatório Intermédio
(draft)
Abril 2008
Equipa:
Pedro Costa (Coordenação)
Berta Rato
Bruno Vasconcelos
Gustavo Sugahara
Miguel Magalhães
Nuno Teles
Ricardo Ferreira
Abril 2008
Dinâmia – Centro de Estudos sobre a Mudança Socioeconómica
ISCTE – Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa
Av. Das Forças Armadas, 1649-026 Lisboa
Contacto: dinamia@iscte.pt
ÍNDICE
0. Sumário executivo
1. Introdução: contextualização e objectivos do estudo
1.1. Contextualização e objectivos genéricos
1.2. Estrutura deste relatório intermédio e seu enquadramento no plano de trabalhos global
2. A noção de cidades criativas e sua aplicabilidade a um concelho como Cascais
2.1. Enquadramento: as indústrias criativas das margens para o centro das políticas públicas,
no mundo e em Portugal
2.2. Delimitação do quadro teórico e conceptual usado na análise
2.2.1. Actividades criativas, clusters e desenvolvimento territorial
2.2.2. As origens do interesse pela criatividade e da sua associação às dinâmicas
territoriais locais/regionais
2.2.3. Indústrias criativas, indústrias culturais e cidades criativas: aspectos
conceptuais
2.2.4 Um conceito operativo para a análise do cluster das indústrias criativas no
concelho de Cascais
2.3. A aplicabilidade a um concelho com as características de Cascais
3. Apresentação de estudos de caso internacionais (benchmarking)
3.1. Introdução
3.2. Uma estratégia holística de fomento da cidade criativa a nível local - Toronto (Canadá)
3.3. A iniciativa “Capital da Cultura” como fomento da cidade criativa: Liverpool – Capital da
Cultura 2008 (Reino Unido)
3.4. A cidade criativa com base na combinação de regeneração urbana e da densificação do
cluster dos media - Manchester (Reino Unido)
3.5. A reconversão de zonas industriais em declínio através da dinamização do sector da
cultura – Sheffield: O Cultural Industries Quarter e o Cluster de indústrias criativas e digitais
(Reino Unido)
3.6. A cidade criativa na motivação da população para as artes e na integração de grupos
étnicos minoritários - Christchurch City (Nova Zelândia)
3.7. A cidade criativa assente em grandes projectos de renovação urbana, associados a
novos clusters económicos – Barcelona: 22@Barcelona (Espanha)
3.8. Uma aposta integrada e coesa em dois sub-clusters específicos: o design e os media -
Singapura (Singapura)
3.9. A cidade criativa promovida pelos grupos artísticos: uma iniciativa bottom-up -:
Amesterdão – o Kinetisch Noord e a regeneração da doca NDSM (Holanda)
3.10. O desenvolvimento da cidade criativa com base num cluster-motor: a indústria
cinematográfica – Glasgow: a capital do cinema da Escócia (Reino Unido)
4. O sector cultural e criativo em Cascais
4.1. A actividade cultural e criativa em Cascais
4.1.1. Os equipamentos culturais e a sua utilização
4.1.2. A actuação municipal na cultura
4.1.3. Outros indicadores sobre a actividade criativa no concelho
4.2. Uma tentativa de estimação do peso do sector cultural-criativo em Cascais
4.2.1. O mapeamento das actividades culturais e criativas e as suas limitações
4.2.2. Avaliação do peso das actividades culturais e criativas no concelho de Cascais
4.3. Os públicos da cultura em Cascais
4.4. Principais instituições e eventos
4.5. Políticas culturais e financiamento do sector cultural e criativo no concelho
5. Os “recursos criativos” em Cascais
5.1. Cascais: um concelho com algumas especificidades no quadro de uma região
metropolitana em evolução
5.2. A avaliação do potencial criativo do concelho
5.2.1. A importância da medição da capacidade criativa e cultural das cidades e o
papel dos indicadores enquanto ferramentas metodológicas
5.2.2. Uma proposta de dimensões de análise e indicadores para o estudo do
concelho de Cascais
5.2.3. Formulação e análise de um índice de criatividade local
6. Diagnóstico do potencial das actividades criativas no concelho – visão síntese
6.1. Síntese dos recursos criativos para o desenvolvimento de Cascais
6.1.1. As pessoas
6.1.2. Os espaços
6.1.3. O empreendedorismo
6.1.4. As instituições
6.1.5. Os mercados
6.1.6. As representações
6.2 Análise SWOT
7. Princípios gerais e linhas estratégicas de actuação
7.1 Dos estrangulamentos fundamentais à identificação de uma visão estratégica para o
desenvolvimento das indústrias criativas no concelho
7.2. Identificação preliminar de linhas estratégicas de desenvolvimento
7.3 Identificação preliminar de alguns projectos estruturantes
8. Nota conclusiva: sequência dos trabalhos
9. Bibliografia
Anexos
Sumário Executivo
Sumário Executivo
- Se bem que sejam hoje ubíquos na promoção do desenvolvimento por parte das principais
instituições internacionais (UE, OCDE, UNESCO, etc.), a plasticidade de conceitos como
indústrias criativas, indústrias culturais ou cidades criativas adquiriram nas mais diversas
realidades, produziram alguma ambiguidade e confusão na delimitação do campo de
análise e intervenção. No entanto, só com um campo teórico bem delimitado se conseguirão
instrumentos de intervenção concretos que potenciem as oportunidades financeiras
disponíveis (p.e. QREN) e a articulação dos diferentes actores: Estado (administração local
e central), terceiro sector e empresas e sociedade civil do concelho. Neste relatório partimos
para o nosso estudo com uma definição razoavelmente estreita de indústria criativa: a
indústria que têm a sua origem na criatividade, competências e talento individuais e que tem
um potencial para criação de bem-estar e emprego através da geração e exploração da
propriedade intelectual.
1
no emprego total do concelho baixo para região (embora acima da média nacional). O
carácter suburbano do concelho e a forte concorrência regional podem explicar por isso que
ao investimento cultural não se associe uma classe criativa com um peso robusto na
população e no tecido empresarial local. É, todavia, de sublinhar a existência de uma
concentração, acima da média da região, no subsector da arquitectura, o que se pode
traduzir numa vantagem comparativa em relação aos concorrentes.
- O concelho mostra, contudo, um enorme potencial nesta área. Além do seu dinamismo
cultural, a existência de um enquadramento institucional mobilizável no âmbito das
indústrias criativas (existência de sólidas instituições culturais e de apoio ao
empreendorismo), a sua caracterização simbólica (Cascais enquanto estância balnear e
espaço de múltiplas memórias), demográfica (perfil sócio-económico e educacional acima
ao nacional, multiculturalidade, ) e geográfica (localização da maior área metropolitana do
país, permitindo o acesso a recursos e procura necessários ao desenvolvimento das
indústrias criativas) mostram um concelho com grande potencial de atracção das indústrias
criativas. No entanto, é necessário apostar na criação de redes, mobilização e articulação
dos recursos disponíveis de forma a ultrapassar o ponto de partida mais recuado do
concelho face aos seus vizinhos. A elaboração de um indíce quantitativo de “criatividade”
local que permita a comparação do concelho face aos seus vizinhos quanto aos recursos e
potencialidades pode ser um valioso instrumento na avaliação e atracção das indústrias
criativas.
2
do interface mar-ambiente-natureza-cultura. Acreditamos que estas propostas não devem
ser tomadas isoladamente. Só a aposta múltipla em diferentes áreas pode criar efeitos que
extravasem os sectores de intervenção e beneficiem todo o concelho.
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Introdução: contextualização e
objectivos do estudo - Discussão com painel de
Estud
-- Apresentação à CMC
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1.1. Contextualização e objectivos genéricos
Este trabalho resulta de uma solicitação feita pela Câmara Municipal de Cascais ao
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Dinâmia/ISCTE , no âmbito de um protocolo estabelecido entre as duas entidades, com o
objectivo de analisar o potencial de desenvolvimento do concelho de Cascais com base nas
indústrias criativas.
Este objectivo geral passa por duas linhas de trabalho paralelas mas complementares:
por um lado perceber o papel que estas actividades podem desempenhar no
desenvolvimento de médio/longo prazo do concelho e como poderá o município apostar
numa estratégia que as permita valorizar e aproveitar o seu potencial ao nível da criação de
valor económico, qualidade de vida e bem-estar; por outro lado, averiguar qual o efectivo
potencial que o concelho de Cascais apresenta para o desenvolvimento destas actividades,
e para, de forma diferenciadora, aproveitar os seus recursos criativos para estruturar uma
estratégia de desenvolvimento que, tendo em conta as vantagens competitivas de Cascais,
se foque nas suas especificidades, e dessa forma possa ser mais apropriada e sustentável,
num quadro de uma economia e de uma região que inevitavelmente apostarão também de
forma crescente neste tipo de actividades.
Este estudo surge num contexto em que, seja em termos académicos, seja no policy-
making, a importância das actividades criativas emerge como fonte de crescimento e
competitividade económica, bem como de todo o seu potencial nos domínios da inclusão
social e de participação, ou da requalificação urbana. Este interesse, está bem patente aliás
na leitura do ponto 2.1, ou seja um interesse renovado pelas actividades culturais e
criativas e sua importância para a promoção de um desenvolvimento territorial sustentável
(seja particularmente a nível internacional, seja também já no contexto nacional).
Neste quadro, e conforme definido na proposta de trabalhos efectuada pelo
Dinâmia/ISCTE, este estudo envolve três níveis de análise e de actuação distintos,
correspondentes a outros tantos objectivos específicos a atingir com este projecto:
(i) Um primeiro nível, correspondente à realização de um diagnóstico da situação do
concelho em relação aos seus recursos criativos e ao seu potencial de
desenvolvimento (incluindo a exploração e análise do conceito de cidade criativa,
a recolha de “boas práticas” e análise de casos de sucesso noutros países e o
diagnóstico específico da situação do concelho de Cascais);
(ii) Um segundo nível, correspondente à elaboração de uma estratégia de intervenção
neste domínio e ao desenho de uma estrutura institucional de implementação
que suporte a actuação a desenvolver; e,
(iii) Um terceiro nível, correspondente ao apoio directo à Câmara Municipal na
implementação de uma eventual estrutura institucional que lidere a acção a
desenvolver.
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O Dinâmia - Centro de Estudos sobre a Mudança Socioeconómica, é uma unidade de investigação
associada ao ISCTE - Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa
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Uma visão global esquemática de todo este processo, bem como de alguns
pressupostos metodológicos de base pode ser obtida através da consulta da figura 1.
A primeira fase, de diagnóstico, implica uma síntese analítica da caracterização da
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situação do concelho face aos recursos criativos e culturais , bem como a esquematização
das principais potencialidades e debilidades, bem como ameaças e oportunidades, através
de uma análise SWOT.
Neste quadro, este diagnóstico da situação do concelho em relação aos recursos
criativos, pode ser decomposto, em três vertentes de análise complementares, que
confluem para a referida análise SWOT: (i) uma exploração e análise conceptual do
conceito de cidade criativa; (ii) uma recolha de “boas práticas” e análise de casos de
sucesso um pouco por todo o mundo, numa lógica de benchmarking; e (iii) um efectivo
diagnóstico da situação do concelho de Cascais, seja no que concerne à situação em
termos de agentes, recursos e práticas culturais e criativas, seja, de forma mais ampla, em
termos dos recursos mobilizáveis para a dinamização de actividades criativas.
Em termos metodológicos, esta primeira fase, implica uma variedade de técnicas e
formas de actuação. Por um lado, apoia-se na recolha, análise e discussão de informação
sobre o conceito de cidade criativa (e na operacionalização da sua utilização a este caso
concreto) bem como sobre as actividades criativas e o seu papel na promoção do
desenvolvimento territorial e da competitividade; Por outro lado, assenta igualmente na
sistematização e avaliação de resultados de case studies diversos em outros países
(particularmente em europeus); Para além disso, e naquilo que é a parte mais substancial
do diagnóstico efectuado, centra-se numa análise detalhada das actividades e práticas
culturais no concelho de Cascais, com base na informação empírica existente (estatísticas,
estudos, carta de equipamentos,...), e no contacto com agentes e instituições chave, bem
como num esforço de identificação e análise detalhada dos recursos criativos do concelho,
com base na recolha de informação empírica, tanto quantitativa como qualitativa, e em
entrevistas com agentes-chave.
A segunda fase, associada à elaboração da estratégia de intervenção e ao desenho de
estrutura institucional de implementação, passa, num primeiro momento por uma
identificação preliminar de linhas estratégicas de desenvolvimento e de alguns projectos
estruturantes (a qual centra a abertura à discussão alargada com os agentes do concelho)
pela identificação, para depois, numa lógica participada, levar a um plano de intervenção
local mais especificado, com o afinamento das linhas estratégicas de intervenção e a
estruturação e aprofundamento de eixos de intervenção assentes em projectos bem
definidos e concretizados, bem como pela sugestão de uma solução institucional adequada
à implementação das medidas preconizadas.
2
E não uma caracterização de base propriamente dita (realizada de raiz e de carácter mais
descritivo), face à existência de diversos documentos de caracterizações recentes, seja no âmbito dos
principais documentos de planeamento e definição estratégica para o concelho de Cascais, seja no
campo específico das actividades culturais (em particular com os diversos estudos efectuados pelo
Observatório das Actividades Culturais recentemente no concelho).
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Esta fase implica não só uma discussão interna à equipa (e alargada ao painel
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consultores especializados respectivo ), com base no diagnóstico efectuado na 1ª fase,
como igualmente uma discussão aprofundada e elaboração de uma estratégia e de
propostas concretas de actuação em estrita articulação com a Câmara Municipal e com os
agentes que se identifiquem como fulcrais para a actuação; e uma discussão aprofundada e
mobilização dos mesmos agentes para a identificação e implementação de uma estrutura
institucional responsável pela dinamização da actuação.
Finalmente, a 3ª fase, corresponde à implementação de estrutura institucional e
respectivas medidas. Procura-se neste caso a colaboração com a Câmara Municipal (e
demais agentes identificados) no processo de facilitação e na mobilização dos actores de
forma a implementar uma estrutura institucional eficiente para prossecução da estratégia
definida (com o apoio directo pela equipa à actuação da Câmara Municipal, ao nível de
consultoria técnica específica).
Note-se que a lógica metodológica subjacente a todo este processo é a do planeamento
estratégico, justificando-se esta opção não só face aos objectivos de reflexão estratégica
pretendidos (e ao contexto de gestão permanente da mudança exigido a um processo deste
tipo), como particularmente face à utilidade do envolvimento dos diversos agentes
relevantes para este processo, o qual beneficiará claramente da mobilização dos actores
potencialmente interessados nesse processo de mudança e do estabelecimento de
parcerias visando a sua implementação.
A Câmara Municipal de Cascais tem aqui um papel fundamental como facilitador e como
mobilizador dos agentes existentes (e de potenciais novos actores) bem como das suas
vontades. A capacidade de envolver estes agentes e de os motivar para a acção será um
factor-chave decisivo para o sucesso da estratégia de desenvolvimento definida.
A metodologia de planeamento estratégico preconizada passa então pelo envolvimento
de actores no diagnóstico da situação e na proposição de medidas concretas de actuação
(sendo um ponto crucial aqui a discussão deste relatório intermédio), num quadro
abrangente de mobilização na resposta aos desafios competitivos com que Cascais se
defronta, a qual passará pela afirmação de clusters fortemente estruturados, e
territorialmente enraizados, para a qual a articulação entre actores e a colaboração dos
poderes públicos com a comunidade envolvente é fundamental.
3
O painel de especialistas consultores da equipa (nos campos das actividades culturais e do
desenvolvimento urbano e planeamento regional) é constituído pelos Professores Doutores Idalina
Conde, João Seixas e José Manuel Henriques.
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Diagnóstico Definição da Estratégia Implementação
DIAGNÒSTICO DA SITUAÇÂO
Análise da situação do
concelho: Sugestão de
- o sector cultural e projectos Definição e
criativo estruturantes concretização
- os “recursos para discussão dos projectos
criativos”
Fórum de APRESENTAÇÃO
discussão PÚBLICA
Com base em: (envolvimento FINAL
Análise documental RELATÓRIO RELATÓRIO
dos agentes)
Recolha e tratamento de INTERMÉDIO FINAL
informação qualitativa e
quantitativa
Entrevistas a actores-chave
- Discussão com painel de peritos - Discussão com painel de peritos
-- Apresentação à CMC -- Apresentação à CMC
1.2. Estrutura deste relatório intermédio e seu enquadramento no plano de trabalhos global
No âmbito da lógica global de estruturação do trabalho apresentado no esquema da figura 1, este relatório
intermédio visa, por um lado, sintetizar os resultados do processo até ao momento, e em particular do diagnóstico
efectuado, bem como da proposta preliminar de linhas de actuação estratégica e de alguns projectos
estruturantes, mas por outro lado, procura igualmente servir como ponto de apoio fundamental à discussão e ao
envolvimento dos diversos stakeholders (dentro e fora do universo das instituições ligada à câmara municipal) em
torno de um projecto de desenvolvimento para o concelho centrado nas indústrias criativas e nas actividades
culturais.
Neste quadro, este relatório intermédio, é pela sua própria natureza, um relatório incompleto e inacabado,
aberto a sugestões e a melhorias que os diversos intervenientes considerem pertinentes, seja no que toca ao
próprio diagnóstico, seja, particularmente, no que concerne ao esboço (e é de isso mesmo que neste momento
ainda falamos, de um esboço) de linhas estratégicas de actuação e de sugestões de eixos ou projectos
estruturantes que são efectuados neste relatório.
Este relatório será uma base para o seguinte (o relatório final), que resultará das correcções deste mesmo
documento, das sugestões e comentários apresentados (e alguma informação complementar que não foi possível,
por razões diversas incluir neste relatório intermédio), bem como, obviamente do aprofundamento das linhas
estratégicas de desenvolvimento e da definição em concreto dos projectos, na linha do anteriormente referido e do
patente na figura 1.
Nessa altura, após a conclusão do período de definição de estratégia (para a qual apontamos um prazo de
mais 1 a 2 meses), prevê-se não só a entrega do relatório final pela equipa à CMC, como igualmente com uma
sessão pública final de apresentação de resultados, com a Câmara Municipal e a participação dos agentes locais.
Por agora, e no âmbito deste relatório intermédio, fica então a matéria de base para uma discussão alargada
sobre o potencial de desenvolvimento do concelho de Cascais com base nas indústrias criativas.
Este relatório prossegue, após este primeiro ponto introdutório, de enquadramento, com uma reflexão
conceptual sobre a noção de cidades criativas e sua aplicabilidade a um concelho como Cascais (no capítulo 2). É
analisada a crescente centralidade das actividades criativas na formulação das políticas públicas (e
contextualizada a sua aplicação em Portugal), e é delimitado o quadro teórico e conceptual utilizado na análise,
procurando explicitar um conceito “cidades criativas” que seja operacional, em articulação com os problemas do
desenvolvimento local/regional e competitividade territorial. Neste sentido procura-se ainda apresentar uma leitura
acerca da aplicabilidade deste conceito ao concelho de Cascais.
No capítulo seguinte (capítulo 3) é efectuada uma breve apresentação de alguns “casos de sucesso”, mais ou
menos emblemáticos, de operações de desenvolvimento territorial assentes nas actividades criativas
(maioritariamente resultantes de políticas públicas explícitas mas também algumas resultantes de dinâmicas
territoriais mais “espontâneas”). Numa lógica de benchmarking, e tentando tirar conclusões/ensinamentos que
sejam úteis para o caso de Cascais, são sintetizados através de um conjunto “fichas-síntese” os factores-chave
em relação a algumas experiências, de diversos tipos, ocorridas nos anos recentes um pouco por todo o mundo.
No capítulo 4 (O sector cultural e criativo em Cascais), faz-se uma síntese de alguns aspectos caracterizadores
da situação do concelho em relação a estas actividades. Não se pretendendo, como acima se refere, mais uma
caracterização exaustiva do concelho nem deste sector em particular (face às diversas caracterizações recentes
existentes, que nos permitem um bom volume de informação de base e uma análise cuidada das principais
tendências em curso, em particular os diversos estudos do OAC sobre as actividades culturais no concelho), e
efectuada uma breve síntese de alguns elementos caracterizadores, numa óptica de diagnóstico da situação
concelhia face ao potencial de desenvolvimento de um cluster de actividades criativas.
Na prática, é efectuada inicialmente uma breve apresentação do que é o sector cultural, a actividade cultural e
os agentes culturais no concelho, numa perspectiva comparada com os concelhos envolventes e os padrões
nacional e metropolitano (equipamentos existentes e sua utilização, despesas com cultura, dados sobre outras
actividades criativas). A partir deste enquadramento é efectuado um exercício de mapeamento do sector criativo
no concelho, numa lógica de estimação do peso do sector cultural-criativo em Cascais, seguido depois de uma
focagem nalguns aspectos particulares que são aprofundados nesta lógica de diagnóstico: uma breve análise dos
públicos culturais existentes no concelho; um realçar das principais instituições e eventos actualmente existentes;
e uma breve referência à evolução das políticas culturais e do financiamento do sector cultural e criativo no
concelho
No ponto seguinte (capítulo 5 - os “recursos criativos” em Cascais), a ideia é ter uma visão mais ampla sobre o
concelho e uma base para a identificação dos recursos criativos que possam proporcionar o seu desenvolvimento
(as instituições existentes; a qualificação dos recursos humanos; os hábitos culturais; o ambiente; a qualidade de
vida; a diversidade e tolerância; a receptividade à inovação; etc.). Isto é feito por duas vias complementares.
Num primeiro momento, efectuando uma breve síntese panorâmica da situação do concelho de Cascais em
relação a um conjunto de aspectos fundamentais para o desenvolvimento destas actividades, como a
caracterização do tecido socioeconómico do concelho (principais aspectos em relação a tendências demográficas;
qualificação da população; evolução da actividade/sectores económicos), do seu tecido institucional (principais
agentes e políticas mobilizáveis e oportunidades que representam) e da sua situação “geoestratégica” (inserção
no âmbito da Área Metropolotina de Lisboa e caracterização das dinâmicas locais no âmbito de uma realidade
maior – movimentos pendulares, etc).
Num segundo momento, tentando a elaboração de um índice (não obstante todos os desafios e questões
metodológicas que esta opção possa levantar), que permita comparar a situação do concelho com a envolvente
(concelhos limítrofes; AML; país), no que concerne ao seu potencial criativo, com base num conjunto de
indicadores que cubram diversos domínios fundamentais em termos dos recursos criativos (qualificações,
empreendedorismo, tolerância, inovação, etc…).
O capítulo 6 (Diagnóstico do potencial das actividades criativas no concelho – visão síntese), dá-nos já, como o
próprio nome indica, uma perspectiva de síntese em relação ao diagnóstico efectuado. Partindo de uma leitura
transversal às dimensões de análise anteriores, e assumindo um conjunto de seis elementos centrais em termos
dos recursos criativos identificados (as pessoas; os espaços; o empreendedorismo; as instituições; os mercados;
as representações) é dada uma perspectiva de síntese, mais qualitativa, do potencial “criativo” do concelho de
Cascais, à qual se segue, uma síntese final dos pontos fortes/fracos e oportunidades/ameaças, através de uma
matriz SWOT.
No capítulo 7, e já numa perspectiva clara de definição de estratégia e de linhas de acção concretas, são
identificados alguns princípios gerais e algumas linhas estratégicas de actuação, ainda que preliminares, que são
colocados à discussão dos stakeholders locais nesta fase do processo, e que são uma base fulcral para os
trabalhos a desenvolver na fase seguinte do processo. São identificados alguns estrangulamentos fundamentais
que têm dificultado o desenvolvimento das actividades criativas no concelho, e com base na proposta de uma
visão estratégica para o desenvolvimento das indústrias criativas em Cascais, são sugeridas quatro linhas
estratégicas de desenvolvimento, para servirem de base à estruturação de um conjunto de medidas e eixos de
intervenção a serem definidos e concretizados na fase posterior dos trabalhos. Nessa óptica, e tendo por base
esses princípios, é ainda efectuada a identificação preliminar de um conjunto de projectos (ou mais exactamente
de “cachos” de projectos) estruturantes que poderão ter um papel fundamental no desenvolvimento desta
estratégia e cuja importância e exequibilidade importa discutir, nesta fase, com os diversos agentes concelhios.
Finalmente, no ponto 8, uma breve nota conclusiva dá-nos conta do planeamento dos trabalhos previstos na
sequência deste relatório intermédio.
A noção de cidade criativa
e a sua aplicabilidade
a um concelho como Cascais
2.1. Enquadramento: as indústrias criativas das margens para o centro das políticas públicas, no
mundo e em Portugal
As indústrias criativas têm vindo a tornar-se cada vez mais importantes nas estratégias de desenvolvimento
nas modernas economias do conhecimento “pós-industriais”. Assim, e depois de durante muito tempo o sector
criativo ter sido considerado como tendo apenas um interesse relativamente marginal para as economias,
actualmente ele é reconhecido em muitos países como uma chave estratégica essencial para assegurar a
competitividade internacional.
O reconhecimento crescente do impacto – potencial ou actual – destas indústrias nas economias e sociedades
actuais (sejam directos, através dos gastos e rendimentos gerados em bens e serviços provenientes das
indústrias criativas; sejam indirectos, em negócios “não criativos” mas que beneficiam destas actividades, como a
restauração, a hotelaria, o imobiliário, etc.; sejam ainda os múltiplos efeitos induzidos sobre a economia -
acumulação de know-how, criação de públicos, regeneração urbana, inclusão e expressão participativa de
minorias,…) tem estado na base deste interesse. Estas actividades, para além de gerarem emprego, criarem valor
e fomentarem também o desenvolvimento económico local nas suas diversas outras vertentes (promovendo a
inclusão social, associando-se à qualificação ambiental e regeneração urbana, possibilitando a participação cívica
e a expressão cultural e identitária,…), têm vindo igualmente a assumir-se como centrais em estratégias de
marketing territorial ou de afirmação da imagem e da identidade das cidades ou regiões, podendo fazer com que
estas se tornem mais atractivas ao estabelecimento de novos negócios, residentes ou visitantes.
Conforme reconhecem aqueles que profusamente têm vindo a analisar o sector das indústrias criativas nos
anos mais recentes, de entre os factores decisivos que contribuem para a sua emergência e sucesso, destaca-se
geralmente a existência de um ambiente cosmopolita, aberto e tolerante, que facilite o estabelecimento de
contactos externos e onde a inovação e a criatividade se possam desenvolver sem entraves burocráticos ou
limitações de carácter institucional e onde o contacto com os mercados potenciais seja facilitado.
É neste quadro de fundo que tem sido crescentemente destacado o peso destas actividades nas sociedades
contemporâneas (em termos do seu contributo para a criação de valor acrescentado e de emprego, mas também
de todas as diversas outras vertentes do desenvolvimento territorial acima referidas), e sobretudo, o seu elevado
crescimento, destacando-se as indústrias criativas como aquelas que mais crescem no conjunto das actividades
económicas. Segundo estudos de diversas entidades internacionais (como a UE ou a ONU), as indústrias criativas
representam já cerca de 7% da produção mundial, esperando-se que cresçam nos próximos anos a uma taxa
4
média superior a 10% .
Para além da profusa produção académica e teórica, em várias áreas disciplinares, sobre este tema e das
múltiplas experiências e apostas efectuadas nos últimos anos em termos da actuação política nestas actividades,
é admitida, crescentemente, ao nível das instituições internacionais (UE, OCDE, UNESCO, Conselho da Europa),
a importância e o peso destas indústrias criativas para o desenvolvimento dos territórios. Em particular, e para
além da assunção clara pela OCDE do papel das industrias criativas no desenvolvimento local (OCDE, 2005),
4
Embora as metodologias de cálculo variem substancialmente consoante as fontes, como se verá de seguida, estes valores em
relação o peso destas actividades e sobretudo, às suas tendências de crescimento, são reconhecidos unanimemente (com
pequenas variações) – veja-se por exemplo, o mais mediático destes estudos – CE/KEA (2006).
destaca-se a defesa por parte da União Europeia desta importância (na sequência aliás de um claro compromisso
por parte de alguns dos seus estados-membros, como o Reino Unido ou outros, de políticas fortes neste
sentido…), que tem trazido esta questão para o centro do debate académico e político, em particular nos anos
mais recentes. Após a declaração de Essen, em 1999 (Essen Declaration - Ten Axioms for the Culture Industries
in Europe. EU Presidency Conderence: “Culture Industries in Europe – a comparasion of development concepts”,
Essen, Maio 1999), que defende a centralidade das indústrias culturais, é sobretudo com o mediátco estudo da
KEA para a Comissão Euiropeia (EC/KEA (2006), The Economy of Culture in Europe, Study prepared for the
European Commission (Directorate-General for Education and Culture), October 2006, Brussels: EC) que se veio
a popularizar esta noção e institucionalizá-la definitivamente no discurso e na praxis política (mesmo em países,
como Portugal, onde ela não era muito adoptada anteriormente). Este facto abriu caminho para a recente
Comunicação da Comissão ao Parlamento Europeu, ao Conselho, ao Comité Económico e Social Europeu e ao
Comité das Regiões sobre uma agenda europeia para a cultura num mundo globalizado (EC, 2007), cuja
discussão está actualmente em cima da mesa na Europa alargada a 27 países.
Face ao exposto, importará portanto impulsionar o desenvolvimento de uma economia mais “criativa” criando
condições para que as indústrias criativas se desenvolvam, através do aproveitamento de sinergias e dos efeitos
multiplicadores que daí possam resultar. Alguns dados permitem constatar que para Portugal este desafio ganha
uma urgência acrescida, já que o país apresenta em geral resultados bem pouco favoráveis nos indicadores e
índices utilizados em comparações internacionais no campo da criatividade e do emprego criativo. Por exemplo,
no que se refere ao emprego no sector cultural, dados do Eurostat referem que em 2002 Portugal apenas
apresentava 1.4% da população activa em comparação com os 2.5% na EU15 e com 2.1% nos novos membros e
candidatos (EC/KEA; 2006).
É neste contexto externo e internacional favorável que se começam a notar alguns fortes sinais de
oportunidade, a nível nacional, para uma actuação consistente que possa apoiar a consolidação de um cluster de
indústrias criativas no concelho de Cascais.
Para além da existência de vontade política e de uma actuação voluntarista a nível local, começa a verificar-se
um contexto favorável em termos da definição de políticas a nível nacional que permitam enquadrar uma actuação
consistente e consequente neste campo.
Com efeito, pela primeira vez, alguns dos documentos de reflexão estratégica e de orientação política a nível
nacional (e regional) consagram a importância da aposta neste sector e constatam a oportunidades de
crescimento deste cluster.
O Estado Português materializa esta prioridade no âmbito do Plano Tecnológico ao definir como principais os
objectivos estratégicos no capítulo das Indústrias Criativas: Divulgar e promover o conceito de Indústrias Criativas
em Portugal; Consolidar a base de conteúdos culturais e informativos; Promover o potencial económico das
Indústrias Criativas pelo acesso ao financiamento e aos recursos humanos; Promover as cidades criativas em
Portugal.
Por seu lado, a confluência com a oportunidade aberta com o redesenhar dos programas de financiamento
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estrutural da economia portuguesa (em particular no âmbito do QREN vem abrir possibilidade de explorar alguns
instrumentos (e criar outros) que permitam a implementação concreta de acções que visem o desenvolvimento
destas actividades. Seja no campo da valorização dos factores de competitividade (onde há margem aberta para o
5
E isto não obstante as fracas condições de acesso e elegibilidade da região de Lisboa.
apoio à formulação de clusters, à inovação, à I&D e à criatividade), seja na capacitação do potencial humano
(onde a componente criativa poderá ter um papel muito valorizado, a diversos níveis), seja ainda na vertente de
valorização do território (por exemplo, assumindo o funcionamento em redes ou a actuação em politicas concretas
com a de cidades), existem claras oportunidades de esboçar actuações que permitam promover o
desenvolvimento do cluster criativo, havendo o dinamismo necessário por parte dos agentes respectivos, a nível
local, regional e nacional.
Será portanto fundamental uma cada vez maior articulação entre Estado e Sociedade Civil. A um Estado que
tem vindo a assumir cada vez mais um papel regulador e incentivador junta-se uma Sociedade Civil, à qual tem
vindo a ser solicitado progressivamente um papel mais activo e dinamizador. Ou seja, o Estado tem a
possibilidade e o dever de regular e incentivar o comportamento da Sociedade Civil, que se quer mais activa na
busca de sinergias e efeitos multiplicadores através do desenvolvimento de parcerias, no seio de realidades e
formas de governança concretas, que possam, por exemplo, configurar situações como distritos industriais ou
clusters, possíveis (e frequentes) no domínio das indústrias criativas. O caminho operacional para isto, na senda
de múltiplos exemplos recentes, um pouco por todo o mundo, sugere a hipótese de criação das mais diversas
formas de actuação e de instrumentos de política (cultural, económica, de desenvolvimento urbano, …), que
poderão passar, entre muitos outros, por Agências de Desenvolvimento Local, Business Inovation Centres,
Centros de Incubação, Ninho de Empresas, Centros de Apoio à Criação de Empresas, Centros de Inovação e
Transferência de Tecnologia, Centros Tecnológicos, Parques Tecnológicos e muitos outros tipos de agentes de
dinamização, públicos e/ou privados.
No caso concreto da região de Lisboa, mais evidente se torna esta oportunidade, e isto não obstante as
inevitáveis restrições financeiras e limitações associadas ao quadro financeiro do novo QREN para a região.
Sendo esta região necessariamente uma referência ao desenvolvimento das indústrias criativas no país (com um
peso de mais de 50% em relação no total nacional na esmagadora maioria dos indicadores que possam ser
esboçados sobre o peso das actividades culturais e criativas – cf., p.e., Costa, 2007), é a única com uma massa
crítica suficiente para gerar dinâmicas economicamente sustentáveis na maior parte dos sectores de actividade do
cluster. As referências existentes nos documentos preparatórios ao novo Programa Operacional Regional ao
sector (2007, CCDR-LVT), embora bem menos explícitas (e consagrando muito menos fundos disponíveis) do que
no PO da região Norte, são de qualquer forma um sinal político positivo, embora claramente as fontes de
financiamento fulcrais para o desenvolvimento destas actividades na região, neste quadro, tenham de passar
claramente para além dos fundos estruturais comunitários.
A um nível infra-regional, e não obstante o potencial criativo da região poder estar naturalmente centrado no
núcleo da área metropolitana, nomeadamente na cidade de Lisboa (e, cada vez mais, também em pólos como os
existentes em Oeiras…), o próprio concelho de Cascais apresenta condições importantes para dinamizar e
aproveitar estas oportunidades de desenvolvimento das indústrias criativas, não só pela existência de alguma
massa crítica e competências acumuladas neste domínio ou pelo grau de diversidade cultural e de
“cosmopolitanismo” que regista a nível regional, como igualmente pela concentração de actores-chave
fundamentais para este desiderato (note-se só, a título de exemplo, o peso empregador de um agente como a
Estoril-Sol, para o sector), ou ainda pela oportunidade assumida pela vontade política de aposta nesta área (de
que este documento será mais um exemplo, na sequencia de outros estudos realizados para mapear o sector
cultural ou de uma aposta estratégica em agências para actuar em áreas fulcrais para o desenvolvimento
concelhio…), bem como ainda pelas diversas propostas ou intenções de investimento no sector registadas no
concelho nos anos mais recentes…
Constata-se portanto neste contexto que muitos dos conceitos associados às indústrias criativas, embora por
vezes não directamente explicitados ou não dessa forma formulados, estão já ou começam já a ser desenvolvidos
e de alguma forma inseridos nos vocabulários dos actores relevantes: Estado, Sociedade Civil e Terceiro Sector.
Decorre daqui que existe uma intenção manifesta que visa o desenvolvimento das indústrias criativas no
concelho. Será importante constatar que esta intenção expressa a nível local é parcialmente coincidente com
algumas das linhas de orientação ao nível das políticas nacionais e regionais, o que sugere uma preocupação
unânime e justificada com o desenvolvimento de uma sociedade do conhecimento e de uma economia
competitiva, em que a criatividade é um input essencial, que poderá e deverá ser plenamente aproveitada pelos
actores locais. Haverá portanto que trabalhar na concertação inter-institucional, de forma a potenciar o trabalho
conjunto em torno de objectivos estratégicos assumidos como comuns a todos estes níveis de intervenção.
2.2. Delimitação do quadro teórico e conceptual usado na análise6
O conceito de indústrias criativas inclui, no seu significado mais generalizado, um vasto conjunto de sectores
onde o talento e a criação individual são o principal factor de produção e onde a ideia de negócio (ou pelo menos
de actividade económica) assume uma considerável relevância. As actividades destas indústrias, que aliam
criadores, gestores e profissionais de áreas tecnológicas, dão origem a produtos e serviços comercializáveis cujo
valor reside essencialmente nos seus atributos criativos, inovadores e artísticos.
Este conceito, que tem vindo a ser desenvolvido desde a década de 90 e hoje é de utilização generalizada,
revela-se mais abrangente do que o de indústrias culturais, na medida em que engloba não só conteúdos criativos
de natureza cultural e intangível, mas também outros produtos ou serviços que contenham elementos criativos
substanciais, abrangendo sectores que vão desde as tecnologias da informação ao design, vídeo, fotografia,
moda, produção artística, cinema, arquitectura, mercados de arte e produção de conteúdos, entre muitos outros.
Na prática, o que distingue as indústrias criativas das restantes é o facto de a criatividade ser um elemento
crucial para a produção destes bens e serviços. No entanto, e à semelhança de outras indústrias (nas quais a
criatividade também poderá existir, embora de forma menos determinante), a articulação com a noção de
inovação e com a ideia de negócio são elementos fundamentais, para além de se registar uma crucial importância
da implantação territorial e do papel das dinâmicas territoriais locais ou regionais no seu desenvolvimento.
É neste quadro que importa atentar na articulação entre as lógicas de organização sectoriais e territoriais
destas actividades, onde a noção de cluster pode assumir um papel fundamental. Um cluster de indústrias
criativas, entendido como uma concentração geográfica de organizações que têm na sua função “produção” a
criatividade como input nuclear e que têm ainda a particularidade de estar fortemente ligadas entre si tanto em
relações verticais como horizontais, será uma unidade de análise eventualmente interessante para entender as
dinâmicas de desenvolvimento das actividades associadas às indústrias criativas. Esta importância será ainda
maior ao consideramos, no âmbito do mesmo cluster, diversos outros agentes não directamente “criativos” que
mantêm uma forte ligação com aquelas entidades e são fundamentais para a estruturação destes mercados (em
campos como a formação, a articulação institucional, a I&D, a difusão de informação, etc.).
O objectivo da análise a que nos propomos associa-se portanto a estudar o potencial de desenvolvimento de
um cluster de indústrias criativas ancorado nas actividades culturais e criativas no concelho de Cascais, tendo em
conta as noções genéricas aqui enunciadas.
No entanto, apesar da ampla disseminação e da extrema visibilidade mediática e política do conceito de
indústrias criativas nos anos mais recentes, esta não é de todo uma definição consensual e pacífica, sendo
6
Uma parte substancial do texto desta secção sobre o quadro teórico e conceptual das indústrias criativas apoia-se (e reproduz
integralmente alguns excertos) num texto anteriormente produzido por alguns dos membros da equipa responsável por este
estudo. Este texto foi originalmente apresentado na XVI Conferência da RESER (The European Association for Research on
Services), subordinada ao tema “Services Governance and Public Policies” e realizada no Instituto Superior de Ciências do
Trabalho e da Empresa (ISCTE), em Lisboa, em 28-30 de Setembro de 2006, tendo sido posteriormente publicado, em língua
inglesa, na série de working papers do Dinâmia/ISCTE (Costa, P; M. Magalhães, B. Vasconcelos e G. Sugahara, 2006, On
‘Creative Cities’ governance models: a comparative approach, Dinâmia WP nº2006/54). Uma versão revista desse texto
encontra-se em actualmente em publicação no Services Industries Journal (vol 28, nº3, April 2008)
frequentemente alvo das mais variadas e discordantes interpretações, as quais revelam frequentemente os seus
ainda relativamente incertos contornos (justificados face às profundas transformações económicas das sociedades
contemporâneas, à desadequação e desactualização dos instrumentos tradicionais para a sua conceptualização e
contabilização, à própria natureza destas actividades, etc.) e a sua difícil operacionalização prática.
Com efeito, ao olharmos para estes conceitos, verificamos facilmente que ao longo dos últimos anos têm
ganho influência e popularidade, tanto no discurso académico, como no âmbito político e do policy-making, novos
conceitos como “cidades criativas” e “indústrias criativas”, sobrepondo-se aqueles que eram conceitos mais
tradicionais e convencionalmente legitimados como os de indústrias culturais, actividades culturais ou actividades
artísticas (no campo cultural) ou mesmo a conceitos como “actividades inovadoras” ou outros, numa perspectiva
mais ampla. Contributos fundamentais, quer de autores como Charles Landry (Landry, 2000), Richard Florida
(Florida, 2002) ou Richard Caves (Caves, 2002) entre muito outros académicos e policy-advisers, quer de
agências e instituições públicas (como o Department of Culture, Media and Sport – DCMS - ligado ao governo do
Reino Unido, entre muitos outros exemplos em diversos países), têm progressivamente marcado o polícy-making
e o debate científico com estas noções, desde os anos 90 à actualidade.
De igual forma, um número significativo de instituições públicas, quer a nível nacional quer a nível local/regional
(muitas vezes no âmbito de parcerias mais amplas, associando-se a outros actores culturais e urbanos privados),
tem posto em prática estas ideias em todo o mundo, dando grande visibilidade (mas também considerável
diversidade) a estes conceitos. Quer no Reino Unido, onde se encontra o berço de muitas destas ideias, quer em
países como a Austrália, a Nova Zelândia, o Canadá ou muitas outras zonas na Europa Continental e na Ásia
Oriental, têm sido recorrentemente analisados e divulgados estudos de caso de sucesso, associados a operações
de âmbito urbano e/ou cultural, relacionados com esta “euforia criativa”. Mesmo no universo das grandes
instituições internacionais, estes conceitos têm sido progressivamente introduzidos e são actualmente usados e
destacados quotidianamente (p.e., pela Comissão Europeia, OCDE, UNESCO...), destacando-se em particular o
grande impacto do estudo efectuado pela KEA para a Comissão Europeia em 2006 (CE/KEA, 2006).
No entanto, estas noções de “cidades criativas” ou de “actividades criativas” não deixam ainda de ser
relativamente ambíguas e estão como acima referimos longe de ser consensuais. Estamos perante conceitos
multifacetados, que reflectem as mais variadas e difusas concepções seguidas pelos seus utilizadores. Podemos
efectivamente encontrar estas ou expressões semelhantes empregues como referência a uma grande variedade
de conceitos teóricos, reflectindo as mais variadas abordagens e perspectivas sobre as mesmas questões
culturais ou urbanas, ou mesmo, sendo o resultado de uma ampla diversidade de percursos evolutivos nas várias
áreas disciplinares da produção de conhecimento científico e actuação pública (nos campos de economia cultural,
do planeamento urbano, dos estudos de inovação, dos estudos culturais, da geografia, etc.).
Em paralelo, vários outros conceitos têm sido desenvolvidos para explicar a dinâmicas destes espaços criativos
(experience economy, buzz economy, etc.), resultado da articulação feita com a produção teórica em campos
paralelos (sistemas produtivos locais, meios inovadores, sistemas regionais de inovação, clusters, pólos
tecnológicos, cidades inteligentes, etc.), numa multiplicidade de abordagens a estas experiências e dinâmicas
centradas na “criatividade” que traduzem, na prática, em grande parte, a progressiva confluência de três grandes
perspectivas de pesquisa: (i) as actividades da cultura e a criação artística; (ii) o desenvolvimento regional e o
planeamento territorial; e (iii) a inovação e o desenvolvimento económico numa perspectiva sectorial.
Como resultado de toda esta diversidade conceptual, as formas de operacionalização (e quantificação) destes
conceitos têm-se traduzido numa ainda maior dificuldade em estabelecer consensos e bases comuns de
investigação, que bem patente tem ficado na necessidade recorrente de efectuar “Creative industries mapping
documents” que permitam identificar e sistematizar as actividades criativas, os quais se têm multiplicado em
muitos países (Inglaterra, Canadá, países nórdicos, países do sudeste asiático, etc…), por iniciativa de instituições
locais ou mesmo de organizações supranacionais.
Um bom retrato de toda esta diversidade é fornecido por Klaus Kunzmann (2006), ao explicitar os múltiplos
campos de análise da criatividade numa região urbana:
Da mesma forma, o próprio sector criativo, de fronteiras muito difusas, pode ser questionado e analisado (e
tem-no sido…) das mais múltiplas perspectivas. A sua grande diversidade (mesmo cingindo-nos apenas a um
sector “criativo” centrado nas actividades mais “culturais” ou “artísticas”), pode ser apreendida pela figura seguinte,
representando um esforço de síntese, da European Cultural Foundation, com base em outros modelos
conceptuais de diversas instituições e fóruns de discussão internacionais (Wiesand e Sondermann, 2005, p.7):
Figura 2.3 - O Sector Criativo – Arte, Media e Património numa Perspectiva Europeia
Tendo em conta toda esta diversidade iremos focar a nossa discussão conceptual nas duas expressões mais
comuns usadas no discurso académico e político nesta área: as noções de “indústrias criativas” (e o seu confronto
com a mais tradicional noção de indústrias culturais”) e de “cidades criativas” (sem ter portanto a pretensão de que
qualquer destas abordagens, na sua multiplicidade, cubram todas as recentes perspectivas sobre as actividades
económicas “criativas”).
2.2.2. As origens do interesse pela criatividade e da sua associação às dinâmicas territoriais
locais/regionais
Na realidade, estes conceitos têm sido profusamente usados na acção política, particularmente em estratégias
de desenvolvimento urbano. Com o intuito de promover o crescimento e a vitalidade das cidades, múltiplas
iniciativas suportadas na ideia de “criatividade” têm vindo a ser planeadas e desenvolvidas, por exemplo, no
âmbito de estratégias de desenvolvimento local, de operações de renovação e requalificação urbana ou de acções
de desenvolvimento regional centradas em sectores mais inovadores ou menos convencionais. O reconhecimento
de que o conhecimento e a inovação são matérias fundamentais para manter o potencial competitivo e atractivo
nas sociedades contemporâneas mudou radicalmente a forma de pensar e de agir dos actores económicos e
institucionais.
Na busca permanente por “experiências” e “fórmulas” de gestão urbana de sucesso foi encontrando terreno
comum em torno da ideia de criatividade, ainda que nalguns casos o ambiente onde essa criatividade possa
emergir e desenvolver-se, ou os aspectos associados aos mecanismos de regulação e às suas formas de
governança, possam ser eles próprios o foco primacial dessas intervenções e o factor decisivo para o seu
sucesso. As actividades culturais, criativas por natureza, tendem a ser um dos pilares destas concepções e a
assumir um papel crucial nas estratégias de desenvolvimento, embora seja importante salientar que a criatividade
pode obviamente emergir de outros campos e pode estar presente nas mais diversas actividades.
Não obstante este cenário relativamente confuso e pouco claro em torno dos conceitos (claramente
correlacionados…) de “cidades criativas” e de “actividades criativas”, é claro para nós que, por detrás desta
diversidade conceptual, existem noções comuns de conhecimento e inovação associados a novos produtos ou
actividades, novos actores ou instituições e novas formas de organização ou governança.
A centralidade destes conceitos na análise académica e no policy-making, um pouco por todo o mundo, nos
anos mais recentes, tem origens variadas (veja-se a Caixa 2.1 para uma sistematização destas origens).
Caixa 2.1:Esquematização das origens para o recente interesse na
criatividade
a) A ideia de “Cidade Criativa”, tal como foi desenvolvida por autores como Charles
Landry (2000), Peter Hall (1998), Ralph Ebert et al. (1994), entre muitos outros, e a
progressiva articulação com a análise das Indústrias Criativas (através do estudo das
indústrias culturais) e com múltiplas aplicações práticas ao nível do policy-making (ex.
DCMS, no Reino Unido). Esta noção foi, adoptada, tanto por académicos como por
planeadores urbanos e formuladores de políticas, em vários contextos, sendo usada, não
só como grelha analítica, mas igualmente como referência estratégica e ferramenta de
intervenção no desenvolvimento urbano. É frequentemente suportada na lógica de
valorizar “boas práticas”, quer em casos directamente relacionados com actividades
culturais criativas, quer em casos de soluções “criativas” de pontos de vista mais
institucionais ou organizacionais. Tem sido progressivamente incorporada na agenda
política em vários países (regeneração urbana, políticas de desenvolvimento local, etc.),
como o Reino Unido, a Alemanha ou o Canadá, bem como ao nível das instituições
europeias, conciliando campos disciplinares como o planeamento urbano, as políticas de
desenvolvimento local, o urbanismo e a arquitectura, a gestão urbana ou a sociologia.
No entanto, o que é indiscutível é que, apesar de toda esta diversidade de origens para o recente crescente
interesse pela criatividade, e não obstante toda a variedade de opiniões sobre a amplitude de tais conceitos, é um
facto que esta se transformou numa questão fundamental nas sociedades contemporâneas. O impacto de todo
este interesse revela-se na acção política, sendo bastante significativo em várias áreas, e tendo conduzido, nos
anos mais recentes, as políticas mais tradicionais sobre as actividades culturais (e criativas) a novas arenas,
incluindo, entre outros aspectos (Costa, 2005):
um claro desvio para além das clássicas abordagens disciplinares (combinando cultura, território,
inovação, etc.);
um maior foco da atenção para as questões da criatividade e da criação (claramente centradas na
tradicionalmente mais esquecida primeira fase das cadeias de valor destes produtos), aquando do estudo e
da actuação sobre as actividades culturais;
uma crescente atenção dada às lógicas do comportamento das “pessoas”, do lado da oferta, e não
apenas como “espectadores”, na perspectiva da procura (assumindo que as instituições não são “caixas
pretas” e que o seu funcionamento necessita de ser mais estudado);
uma focagem clara no enraizamento territorial das actividades culturais e criativas, nomeadamente nos
sistemas de produção territorializados onde a produção e o consumo culturais se tendem a desenvolver
mais, com os seus actores específicos e formas de governança particulares; e,
a assunção da relevância fundamental dos aspectos imateriais e intangíveis (como as competências dos
trabalhadores, a inovação, a articulação inter-institucional) como áreas fundamentais de intervenção.
Curiosa e coincidentemente (ou talvez não), todos estes aspectos reflectem uma clara aproximação às políticas
e estratégias de desenvolvimento regional/local e uma grande similaridade com as questões que tem sido também
centrais no campo da promoção do desenvolvimento urbano. Isto poderá portanto ajudar a explicar todo este
interesse pelas políticas de desenvolvimento urbano baseadas na criatividade…
Em todo o caso e apesar de todas estas origens, estes conceitos foram-se desenvolvendo e tornaram-se
progressivamente centrais na acção política nas áreas de promoção urbana e económica. Importa aprofundar a
base conceptual para o nosso debate e assim, neste amplo e desordenado espectro, optamos por nos concentrar
na discussão dos dois conceitos mais recorrentes, Indústrias Criativas e Cidades Criativas, de forma a ilustrar esta
diversidade e a enquadrar a nossa própria concepção.
2.2.3. Indústrias criativas, indústrias culturais e cidades criativas: aspectos conceptuais
Como pode ser visto na caixa 2.2, o debate conceptual sobre as indústrias criativas tem estado frequentemente
ligado à sua relação com a noção de indústrias culturais, numa lógica que tem tornado muitas vezes bastante
dúbia ou incerta a noção de indústrias criativas (ou pelo menos gerando-lhe contornos não muito claramente
definidos).
Perante toda a diversidade e complexidade subjacente a esta discussão, chegar a uma definição final e
satisfatória para uma noção de “indústrias criativas” está longe de ser uma tarefa fácil. No entanto, em paralelo
com definições mais generalistas e pragmáticas como “a convergência das artes, negócios e tecnologia”, uma
definição simbólica que pode ser encontrada frequentemente sobre esta questão e que podemos assumir como a
principal base conceptual para a discussão mantida neste estudo é a seguinte: “aquelas indústrias que têm a
sua origem na criatividade competências e talento individuais e que têm um potencial para criação de
bem-estar e emprego através da geração e exploração da propriedade intelectual” (UK Creative Industries
Task Force, 1997). De certa forma, a combinação destas duas definições desenha um panorama que parece
suficientemente abrangente para representar a diversidade de abordagens apresentadas.
Segundo este organismo, os sectores da economia que cumprem os requisitos desta definição são os
seguintes:
- Publicidade
- Arquitectura
- Mercado de arte e antiguidades
- Design
- Moda
- Cinema, vídeo ou outras produções audiovisuais
- Design gráfico
- Software educacional e de lazer
- Música ao vivo e gravada
- Artes performativas e entretenimento
- Difusão através da televisão, rádio e internet
- Escrita e edição/publicação
Podem ainda ser consideradas áreas de fronteira, nos campos da economia, ciências, engenharia e indústrias
de base tecnológica, por se incluírem no grupo de indústrias nas quais a criatividade é eventualmente nuclear para
o negócio.
Caixa 2.2: Indústrias criativas e indústrias culturais
O conceito de “indústrias criativas” tem sido usualmente entendido como similar (ou por
vezes como algo um pouco mais abrangente do que) à noção anglo-saxónica de
“indústrias culturais”, isto é, as actividades culturais, entendidas numa perspectiva mais
ampla do que tradição latina, incluindo as indústrias culturais mais estruturadas
(coincidentes com esta última) e outras, desde as actividades artísticas mais
convencionais e tradicionais ao design, ao artesanato ou ao património. Mas por vezes é
também interpretado numa versão ainda mais ampla, incluindo actividades tão díspares
como a programação de software ou a investigação científica, também indubitavelmente
criativas, embora geralmente despojadas de sentido estético.
Este problema da definição conceptual tem focado o debate nos limites entre “indústrias
culturais” e “indústrias criativas”, bem como nas actividades que devem ser consideradas
como criativas. Este último aspecto assume particular relevância, à medida que estas
actividades se afirmam como preponderantes no desenvolvimento económico.
Justin O’Connor define Indústrias Culturais como “as actividades que lidam
essencialmente com bens simbólicos (...). Tal definição inclui, portanto, aquilo a que se
tem chamado “indústrias culturais clássicas” – rádio e teledifusão, imprensa, cinema,
publicidade, estúdios de música, design, arquitectura, novos media – e as artes
“tradicionais” – artes visuais, artesanato, teatro, teatro musical, concertos e espectáculos,
literatura, museus e galerias” (O’Connor, 1999). Esta é aliás uma definição recorrente nas
análises produzidas sobre este tema, que parte de uma diferenciação entre as actividades
culturais, tendo em conta os seus modelos de financiamento: por um lado, as “indústrias
culturais clássicas” são essencialmente financiadas via mercado; por outro lado, as artes
“tradicionais” são financiadas pelo valor estabelecido num sistema institucional mais
amplo; mas, em última análise, em ambos os casos, todas elas dependem de um
processo de valorização simbólica da arte. Throsby (2001), por seu lado, apresenta um
modelo bastante abrangente de “indústrias culturais”, assumindo a centralidade das
actividades criativas e culturais tradicionais as quais, misturadas com diversos estímulos e
inputs, produzem um larga gama de novos produtos. Aqui podemos incluir várias
indústrias que, em paralelo com a produção de bens culturais, criam também outros bens
e serviços não-culturais (impressão/tiragem, TV e rádio, imprensa, audiovisual,
multimédia). É também nos limites das indústrias culturais que se encontram ramos que
operam fora da esfera cultural, embora ofereçam conteúdos culturais (turismo,
publicidade, arquitectura, etc.). Assim, com as atenções centradas no desenvolvimento
comercial e económico, as actividades culturais foram deslizando para a periferia deste
modelo e o sector das indústrias criativas afirma-se agora como o centro das dinâmicas.
Autores como O’Regan (2001) ou Cunningham (2001) trabalham também neste modelo
conceptual, considerando as indústrias culturais como subsecção das indústrias criativas.
A esfera das actividades criativas representa um centro de recursos (pessoas, talentos,
ideias) reassumidos nos mais diversos usos e aplicações, envolvendo a criatividade em
diferentes actividades que podem ser completamente distintas das actividades culturais.
O’Regan (2001) considera as indústrias culturais no âmbito de grelha de serviços
destinados às indústrias criativas. A cultura é portanto aqui uma “indústria de serviços” e a
“criatividade uma aplicação”.
Em muitas outras análises, as indústrias “culturais” e “criativas” são distinguidas pelo facto
de as primeiras representarem um ramo com pouco peso económico e relativamente
dependente do apoio público e de subsídios. Este aspecto ao nível das “representações”
foi decisivo no aumento da popularidade junto dos diversos governos do modelo das
indústrias criativas como factor-chave para o desenvolvimento económico.
Caixa 2.2 (cont.) Indústrias criativas e indústrias culturais
Não obstante esta diversidade de perspectivas, a relação entre indústrias criativas e o desenvolvimento urbano
e regional, através destas noções de cidade criativa, tem sido clara e profícua ao longo dos últimos anos,
desenvolvendo-se em campos tão diversos como a análise da génese dos mecanismos da criatividade e, por
exemplo, a sua relação com a aglomeração (meios criativos, bairros culturais, complexos de produção
territorializados, etc… - cf., p.e., Scott 2000, 2006; Hall, 2000; Mustard, 2006; Costa et al, 2007;…), a relação com
a governança urbana (p.e., Healey,…; Costa et al, 2006) ou a avaliação da relação com as políticas culturais
locais (p.e., Markusen, 2006).
Caixa 2.3: Tipologia-síntese dos diversos contributos para a
análise das cidades criativas
Independentemente de todas estas complexas questões conceptuais, necessitamos de lidar com a questão
das actividades criativas e do seu papel no desenvolvimento regional e urbano a partir de uma perspectiva
pragmática e de assumir um conceito que possa reflectir, de uma forma operativa, esta questão.
Neste sentido, consideramos a previamente mencionada definição do UK Creative Industry Task Force, de
1997, que está relativamente estabilizada e é geralmente aceite: “aquelas indústrias que têm a sua origem na
criatividade, competências e talento individual e que apresentam um potencial para a criação de bem-estar e
emprego através da geração e exploração da propriedade intelectual” (Marcus, 2005).
Esta assunção é feita por nós independentemente das grelhas e modelos de operacionalização quantitativa e
estatística deste conceito poderem ser diversificadas e assumirem diferentes lógicas de estruturação de um
cluster em torno de um núcleo de actividades indubitavelmente criativas, a partir do qual possam ser definidos
diversos círculos de actividades, progressivamente menos directamente ligados à criatividade, mas integrados no
cluster criativo. A este propósito, e não obstante reflexão posterior a ter em conta adiante no âmbito do diagnóstico
efectuado, a sugestão de modelo conceptual sugerida pela KEA (CE/KEA, 2006) parece-nos uma boa base de
trabalho.
Paralelamente a esta noção, defendemos uma abordagem ampla na análise e acção sobre as actividades
criativas considerando as especificidades das dinâmicas existentes. É imperativo que esta análise represente uma
abordagem mais complexa e multidimensional a estas actividades e ao estabelecimento de políticas nesta área.
Neste sentido, a abordagem esquemática sugerida pela British National Endowment for Science, Technology and
the Arts (NESTA) pode ser bastante útil. De facto, um importante resultado do recente relatório acima mencionado
(NESTA, 2006), foi a apresentação de um novo modelo “refinado” para as indústrias criativas, com o intuito de
ajudar a desenvolver novas lógicas de actuação em termos de políticas. Este novo modelo articula as actividades
económicas criativas considerando 4 dimensões (ver fig. 2.4): Fornecedores de serviços criativos, Produtores de
conteúdos criativos, Fornecedores de experiências criativas, Produtores de originais criativos. Esta torna-se uma
ferramenta útil pois incorpora uma maior percepção das diferenças entre e dentro dos sectores e permite analisar
as formas como o valor comercial é criado, como se localiza, ou como pode ser promovido. Combinada com o
previamente apresentado conceito de actividades criativas, esta pode ser uma ferramenta poderosa para estudar
e actuar nesta área tão difusa, já que de certa forma, este modelo acaba por sobrepor e integrar várias das
definições discutidas.
Figura 2.4 - Modelo refinado das indústrias criativas (NESTA, 2006)
Toda esta discussão acerca do papel das indústrias criativas no desenvolvimento e na competitividade
territorial tem obviamente de ser enquadrada face àquilo que são as especificidades de um concelho como
Cascais, com alguma dimensão económica e demográfica, mas claramente inserido numa área metropolitana
funcionalmente muito polarizada pela cidade de Lisboa.
Cascais é, como adiante se pode verificar, um destino turístico e residencial com alguma autonomia, no seio
de uma área metropolitana que está em profunda reestruturação económica e recomposição espacial. A chave
para o seu desenvolvimento não poderá ser dissociada de uma certa autonomia económica que permita (à
semelhança do que outros já fizeram, em particular o vizinho concelho de Oeiras) uma aposta de desenvolvimento
assente em áreas de actividade e em recursos diferenciadores e possibilite a inserção competitiva dos agentes
locais numa realidade não só mais global, mas também, e sobretudo, cada vez mais centrada nos domínios da
informação e do conhecimento.
As actividades criativas são uma área com particular vocação para este fim, e a presença numa área
metropolitana com alguma dimensão internacional e um grande peso na economia nacional (com um potencial de
mercado significativo para estas actividades e massas críticas, em termos dos recursos necessários, muito
interessantes), bem como a concentração vizinha de condições tecnológicas e humanas fulcrais para o
desenvolvimento do cluster criativo, são uma oportunidade muito importante que Cascais poderá explorar para
desenvolver o sector. Isto deverá obviamente ser feito, tendo em conta o potencial e as vantagens que alguns dos
concelhos vizinhos apresentam em muitos destes domínios, através de uma estratégia diferenciadora e coerente
que aposte nos recursos e nas actividades nas quais possa apresentar vantagens competitivas importantes.
As especificidades do concelho de Cascais terão de ser identificadas e valorizadas, de forma a conseguir,
como muitos outros já o fizeram, em vários pontos do mundo, mobilizar as actuais dinâmicas e o potencial de
crescimento das actividades criativas para responder aos problemas específicos do desenvolvimento
local/regional (nas suas diversas vertentes: eficiência económica; qualidade social; qualidade ambiental;
participação cívica) e promover a competitividade territorial.
Não obstante a multiplicidade de experiências de sucesso registadas nos últimos anos um pouco por todo o
mundo, tem portanto de se ter em conta a situação particular de Cascais, e em particular o seu contexto territorial
e a sua inserção na AML, tanto no diagnóstico como na definição de uma estratégia para o desenvolvimento
concelhio com base nestas actividades.
Com efeito, tem sido registada uma enorme diversidade de experiências de sucesso analisadas nos últimos
anos e referenciadas como paradigmas do papel das actividades criativas no desenvolvimento territorial e na
vitalização urbana.
Desde a realização de grandes eventos (capitais da cultura, exposições internacionais, jogos olímpicos ou
outras competições desportivas, etc.) à construção de equipamentos emblemáticos (como o museu Guggenheim
em Bilbao, por exemplo) e à reconversão de zonas abandonadas ou degradadas (industriais, portuárias, centros
históricos desvitalizados); desde a aposta em complexos baseados nas novas tecnologias, mais ou menos
associados às actividades criativas (parques tecnológicos, complexos territorializados de produção de símbolos e
valor estético, como Hollywood ou outros), à (re-)dinamização dos bairros culturais nos centros das grandes (e
pequenas…) cidades; desde apostas transversais em todo o cluster das indústrias culturais e criativas (e da
exploração da sua ligação com as TIC ou com outros sectores), até à promoção da especialização em sub-
sectores concretos (como a música, o audiovisual ou o multimédia, p.e.), entre muitos outros exemplos, a
diversidade é a regra.
Umas experiências resultam de actuações públicas concretas no campo das políticas culturais, de promoção
económica ou da inovação (a várias escalas, desde o nível local ao nacional); outras resultam de uma actuação
pública deliberada, conduzida expressamente com o objectivo de promover o desenvolvimento urbano ou a
competitividade territorial (a nível local ou regional); outras combinam preocupações diversas em termos das
políticas públicas, a escalas e âmbitos muito diversos, em torno de operações e projectos concretos, mais ou
menos integrados (combinado inclusão social ou requalificação e revitalização urbana, com formação de públicos
ou criação de emprego, por exemplo); outras ainda resultam essencialmente de dinâmicas “espontâneas”, mais ou
menos sustentadas, existentes em determinados territórios, dispensando a intervenção e suporte públicos.
Com formas de governança muito diversificadas (assentes em formas de regulação muito variadas, desde o
mercado à intervenção pública directa, passando pela acção do mais amplo leque de entidades, empresariais ou
outras, como as famosas Agências de Desenvolvimento Local que no Reino Unido muito têm marcado estas
intervenções), registam-se casos de sucesso com características muito distintas, e que vão muito para além
daquilo que são os diversos tipos de intervenção normalmente associados ao conceito de “cidades criativas”.
Basta pensarmos em alguns dos casos mais mediatizados para ter uma noção desta variedade: zonas
industriais e portuárias reconvertidas em espaços que cruzam novas tecnologias, actividades criativas, lazer, ou
cultura (22@ em Barcelona, Arabiaranta em Helsinquia, One Mile em Singapura, Temple Bar em Dublin - mesmo
a outra escala o Parque das Nações em Lisboa,…); equipamentos e zonas industriais transformados em novos
espaços de cultura ou escritórios para actividades criativas (Guggenheim em Bilbau, Espanha; Finlaysson em
Tampere, Finlândia,…); áreas da cidade assumidas e “etiquetadas” como bairros associados a certas actividades
criativas (p.e., “Helsinki Design District”, ou, em Portugal, o “Santos Design District”); cidades inteiras “vendidas”
como pólos culturais e criativos mais ou menos especializados (Amesterdão, Barcelona, Nova Iorque, Londres,
Seattle, Austin, Berlim,…) com uma capacidade de polarização que atravessa sectores e cria emprego
transversalmente; cidades que apostam desenvolvimento de recursos e capacidades culturais específicas (os
museus em Viena, a arte e o património em Florença, a pintura ou a moda em Paris, o cinema em Hollywood, a
moda em Milão,…); bairros culturais e zonas específicas dentro das cidades onde a criatividade emerge e se
desenvolve rapidamente (que vão mudando e afirmando-se por zonas diversas das cidades, em casos como Nova
Iorque, Londres ou Berlim – pense-se em Williamsburg, Hoxton Square, Mitte ou Kreuzberg – ou mantendo-se
mais imutáveis – como o Bairro Alto – Chiado em Lisboa); bairros com características particulares que influenciam
e determinam a produção cultural local (a Rive Gauche, Montmartre ou o Marais, em Paris; Greenwich Village,
Tribeca ou East Village em Nova Iorque, o Castro em S. Francisco, a Chueca em Madrid, etc.).
Será portanto importante fazer um benchmarking a partir de alguns destes casos, de modo a tirar
ensinamentos de experiências de sucesso que, não sendo obviamente, reproduzíveis, podem gerar alguns
ensinamentos a ter em conta para a nossa análise. É o que se faz no ponto seguinte deste relatório, partindo de
um conjunto de situações tipo que foram identificadas como sendo potencialmente importantes para extrair
ensinamentos e lições para o caso de Cascais.
Apresentação de estudos de caso
benchmarking
3.1. Introdução
Neste ponto pretende-se fazer uma breve apresentação de “casos de sucesso” de operações de
desenvolvimento territorial assentes nas actividades criativas (conduzidas por políticas públicas ou resultantes de
dinâmicas territoriais “espontâneas”). Embora cada caso seja um caso único, é possível tirar conclusões ou
ensinamentos que sejam úteis para o caso de Cascais, nomeadamente testando e/ou aprofundando as nossas
ideias de projectos e de acções. Os projectos aqui apresentados não excluem, no entanto, outras iniciativas
pertinentes referidas ao longo do texto. Não obstante, ganham relevo, primeiro, pelo seu grau de consolidação,
apresentando mesmo nalguns casos resultados concretos; segundo, pela disponibilidade de informação na maior
parte dos campos, aspecto em muitas outras experiências condicionante de uma análise mais global. Apresenta-
se de seguida um conjunto de nove experiências de cidades ou de bairros criativos. Procurou-se não apenas
identificar e listar os objectivos e as acções associadas, mas também as componentes institucional, financeira e,
finalmente, os resultados já obtidos. Cada caso é apresentado através de uma “ficha-síntese” (em formato quadro)
com a descrição dos factores-chave que poderão ser associados a essa experiência e de seguida são extraídos
alguns ensinamentos e ideias a partir de cada caso, eventualmente úteis para o estudo do concelho de Cascais.
Na identificação dos estudos de caso de criação e/ou de consolidação de dinâmicas associadas às “cidades
criativas” evitou-se seleccionar, logo à partida, apenas os que pudessem ser mais adaptáveis ao contexto
específico e às ambições de Cascais, o que poderia levar a menosprezar experiências aparentemente menos
relevantes, mas que, no decorrer do estudo, se viessem a tornar pertinentes.
A selecção de estudos de caso norteou-se, assim, pela ideia de apresentar um conjunto de experiências, o
mais ambivalente possível, que possa servir de inspiração a uma estratégia futura para o desenvolvimento destas
actividades em Cascais. Neste sentido, consideraram-se os seguintes critérios:
Uma cobertura territorial diferenciada: Procurou-se identificar projectos na América do Norte, na Europa,
na Ásia e na Austrália, em países onde estas abordagens têm sido particularmente fomentadas e
divulgadas;
Diferentes níveis de aprofundamento da intervenção: Teve-se em atenção analisar, por um lado, exemplos
de intervenções onde o sector cultural e as actividades criativas representam uma componente importante
do tecido socioeconómico, encontrando consubstanciação em planos de acção que cobrem diversas
vertentes de intervenção (p.e., Toronto, Sheffield), mas também, por outro lado, explorando outros
projectos de menor envergadura, com uma actuação mais concentrada em certos aspectos/sub-ramos
(p.e., Glasgow e o cluster do cinema, Singapura e os clusters Design e Média, Amesterdão e a
intervenção circunscrita à zona portuária);
Intervenções promovidas por diferentes tipos de actores: A maior parte das intervenções são da
responsabilidade dos poderes públicos, a diferentes escalas, no entanto é interessante observar que,
embora raras, existem também intervenções iniciadas por grupos de actores não públicos
(p.e.,Amesterdão);
Nível de diferenciação dos objectivos da intervenção: Embora a maior parte dos programas de acção
procure cobrir todas as vertentes possíveis de intervenção (domínio cultural tout-court, domínio
económico, regeneração urbana, entre outros), nalguns casos o plano de acção inclina-se mais para um
ou outro domínio. No caso de Barcelona e, em menor grau, de Manchester, a motivação económica
parece sobressair; em Amesterdão, trata-se sobretudo de um apoio ao desenvolvimento do sector artístico
e, em Christchurch e, em menor grau, em Liverpool, as actuações estão mais orientadas para o
envolvimento da comunidade e/ou para a integração de grupos étnicos minoritários.
Neste contexto, os estudos de caso apresentados devem ser considerados como casos individuais, não se
pretendendo com este exercício proceder a análises comparativas, sobretudo no que respeita ao conceito de
cluster ou de “fileira da cultura” ou ao nível de financiamento disponível. Esta limitação decorre em grande medida
do facto de a definição de actividades da fileira da cultura e os indicadores correspondentes variarem
significativamente ou não estarem sequer disponíveis nas fontes de informação utilizadas.
Os estudos de caso considerados, descritos nas “fichas” que se apresentam de seguida, são os seguintes:
1. A convergência de fundos de entidades nacionais e locais para uma estratégia holística de fomento da
cidade criativa a nível local - Canadá: Toronto - Plano da cultura para a cidade criativa;
2. A iniciativa “Capital da Cultura” como fomento da cidade criativa - Reino Unido: Liverpool – Capital da
Cultura 2008;
3. A cidade criativa com base em projectos combinados de regeneração urbana e de fomento do cluster dos
media - Reino Unido: Manchester - cidade da cultura e dos media;
4. A reconversão de cidades industriais em declínio através da dinamização do sector da cultura - Reino
Unido: Sheffield – Plano de Acção para o Cluster das Indústrias Criativas e Digitais e o Cultural Industries
Quarter;
5. A cidade criativa como forma de motivação da população para as artes e como factor integrador de grupos
étnicos minoritários - Nova Zelândia: Christchurch City;
6. A cidade criativa assente em grandes projectos de renovação urbana, associados ao desenvolvimento de
clusters económicos - Espanha: Barcelona - 22@Barcelona;
7. Uma estratégia de intervenção clara e coesa centrada sobretudo em dois sub-ramos: o design e os média
- Singapura – a aposta integrada nos media e no design;
8. A cidade criativa promovida pelos grupos artísticos: uma iniciativa bottom-up - Países Baixos: Amesterdão
– o grupo Kinetisch Noord e a regeneração da doca NDSM;
9. O desenvolvimento da cidade criativa com base num ramo-principal: a indústria cinematográfica - Reino
Unido: Glasgow – a capital do cinema da Escócia;
Note-se ainda que, naturalmente, uma análise mais detalhada e aprofundada de alguns destes casos poderá
ainda ser feita, no âmbito da segunda fase deste estudo, se for considerada a sua pertinência para a formulação
da estratégia específica a definir para o desenvolvimento de Cascais.
3.2. A convergência de fundos de entidades nacionais e locais para uma estratégia holística de fomento da
cidade criativa a nível local
Principais propostas:
- Desenvolver um corredor cultural, “Avenida das Artes”;
- Construir um equipamento cultural estruturante que conte a história
de Toronto;
- Tornar a cidade mais atraente, através do investimento em arte
pública;
- Desenvolver um Plano Director para a Arte Pública;
- Preservar e promover o património construído;
- Promover bolsas para jovens criadores no país e no estrangeiro;
- Rever o financiamento a organizações prestadoras de serviços no
domínio das artes;
- Designar 2006 como ano da Criatividade;
- Estabelecer um fundo especial para promover Toronto.
Outras iniciativas:
a) Campanha “Viver com a Cultura” – promoção durante 16 meses do
sector criativo, coincidindo com a construção ou reabertura de
equipamentos-chave (consistiu em 18 eventos); P.ex., projecto
Humanitas – museu interactivo que conta a história de Toronto como
um espaço diversificado, vibrante e socialmente harmonioso; projecto
“Enfrenta as artes” – campanha para promover o dinamismo de
Toronto em vários domínios artísticos.
Informação suplementar:
www.toronto.ca/culture/creativecity.htm
http://www.toronto.ca/culture/cultureplan.htm
H. Resultados e (Esperados)
lições Marketing da cidade – desenvolvimento do perfil nacional e internacional.
Aumento do interesse e da confiança dos investidores.
14.000 novos postos de trabalho em 2012 decorrentes da programação cultural
e investimento em infraestruturas.
Mais de 2 biliões de libras de investimento na cidade.
Pelo menos 1.7 milhões de visitantes extras em 2008.
Fonte: Creativity Strategies in Liverpool, The Art of Inclusion, Sir David Henshaw, Chief Executive, Liverpool City
Council, Liverpool Culture Company
Informação suplementar:
http://www.liverpool08.com/
http://www.liv.ac.uk/impacts08/
Outras experiências com características semelhantes:
Com abordagens, objectivos e graus de actuação muito diferencidos, todas as cidades que têm sido
Capitais Europeias da Cultura.
A. Contexto Manchester foi uma das principais cidades da Revolução industrial no Reino
Unido. Este facto teve sérias repercussões no espaço da cidade, marcado pela
existência de inúmeros estabelecimentos e áreas industriais. A partir dos anos
60 e 70 a maior parte destas unidades viria a encerrar, dando origem a
espaços devolutos e/ou em avançado estado de degradação. Na década de
oitenta, começa o processo de renovação urbana, com várias intervenções
estruturantes, associadas a uma política de desenvolvimento do sector cultural
em sentido lato.
B. Enquadramento População: 2,6 milhões (Area Metropolitana - Greater Manchester), Cidade -
socioeconómico 422.300 (2003); População empregada: 255.050 (Census de 1991)
População emigrante: 12,6% na Cidade. Área: 115 km2 (cidade e área
envolvente)
C. A fileira das Manchester é a segunda cidade do Reino Unido com a maior concentração de
actividades empresas do sector da cultura e do turismo. É também considerada a segunda
criativas no ranking das cidades criativas do Reino Unido (a seguir a Londres). A fileira
cultural encontra-se em plena expansão.
Indicadores:
22.585 empregados no sector cultural e 60.000 em indústrias criativas. (2006)
63,3% dos residentes utilizam equipamentos culturais ou recreativos.
É a cidade do Reino Unido com o maior número de patentes produzidas por
indústrias criativas.
D. Áreas de Estratégia cultural do Manchester City Council. Principais objectivos:
intervenção
- assegurar o reconhecimento e o apoio para a regeneração da cidade
como uma capital cultural “vibrante”.
- encorajar uma maior participação dos residentes nas actividades
culturais.
5 temas de intervenção:
1) Capital cultural – utilizar e valorizar os investimentos, através de uma oferta
diversificada e de qualidade de eventos, competições, performances, concertos
ao nível de outras cidades europeias. O objectivo é sair do nível regional e
ganhar dimensão nacional.
2) Cultura e aprendizagem – reconhecimento do contributo das actividades
culturais e desportivas para o talento, identidade e habilitações dos jovens e da
comunidade. Reconhecimento das oportunidades da criatividade nos planos de
educação e de formação. Cidade de Manchester como caso piloto do
Programa Nacional para Parcerias Criativas.
3) Cultura para todos – garantir que a população tem a oportunidade de
participar em actividades criativas.
4) Economia da cultura - apoiar as empresas do sector da cultura.
5) Marketing das actividades culturais – reforçar a promoção das actividades
culturais, visando o incremento do número de visitantes da região e de fora.
Encorajamento dos indivíduos e das organizações a trabalharem juntos tendo
em vista uma visão global.
Projectos-chave:
a) Continuação do projecto de regeneração da frente ribeirinha de Salford
(Salford Quay´s Waterfront) com a criação da futura Cidade dos Média.
Inúmeras galerias de arte, museus e espaços culturais, muitos dos quais com
carácter inovador. Treze teatros. Sala de Espectáculos que alberga a
Orquestra Filarmónica da BBC. Vários cinemas. Importante centro para
emissões de rádio, televisão e outros média. Importantes estúdios da BBC e da
Granada (relocalização de várias actividades da BBC para Manchester).
Festivais internacionais: Futuresonic, Manchester Festival.
Faculdade de Arte e Design da Universidade Metropolitana de Manchester.
Centre for Engagement through Art & Design – serviços de apoio à fileira
criativa.
F. Actores chave Manchester City Council (Câmara Municipal)
envolvidos Cidade dos Media: Parceria Público-Privado entre Salford Central Urban
Regeneration Company (Coordenação), Cidade de Salford, Peel Holdings
(promotor imobiliário). Consultoria do grupo de Cambridge do MIT
(Massachussets Institute of Technology).
G. Financiamento Investimento de 395 milhões de libras em equipamentos desportivos, museus,
de projectos com galerias de arte, teatros, parques e praças.
impacto na Fundos da Lotaria para 966 projectos: 96,3 milhões de Libras.
capacidade Financiamentos do Manchester City Council: 3,1 milhões de Libras.
criativa
H. Resultados e Manchester escolhida como a cidade piloto do Programa Nacional para
lições Parcerias Criativas (National Creative Partnerships Scheme) e premiada com o
título – 1ª Zona de Acção Desportiva.
Informação suplementar:
- www.manchester.gov.uk
- www.mediacityuk.co.uk/pr_futurerevealed.html
- www.artdes.mmu.ac.uk/about/manchester
Reino Unido: Sheffield – Plano de Acção para o cluster das indústrias criativas e digitais e do
Cultural Industries Quarter
A. Contexto Sheffield foi durante vários séculos um importante pólo industrial, marcado
sobretudo pela indústria do aço. Na década de 70, o sector industrial entra em
declínio, verificando-se o encerramento de várias unidades, não só em
Sheffield como em concelhos vizinhos. A região enfrentou então um período
complicado com elevados níveis de desemprego e de pobreza. Hoje em dia, a
crise industrial encontra-se ultrapassada, novas actividades surgiram,
nomeadamente na esfera das indústrias da cultura. Sheffield pretende reforçar
esta componente, através da sua afirmação como uma cidade criativa e
inovadora, aliando importantes projectos de regeneração urbana, a uma
política cultural diversificada.
B. Enquadramento População: 525,800 (Cidade e área envolvente) (2006); Área (km2): 367.94
socioeconómico km2 (Cidade e área envolvente); População empregada: 255.700 (2005).
População emigrante: 6,4%. Quinta maior cidade inglesa.
C. A fileira das Sheffield situa-se no nono lugar no ranking das cidades mais criativas do Reino
actividades Unido. Cerca de 20% da população empregada na zona de Yorkshire trabalha
criativas no cluster das indústrias criativas e digitais.
As principais fileiras existentes em Sheffield são o e-learning (mais de 600
pessoas trabalham no sector, albergando a cidade dois dos principais serviços
a nível mundial), software para jogos/entretenimento (a concentração de
algumas firmas de renome a nível internacional tem funcionado como magneto
para a atracção de novos talentos), Design/Novos média (localização de
algumas das mais conhecidas empresas do Reino Unido deste ramo),
sistemas/infraestrutura (localização de várias empresas desde a concepção de
sistemas até operadores globais de IT).
D. Áreas de As principais áreas de intervenção para o desenvolvimento do cluster das
intervenção indústrias criativas e digitais da Câmara de Sheffield são (Plano de Acção para
o Cluster das Indústrias Criativas e Digitais):
1) Infra-estruturas
a) Investimento em equipamentos e actividades de educação/aprendizagem
- estratégia de educação para as artes criativas - sobretudo através do
fomento das visitas a museus, bibliotecas e galerias de arte;
- desenvolvimento de parcerias entre instituições culturais e instituições
de ensino;
- promoção nas escolas da cultura como instrumento de aprendizagem
(programa Creative partnerships);
- promoção da cultura no currículo das escolas (p.e., visita a museus)
- Investimento em espaços residenciais mistos (trabalho e residência)
- Equipamentos culturais de apoio à produção
- Espaços para instalação de actividades económicas
2) Centros de excelência, nomeadamente na área do design
3) Apoio especializado às empresas
4) Aumento das qualificações, através de programas educacionais e
vocacionais
5) Investimento local
6) Estabelecimento de redes de promoção de clusters
O Quarteirão das indústrias da cultura (CIQ – Cultural Industries Quarter),
criado nos anos 80, é um dos projectos mais emblemáticos de apoio às
indústrias da cultura de Sheffield.
Os elementos-chave do CIQ são o parque de ciência de Sheffield, a Escola de
Artes Dramáticas e Tecnologia da Música (que inclui uma sala para concertos e
teatro, vocacionada para a mostra de novos talentos), os estúdios Red Tape, a
Workstation (centro de negócios/ateliers para empresas do sector da
cultura/média), o Showroom (4 salas de cinema independente) e um complexo
residencial para pessoas ligadas ao sector (The Cube).
Entre os vários projectos promovidos pela Agência são de salientar: um fundo
para a restauração de edifícios antigos, eventos para o estabelecimento de
redes entre agentes do sector, um projecto europeu para os media digitais,
iniciativas de fomento da experimentação das indústrias criativas pelos jovens,
um esquema de colaboração com proprietários para facilitar rendas mais
baratas, uma plataforma internet para a troca de notícias e de experiências
entre actores.
E. Recursos Diversos equipamentos desportivos de nível internacional (incluindo o Instituto
culturais Inglês do Desporto), tornam Sheffield um centro de excelência neste domínio;
Maior complexo de cinema independente e de média a nível europeu -
Showroom Cinema; Complexo de teatros; Cluster de estúdios de gravação e
salas de concertos de nível internacional.
Diversos eventos culturais de âmbito nacional e internacional, e.g., International
Documentary Film Festival, Media Festival, Art Sheffield, Lovebytes, entre
outros.
Localização da BBC radio Sheffield, da Universidade de Sheffield Hallam.
Existência de vários espaços do tipo residência/atelier para a instalação de
criativos.
F. Actores chave CIQ – Cultural Industries Quarter Agency. Esta agência, criada em 2000, pelo
envolvidos Sheffield Citz Council, tem por objectivos maximizar o potencial de regeneração
do CIQ e, por outro lado, promover o crescimento das indústrias criativas em
Sheffield e arredores.
A CIQ tem um conjunto de parcerias com a agência INSPIRAL (agência de
apoio no domínio dos negócios a empresas e organizações), o Sheffield City
Council, Sheffield One, Sheffield First for Investment, Yorkshire Forward,
Heritage Lottery Fund, Objective One, a SRB6 e a Yorkshire ArtSpace Society,
tendo em vista apoios específicos aos vários actores.
A partir de 2007, a Agência CIQ juntamente com outras instituições
vocacionadas para o desenvolvimento económico em geral (a Sheffield One e
a Sheffield First for Investment), constituíram uma entidade única para o
fomento económico: a Creative Sheffield.
G. Financiamento Financiamento da Agência CIQ: combinação de financiamento público,
de projectos com incluindo apoios do FEDER, do Single Regeneration Budget, da Câmara
impacto na Municipal de Sheffield, da Agência de Desenvolvimento Regional do Yorkshire
capacidade (Yorkshire Forward), e financiamento através de receitas próprias.
criativa
H. Resultados e Os resultados mais palpáveis da intervenção em Sheffield estão sobretudo
lições ligados ao projecto do CIQ e da sua Agência, em traços gerais refira-se:
- o reconhecimento da Agência por políticos e planeadores do sucesso do
modelo de regeneração de espaço urbano com base nas indústrias criativas;
- o reconhecimento dos impactos do projecto em termos económicos:
crescimento de 16% do emprego desde 2000, criação prevista de mais 2.500
postos de trabalho nos próximos 10 anos, expansão significativa e continuada
da área dedicada a escritórios, envolvendo parceiros públicos e privados.
- contributo da Agência para o reconhecimento de Sheffield como uma cidade
criativa de relevo;
- impacto no reforço da cooperação entre agentes públicos e privados.
Lições/recomendações para projectos similares:
- garantir a existência de uma estratégia clara e de apoio político;
- garantir recursos adequados para manter uma equipa pequena e dedicada e
um orçamento suficiente para motivar a participação do sector privado no
projecto;
- maturidade temporal de 3 anos para começar a obter resultados;
- recrutar/mobilizar uma administração competente com representantes das
artes, das empresas, do sector público e das instituições privadas sem fins
lucrativos/voluntários;
- encorajar uma visão empresarial no enquadramento estratégico;
- promover ligações a nível nacional, internacional e regional para aumentar as
ambições e aspirações;
- Não assumir que um agente sem orçamento pode trazer mudanças
significativas.
Informação suplementar:
http://www.sheffieldfirst.com/our-partnerships/culture-and-sport
http://www.creativesheffield.co.uk/
http://www.creativesheffield.co.uk/InvestInSheffield/KeyBusinessSectors/CreativeandDigital/
http://www.liveworknet.com/uploads/motley.pdf
http://www.showroom.org.uk/
http://www.ciq.org.uk (The Cube)
http://www.artspace.org.uk/
Informação suplementar:
http://www.ccc.govt.nz/
Arts policy and strategy, Christchurch council (http://www.ccc.govt.nz/consultation/artsstrategy/)
Informação suplementar:
http://www.22barcelona.com/
7
"Killer Apps" - "Killer Applications" - aspectos sem os quais não é possível viver ou sem os quais não se quer viver.
ideias e para promover Singapura como uma Cidade do Design, vibrante e
criativa, a nível internacional.
Informação suplementar:
www.mita.gov.sg
http://app.singaporedesignfestival.com/aboutus.asp
http://www.mda.gov.sg/ (Media Development Authority)
http://singapore.angloinfo.com/
Informação suplementar:
http://www.kreativwirtschaft.nrw.de/kongress2007/Marijnissen.pdf
http://www.ndsm.nl/
Principais ideias a reter para o caso de Cascais:
A possibilidade de fomentar intervenções de sucesso com origem na iniciativa da população local ou na
pequena iniciativa, com um carácter bottom-up;
A hipótese de mobilizar os jovens para a participação em projectos conjuntos de fomento das artes e do
desporto.
3.10. O desenvolvimento da cidade criativa com base num ramo-principal: a indústria cinematográfica
H. Resultados e -
lições
Informação suplementar:
http://www.glasgowculturalenterprises.com/gce/index.cfm
http://www.scottisharts.org.uk/
http://www.scottishscreen.com/
http://www.clydewaterfront.com/film_city_glasgow.aspx
http://www.glasgow.gov.uk/
http://www.glasgoweconomicfacts.com/
Neste capítulo, e ainda que este seja o ponto com o carácter mais descritivo deste relatório, não se pretende
uma nova caracterização do concelho a nível cultural (já existem diversos documentes, recentes e de qualidade
que o fazem – vejam-se em particular os relatórios do OAC- Santos et al, 2005; Gomes, 2005; Lima e Neves,
2005; Martinho e Gomes, 2005; Nunes e Neves, 2005; Pinheiro e Gomes, 2005; Santos e Neves, 2005), mas sim
sintetizar (de forma ainda descritiva) os principais recursos e dinâmicas criativas e culturais do concelho, numa
perspectiva de diagnóstico.
Neste sentido, pretende-se neste capítulo apenas analisar brevemente a evolução de alguns dos principais
indicadores disponíveis relativos à dinâmica do sector cultural e criativo de Cascais. Para tal, baseamo-nos
sobretudo nos dados disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística e nos referidos estudos realizados pelo
Observatório das Actividades Culturais (em particular Santos et al., 2005) sobre o sector cultural deste concelho.
Como vimos no capítulo 2, o sector criativo transborda as fronteiras do que é comummente associado ao
sector cultural, mas reconhecemos que o mesmo é um dos pilares do desenvolvimento das dinâmicas criativas. É
neste sentido que as fontes de informação quantitativas sobre o sector cultural no concelho consubstanciam a
matéria fundamental no diagnóstico do sector cultural / criativo.
Reconhecendo que a noção de cultura (bem como a de actividades criativas) pode ser apreendida e definida
de múltiplas formas, como atrás se defende (cf. Santos et al, 2005: 24; Costa et al, 2007), neste ponto do trabalho
(e em particular na secção 4.1) partimos de forma operativa da noção de sector cultural assumida pelo INE, isto é
essencialmente dos indicadores assumidos pelo INE como referentes àquilo que esta instituição inclui na
categoria de “cultura”. Tomámos igualmente atenção ao Regulamento de Organização dos Serviços Municipais de
8
Cascais (ROSM), que formaliza as competências orgânicas do Departamento de Cultura (DEC) e ainda
complementámos esses dados com o recurso pontual a outras fontes, nomeadamente as páginas amarelas ou
programações e guias culturais.
Salienta-se que as informações e a análise apresentadas neste ponto têm subjacentes duas questões. A
primeira é a complementaridade e interdependência, ou seja, as ilações retiradas e, consequentemente, a
concretização em medidas de política devem ser feitas com base no conjunto total das informações e numa
estratégia comum. Em segundo lugar, tendo em vista a identificação e a promoção de dinâmicas criativas, a
observação dos indicadores culturais/criativos do concelho deve, sempre que possível, procurar identificar as
9
dinâmicas territoriais, fundamentalmente, a sua localização e a relação com os indivíduos . É neste sentido que
este diagnóstico encara como fontes de informação fundamentais o estudo do Observatório das Actividades
Culturais, OAC, denominado “Cartografia Cultural do Concelho de Cascais” (Santos et al, 2005), e o instrumental
de informação geográfica que Câmara Municipal de Cascais dispõe.
Ainda levando em conta a perspectiva da inserção territorial e a influência do contexto no qual o concelho se
insere, procurámos não só reunir indicadores para Cascais como também para os concelhos limítrofes (Oeiras,
Sintra e também Lisboa, pólo central da área metropolitana), e para os espaços de referência de inserção
8
Artigo 62º (Do Departamento de Cultura); Artigo 63º (Da Divisão de Promoção e Animação Cultural); Artigo 64º (Da
Divisão de Património Histórico Cultural); Artigo 65º (Da Divisão de Bibliotecas e Arquivo Histórico).
9
As dinâmicas em torno dos indivíduos devem levar em conta tanto a população residente, quanto os potenciais “utentes” ou
frequentadores dos espaços, seja numa perspectiva de trânsito (ver movimentos pendulares, por exemplo), seja nas
perspectivas de inserção internacional e de intercâmbio.
concelhia: a Área Metropolitana de Lisboa (GAML), a NUT III Grande Lisboa, e o nível nacional (Portugal). Estas
informações fornecem-nos os instrumentos para a identificação de possíveis oportunidades, pontos fracos,
vantagens e riscos, bem como possibilidade de desenvolvimento de sinergias e complementaridades entre as
actuações dos diversos agentes.
Assim sendo, neste capítulo faz-se, num primeiro momento, uma breve caracterização dos recursos e
equipamentos culturais em Cascais e da utilização que deles é efectuada, bem como, de forma um pouco mais
abrangente, de alguns outros indicadores sobre a actividade criativa no concelho. De seguida, procede-se a uma
tentativa de estimação do peso económico destas actividades no concelho, com base nos (relativamente débeis)
dados existentes, confrontando-o com a sua envolvente próxima. As restantes secções do capítulo lidam, de
forma um pouco mais sintética, com três questões particulares consideradas como relevantes para a análise do
sector no concelho: uma breve caracterização dos públicos da cultura em Cascais; uma sistematização das
principais instituições e eventos realizados no concelho; em uma pequena reflexão sobre as políticas culturais e a
sua relação com o financiamento do sector cultural e criativo no concelho.
Neste ponto pretende-se dar uma breve panorâmica empírica sobre a oferta e os consumos culturais no
concelho de Cascais, partindo dos dados estatísticos disponíveis. Como acima se referiu, não se pretende apostar
na exaustividade, mas efectuar uma reflexão de síntese com base no diagnóstico recentemente efectuado pelo
OAC sobre o concelho, actualizando-o e complementando-o nalguns pontos (mais associados às indústrias
10
criativas), mas sem ambicionar refazer todo esse valioso património de conhecimento já acumulado .
Como acima se refere, a análise é efectuada predominantemente ao nível concelhio, com comparação com a
situação na AML em que Cascais se insere, e com o padrão médio do país, bem como, com os concelhos mais
“próximos”: Oeiras, Sintra e Lisboa, centro da área metropolitana. Nalguns casos pontuais em que isso faça mais
sentido, a análise é levada ao nível intra-concelhio, mas quanto a isso, no essencial remete-se essa análise no
essencial para a cartografia das actividades Culturais no concelho efectuada pelo OAC, para a análise da qual se
remete o leitor neste relatório em diversos pontos.
Num primeiro momento, apresentamos informações sobre os equipamentos culturais numa perspectiva
generalista, para depois focarmos a análise nos equipamentos mais comummente associados ao sector cultural,
tais como museus, bibliotecas, cinemas, e galerias de arte.
De seguida, apresentamos alguns indicadores das despesas com cultura no município, e sua evolução ao
longo dos últimos anos numa perspectiva comparada com os espaços de referência.
Finalmente, um último conjunto de indicadores pretende apresentar informações sobre os agentes culturais e
criativos do concelho de forma mais ampla, recorrendo complementarmente a algumas fontes de informação
alternativas que nos dêem indicações preliminares sobre o seu peso real.
10
Note-se aliás o imenso potencial que a CMC tem para explorar em termos de instrumentos de recolha, tratamento e análise
da informação sobre estas actividades no concelho a partir do sistema de informação montado pelo OAC, com um potencial de
monitorização e avalização permanente destas actividades, se efectivamente explorado, de forma quotidiana e regular. Para
além disso, diversas fontes alternativas poderão ainda ser exploradas e rentabilizadas para mapear as actividades culturais e
criativas do concelho (com as páginas amarelas, que adiante utilizamos, ou outras), fazendo sentido que possam ser associadas
a essa base e a esse sistema de monitorização de informação.
4.1.1. Os equipamentos culturais e a sua utilização
Em relação aos equipamentos culturais, analisa-se um primeiro conjunto de indicadores “gerais”, como recintos
culturais, número total de cinemas, museus e galerias (de forma agregada) e valências culturais por equipamento.
11
A análise do indicador da evolução de Recintos Culturais entre 1999 e 2002 (tabela 4.4) revela-nos que, com a
excepção de Lisboa, Cascais apresenta um número significativamente maior de Recintos Culturais do que o de
seus concelhos limítrofes, tendo ainda observado um aumento no número de recintos no período observado.
Por seu lado, o número agregado de Cinemas, Museus e Galerias, para o período 2000-2003 revela que
Cascais teve o menor incremento de entre as diversas realidades observadas, não obstante a sua posição relativa
intermédia neste indicador (tabela 4.5).
Fonte: INE
Fonte: INE
11
Entende-se como “recinto cultural” aquele que tem a cultura como principal utilização. Por exemplo, a principal utilização
dos museus é cultural, não sendo verdade em relação aos ginásios desportivos (OAC, 2005: 123-127).
O concelho de Cascais apresenta grande concentração de equipamentos e diversidade dos mesmos. Os
estudos do OAC destacam neste campo ainda algumas políticas orientadas para desconcentração, como é o caso
das bibliotecas. Sobre o sector económico das actividades culturias o estudo destaca a concentração da oferta
pública nas localidades de Cascais e Estoril. Em relação aos equipamentos não culturais destacam-se as
presenças de jardins, praças e espaços verdes bem como estabelecimentos de ensino. O estudo sublinha a
grande presença de centros comerciais e evidencia a polivalência destes equipamentos, incluindo diversas
valências como cinemas, livrarias, discotecas, vídeo clubes (OAC, 2005: 133-148).
Como aponta o estudo Cartografia Cultural do Concelho de Cascais (OAC, 2005: 133), há uma tendência
crescente de criação de equipamentos culturais de múltiplas valências. Destaca-se ainda que este processo se
consubstancia na criação de uma valência dominante e outras secundárias (ver exemplo na tabela 4.6). Cascais e
Estoril novamente apresentam maior diversidade do que o resto do concelho. Nos equipamentos mais
disseminados pelo concelho a combinatória mais comum (havendo mais de uma valência) é espaço/sala
polivalente e espaço de exposições (OAC, 2005: 133-148).
Tabela 4.6: Concelho de Cascais - Valências Culturais de Equipamentos não culturais por Situação
De entre estes, dois “equipamentos” com valências múltiplas têm assumido destacado protagonismo numa
dinamização cultural transversal do concelho, para além de todos os mais “especializados” (como bibliotecas,
arquivos ou espaços para exposição): o Centro Cultural de Cascais e a Cidadela de Cascais.
No caso do Centro Cultural, gerido pela Fundação D. Luis I, a actividade tem sido diversificada, sobretudo no
campo das artes visuais e performativas, com uma programação regular de exposições e eventos e uma
progressiva fidelização de públicos, maioritariamente locais, mas que em muitos eventos, conseguem obter áreas
de influência supra-locais.
No caso da Cidadela, cujo espaço também se encontra sob gestão de uma empresa municipal, e para a qual
se perspectiva um programa de reconversão e reabilitação ao longo dos próximos anos, tem sido promovida
crescentemente a sua utilização para eventos culturais e criativos diversos como concertos, festivais, ou eventos
como a Moda Lisboa ou o MundoMix, por exemplo.
- Museus
Como vimos anteriormente, equipamentos como os museus podem e devem exercer um papel fundamental na
promoção do ambiente criativo pois são cruciais na consolidação das representações simbólicas e do
reconhecimento da identidade cultural local, para além de promoverem e permitirem a partilha de conteúdos,
técnicas, conceitos, etc., associados ao espólio por eles preservado.
Apesar de estarem registados apenas três museus, segundo o critério específico do INE, Cascais possui sob a
12
tutela da Divisão de Património Histórico-Cultural (DPAT) , uma rede de museus municipais com as seguintes
unidades museológicas: (i) Museu Conde de Castro Guimarães (até 2000 funcionou também como biblioteca); (ii)
Museu do Mar - Rei D. Carlos; (iii) Museu da Música Portuguesa - Casa Verdades de Faria, e mais (a) o Forte de
S. Jorge de Oitavos e o (b) Gabinete de Arqueologia. Para além destes, existem ainda outras estruturas
museológicas / expositivas: Espaço Memória dos Exílios, Farol-Museu de Santa Marta, Casa de Santa Maria,
Moinho de Armação Tipo Americano – Alcabideche.
Cascais apresenta ainda uma forte aposta em novos equipamentos, com destaque para os localizados na
freguesia de Cascais (em particular no centro histórico), sendo três dos cinco projectos para o centro histórico,
localizados na cidadela de Cascais e sua envolvente. De entre estes destaca-se o futuro Museu Paula Rêgo,
actualmente em fase de concretização (a par da Casa Civil da Presidência da República e de uma outra estrutura
Municipal).
Em relação ao pessoal em serviço nas unidades do DPAT destaca-se a presença das mulheres entre 35-44
anos, a maioria com qualificação superior ou secundário; o estudo do OAC destaca a presença de apenas 1
conservador de museus nas carreiras de pessoal específicas da área de museologia e 4 técnicos profissionais de
museologia (OAC, 2005: 136).
No que respeita às despesas do município com o subdomínio museus, ficou evidente uma redução no nível de
despesas entre 2000 e 2003, passando de 898 mil euros, para 677 mil euros (sobre despesas com o subdomínio
museus, ver: OAC, 2005: 36-37).
Sobre as valências existentes nas unidades museológicas da autarquia foram considerados oito tipos de
espaços destinados ao público e dois de espaços técnicos, sendo as valências mais comuns as salas de
exposição permanentes e as salas polivalentes estas com dimensões bastante variadas (OAC, 137). Os
equipamentos que apresentaram maior número de espaços destinados ao público foram o Museu da Música
Portuguesa e o Museu do Mar. Nos espaços técnicos destacou-se a valência “reservas”, espaço utilizado para
armazenar e conservas as colecções que não se encontram em exposição…
Destacam-se ainda as visitas guiadas e as publicações/edições como principais actividades desenvolvidas nas
entidades analisadas sendo os serviços educacionais o destaque negativo estando presente em apenas três.
Sobre o funcionamento e frequentadores, observou-se que os quatro museus apresentam funcionamento
permanente, 3ª-dom em horário determinado. Dois deles, o Museu Conde de Castro Guimarães e o Museu do
Mar, não têm acesso gratuito. Segundo o estudo do OAC, o número total de frequentadores aumentou de 30,7 mil
em 2000 para 38,9 mil em 2003 sendo o valor máximo atingido em 2001 com 41,6 mil – para uma análise mais
12
ROSM Regulamento de Organização dos Serviços Municipais, aprovado em Dezembro de 2004 – Para Museus, altera a
orgânica da Divisão de Patrmónio Histórico-Cultural (DPAT) dividindo-a em 3: Divisão dos Museus Municipais de Cascais
(DMUS), Gabinete de Arqueologia (GARQ) e Gabinete de Património Histórico-Cultural (GPAT) (fonte: OAC, Os Museus
Municipais de Cascais, pp. 135).
pormenorizada dos frequentadores ver ponto 4.4. Durante as entrevistas foi possível observar algumas situações
que merecem maior atenção, como é o caso do “Museu da Música Portuguesa”. Localizado na região norte do
concelho o equipamento apresentou grande potencial de dinamização da região. Destaca-se, no entanto, a
dificuldade na acessibilidade e a ausência de “serviços de apoio e associados” (p.e. um café), que permitam a
frequência do espaço, principalmente o jardim, por um período mais longo. Reconhecendo que a abertura ao
público obriga a uma programação mais complexa, envolvendo recursos para manutenção e rotinas de segurança
(que inclusive devem ter em conta as especificidades de uma unidade museológica), acreditamos que o
equipamento possui forte potencial para o desenvolvimento de dinâmicas criativas associadas a sua actividade
principal, a música.
Partindo do conceito de “funções museológicas”, trabalhado na Cartografia Cultural (OAC, 139), que refere
como exemplo as acções educativas inerentes às unidades museológicas, podemos conceber uma divisão
funcional de cada museu: Museu do Mar – promoção da consciência ambiental; Museu da Música –
desenvolvimento da formação musical; Museu Condes Castro Guimarães – promoção das artes decorativas.
Contudo, é flagrante a necessidade de articular tais actividades numa perspectiva mais ampla e interdisciplinar,
com o foco centrado nas especificidades dos frequentadores e público-alvo e nas actividades que ali podem ser
promovidas.
- Bibliotecas
As bibliotecas têm cada vez mais observado uma mudança importante na função que têm na comunidade onde
se inserem. O acelerado avanço tecnológico e a difusão das chamadas TIC tiveram um forte impacto sobre este
tipo de equipamento e sobre os anseios de seus utilizadores. No total, o Concelho de Cascais tinha 17 bibliotecas
em 2000 e 19 em 2003; ao termos em conta como referências a Grande Área Metropolitana de Lisboa e a Grande
Lisboa, observamos que Cascais registou no período um crescimento acima do observado nestas áreas, mas
similar ao observado nos concelhos limítrofes, com excepção a Lisboa.
Também devemos referir que em relação a proporção de residentes por biblioteca observadas no período
(tabela 4.8) melhorou na generalidade dos concelhos seleccionados. O concelho de Cascais destacou-se obtendo
a melhor performance entre os pares neste indicador. Em 2001 cada biblioteca servia 10819 residentes e em 2003
servia 9420 residentes. Houve um decréscimo médio anual de quase 7%, o que se traduz numa melhoria no
serviço.
Tabela 4.7: Número de Bibliotecas – 2000-2003
Fonte: INE
Fonte: INE
Levando em conta a diversidade de características destes equipamentos, como valências, dimensão, acervo,
etc., outro indicador importante é do número de documentos existente e adquiridos pelas bibliotecas (tabela 4.9).
Mesmo tendo reduzido significativamente o número de documentos adquiridos, Cascais teve, no período
considerado, a maior taxa de crescimento anual médio entre 2001 e 2003 em Documentos Existentes,
apresentando ainda, no entanto, o menor número de documentos existentes em valores absolutos.
Em Cascais, a consulta de documentos nas Bibliotecas diminui no período 2001-2003, apesar de terem
aumentado os empréstimos. Assiste-se também a um movimento inverso nos utilizadores, isto é, aumentaram os
utilizadores para consulta (que são aliás bastante acima dos concelhos limítrofes) e diminuíram os utilizadores
para empréstimo. Vale a pena referir que a consulta e empréstimo de documentos e os utilizadores para
empréstimo e consulta tem aumentado em Portugal.
Tabela 4.9: Documentos (milhares) Existentes e Adquiridos pelas bibliotecas – 2001- 2003
Fonte: INE
Grande Lisboa 3430 1019 3237 1097 3319 1088 -1.1% 2.2%
Fonte: INE
Tabela 4.11: Utilizadores (milhares) para consulta e empréstimo nas bibliotecas 2001-2003
Grande Lisboa 2432 466 2550 524 2759 478 4.3% 0.8%
Fonte: INE
Gráfico 4.1: Utilizadores para consulta e empréstimo nas bibliotecas, por mil residentes – 2003
10
9
8
7
6
5 Consulta
4 Empréstimo
3
2
1
0
GAML Grande Lisboa Cascais Oeiras Sintra Portugal
Lisboa
- Cinemas
Cascais apresenta, segundo o INE, um número praticamente constante de salas de cinema entre 2000 e 2003
(tabela 4.13). O número de salas permanece estável, possuindo Cascais 14 ecrãs, concentrados maioritariamente
nos dois principais centros comerciais, e dedicados essencialmente apenas ao cinema comercial, e uma outra
sala, com dois ecrãs em Carcavelos. Para além destas, a sala do Casino Estoril começou recentemente a exibir,
também numa base regular. A Tabela 4.12 apresenta a localização e o número de ecrãs no concelho e nas
regiões próximas.
Local Salas
Linha de Cascais: 30
CASCAIS
Carcavelos Atlântida Cine 2
Castello Lopes - Cascais Vila 5
Cascais
Lusomundo Cascais Shopping 7
Estoril Cinema Casino Estoril 1
OEIRAS
Linda-a-Velha Centro Comercial Tropical 1
Miraflores Lusomundo Dolce Vita 5
Lusomundo - Oeiras Parque 7
Oeiras
Palmeiras Shopping - Cinemas 2
Linha de Sintra: 18
SINTRA
Mem Martins / Castello Lopes - Feira Nova 6
Quinta da Beloura Cinema City – Beloura 8
Tapada das Mercês Floresta Center 2
TOTAL 48
Fonte: Cine Cartaz / Público Abr/2008
Tabela 4.13: Número de Salas de Cinema – 2000-2003
Fonte: INE
Ainda no campo do cinema, o ano de 2007 foi o ano de estreia do European Film Festival, que decorreu entre 8
e 17 de Novembro no Casino do Estoril (Estoril) e nas salas de cinema do centro comercial Cascais Villa
(Cascais). Este evento, muito mediatizado e apoiado financeiramente pela autarquia e Junta de Turismo, ente
outras entidades, pretende afirmar-se como um marco da imagem do Concelho e da região e com o uma mais
valia para o desenvolvimento gradual de uma fileira de produção e distribuição de produtos audiovisuais no
concelho.
- Galerias de Arte
O número de galerias de arte presentes no concelho de Cascais também apresenta alguma regularidade,
embora a estatística do INE para esta informação não apresente a possibilidade de identificar a criação e
desaparecimento deste tipo de estabelecimento Cascais.
Não sendo o conceito de galeria de arte normalmente consensual nem perfeitamente definido, assumimos nas
tabelas seguintes duas contabilizações diferentes, provenientes de origens distintas e com critérios também
diversos. Como se pode ver, de qualquer forma, o número de galerias (ou estabelecimentos, equiparados,
nalgumas concepções mais latas) é significativo no concelho.
Fonte: INE
4.1.2. A actuação municipal na cultura
Na nossa análise sobre a actividade cultural e criativa no concelho de Cascais enquadra-se igualmente um
breve exercício comparativo sobre a evolução das despesas com actividades culturais registados pelo INE. Não
obstante as debilidades deste indicador (por diversos motivos, entre eles o facto de que o que é contabilizado
como “cultural” diferir muito de município para município, ou o facto de muita actividade cultural nos municípios ser
progressivamente executada por outros pelouros que não o da Cultura ou por entidades externas, como empresas
municipais, etc.), importa olhar para estes dados, tendo em conta essas limitações, e percebermos as dinâmicas
dos gastos municipais com a Cultura.
Na tabela 4.15 apresenta-se o valor de despesa do Município de Cascais por nível de despesa, com especial
enfoque para o sector cultural. Destaca-se o decréscimo do peso da cultura no total das despesas, devendo-se
isto principalmente à rubrica dos museus, apesar de nominalmente essa diminuição não ter sido muito acentuada.
13
Tabela 4.15: Valor da despesa de Cascais por Nível de Despesa – 2000-2003 (milhares de euros)
Fonte: INE, "Inquérito ao financiamento público das actividades culturais das câmaras municipais".
(Extraído de OAC, 2005).
Gráfico 4.2: Valor da despesa em Cultura (%) em Cascais por Nível de Despesa – 2000-2003
25%
% da Cultura na
20% Despesa total da
autarquia
15% % do Património
cultural na Cultura
10%
% Museus na Cultura
5%
0%
2000 2001 2002 2003
13
Neste quadro e em todos os seguintes, salvo indicação expressa em contrário, os valores são apresentados a preços correntes.
No entanto, o concelho de Cascais, tal como os vizinhos apresentam um peso da despesa em actividades
culturais no total das despesas municipais maior que a média metropolitana (cf Tabela 4.16), e particularmente
neste ano, muito acima do concelho de Lisboa (embora isto se verifique num ano em que estas foram reduzidas
muito excepcionalmente, como pode ser visto nos quadros seguintes). Note-se, no entanto, que é o único em que
as despesas de capital têm um peso mais relevante que as despesas correntes…
Despesas de Despesas
Despesa total
capital em correntes em Despesa em
em actividades
actividades actividades cultura no total
culturais por
culturais por culturais por de despesas
habitante
habitante habitante
€ € € %
GAML 19.8 28.6 48.4 8.2
Grande Lisboa 19.5 24.5 44.0 7.3
Lisboa 17.9 14.3 32.2 3.3
Cascais 46.7 26.4 73.1 10.3
Oeiras 35.0 47.8 82.8 11.2
Sintra 10.3 22.5 32.8 10.9
Portugal 37.3 38.5 75.8 11.6
Fonte: INE
Com o pode ser observado nas tabelas 4.17 e 4.18 e no gráfico 4.3, o contexto de instabilidade nos montantes
de despesas municipais em cultura é a regra, tanto no contexto nacional como metropolitano, e tanto em nível das
despesas totais como ao nível per capita. As flutuações, tanto crescentes como decrescentes, são elevadas o
que pode por um lado ser explicado pelas limitações destes dados, anteriormente apontadas, mas também por
variações conjunturais em termos das opções políticas dos respectivos executivos e preocupações na gestão dos
ciclos eleitorais.
Note-se no entanto que Cascais apresenta uma taxa de crescimento anual médio bastante positiva no período
2002-2006 (muito à custa do último ano, após um período de contenção orçamental anterior associado à política
de saneamento financeiro prosseguida pela autarquia), muito superior a todos os espaços de referência
considerados (cerca de 19%, enquanto que o único outro concelho com um crescimento relevente, Oeiras, se
ficou pelos cerca de 6%). Lisboa e Sintra, pelo contrário apresentam evoluções calaramente negativas.
Com esta evolução, Cascais no período de referência quase duplica o montante da sua despesa municipal em
cultura (embora a preços correntes…), aproximando-se bastante mais do nível de despesa de um município como
Lisboa e garantindo níveis de despesa per capita em 2006 superiores a Lisboa ou a Oeiras. Note-se no entanto a
grande variabilidade anual deste último indicador (tabela 4.18), sendo de qualquer maneira de destacar o facto de
Cascais, consistentemente e ao longo de todo o período conseguir assegurar níveis superiores às médias
metropolitanas.
Tabela 4.17- Despesa (milhares de euros) dos Municípios com cultura – 2002-2006
Tabela 4.18 - Despesa (euros) per capita dos Municípios com cultura – 2002-2006
Gráfico 4.3 - Despesa (euros) per capita dos Municípios com cultura – 2002-2006
100
90
80
70 Cascais
Grande Lisboa
60 Portugal
50
40
30
2002 2003 2004 2005 2006
4.1.3. Outros indicadores sobre a actividade criativa no concelho
Nesta secção, face às limitações dos dados estatísticos oficiais existentes, por demais conhecidas (cf., por
exemplo, Santos et al, 2005, Costa, 2007) procura-se fazer uma breve demonstração e estimação da importância
e representatividade das actividades culturais e criativas no concelho, recorrendo a indicadores alternativos em
relação às estatísticas oficiais, nomeadamente às listagens de agentes nas Páginas Amarelas.
Em todo um conjunto de sectores, da fotografia às artes performativas, da produção audiovisual a aluguer de
equipamentos, da formação e ensino artístico à comercialização de inputs e bens de consumo paralelos aos
outputs artísticos (material de pintura, molduras, suportes digitais ou outros, hardware e equipamentos,…), da
arquitectura à moda ou ao design, muitas são as áreas onde a produção cultural e criativa do concelho existe e é
crescentemente notada, embora, por diversas razões não seja facilmente acessível e mapeável através das
estatísticas e dos dados oficiais. Da mesma forma, um conjunto e agentes e eventos fundamentais que mostram e
marcam dinamismo cultural no concelho, muitas vezes não vêem o seu peso e influência repercutido nesses
mesmos dados, e a eles nos dedicaremos mais em pormenor numa das secções seguintes (secção 4.4).
Não é nosso objectivo aqui fazer este mapeamento exaustivo, mas tão só salientar a sua importância, bem
como o crescimento verificado nos anos mais recentes, na generalidade destes campos. Para além daquilo que
será evidente ao folhearmos por exemplo, a agenda cultural do concelho de Cascais, cuja densidade tem
aumentado ao longo dos anos, remetemos neste ponto o leitor no essencial para o diagnóstico efectuado pelo
OAC, que, embora focado essencialmente nas actividades culturais, não deixou de foram muitas destas
actividades, bem como a preocupação de delas efectuar uma mínima cartografia intra-concelhia. Vejam-se a este
propósito, a título exemplificativo, as figuras apresentadas no Anexo C.
Embora o referido estudo realizado pelo OAC tenha representado um ganho muito significativo no que diz
respeito ao conhecimento sector cultural do concelho, ainda observamos, no entanto, uma grande dificuldade em
obter e conseguir sistematizar informações mais detalhadas e consistentes para o médio/longo prazo, seja ao
nível do concelho (e intra-concelhio), seja no que concerne à sua comparação com a situação nacional, e os
concelhos envolventes.
Estas dificuldades agravam-se naturalmente na tentativa de refinar o nosso diagnóstico para as dinâmicas dos
agentes criativos, entendidos num sentido mais amplo do que os agentes culturais. Será aqui de relembrar
novamente a importância da CMC conseguir manter e actualizar permanente ma base de informação fiável sobre
estas actividades, pois a monitorização e avaliação permanente da actuação dos agentes e da própria actuação
municipal será um aspecto fundamental para a sua dinamização, como aliás, já se refere no diagnóstico do OAC.
As bases fundamentais para a implementação de um sistema de monitorização e avaliação municipal estão aí
lançadas.
Tendo estas reflexões em conta, apresentamos aqui apenas uma breve síntese de uma recolha efectuada
numa das fontes utilizáveis (as bases de dados da Páginas Amarelas), que nos permitem ter uma ideia da ordem
de grandeza genérica actual de um conjunto de áreas das actividades culturais e criativas não completamente
cobertos pelas estatísticas e dados mais “oficiais” e “institucionais”.
O recurso aos dados oferecidos pelas páginas amarelas deverá ser entendido como um exercício algo frágil,
mas que serve como um elemento complementar de diagnóstico ao sector criativo no Concelho de Cascais. Esta
ferramenta beneficia da constante actualização da base de dados. Convém referir que o acesso a esta base foi
feito através do motor de busca das Páginas Amarelas disponível no site www.pai.pt. Não obstante, seria de
considerar fazer uma abordagem mais plena, recorrendo à base que pode ser adquirida na mesma empresa e,
assim, ter acesso a uma informação mais verosímil dos agentes existentes e registados neste serviço. Convém
pois alertar para algumas lacunas que devem ser tomadas em consideração na leitura dos resultados:
Os dados oferecidos pelas Páginas Amarelas referem-se a empresas e não a trabalhadores, pelo que será
impossível por este meio perceber o número de indivíduos que cada empresa comporta e compará-los com
os outros instrumentos de análise utilizados neste relatório;
Uma vez que se trata de um motor de busca das actividades, funcionando por palavras-chave, corremos o
risco de desenvolver uma sobreavaliação dos resultados, dado que existe sempre a possibilidade de uma
só empresa estar associada a mais do que uma actividade.
Ainda assim, foi possível tirar algumas conclusões que vão de encontro às retiradas com a observação dos
dados dos Quadros de Pessoal para a CAE e CNP, bem como outras conclusões um pouco mais inesperadas.
Assim, é possível constatar no Tabela 4.19, que se confirma o elevado número de actividades relacionadas com a
arquitectura, bem como o elevado número das actividades de Design e Publicidade, revelando-se mais
significativas do que os dados anteriores indicavam.
Após a breve caracterização dos principais agentes, recursos e eventos culturais e criativos do concelho de
Cascais, efectuada no ponto anterior, e no sentido de aprofundar a análise das actividades culturais e criativas no
concelho de Cascais, importa sistematizar e avaliar (ainda de que forma limitada e preliminar, face à qualidade de
informação disponível) a relevância do sector para o concelho, isto é o peso do sector cultural e criativo no
concelho de Cascais e confrontá-lo com os concelhos vizinhos e o contexto nacional e metropolitano.
Neste sentido, efectua-se nesta secção uma tentativa de estimação do peso do sector criativo em Cascais,
14
essencialmente com base na variável emprego , partindo da análise dos sectores da Classificação das
Actividades Económicas (CAE) e da Classificação Nacional de Profissões (CNP) e de uma definição do sector
cultural/criativo que nos permita estimar esse valor.
Após uma contextualização e enquadramento deste tipo de análises e de uma referência às suas principais
limitações e a alguns aspectos metodológicos, efectua-se uma análise dupla do peso destas actividades e dos
seus diversos subsectores, recorrendo a duas fontes distintas, ambas com limitações, mas pertinentes para os
nossos objectivos: por um lado a base de dados dos Quadros de Pessoal do Departamento de Estatística do
Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social; e por outro lado, os dados do último CENSO (2001).
O exercício feito para o mapeamento do sector criativo tem vindo a ser protagonizado em vários países, no âmbito
de projectos cujo objectivo é desenvolver o sector cultural e criativo nas cidades. Este exercício traduz-se, em
última análise, na possibilidade não só de perceber os limites deste sector como também na medição efectiva do
seu peso nas economias nacionais considerando vários indicadores. Contudo, o que caracteriza todos os
exercícios até agora realizados é o seu carácter experimental de agregação de actividades, na tentativa de
organizar as diversas vertentes que este sector pode desenvolver.
Existem alguns factores que é necessário tomar em conta quando o objecto de análise é o peso do sector cultural
e criativo e o indicador utilizado, o número de trabalhadores existentes em cada um dos ramos de actividade.
Esses factores devem ser tomados em consideração pois facilmente conduzem a uma leitura errónea. Devem ser
tomados em conta os seguintes aspectos:
A existência de um grande número agentes culturais que não é contabilizada nas estatísticas nacionais
que revelam o carácter não profissionalizado do sector;
14
Seria interessante fazê-lo também para uma variável associada ao produto ou ao valor criado, como o VAB (Valor Acrescentado Bruto),
mas essa tarefa é impossível com a informação disponível actualmente ao nível concelhio. Para além disso, seria igualmente interessante ir
para além do peso “económico” do sector, assumindo, como acima foi referido, que o papel destas actividades no desenvolvimento concelhio
passa por muito mais do que a criação de riqueza e de postos de trabalho, isto é, assumindo-as como um fim e como um meio de um processo
de desenvolvimento sustentável, nas suas diversas dimensões. Neste quadro, e tendo em conta a impossibilidade de fazer esta análise no
quadro das limitações deste estudo, importará no entanto atentar nas conclusões da análise adiante efectuada em termos do diagnóstico dos
recursos criativos do concelho (no capítulo 5).
O mesmo acontece relativamente às receitas adquiridas através de serviços no sector da cultura que
não são contabilizados;
O facto do sector cultural ser bastante heterogéneo, faz com que existam várias actividades alocadas
em pequenos grupos que acabam por revelar uma expressão estatística muito pouco significante,
sendo que a possibilidade de agregação pode trazer leituras inadequadas e não verosímeis.
Por fim, a existência cada vez mais recorrente de agregação de actividades culturais e criativas em
grupos que têm como actividade principal, outro tipo de actividade.
Neste estudo do Concelho de Cascais, na tentativa de contornar estas limitações, é exigida tarefa semelhante,
recorrendo aos exemplos e boas práticas desenvolvidos noutros projectos internacionais. É aqui inquestionável a
presença do modelo apresentado pelo Department of Culture, Media and Sport (DCMS) do Governo do Reino
Unido, como modelo paradigmático para outros estudos.
De salientar também, o carácter pioneiro que este trabalho tem na realidade portuguesa, dado nunca ter sido
experimentado um modelo de mapeamento para o sistema nacional (ainda por cima tendo em conta as limitações
da informação estatística existente) – seja através da Classificação das Actividades Económicas (CAE), seja
através da Classificação Nacional de Profissões (CNP) – e com uma aplicação tão pragmática como a que este
projecto pretende realizar.
Metodologia do mapeamento
De uma forma objectiva, importa descrever e argumentar a metodologia utilizada para desenvolver, numa
primeira fase, o nosso mapa de actividades, sectores e sub sectores culturais e criativos, bem como das
actividades de fronteira.
Numa primeira fase, foi realizado algum trabalho de análise de experiencias feitas em estudos internacionais e
em diversas propostas de mapeamento do sector cultural e criativo. Uma síntese das principais conclusões de
alguns dos principais trabalhos analisados, com relevância para o nosso estudo, encontra-se na tabela 4.20:
Tabela 4.20
Relatório Breve descrição
Este relatório faz uma análise comercial acerca do posicionamento das
indústrias culturais e criativos no contexto do desenvolvimento dos mercados
NESTA, 2006, Creating Growth- globais. São questionadas as oportunidades e ameaças a serem
How the UK can develop world consideradas num sector que tem vindo a revelar um imenso potencial
class creative business, London, económico e de progressivo crescimento. Este relatório tem ainda o grande
NESTA Research Report. objectivo de auxiliar o Departamento da Cultura Inglês na percepção do
sector das indústrias culturais e criativas e a formular linhas estratégicas
adequadas às particularidades destas actividades.
15
Ver Figura 1 e Figura 2 em anexo.
16
Ver Figura 3 em anexo sobre o trabalho realizado pela OCDE.
Tabela 4.21 - Classificação Nacional das Profissões - Cultura e Criatividade
Classificações
Sectores Sub-Sectores
CNP (alguns exemplos)
Artesanato (Crafts) 2.4.5.2.05 - Escultor
Pintura 2.4.5.2.10 - Pintor de Arte
Artes visuais
Núcleo Actividades Culturais
produtos
Círculo 2
2.1.4.1.05 - Arquitecto
Arquitectura
2.1.4.1.10 - Urbanista
1.2.3.4.05 - Director de Publicidade
1.2.3.4.10 - Director Artístico e Criativo
Publicidade
2.4.5.2.25 - Visualizador - Publicidade
3.4.2.9.05 - Agente Publicitário
Grupo Base 7.3.1.2
Relacionada
Para a definição das actividades a incluir neste mapeamento, foi necessário organizar por círculos que, ora
contêm actividades nucleares de cariz artístico e cultural numa perspectiva mais tradicional, ora actividades mais
relacionadas com a noção da criatividade e no limite, actividades que de uma forma periférica estão relacionadas
com as actividades culturais e criativas e acabam por servir de suporte.Assim sendo, definimos os seguintes
círculos:
À medida que foram associadas as actividades a cada um dos círculos, foi tomado em consideração que
existem actividades que podem ser multifacetadas e daí ponderar uma percentagem de actividades que devem
ser ou não incluídas.
Á semelhança do que iremos ver na Classificação das Actividades Económicas, a CNP apesar de uma
descrição bastante pormenorizada das actividades, carece de uma actualização para os novos sectores
económicos bem como da terminologia utilizada.
A mesma tarefa foi feita para a CAE nacional. Como foi mencionado anteriormente, apesar do contributo dado
pelos relatórios analisados, utilizando a classificação NACE, foi necessário chegar a um nível mais específico de
actividades, desagregando aos 5 dígitos. Como trabalhamos aqui com actividades económicas importa reduzir o
mais possível o leque das actividades o consideradas. No entanto, a lógica de organização desta classificação
representou um obstáculo para a construção dos círculos já que a definição das actividades são ambíguas.
Mesmo recorrendo ao nível máximo de desagregação, muitas das actividades consideradas na classificação CAE
agrupam actividades criativas ou relacionadas e actividades sem qualquer ponto de contacto com o grupo em
estudo. Como forma de contornar este obstáculo adoptou-se assim um conjunto variável de percentagens em
classificações onde as actividades criativas ou relacionadas são só parte do seu significado.
O exercício de mapeamento aqui conduzido difere significativamente do anterior. Ao investigar actividades
económicas, o nosso estudo ganha profundidade já que podemos avaliar qual o peso de actividades não criativas
que estão directamente dependentes, a montante e a jusante, destas actividades. Assim, cruzámos diferentes
círculos apresentados para a CNP com outros três círculos – eixo horizontal da tabela para a classificação das
actividades económicas - referentes à cadeia de valor das actividades criativas:
1- Núcleo criativo - Neste círculo estão incluídas as actividades descritas como actividades culturais, de
produção artística e de indústrias relacionadas.
2- Incorporação de conteúdos nos suportes (e suportes para experienciação de conteúdos) – Neste círculo
estão incluídos dois tipos de actividades associadas às indústrias criativas: produção de suportes que
incorporem conteúdos criativos; produção de suportes para experienciação de conteúdos. Em comum,
estas duas são actividades normalmente relacionadas com a fabricação.
3- Distribuição de produtos reprodutíveis - Neste círculo foram incluídas todas as actividades que estão
relacionadas com a distribuição bens ou suportes de conteúdos criativos produzidos em série.
Tabela 4.22 – Actividades Culturais e Criativas - CNP
Sectores Sub Sectores Núcleo criativo Incorporação de conteúdos nos suportes (e Distribuição de produtos reprodutiveis
(Alguns Exemplos) suportes para experienciação de conteúdos)
Pintura
Escultura 9231 - Actividades de teatro, música e outras actividades artísticas 3630 - Fabricação de instrumentos musicais 5212 - Comércio a retalho em estabelecimentos não
Artes visuais Fotografia de autor/instalação/video e literárias 36300 - Fabricação de instrumentos musicais especializados, sem predominância de produtos
(inclui galerias, comércio de arte e 92312 - Outras actividades artísticas e literárias alimentares, bebidas ou tabaco (10%)
restauro) 5245 - Comércio a retalho de electrodomésticos,
Teatro 92311 - Actividades de teatro e musicais 71400 – Aluguer de bens de uso pessoal e aparelhos de rádio e televisão, instrumentos musicais,
Núcleo Dança 9232 - Gestão de salas de espectáculo e actividades conexas doméstico ne (25%) discos e produtos similares (%)
Actividades Culturais Artes Performativas Arte Circense 9234 - Outras actividades de espectáculo, n.e. 52452 - Comércio a retalho de instrumentos
Festivais 92342 Outras actividades de diversão e espectáculo diversas, musicais, discos, cassetes e produtos similares
Música ao vivo n.e. (10%)
Museus 52488 - Comércio a retalho de outros produtos novos
9251 - Actividades das bibliotecas e arquivos
Bibliotecas em estabelecimentos especializados (15%)
Património 9252 - Actividades dos museus e conservação de locais e de
Zonas arqueológicas 5250 - Comércio a retalho de artigos em segunda mão
monumentos históricos.
Arquivos - (inclui antiquários) em estabelecimentos (100%)
Outras actividades de apoio e 75123 - Administração pública - actividades da cultura, desporto, 5263 - Comércio a retalho por outros métodos, não
agenciamento... às artes e recreação, ambiente, habitação e de outras actividades sociais, efectuado em estabelecimentos (10%)
artistas (transversal) excepto segurança social “obrigatória” (20%)
2232 - Reprodução de gravações de vídeo
9210 - Actividades cinematográficas e de vídeo 33403 – Fabricação de material fotográfico e 5143 - Comércio por grosso de electrodomésticos,
Cinema, vídeo e fotografia 9211 - Produção de filmes e de vídeos e actividades técnicas de cinematográfico aparelhos de rádio e de televisão (%)
pós-produção 3220 - Fabricação de aparelhos emissores de 51430 - Comércio por grosso de
74810 – Actividades fotográficas rádio e de televisão e aparelhos de telefonia e electrodomésticos, aparelhos de rádio e de
Televisão e Rádio 92200 - Actividades de rádio e de televisão telegrafia por fios televisão (25%)
72210 – Edição de programas informáticos (20%) 32200 - Fabricação de aparelhos emissores 51472 – Comércio por grosso de livros, revistas e
Vídeo Jogos (software criativo) 2233 - Reprodução de suportes informáticos de rádio e de televisão e aparelhos de jornais
Círculo 1
22330 - Reprodução de suportes informáticos (20%) telefonia e telegrafia por fios (30%) 52111 – Comércio a retalho em supermercados e
Indústrias Culturais
Mercado Discográfico 2214 - Edição de gravações de som 3230 - Fabricação de aparelhos receptores e hipermercados (10%)
Direitos de Autor do Mercado da Música 22140 - Edição de gravações de som material de rádio e de televisão, aparelhos de de produtos alimentares, bebidas ou tabaco (10%)
Música Gravada
2231 - Reprodução de gravações de som gravação ou de reprodução de som e imagens e 52452 - Comércio a retalho de instrumentos musicais,
22310 - Reprodução de gravações de som de material associado discos, cassetes e produtos similares (90%)
2211 - Edição de livros 32300 - Fabricação de aparelhos receptores 52471 - Comércio a retalho de livros
2212 - Edição de jornais e material de rádio e de televisão, aparelhos 52472 - Comércio a retalho de artigos de
Livros e Imprensa
2213 - Edição de revistas e de outras publicações periódicas de gravação ou de reprodução de som e papelaria, jornais e revista
2215 - Edição, n.e. imagens e de material associado (30%)
Design de moda 74872 - Outras actividades de serviços prestados principalmente às
Design gráfico empresas diversas, n.e. (25%)
Círculo 2 Design
Design de interiores 72220 – Outras actividades de consultoria em programação
Indústrias e Design de produtos informática (25%)
Actividades Criativas
Arquitectura 74201 - Actividades de arquitectura
Publicidade 74401 - Agências de publicidade
26211 - Olaria de barro (25%)
Artesanato 20521 - Fabricação de obras de cestaria e de espartaria (25%)
3622 - Fabricação de joalharia, ourivesaria e artigos similares, n.e.
75122 - Administração pública - actividades de educação (15%)
8010 - Educação pré-escolar e ensino básico (1º ciclo) (15%)
Ensino Artístico 80102 - Ensino básico (1º ciclo) (15%)
8021 - Ensino básico (2º e 3º ciclos) e secundário geral (%)
80211 - Ensino básico (2º e 3º ciclos) (15%)
Indústrias
9271 - Lotarias e outros jogos de aposta
Relacionadas
Jogo, entretenimento e 92710 - Lotarias e outros jogos de aposta (30%)
parques de diversão e 92330 - Parques de Diversão
entretenimento 9234 - Outras actividades de espectáculo, n.e.
9272 - Outras actividades recreativas, n.e. (50%)
55 (todo) – Alojamento e restauração (restaurantes e similares)
Turismo
(10%)
4.2.2. Avaliação do peso das actividades culturais e criativas no concelho de Cascais
Como foi referido anteriormente, nesta fase do trabalho é importante testar um esquema de mapeamento do
sector cultural e criativo. Depois de desenvolvida a nossa grelha de análise, procedemos à avaliação do peso
destas actividades no Concelho de Cascais, recorrendo ainda assim a título comparativo, aos concelhos vizinhos
de Sintra, Oeiras e Lisboa bem como da Área Metropolitana de Lisboa, Grande Área Metropolitana de Lisboa e
Portugal Continental. Apesar de nesta fase ser utilizada a base dos Quadros de Pessoal, é objectivo deste
trabalho apresentar, numa fase ulterior, o mesmo exercício de avaliação de acordo com os Censos que por ainda
serem dados que não foram disponibilizados no nível de desagregação pretendido, terá que ser apresentado no
relatório final. Os Censos têm a grande vantagem de se tratar de uma base de dados, por se tratar de um
recenseamento, acaba por ser bastante mais abrangente e exaustivo do que os quadros de pessoal. Por outro
lado, carecem de actualização e não são comparáveis com os Quadros de Pessoal uma vez que correspondem a
uma óptica de residentes e contabilizam por isso, os residentes em Cascais e respectivos empregos
independentemente se o trabalho dos habitantes é no Concelho ou fora.
Com estes dados será possível aplicar a metodologia “tridente” proposta pelo relatório da agência
governamental britânica NESTA (2008). Esta metodologia propõe a análise cruzada dos diferentes dados de
forma a se conseguir a distinção entre três tipos de trabalhador do sector criativo: “especializado” – trabalhadores
com funções criativas; “suporte”- trabalhadores com funções de suporte às actividades criativas; “encrostado” –
trabalhadores sem funções criativas, mas que trabalham em indústrias criativas. Este método permitirá assim um
exame mais fino da realidade da classe criativo, dando conta das dinâmicas existentes entre os três grupos de
trabalhadores aqui considerado.
A metodologia aqui utilizada teve como fonte primário de dados estatísticos os Quadros de Pessoal. Esta é a
melhor fonte de informação estatística em Portugal, com carácter regular, sobre empresas e emprego, sendo hoje
o principal instrumento de estudo da evolução quantitativa e qualitativa do emprego, e tendo granjeado o
reconhecimento da comunidade técnico-científica. A base de dados resultante do projecto anual de Quadros de
Pessoal tem uma representatividade que resulta da cobertura quase total do tecido de empresas,
estabelecimentos e trabalhadores do território nacional, proporcionando fluxos regulares de informação que
permitem comparações espaciais e temporais do emprego em Portugal. Estes dados resultam do preenchimento
directo e obrigatório das empresas dos seus dados de emprego, segundo a Classificação de Actividades
Económicas (CAE) no seu conjunto agregado, e segundo a Classificação Nacional de Profissões (CNP) para cada
um dos seus trabalhadores.
Apesar de se tratar de um ferramenta crucial para uma primeira abordagem ao peso do sector cultural e
criativo, é importante referir que a base de dados proporcionada pelos Quadros Pessoal apresenta algumas
lacunas que devem ser tomadas em conta aquando da leitura dos resultados. Um dos pontos a ter em conta é o
facto de assentar numa contabilização do emprego formal, excluindo desta forma uma grande parte do emprego
nos serviços (bem como actividades como a agricultura) e assim, deixando de lado muito do emprego criativo com
carácter intermitente ou mesmo, grande peso do trabalho por conta própria (por projecto, por exemplo) ou
efectuado atrás da prestação de serviços (recibos verdes), que por questões formais não são contabilizados na
base de dados.
Embora teoricamente exaustivos, estes dados revelaram-se no nosso estudo escassos. A evolução dos dados
no período considerado, 1995-2005, mostra um crescimento irrealista do emprego geral e criativo na região de
Lisboa, o que pode traduzir não um aumento do emprego, mas um maior cuidado na recolha da informação
estatística. Acresce a este problema, a quase inexistência de dados para algumas das categorias consideradas no
enquadramento teórico da nossa metodologia – por exemplo, os dados são inexistentes ou com um número
absoluto muito baixo para categorias como as artes visuais e performativas ou para a administração pública,
tomada nos seus diferentes níveis (local e central). Finalmente, convém vincar a necessidade de uma análise
separada dos dados CNP e CAE, já que não são coincidentes (por lapso, ou desleixe, as empresas muitas vezes
não preenchem de forma coincidente as duas partes dos inquéritos a elas feito).
Não invalidando a pertinência desta base de dados, que nos mostra sobretudo tendências e pesos relativos do
emprego robustos para a nossa análise, os números absolutos e a dimensão de algumas das suas tendências
devem por isso ser tomadas com precaução. É por isso desejável que o nosso trabalho estatístico possa ser
cruzado com outras fontes primárias sobre o emprego, como são os dados dos Censos (o que será feito, como
acima se refere, no relatório final).
Embora os dados sejam exíguos, o mapeamento da classe criativa de Cascais e da região de Lisboa, através
da classificação nacional de profissões (CNP), dá-nos importante informação não só sobre o tecido criativo do
concelho, mas também uma comparação com a região e concelhos limítrofes, possibilitando assim uma análise
bastante fina das potencialidades e problemas do capital humano do concelho. Antes de proceder à análise dos
resultados, convém alertar que os dados disponibilizados pelos Quadros de Pessoal, funcionam numa lógica de
emprego e não dos residentes do Concelho de Cascais, ao contrário dos proporcionados pelos CENSOS.
Como seria de esperar, as actividades de criação cultural menos associadas ao tecido empresarial mostram
um peso bastante pequeno – artes performativas; artes visuais; música. Embora o concelho de Lisboa concentre
em número absoluto uma grande parte da classe criativa da região, parece existir alguma concentração sócio-
profissional nos concelhos limítrofes ao de Cascais - Manufactura em Sintra; Publicações em Oeiras – o que
indicia algum tipo de especialização nas diferentes actividades. Cascais confirma esta leitura: o concelho mostra
um maior peso dos arquitectos no concelho, quando comparado com a restante região. Todavia, o concelho
manifesta uma proporção de actividades associadas ao design e às publicações – teoricamente profissões com
potenciais ligações à arquitectura - inferior aos restantes concelhos, o que pode ser uma fragilidade no
desenvolvimento desta última classe no concelho, mas que ao mesmo tempo se apresenta como uma
oportunidade de intervenção pública que a pode e deve promover.
Da evolução temporal da classe criativa de 1995 a 2005, destaca-se o grande crescimento deste tipo de classe
na composição sócio-profissional no concelho – acima da progressão total do emprego no concelho nas
categorias de Filmes, Publicações, Património, Design e Arquitectura. Uma realidade bem alinhada com a
tendência nacional da importância crescente da classe criativa no tecido produtivo português. Destas categorias
destaca-se, novamente, no seu número absoluto, mas sobretudo na sua progressão, o número de arquitectos que
exercem a sua actividade no concelho de Cascais (a sua progressão esta bastante acima de qualquer outro
concelho da região).
No entanto, a comparação da classe criativa do concelho de Cascais com a região de Lisboa e com os
restantes concelhos considerados (Oeiras, Sintra, Lisboa) mostra um peso diminuto desta classe no emprego
total, consistentemente abaixo dos 2% entre 1995 e 2005, ao contrário dos restantes, chegando o concelho de
Oeiras aos 3,5%. Contudo, se tivermos em conta outro tipo de medida, como o quociente de localização - peso
relativo de um determinado sector no concelho dividido pelo peso desse mesmo sector num espaço padrão, aqui
assumido como o todo do território continental; quando superior a 1, o sector terá um peso maior no concelho em
causa) – o concelho de Cascais aparece com um peso superior à média nacional no conjunto do emprego criativo
e em alguns dos sectores considerados (Artes Performativas, Tv e Rádio; Filmes e Vídeo, Arquitectura e
Publicidade).
Tabela 4.23 – Portugal Continental
1995 2000 2005 Taxas de
Crescimento
N % N % N %
1995-2005
Emprego Total 2035613 2414463 2888711 41,91%
Emprego Criativo 26869 1,32% 33684 1,40% 39241 1,36% 46,05%
Artes Visuais 642 0,03% 622 0,03% 1762 0,06% 174,45%
Artes Performativas 254 0,01% 284 0,01% 491 0,02% 93,31%
Património 450 0,02% 614 0,03% 713 0,02% 58,44%
Filmes Video 867 0,04% 1202 0,05% 1305 0,05% 50,61%
TV Rádio 1156 0,06% 1431 0,06% 1708 0,06% 47,81%
Musica 126 0,01% 300 0,01% 390 0,01% 209,52%
Publicações 2412 0,12% 3937 0,16% 5006 0,17% 107,55%
Design 1706 0,08% 1997 0,08% 2509 0,09% 47,07%
Arquitectura 8489 0,42% 11003 0,46% 12807 0,44% 50,87%
Publicidade 861 0,04% 1080 0,04% 1110 0,04% 28,92%
Manufactura 9676 0,48% 10956 0,45% 10737 0,37% 10,97%
Ensino Artístico 231 0,01% 259 0,01% 703 0,02% 0,00%
A análise dos quadros de pessoal através da classificação das actividades económicas permite-nos uma
abordagem mais abrangente do que a feita através do CNP. Aqui não são só consideradas as profissões criativas,
mas sim as empresas e serviços públicos identificados com estas actividades e similares.
No que se refere ao concelho de Cascais os dados confirmam algumas das tendências e concentração de
actividades distinguíveis através da análise do CNP. As actividades do núcleo criativo têm uma evolução positiva
do horizonte temporal entre 1995-2005, no entanto, tal como já foi referido acima para a classificação CNP, este
aumento do emprego é inferior ao aumento geral do emprego verificado no concelho. A excepção verifica-se no
círculo da distribuição de produtos reprodutíveis. Aí, seguindo a tendência da região metropolitana, o crescimento
das actividades é bastante superior. Este crescimento, se bem que deva ser “temperado” pela terciarização das
actividades económicas da região, onde o comércio (sobretudo as grandes superfícies) tem ganho peso no
emprego geral, mostra a grande robustez do sector distributivo dos produtos culturais. Podemos assim concluir
que embora haja procura de bens criativos e os canais de distribuição no concelho estejam bem implantados,
faltam os “inputs” criativos do concelho que reflictam uma cadeia de valor integrada ao nível local.
Esta análise mostra também a crescente importância das actividades de design e arquitectura no concelho,
com taxas de crescimento, no período 1995-2005, seis vezes superiores à média do concelho e duas vezes
superiores à média da região. O desfasamento identificado na análise CNP nas áreas relacionadas com
arquitectura, nomeadamente do design, pode assim estar a ser estreitado. Algo confirmado pelo peso das
actividades de “Livros e Imprensa” no emprego do concelho, que supera todas as outras actividades criativas. Na
análise dos dados da CAE conseguimos também identificar actividades não cobertas pela CNP que se mostram
valiosas na análise do potencial criativo do concelho. Por exemplo, Cascais confirma o seu perfil turístico face à
restante região e emerge como um dos concelhos onde o jogo (incluído na categoria “Jogo, entretenimento e
parques de diversão”) tem maior peso (só atrás de Lisboa) o que se explica em grande parte com o Casino do
Estoril.
A análise dos concelhos de Oeiras, Lisboa e Sintra mostra igualmente alguns dados relevantes. De todos,
Oeiras mostra a maior incidência de actividades criativas no emprego, sobretudo no círculo criativo, nas
actividades de “Livros e Imprensa”. Lisboa, como se esperaria, domina os números absolutos de actividades da
região. Este domínio parece estar a acentuar-se, com as actividades do núcleo criativo a registarem o maior
crescimento da região, ao mesmo tempo que as actividades de Incorporação de suportes registam um forte
decréscimo – reflectindo assim a desindustrialização do concelho. O concelho de Sintra acompanha a tendência
de crescimento da região, embora este se encontre concentrado nas áreas da distribuição.
Os dados da classificação de actividades económicas fornecem-nos também a possibilidade de cálculo do
quociente de localização. Aqui, Cascais apresenta uma concentração bastante acima da média nacional de
actividades criativas, embora inferior à registada na região. Na análise sectorial, sublinha-se a importância das
Artes Performativas, Cinema Vídeo e Fotografia, Publicidade, Arquitectura, Ensino Artístico, Turismo e, sobretudo
no Jogo, entretenimento e parques de diversão. Finalmente, convém assinalar que este quociente é, no caso do
Turismo, superior ao de qualquer concelho da Grande Área Metropolitana de Lisboa.
Tabela 4.28 – Portugal Continental
1995
Incorporação Distribuição de
Núcleo criativo de Conteúdos produtos
nos Suportes reprodutíveis
N % N % N %
Emprego Total 2035613
Emprego criativo 62589 3,07% 2984 0,15% 18596 0,91%
Artes visuais 295 0,01%
Artes Performativas 502 0,02%
Núcleo Actividades
Culturais Património 156 0,01% 164 0,01% 1052 0,05%
Outras actividades de apoio e
agenciamento... às artes e artistas 7 0,00%
(transversal)
Cinema, vídeo e fotografia 3465 0,17%
Televisão e Rádio 4584 0,23%
Círculo 1 Indústrias Vídeo Jogos (software criativo) 0 0,00% 2820 0,14% 17544 0,86%
Culturais Música Gravada 111 0,01%
Livros e Imprensa 27356 1,34%
Círculo 2 Indústrias Design 0 0,00%
e Actividades Arquitectura 1802 0,09%
Criativas Publicidade 3681 0,18%
Artesanato 4008 0,20%
Ensino Artístico 2572 0,13%
Indústrias
Jogo, entretenimento e parques de
Relacionadas 1438 0,07%
diversão e entretenimento
Turismo 12612 0,62%
2000
Incorporação de Distribuição de
Núcleo criativo Conteúdos nos produtos
Suportes reprodutíveis
N % N % N %
Emprego Total 2414463
2160
Emprego criativo 72888 3,02% 2587 0,107% 0,895%
4
Artes visuais 290 0,01%
Artes Performativas 959 0,04%
Núcleo Actividades
Culturais Património 301 0,01%
Outras actividades de 161 0,007% 1805 0,075%
apoio e agenciamento...
99 0,00%
às artes e artistas
(transversal)
Cinema, vídeo e
4425 0,18%
fotografia
Televisão e Rádio 5099 0,21%
Círculo 1 Indústrias 1979
Vídeo Jogos (software 2426 0,100% 0,820%
Culturais 3 0,00% 8
criativo)
Música Gravada 198 0,01%
Livros e Imprensa 28775 1,19%
Design 0 0,00%
Círculo 2 Indústrias e
Arquitectura 2943 0,12%
Actividades Criativas
Publicidade 6969 0,29%
Artesanato 1037 0,04%
Ensino Artístico 3587 0,15%
Jogo, entretenimento e
Indústrias Relacionadas
parques de diversão e 2149 0,09%
entretenimento
Turismo 16054 0,66%
2005
Incorporação de Distribuição de
Núcleo criativo Conteúdos nos produtos
Suportes reprodutíveis
N % N % N %
Emprego Total 2888711
Emprego criativo 101812 3,52% 2299 0,080% 39814 1,378%
Artes visuais 361 0,01%
Artes Performativas 2372 0,08%
Núcleo Actividades Património 627 0,02%
Culturais Outras actividades 208 0,007% 5358 0,185%
de apoio e
agenciamento... às 7053 0,24%
artes e artistas
(transversal)
Cinema, vídeo e
4883 0,17%
fotografia
Televisão e Rádio 1493 0,05%
Círculo 1 Indústrias
Vídeo Jogos 2090 0,072% 34456 1,193%
Culturais 435 0,02%
(software criativo)
Música Gravada 181 0,01%
Livros e Imprensa 30723 1,06%
Círculo 2 Indústrias Design 9119 0,32%
e Actividades Arquitectura 4250 0,15%
Criativas Publicidade 7165 0,25%
Artesanato 3214 0,11%
Ensino Artístico 7130 0,25%
Jogo,
Indústrias
entretenimento e
Relacionadas 2415 0,08%
parques de diversão
e entretenimento
Turismo 20391 0,71%
1995
Incorporação de Distribuição de
Núcleo criativo Conteúdos nos produtos
Suportes reprodutíveis
N % N % N %
Emprego total 15248
Emprego criativo 1337 8.766% 58 0.383% 135 0.886%
Artes visuais 0 0.000%
Artes Performativas 8 0.052%
Núcleo
Património 1 0.007%
Actividades
Outras actividades de 54 0.353% 21 0.134%
Culturais
apoio e agenciamento... às
0 0.000%
artes e artistas
(transversal)
Cinema, vídeo e fotografia 26 0.171%
Televisão e Rádio 8 0.052%
Círculo 1
Vídeo Jogos (software
Indústrias 0.000% 5 0.030% 115 0.752%
criativo)
Culturais
Música Gravada 0 0.000%
Livros e Imprensa 209 1.371%
Círculo 2 Design 40 0.262%
Indústrias e Arquitectura 25 0.164%
Actividades
Publicidade 52 0.341%
Criativas
Artesanato 7 0.046%
Ensino Artístico 31 0.205%
Indústrias Jogo, entretenimento e
Relacionadas parques de diversão e 719 4.716%
entretenimento
Turismo 10% 210 1.380%
2000
Incorporação de Distribuição de
Núcleo criativo Conteúdos nos produtos
Suportes reprodutíveis
N % N % N %
Emprego total 22393
Emprego criativo 1152 5.143% 92 0.410% 345 1.540%
Artes visuais 0 0.000%
Artes Performativas 12 0.054%
Núcleo
Actividades Património 5 0.022%
Outras actividades de 3 0.013% 27 0.119%
Culturais
apoio e agenciamento... às
0 0.000%
artes e artistas
(transversal)
Cinema, vídeo e fotografia 42 0.188%
Televisão e Rádio 10 0.045%
Círculo 1
Vídeo Jogos (software
Indústrias 0 0.001% 89 0.396% 318 1.421%
criativo)
Culturais
Música Gravada 1 0.004%
Livros e Imprensa 298 1.331%
Círculo 2 Design 0.000%
Indústrias e Arquitectura 43 0.192%
Actividades
Publicidade 120 0.536%
Criativas
Artesanato 7 0.029%
Ensino Artístico 41 0.182%
Indústrias Jogo, entretenimento e
Relacionadas parques de diversão e 203 0.908%
entretenimento
Turismo 10% 370 1.651%
2005
Incorporação de Distribuição de
Núcleo criativo Conteúdos nos produtos
Suportes reprodutíveis
N % N % N %
Emprego total 42254
Emprego criativo 2789 6.600% 16 0.037% 531 1.256%
Artes visuais 5 0.012%
Artes Performativas 75 0.177%
Núcleo
Património 8 0.019%
Actividades
Outras actividades de 5 0.012% 73 0.172%
Culturais
apoio e agenciamento... às
258 0.611%
artes e artistas
(transversal)
Cinema, vídeo e fotografia 92 0.218%
Círculo 1 Televisão e Rádio 3 0.007%
Vídeo Jogos (software 11 0.025% 458 1.084%
Indústrias 0 0.000%
Culturais criativo)
Música Gravada 3 0.007%
Livros e Imprensa 419 0.992%
Círculo 2 Design 298 0.705%
Indústrias e Arquitectura 180 0.426%
Actividades
Publicidade 175 0.414%
Criativas
Artesanato 1 0.001%
Ensino Artístico 328 0.777%
Indústrias Jogo, entretenimento e
Relacionadas parques de diversão e 247 0.585%
entretenimento
Turismo 10% 697 1.650%
TAXAS DE CRESCIMENTO 1995-2005
Distribuição de
Núcleo Incorporação
produtos
criativo de Suportes
reprodutíveis
Emprego total 177%
Emprego criativo 109% -73% 293%
Artes visuais -
Núcleo Artes Performativas 838%
Actividades Património 700%
Culturais Outras actividades de 136% 255%
apoio e agenciamento...
-
às artes e artistas
(transversal)
Cinema, vídeo e
254%
fotografia
Círculo 1 Televisão e Rádio -63%
Indústrias Vídeo Jogos (software 28% 299%
-
Culturais criativo)
Música Gravada -
Livros e Imprensa 100%
Círculo 2 Design 645%
Indústrias e Arquitectura 620%
Actividades
Publicidade 237%
Criativas
Artesanato -93%
Ensino Artístico 952%
Indústrias
Jogo, entretenimento e
Relacionada
parques de diversão e -66%
s
entretenimento
Turismo 10% 231%
1995
Incorporação de Distribuição de
Núcleo criativo Conteúdos nos produtos
Suportes reprodutíveis
N % N % N %
Emprego total 652958
Emprego criativo 18034 2,762% 380 0,058% 5123 0,785%
Artes visuais 184 0,028%
Artes Performativas 121 0,019%
Núcleo Actividades
Culturais Património 21 0,003% 34 0,005% 288 0,044%
Outras actividades de apoio e
agenciamento... às artes e 0 0,000%
artistas (transversal)
Cinema, vídeo e fotografia 883 0,135%
Televisão e Rádio 1859 0,285%
Círculo 1 Indústrias
Vídeo Jogos (software criativo) 0 0,000% 346 0,053% 4835 0,740%
Culturais
Música Gravada 33 0,005%
Livros e Imprensa 6874 1,053%
Círculo 2 Indústrias Design 1996 0,306%
e Actividades Arquitectura 437 0,067%
Criativas Publicidade 1134 0,174%
Artesanato 178 0,027%
Ensino Artístico 602 0,092%
Indústrias
Jogo, entretenimento e parques
Relacionadas 1204 0,184%
de diversão e entretenimento
Turismo 2508 0,384%
2000
Incorporação de Distribuição de
Núcleo criativo Conteúdos nos Produtos
Suportes reprodutíveis
N % N % N %
Emprego total 738937
Emprego criativo 25486 3,449% 265 0,036% 8219 1,112%
Artes visuais 188 0,025% 0,074%
Artes Performativas 364 0,049% 0,000%
Núcleo Actividades Património 80 0,011% 0,000%
28 0,004% 549
Culturais Outras actividades de apoio e
agenciamento... às artes e 0,000% 0,000%
artistas (transversal)
Cinema, vídeo e fotografia 1323 0,179% 1,038%
Televisão e Rádio 2836 0,384% 0,000%
Círculo 1 Indústrias
Vídeo Jogos (software criativo) 1 0,000% 237 0,032% 7670 0,000%
Culturais
Música Gravada 88 0,012% 0,000%
Livros e Imprensa 9254 1,252% 0,000%
Círculo 2 Indústrias Design 0,000%
e Actividades Arquitectura 2777 0,376%
Criativas Publicidade 2460 0,333%
Artesanato 175 0,024%
Ensino Artístico 1001 0,135%
Indústrias
Jogo, entretenimento e parques
Relacionadas 488 0,066%
de diversão e entretenimento
Turismo 4451 0,602%
2005
Incorporação de Distribuição de
Núcleo criativo Conteúdos nos produtos
Suportes reprodutíveis
N % N % N %
Emprego total 875417
Emprego criativo 53485 6,110% 223 0,025% 12953 1,480%
Artes visuais 258 0,029%
Artes Performativas 1280 0,146%
Núcleo Actividades
Culturais Património 362 0,041% 39 0,004% 1365 0,156%
Outras actividades de apoio e
agenciamento... às artes e 5918 0,676%
artistas (transversal)
Cinema, vídeo e fotografia 2674 0,305%
Televisão e Rádio 4148 0,474%
Círculo 1 Indústrias
Vídeo Jogos (software criativo) 250 0,029% 184 0,021% 11588 1,324%
Culturais
Música Gravada 134 0,015%
Livros e Imprensa 14274 1,631%
Círculo 2 Indústrias Design 7769 0,887%
e Actividades Arquitectura 1757 0,201%
Criativas Publicidade 4385 0,501%
Artesanato 156 0,018%
Ensino Artístico 2026 0,231%
Indústrias
Jogo, entretenimento e parques
Relacionadas 1224 0,140%
de diversão e entretenimento
Turismo 6871 0,785%
TAXAS DE CRESCIMENTO 1995-2005
Distribuição de
Incorporação
Núcleo criativo produtos
de Suportes
reprodutíveis
Emprego total 34%
Emprego criativo 197% -41% 152,84%
Artes visuais 40%
Núcleo
Artes Performativas 958%
Actividades
Património 1624% 15% 373%
Culturais
Outras actividades de apoio e agenciamento...
-
às artes e artistas (transversal)
Cinema, vídeo e fotografia 203%
Círculo 1 Televisão e Rádio 123%
Indústrias Vídeo Jogos (software criativo) - -47% 140%
Culturais Música Gravada 306%
Livros e Imprensa 108%
Círculo 2 Design 289%
Indústrias e Arquitectura 302%
Actividades
Publicidade 287%
Criativas
Artesanato -12%
Ensino Artístico 236%
Indústrias
Jogo, entretenimento e parques de diversão e
Relacionadas 2%
entretenimento
Turismo 174%
Tabela 4.31 - Quocientes de Localização - CAE
NC* ICS* DPR* NC ICS DPR NC ICS DPR NC ICS DPR NC ICS DPR NC ICS DPR
Actividades
Artes Performativas 2.16 0.46 2.34 - 1.61 1.78 1.71
Culturais
Núcleo
Património 0.87 0.05 3.13 - 0.00 1.91 1.69
Outras actividades de 1.64 0.93 0.42 0.42 0.78 0.72 0.95 O,571 0,843 0.71 0.83
apoio e agenciamento...
2.50 4.68 3.06 - 1.01 2.77 2.61
às artes e artistas
(transversal)
Cinema, vídeo e
1.29 3.06 2.05 0.77 1.81 1.69
fotografia
Indústrias
Culturais
Círculo 1
Criativas
Jogo, entretenimento e
parques de diversão e 6.99 0.28 14.75 0.21 1.67 1.56
entretenimento
Legenda*
NC - Núcleo Criativo
ICS - Incorporação de Conteúdos nos Suportes
DPR - Distribuição de produtos reprodutíveis
B) A análise dos dados do CENSOS 2001
Como atrás se refere, face à indisponibilidade actual dos dados do CENSOS 2001, com a
desagregação pretendida, esta secção será apresentada apenas no relatório final. Também
nessa fase será aplicada a já referida metodologia do «tridente» (NESTA, 2008).
4.3. Os públicos da cultura em Cascais
Com o objectivo de alcançar uma visão mais completa tanto quanto possível, é
necessário perceber não só a oferta actual do Concelhos de Cascais, mas é igualmente
fundamental perceber como se movimentam os públicos, possibilitando-nos fazer uma
leitura geral dos vários sectores culturais e das suas procuras, bem como avaliar a
adaptabilidade das ofertas culturais do território.
Os estudos realizados pelo Observatório das Actividades Culturais (OAC) permitem-nos
ter uma visão introdutória bastante ampla sobre a realidade dos públicos de cultura no
Concelho de Cascais relativamente a alguns dos equipamentos e eventos mais
emblemáticos neste Concelho. Neste ponto, interessa tirar algumas conclusões sobre cada
um dos relatórios elaborados pelo OAC sobre o estudo realizado para Cascais.
A caracterização das procuras culturais no Concelho de Cascais foi realizada pelo OAC,
recorrendo a duas fontes secundárias:
1. Os dados estatísticos do INE: Onde o Concelho de Cascais foi enquadrado nos dados
referentes à Grande Área Metropolitana de Lisboa (GAML).
2. Informação da Câmara Municipal de Cascais: Proveniente de actos administrativos,
nomeadamente no âmbito do ICES (Cursos Internacionais de Verão e o Mestrado
em Cultura e Formação Autárquica).
Foram ainda retiradas algumas conclusões dos dados produzidos através dos inquéritos
protagonizados pelo OAC no âmbito dos estudos de caso sobre algumas dimensões
culturais do Concelho de Cascais. Assim, é possível tirar algumas conclusões gerais no que
toca, por exemplo, aos espectadores, utilizadores e visitantes de equipamentos e de
eventos culturais. O primeiro dado retirado é a natural representatividade dos equipamentos
mais numerosos, como as galerias de arte e as bibliotecas. Relativamente à segunda fonte
secundária de dados, as conclusões mais expressivas que são possíveis de retirar é a
feminização dos participantes e a elevada incidência de participantes residentes fora do
concelho e mesmo da região de Lisboa e Vale do Tejo, no Curso de Mestrado em Cultura e
Formação Autárquica.
Relativamente aos dados recolhidos nos inquéritos realizados nos estudos de caso no
âmbito do Programa Cascais - Cultura, identificam-se aspectos comuns como a elevada
escolaridade e ocupação sócio profissional, bem como a presença de estrangeiros,
enfatizando a questão da relação oferta cultural e da procura turística de actividades
culturais no Concelho. Uma das conclusões alcançadas pelo estudo do OAC, refere-se à
incidência por parte do grupo dos reformados, de uma maior procura de actividades mais
relacionadas com o património e artes visuais (exposições), bem como uma tentativa de
sensibilização dos jovens. O estudo conclui ainda que existe uma tentativa de alargamento
dos públicos da cultura no Concelho sempre com a ressalva que os dados recolhidos,
apesar de terem sido exaustivos nas respectivas fontes, são ainda falíveis já que é
sublinhada a necessidade de um aprofundamento das técnicas de recolha de dados para o
sector cultural e criativo.
A análise dos estudos do OAC relativos a algumas das actividades culturais
desenvolvidas no concelho permite-nos traçar perfis mais restritos da procura cultural no
concelho. Assim, recorrendo à análise do OAC de Santos e Neves (2005) dos museus
municipais - Museu Condes de Castro Guimarães, Museu do Mar – Rei D. Carlos, Forte de
São Jorge de Oitavos e o Museu da Música Portuguesa (Estoril)., relativa ao período 2000-
2003, identificamos o lugar cimeiro ocupado por estes museus na procura cultural no
concelho de Cascais - média de visitantes anual ultrapassa os trinta e cinco mil no período
de 2000-2003. O número de visitantes cresceu no período em causa, embora de forma
descontinuada, passando de 30,659 visitantes em 2000 para 38 886 visitantes em 2003. O
Museu do Mar destaca-se como o museu mais visitado, contabilizando entre 40% e 55%
das visitas totais dos museus do concelho. Para este resultado, parece ser da maior
importância o número de acções de animação aqui promovidas, sendo mais de metade das
visitas o resultado da acção educativa. No entanto, a importância das actividades de
animação parece ser apanágio de todos os museus, tendo o seu número aumentado de 302
em 2000 para 491 em 2003 com um correspondente aumento de participantes de 11, 4 mil
para 14,5 mil. O aumento da oferta de actividades desenvolvidas nos museus conduz assim
a um correspondente aumento da procura deste tipo de equipamento. Quanto ao motivo da
frequência, a visita ao equipamento e suas colecções foi o motivo que apresentou maior
peso no Forte de São Jorge de Oitavos (87%) e no Museu Condes (71%), já a acção
educativa foi o principal motivo da visita aos Museus do Mar e da Música Portuguesa. O
Museu Conde de Castro Guimarães destacou-se por receber percentualmente o maior
número de visitantes estrangeiros. A maior parte dos frequentadores destas acções nos
equipamentos provém da própria região de Cascais (principalmente no Museu da Música
Portuguesa), com excepção do Museu do Mar onde a maioria dos participantes é
proveniente da GAML. Verifica-se ainda uma tendência de correspondência entre a
proximidade do local de origem do grupo e o equipamento, sendo os participantes vindos da
freguesia de Cascais em maior percentagem.
Através do inquérito aos utentes conduzido pelo OAC, que exclui os grupos escolares, o
perfil do utente médio deste tipo de equipamentos pode ser traçado como um individuo de
sexo feminino, estrangeiro, idade superior a 35 anos, com um grau de escolaridade de nível
superior. Contudo, vale a pena salientar que a diversidade de conteúdos dos equipamentos
em causa resulta em perfis diferentes. Assim, no Museu do Mar e no Forte de São Jorge
existe uma predominância de utentes do sexo masculino. No último caso, os visitantes são
consideravelmente mais jovens do que a média. Finalmente, a proporção de utentes
estrangeiros é maior nos Museus do Mar e Condes de Castro Guimarães, os dois mais
visitados do concelho.
Intimamente relacionada com a actividade museológica municipal, está a aposta na
programação cultural de todo um conjunto de actividades diversificadas em torno do tema
“Memória dos Exílios”. Os dados sobre os participantes são neste caso escassos. Os
inquéritos promovidos pelo OAC (Lima e Neves, 2005) debruçam-se unicamente sobre as
visitas aos espaços “Memória dos Exílios”. A proporção de estrangeiros é neste caso
menor, totalizando cerca de um terço dos visitantes contra mais de metade nos museus
municipais. O interesse demonstrado pelo público está homogeneamente distribuído pelas
diferentes faixas etárias. Contudo, deve-se sublinhar o elevado nível de escolaridade dos
visitantes (aproximadamente dois terços têm o ensino superior).
O festival Estoril Jazz é outra das referências culturais do concelho Cascais, com uma
história que recua ao festival de jazz de Cascais dos anos setenta. A Câmara Municipal tem
sido nos últimos anos imprescindível para a manutenção do festival, sendo o maior
financiador da iniciativa. A procura deste festival depende, naturalmente, do número de
espectáculos de cada edição. Segundo os dados de 2004, o número de espectadores fixou-
se em 3 738, representando uma taxa de ocupação média próxima dos oitenta por cento.
Três características do público merecem ser realçadas. A primeira é a distribuição etária dos
públicos, onde os jovens têm um elevado peso, ao contrário do que acontece nos dois
exemplos atrás mencionados – 26,3% tem entre 25-34, e mais metade tem menos de 44
anos. A segunda característica relevante da análise dos públicos, é a elevada escolaridade
do público, mais de 80% dos inquiridos tem, pelo menos, ensino superior, o que se reflecte
necessariamente na sua condição profissional - 46,9% são profissionais intelectuais e/ou
científicos. Finalmente, tal como nas restantes actividades culturais analisadas, o festival
apela a um público não circunscrito ao conselho de Cascais, mas sim à região metropolitana
(33% dos espectadores são oriundos do concelho de Lisboa).
Os estudos do OAC, quer nos seus dados agregados (Cartografia Cultural do Concelho
de Cascais) quer dos estudos de caso, conduzem-nos à conclusão que os perfis de procura
cultural no concelho são sobretudo reflexo da oferta disponível. A uma oferta diversificada
correspondem diferentes tipos de procura. Há, no entanto, um traço comum a todas as
actividades: o elevado nível escolar e consequente posição socioprofissional dos utentes e
espectadores. No entanto, este dado deve ser tomado com cautela, pois tal pode ser o
reflexo de uma oferta destinada a esta parte da população, confirmando assim a nossa
conclusão.
Podemos concluir que o concelho de Cascais não parece ser prejudicado pelo seu
carácter suburbano na atracção de públicos. Dependendo dos eventos, eles não só são
oriundos do concelho, como da AML e mesmo fora dela (turistas). Se esta apetência existe,
ela tem, no entanto, que ser dinamizada, de forma a se criarem públicos fiéis que rivalizem
com o concelho de Lisboa. Para isso, serão necessárias dinâmicas que integrem os
diferentes eventos e lhes retirem o seu carácter pontual e isolado. Esta integração
beneficiará sem dúvida a fidelização e diversificação dos públicos oriundos do concelho.
4.4. Principais instituições e eventos
17
Excluindo os reguladores públicos e agentes protagonistas de políticas destinadas ao sector cultural
e criativo, de quem se falará adiante.
A. Instituições Públicas e Equipamentos Municipais
Para além de todos estes equipamentos, vários outros têm sido utilizados para fins
culturais, como atrás se refere (veja-se o caso da Cidadela, por exemplo, acolhendo
espectáculos diversosou eventos como a ModaLisboa, ou a Feira Mundo Mix,…), e outros
podem ser igualmente aproveitados para fins culturais, como por exemplo:
- equipamentos culturais e desportivos com valências múltiplas;
- património histórico/cultural concelhio – p.e., diversos fortes ao longo da costa;
- espaços públicos do concelho (praças, praia, paredão,…);
De igual modo existem diversos espaços privados (centros comerciais, Casa da Guia,
etc.) que poderão ser explorados nesta vertente, onde alguma actividade pode (e tem vindo
a) ser desenvolvida.
C. Ensino
Cascais é o concelho onde alguns dos principais eventos de cariz cultural e criativo do
país, se realizam. O investimento sólido e contínuo na vocação turística de qualidade do
concelho, aliado a uma capacidade financeira correspondente, por parte da Junta de
Turismo do Estoril, e fruto das verbas das contrapartidas da concessão de jogo, tem-se
manifestado num conjunto de eventos de elevado perfil mediático. Estes eventos dividem-se
fundamentalmente em dois grupos. Um grupo composto pelo Estoril Jazz/Jazz num Dia de
Verão – festival organizado pela empresa Projazz – DM Produções e com um historial
fundamental na história do jazz português, pelo Festival Internacional de Música do Estoril e
pela Feira Internacional de Artesanato do Estoril, que têm uma existência longa e de
créditos firmados nos respectivos circuitos de legitimação. O outro grupo de eventos, ambos
muito recentes, é composto pela Moda Lisboa - Estoril e pelo Festival Europeu de Cinema.
A Moda Lisboa - Estoril, proveniente do Concelho de Lisboa, encontrou no concelho de
Cascais os apoios que a cidade de Lisboa já não proporcionava. O primeiro evento teve
lugar em 2007 e deverá fixar residência – duas vezes por ano – em Cascais até 2011. O
Festival Europeu de Cinema teve também a sua primeira edição em 2007, no Estoril e em
Cascais, e é organizado pelo produtor Paulo Branco. Pretendendo ser uma festa do cinema
europeu, mas não só, terá de encontrar o seu lugar no circuito já sobrelotado de festivais.
E. Associações
O NESTA (National Endowment for Science, Technology and the Arts), organização
governamental britânica desenvolveu recentemente um modelo sistematizador das
actividades criativas e que pretende resolver – de uma forma menos linear do que a que
cadeia de produção/valor propõe – as diversas dimensões em que estas se colocam. Assim
criou um modelo que cria quatro níveis onde as actividades criativas actuam: um primeiro
nível designado “Originais” refere-se àquelas actividades que criam ou lidam, de forma
genérica, com bens culturais e criativos originais e não com reproduções (ainda que essas
criações sejam susceptíveis de serem reproduzidas). O segundo nível é denominado
“Conteúdos”, ou seja, aquelas actividades que lidam com conteúdos, designação utilizada
para as criações imateriais; o terceiro nível dirá respeito às “Experiências”, isto é, aquelas
actividades que, como o próprio nome indica, estão associadas a experiências, tais como
aquelas relacionadas com o turismo ou espectáculos. Por fim, o último nível diz respeito aos
“Serviços”, que engloba aquelas actividades criativas que prestam fundamentalmente
serviços às empresas.
Tabela 4.37 – Alguns exemplos de actividades no Concelho de Cascais
Originais Antiguidades
Design Ceramicarte
Artesanato Marques & Albuquerque, Sociedade Leiloeira
Artes Visuais
Conteúdos Edição
TV e Rádio
Software de Entretenimento Move Interactive
Cinema
Música
Merchandising
Design de Moda
Experiências Casino Estoril
Ellipse Foundation
Fnac Cascais Shopping
Teatro Experimental de Cascais
Cinemas Warner Lusmoundo Cascais Shopping
Cinemas Castello Lopes Cascaisvilla Shopping
Estoril Jazz/Jazz num Dia de Verão
Moda Lisboa/Cascais
Festival Europeu de Cinema
Património e Turismo Feira Internacional de Artesanato do Estoril
Cinema (exibição) Festival Internacional de Música do Estoril
Música ao vivo Museu Paula Rêgo
Artes Performativas Fundação D. Luís
Museus, Galerias, Atracções Centro Cultural de Cascais
Desportos Museu do Mar – Rei D. Carlos
Forte de S. João de Oitavos
Biblioteca Municipal da Casa da Horta
Biblioteca Municipal – S. Domingos de Rana
Biblioteca Municipal Infantil e Juvenil/Parque
Marechal Carmona
Museu da Música Portuguesa
Espaço Memória dos Exílios
Museu Conde Castro Guimarães
Pátio das Artes/Margarida’s School
Serviços RP e Marketing
Arquitectura
Design
Publicidade Projazz/DM Produções
Serviços de Pós-produção e Move Interactive
audiovisual
Fotografia
Agentes (representantes)
Desenvolvimento de jogos
Se sistematizarmos aqueles agentes que elencamos acima, de acordo com estes quatro
níveis de actividades (sistema este que aceita duplicações, já que determinadas
empresas/instituições actuam em mais de que um nível de actividade), ficaremos com uma
visão que permite compreender melhor a estrutura do sector das indústrias culturais e
criativas. Esta tabela, numa rápida análise, indica-nos que há um desequilíbrio significativo
no sentido do terceiro agrupamento, o que se refere às “Experiências”. No seguimento do
referido no início desta secção, a vocação do concelho para o Turismo está bem plasmado
nesta abordagem. Ou seja, aquelas actividades que estão associadas às atracções, seja
entretenimento puro ou de carácter patrimonial ou cultural estão em clara evidência,
principalmente quando comparadas com os outros agrupamentos possíveis de actividade.
É manifesto o desiquilibrio entre os quatro níveis de actividade aqui considerados. O
nível “experiência” apresenta um grupo de actividades bastante mais numeroso do que as
restantes. Este desiquilibrio pode ser entendido como um enviesamento das actividades
criativas. No entanto, esta concentração, ao manifestar-se num nível mais próximo das
procuras culturais locais, deve ser percebida como uma oportunidade para o
desenvolvimento dos restantes níveis de actividade (a montante e a jusante). Existindo uma
forte procura local, falta articulação / integração que alavanque todo o sector criativo.
4.5. Políticas culturais e financiamento do sector cultural e criativo no concelho
Neste capítulo efectua-se uma análise mais geral dos recursos criativos disponíveis no
concelho de Cascais, na perspectiva da sua mobilização para a promoção de um sector
cultural e criativo mais competitivo e economicamente sustentável. Pretende-se aqui uma
visão mais ampla sobre a realidade do concelho e uma identificação dos recursos criativos
que possam proporcionar o seu desenvolvimento, em áreas como as instituições existentes,
a qualificação dos recursos humanos locais, os hábitos culturais da população, o ambiente e
a qualidade de vida, a diversidade e tolerância, a receptividade à inovação; etc.
Isto é feito através de duas vias, distintas, mas complementares (uma mais qualitativa,
outra mais quantitativa): Por um lado (no capítulo 5.1), uma breve síntese da situação do
concelho de Cascais, cruzando um conjunto de aspectos fundamentais para a sustentação
das dinâmicas criativas:
a) A situação do tecido socioeconómico do concelho (principais aspectos em
relação às tendências demográficas; à qualificação da população; à evolução da
actividade/sectores económicos);
b) A situação ao nível do tecido institucional (principais agentes e políticas
mobilizáveis e oportunidades que representam);
c) A caracterização da situação “geoestratégica” (inserção no âmbito da AML e
caracterização das dinâmicas locais no âmbito de uma realidade mais ampla – por
exemplo, movimentos pendulares quotidianos, etc.).
Por outro lado, esta visão mais ampla sobre os recursos criativos de Cascais é
complementada (no capítulo 5.2) com a tentativa de elaboração de um índice de
“criatividade”, que permita avaliar e comparar a situação do concelho com a da sua
envolvente (concelhos limítrofes; AML; país). Isto é feito com base na recolha, tratamento e
análise de um conjunto de indicadores que cubram um conjunto diverso de domínios
considerados fundamentais em termos da capacidade criativa de cada território
(qualificações, tolerância, inovação, etc.), aí explicitados e desenvolvidos.
5.1. Cascais: um concelho com algumas especificidades no quadro de uma região
metropolitana em evolução
Nesta secção efectua-se, como acima se refere, uma breve síntese da situação do
concelho de Cascais em relação a um conjunto de aspectos fundamentais para a existência
e a sustentação de dinâmicas criativas, cobrindo de forma panorâmica a situação do
concelho, e tendo em conta um conjunto de aspectos associados à caracterização do tecido
demográfico e socioeconómico do concelho, à apreciação do seu tecido institucional e à
caracterização da sua situação geoestratégica no âmbito da AML em que está inserido.
Mais uma vez nesta secção se remete o leitor para um amplo conjunto de
caracterizações e de estudos já efectuados e disponíveis previamente sobre a situação
geral do concelho de Cascais e sua evolução genérica (onde esta poderá ser analisada e
problematizada de forma bem mais detalhada), apresentando-se aqui apenas alguma
informação estatística que consideramos fundamental para ilustrar alguns aspectos
particulares, de forma comparativa com os diversos espaços de referência considerados na
nossa análise (a AML, os concelhos limítrofes, Lisboa, e o espaço nacional).
A Grande Área Metropolitana de Lisboa (GAML), onde se insere o Concelho de Cascais,
dispõe de características excepcionais que lhe conferem “significativas vantagens
competitivas no panorama internacional: a orla costeira e as frentes ribeirinhas – espaços
de lazer e recreio ligados ao mar (recurso estratégico) e aos estuários (do Sado e do Tejo),
geográfica, histórica, económica e ambientalmente importantes – e o espaço rural e os
recursos naturais (serras de Sintra e da Arrábida)” (CCDLVT, 2007). Este enquadramento
poderá potenciar a estratégia e as políticas a adoptar no concelho.
A Região de Lisboa, “potente a nível nacional mas ainda frágil – desafio a superar nesta
próxima década – na cena europeia”, é vista como a “região mais competitiva e coesa do
país – embora ‘condenada’ a ficar para trás no terreno da coesão social relativa – tem que
eleger como prioridade quase absoluta a promoção da competitividade, num esforço claro
de convergência para os modelos europeus mais exigentes da ‘economia baseada no
conhecimento’” (CCDLVT, 2007). O próprio QREN (Observatório do QCA III, 2007) identifica
a região como “ganhadora” em termos de competitividade mas “perdedora” na coesão,
dentro do quadro da convergência nacional.
O Concelho de Cascais, embora apresente algumas características próprias em relação
aos demais concelhos da região, enfrenta contudo alguns desafios semelhantes. As regiões
não são herméticas, nem as políticas adoptadas nas diversas áreas dessas regiões vêem
os seus efeitos confinados apenas onde foram aplicados. As políticas municipais seguidas
num concelho produzem, em alguma medida, externalidades nos seus vizinhos. Acrescem
ainda os efeitos das políticas supra-municipais, sejam regionais, nacionais ou europeias. É
com este espírito que resumimos neste capítulo algumas das características gerais sobre o
Concelho de Cascais, enquadrando-o tanto quanto possível na região onde se insere.
Geograficamente, o Concelho de Cascais tem fronteiras a este com Oeiras e a norte
com Sintra; a oeste e a sul apenas se vislumbra o Oceano Atlântico. Com tradições de
ligação ao mar, Cascais é um destino turístico muito apreciado por nacionais e estrangeiros,
devido ao clima ameno, praias, paisagens (marítima, montanha – proximidade à Serra de
Sintra, e Parque Natural de Sintra-Cascais), património, oferta hoteleira, gastronomia
variada e animação diurna e nocturna.
O Concelho de Cascais tinha 185 mil residentes em 2006 (tabela 5.1). Comparando com
o Censos 2001, o Concelho cresceu a uma média de 1.6% ao ano, acima do total de
Portugal, de Lisboa (que decresce) e de Oeiras. O Concelho de Sintra (tal como aliás outros
concelhos da “2ª coroa” de expansão em torno do núcleo metropolitano) teve um
crescimento bastante mais acentuado, 2.9% – quase o dobro de Cascais.
Em relação à GAML e ao ano de 2006, Cascais responde somente por cerca de 6,7% da
população, o que não denota um peso muito elevado. Dos concelhos em análise, Oeiras
tem uma preponderância semelhante, embora ligeiramente inferior, e Sintra e Lisboa com
as percentagens mais elevadas – cerca de 15 e 19%, respectivamente. O conjunto destes
quatro concelhos pesa 47% na GAML e esta 26% do total do país. Porventura, a ideia forte
a reter aqui é que as estratégias municipais de Cascais não poderão passar por uma aposta
na sua dimensão populacional de forma isolada (já bastante relevante, mas diminuta no
quadro metropolitano), mas na sua compatibilização e enquadramento numa mais ampla
base demográfica que consubstancia a região nacional com mais população (a par da
Cidade do Porto e sua envolvente difusa em todo o Norte litoral).
Fonte: INE
Em termos dos grupos etários, os perfis dos vários concelhos em análise não variam
muito entre si (tabela 5.2). É igualmente observável um quadro nacional que não difere
muito quando comparado com os destes municípios. Ao nível concelhio, onde se verificam
as maiores diferenças é entre Lisboa e Sintra. O primeiro tem menor proporção de jovens e
maior proporção de pessoas idosos em oposição ao segundo, ou seja, verifica-se aqui um
“duplo envelhecimento”.
De resto, a GAML tinha 15.7% de crianças dos 0 aos 14 anos, com Cascais um pouco
mais jovem; a GAML tinha 10.7% de jovens dos 15 aos 24 anos, com Cascais com um valor
sensivelmente idêntico; a GAML tinha 57% de população activa potencial (dos 25 aos 64
anos), com Cascais praticamente igual, mas abaixo; a GAML tinha 16.7% de população
idosa (com 65 ou mais anos), com Cascais também ligeiramente abaixo.
Tabela 5.2: População Residente (milhares) por município, segundo os grandes grupos
etários e o sexo, 31/12/2006
65 e
0 a 14 15 a 24 25-64
Total % % % mais %
anos anos anos
anos
GAML 2.794 439 15,7 298 10,7 1.592 57,0 466 16,7
Grande Lisboa 2.020 316 15,6 212 10,5 1.147 56,8 345 17,1
Lisboa 510 68 13,4 46 9,1 272 53,3 123 24,2
Cascais 185 31 16,5 20 10,6 105 56,5 30 16,4
Oeiras 171 26 15,1 17 10,1 99 58,0 29 16,9
Sintra 428 78 18,3 47 10,9 249 58,0 55 12,8
Portugal 10.599 1.638 15,5 1.266 11,9 5.867 55,4 1.829 17,3
Fonte: INE
Gráfico 5.1: População Residente (milhares) por município, segundo os grandes grupos
etários e o sexo, 31/12/2006
100%
90%
80%
70%
65 e mais anos
60%
25-64 anos
50%
15 a 24 anos
40%
0 a 14 anos
30%
20%
10%
0%
GAML Grande Lisboa Cascais Oeiras Sintra Portugal
Lisboa
Ensino Pré-
Sem Ensino Básico
-Escolar - Ensino Ensino Ensino
Total Nível de
A 2º 3º Secundário Médio Superior
Ensino
Frequentar 1º Ciclo Ciclo Ciclo
Fonte: INE
Gráfico 5.2: População Residente segundo o Nível de Instrução atingido, 2001
100%
90%
80%
Ensinos Médio e Superior
70% Ensino Secundário
60% Ensinos Pré-Escolar e Básico
40%
30%
20%
10%
0%
GAML Grande Lisboa Cascais Oeiras Sintra Portugal
Lisboa
A aposta nas qualificações, dos pontos de vista escolar e de atracção de pessoas com
instrução mais elevada, é amplamente referida como motor do desenvolvimento das regiões
e países. Reconhece a CCDLVT (2007) que “a obtenção de patamares regionais de massa
crítica ao nível da educação e qualificação dos recursos humanos, em estreita articulação
com a aceleração da entrada consistente na utilização intensiva e generalizada das
tecnologias de informação, e com a adopção de modelos de especialização suficientemente
enraizados nos factores avançados de competitividade, surge como uma alavanca fulcral
para a obtenção de uma eficácia acrescida no desenvolvimento económico e social da
região.”
Na mesma linha de pensamento, para o QREN (2007) “a economia e a sociedade
portuguesa encontram nas reduzidas qualificações da população activa umas das suas
principais vulnerabilidades. O nível médio de habilitações da população portuguesa constitui
um dos mais sérios impedimentos ao desenvolvimento do país e uma das razões
determinantes do baixo e não convergente nível de produtividade e da trajectória de
divergência que Portugal regista face aos padrões europeus.”
Em Cascais a questão das qualificações, strictu senso, não é tão premente mas, como
veremos adiante, o nível relativamente elevado das qualificações não se traduz
directamente na actividade económica do concelho, já que boa parte dos quadros
superiores migram quotidianamente para outros concelhos para desenvolverem as suas
actividades profissionais. Portanto, retém-se que se deverá continuar a investir em
educação e formação, mas também na fixação dessas pessoas no concelho em termos
profissionais. O maior nível educacional poderá igualmente permitir alargar tanto a oferta,
como a procura de produtos culturais, obviamente não pela via do “elitismo”cultural, mas
pelo aumento da diversidade de interesses.
Relativamente à actividade económica, o Concelho de Cascais está sobretudo centrado
no sector terciário, com 17002 das 22451 empresas sedeadas no concelho neste sector, ou
seja, um pouco mais de 76%. Segue-se o sector secundário com 5103 empresas (22.73%)
e, por último, o primário com apenas 346 (1.54%) (tabela 5.4). O volume de negócios das
sociedades por sector de actividade (tabela 5.5) confirma a conclusão anterior, com
pequenas variações nos números: o sector primário é quase nulo (0.27%), o sector
secundário responde por cerca de um quarto (25.2%) e o sector terciário é responsável por
quase três quartos (75.7%).
De resto, como será natural face a esta grelha de classificação de actividades, tanto
Portugal, como os municípios e as regiões consideradas neste estudo, especializam-se
maioritariamente no sector terciário, embora com diferenças de intensidade. O país tem
comparativamente maior peso no sector secundário (27.5% e 35.7% no número de
empresas e volume de negócios, respectivamente) e menor no terciário (66.5% e 63.4%,
nos mesmos indicadores). Em termos do número de empresas Lisboa é o concelho que
exibe maior peso do sector terciário (82.8%), embora com menor peso no volume de
negócios das sociedades (72.4%). O concelho Oeiras apresenta valores de especialização
terciária superiores a Cascais em ambos os indicadores, enquanto Sintra se encontra
abaixo.
Tabela 5.4: Empresas por município da sede, segundo a CAE-Rev.2.1, 31 Dez. 2005
Fonte: INE
Tabela 5.5: Volume de negócios (milhões de euros) das sociedades por município da
sede, segundo a CAE-Rev.2.1, 31 Dez. 2004
Fonte: INE
Gráfico 5.3: Volume de negócios (milhões de euros) das sociedades por município da
sede, segundo a CAE-Rev.2.1, 31 Dez. 2004
100%
80%
60% Terciário
Secundário
40% Primário
20%
0%
GAML Grande Lisboa Cascais Oeiras Sintra Portugal
Lisboa
Tabela 5.6 - Trabalhadores por conta de outrem nos estabelecimentos por município,
segundo o sector de actividade e o sexo, 2005
Fonte: INE
O emprego demonstra também que as empresas de Cascais não têm grande dimensão
(tabela 5.7): 9193 dos 34425 trabalham em microempresas (ou seja, 26,7%); as PME
(menos de 250 efectivos) respondem por 26558 trabalhadores (ou seja, 77,1%). Neste
aspecto, Cascais segue a tendência média do país, na qual se destacam os Concelhos de
Lisboa e Oeiras, com maior peso de grandes empresas (mais de 250 efectivos), ambos com
um pouco mais de 39%.
Tabela 5.7: Trabalhadores por conta de outrem nos estabelecimentos por município,
segundo o escalão de pessoal da empresa, 2005
Escalão de pessoal
Total
1-9 10 - 19 20 - 49 50 - 99 100 - 249 250 - 499 500 e mais
GAML 662.171 140.483 71.461 89.773 61.388 78.677 56.769 163.620
Grande Lisboa 552.087 111.290 57.203 74.024 51.203 66.437 47.820 144.110
Lisboa 277.998 47.069 25.774 33.682 24.950 32.491 22.268 91.764
Cascais 34.425 9.193 4.458 5.435 3.544 3.928 2.350 5.517
Oeiras 59.298 7.870 4.524 6.968 5.594 10.250 8.318 15.774
Sintra 59.838 16.087 7.868 9.395 5.952 7.163 4.525 8.848
Portugal 2.173.144 555.191 278.223 351.342 229.354 245.057 142.486 371.491
Fonte: INE
Gráfico 5.4: Trabalhadores por conta de outrem nos estabelecimentos por município,
segundo o escalão de pessoal da empresa, 2005
100%
80%
60% 1-9
1-249
40% 1-499
20%
0%
GAML Grande Lisboa Cascais Oeiras Sintra Portugal
Lisboa
18
O INE define o Indicador per Capita como “um número índice com o valor 100 na média do País,
que compara o poder de compra manifestado quotidianamente, em termos per capita, nos diferentes
concelhos e regiões, com esse valor de referência nacional”.
A Percentagem do Poder de Compra reflecte o “peso do poder de compra de cada concelho e região
(que transparece do Indicador per Capita) no total do país, que assume o valor 100%.“
O Factor Dinamismo Relativo “reflecte o poder de compra, de manifestação geralmente sazonal,
associado aos fluxos populacionais de raiz turística, constituindo a tendência de dinâmica comercial,
ainda detectada na informação de base, para além da reflectida nos dois indicadores anteriores [...],
este último indicador vem expresso em proporção dos residentes nos concelhos, pelo que tende a
tomar valores mais baixos nos grandes aglomerados populacionais.”
rendimentos noutros concelhos. Um facto a salientar é a grande concentração do poder de
compra na região de GAML, com 36%, ou seja, mais de um terço do poder de compra
nacional encontra-se concentrado ao redor de Lisboa (o que poderá ser obviamente um
factor a explorar pelas actividades criativas de Cascais).
Com se verá mais à frente, através da análise mais detalhada dos movimentos
pendulares, Cascais é simultaneamente “exportador” e “importador” de mão-de-obra. Pela
qualificação da população, ganhos mensais, poder de compra e movimentos pendulares,
dir-se-á que o Concelho de Cascais “exporta” trabalhadores mais qualificados para os
Concelhos vizinhos, sobretudo Oeiras e Lisboa, onde auferem rendimentos mais elevados,
e “importa” trabalhadores menos qualificados, principalmente de Sintra, pagando
rendimentos mais baixos.
Tabela 5.8: Ganho médio mensal (euros) dos trabalhadores por conta de outrem nos
estabelecimentos por município, segundo o sector de actividade, 2005
Primário Secundário Terciário
Total CAE: A - B CAE: C - F CAE: G – Q
Fonte: INE
Percentagem Factor
Indicador
de Poder de Dinamismo
per capita
Compra Relativo
Fonte: INE
Gráfico 5.5: Ganho médio mensal (euros) dos trabalhadores por conta de outrem nos
estabelecimentos e Indicador do Poder de Compra, 2005
Ganho
Médio IpC
1600 400
1200 300
800 200
400 100
0 0
GAML Grande Lisboa Cascais Oeiras Sintra Portugal
Lisboa
Empregados Estudantes
Movimentos Pendulares 1991 2001 1991 2001
N° % N° % N° % N° %
Movimentos intraconcelhios 39336 49.7 43731 47.0 8102 63.3 5981 50.6
"Entradas" no concelho 11019 13.9 16685 17.9 634 5.0 1091 9.2
origem: outros concelhos da AML 10449 13.2 16095 17.3 623 4.9 1060 9.0
origem: outros exteriores à AML 570 0.7 590 0.6 11 0.1 31 0.3
"Saídas" do concelho 28821 36.4 32604 35.1 4055 31.7 4740 40.1
destino: outros concelhos da AML 28426 35.9 31634 34.0 3980 31.1 4658 39.4
destino: outros exteriores à AML 395 0.5 970 1.0 75 0.6 82 0.7
Fonte: INE
19
No global, o Concelho de Cascais apresentava Taxas Brutas de Atracção Totais de
20
19.72% em 1991 e 26.34% em 2001 e Taxas Brutas de Repulsa Totais de 40.93% em
1991 e 42.90% em 2001 (tabela 5.11), ou seja, em 2001 quase 43% das populações
“activas” (empregada e estudante) migram diariamente para fora do Concelho) e quase 27%
são atraídas pelo Concelho. Apesar de se aproximarem, este números mantiveram-se muito
distantes. Quer isto dizer que Cascais mantém o seu perfil de “exportador” líquido de mão-
de-obra diária.
Num olhar mais de perto, aqueles números significam ainda que Cascais encontra-se
mais “integrado” com os seus concelhos vizinhos pois ambos os movimentos cresceram.
Observa-se também que as realidades subjacentes às evoluções da “Repulsa” e da
“Atracção” têm naturezas diferentes. A “Atracção” da população empregada aumentou
consideravelmente de 1991 para 2001 (de 22% para 28%), enquanto a “Repulsa” se
manteve sensivelmente idêntica (42%). Do lado dos estudantes, tanto a “Atracção”, como a
“Repulsa” aumentaram, mas esta teve um aumento superior. Assim, Cascais ganhou
“Atracção” “líquida” na população empregada, mas perdeu na população estudantil.
19
O INE define Taxa bruta de atracção concelhia de empregados como a “relação entre o número
de activos empregados não residentes mas que se deslocam para o concelho a fim de exercerem
profissão e o total de indivíduos que nele exerce a sua actividade económica (independentemente do
local de residência)” e Taxa bruta de atracção concelhia de estudantes como a “relação entre o
número de estudantes não residentes mas que se deslocam para o concelho a fim de estudar e o total
de indivíduos que nele estuda (independentemente do local de residência)”.
20
O INE define Taxa bruta de repulsa concelhia de empregados como a “relação entre o número
de activos empregados residentes que se deslocam para outro concelho a fim de exercerem profissão e
o total de indivíduos empregados que reside no concelho” e Taxa bruta de repulsa concelhia de
estudantes como a “relação entre o número de estudantes residentes que se deslocam para outro
concelho a fim de estudar e o total de indivíduos estudantes que reside no concelho”.
Tabela 5.11: Taxas Brutas de Atracção e de Repulsa em 1991 e 2001
TB Atracção TB Repulsa
1991 2001 1991 2001
Total 19.72 26.34 40.93 42.90
Empregados 21.88 27.62 42.29 42.71
Estudantes 7.26 15.43 33.36 44.21
Fonte: INE
Entrada Saída
N° % N° %
Amadora 1157 6.5 914 2.4
Lisboa 2038 11.5 23099 61.9
Oeiras 4197 23.6 6823 18.3
Sintra 7102 40.0 3330 8.9
Outros 3282 18.5 3178 8.5
Total 17776 100.0 37344 100.0
Fonte: INE
Fonte: INE
Capacidade Dormidas em
Estada Proporção de Proveitos de
de Hóspedes Proporção de estab.
média de dormidas aposento por
alojamento por hóspedes hoteleiros por
hóspedes entre Julho- capacidade de
por 1000 habitante estrangeiros 100
estrangeiros Setembro alojamento
habitantes habitantes
Fonte: INE
Tabela 5.14: Dormidas (x1000) nos estabelecimentos hoteleiros por município, segundo o
país de residência habitual, 2006
Fonte: INE
O discurso sobre a criatividade e a importância da cultura para a vida das cidades não é
novo. Desde as primeiras sociedades civilizadas da história da humanidade que está bem
presente, ainda que nem sempre muito debatida, a questão da importância da cidade como
palco de dinâmicas culturais e criativas entre agentes culturais, bem como da importância
desse ambiente para o desenvolvimento da cidade.
No contexto europeu, a cultura tem sido encarada mais como o fim a alcançar do que um
meio para alcançar um fim. Contudo, o discurso académico e as tendências do discurso
político começam a situar o sector da cultura noutro lugar, nomeadamente com crescente
reconhecimento do seu potencial económico e alavanca para o desenvolvimento urbano
(nas suas diversas dimensões), a cultura e a criatividade são agora encarados como motor
das cidades e do desenvolvimento das regiões e do território.
É neste sentido que importa caminhar para estabelecer alguns indicadores que devem
ser utilizados para avaliar o nível de vitalidade e de viabilidade de uma cidade, como base
para o desenvolvimento de estratégia no sentido de estimular o seu potencial.
Para tal vamo-nos basear em quatro abordagens previamente ensaiadas por outros
tantos autores e instituições, que considerámos adequadas para levar em conta neste
nosso estudo: as análises de Matarasso e de Landry e Bianchini (no seio da Comedia,
entidade que há vários anos analisa o papel das actividades criativas no desenvolvimento
urbano, no Reino Unido e outros países), o muito popularizado quadro de análise de
Richard Florida, e um estudo mais recente sobre as indústrias criativas em Singapura.
Qualquer destas abordagens permitiu a construção de um quadro de trabalho que
estabelece um certo número de indicadores com o propósito de diagnosticar o potencial
criativo de uma cidade.
a) O “Local Culture Index”, de Matarasso (F. Matarasso, 1999, “Towards a Local
Culture Index – Measuring the cultural vitality of communities”, Comedia)
Matarasso define o Local Culture Índex com base em três linhas de análise:
Inputs – condições e recursos que a cidade tem para enraizar e nutrir as
actividades e o dinamismo culturais;
Outputs – resultados directos da utilização desses recursos em actividades
criativas, consubstanciados na concretização de actividades e no dinamismo
cultural:
Outcomes – impactos que os resultados destas actividades têm directamente na
vida da cidade a das suas comunidades.
Uma síntese dos indicadores que este autor sugere para a monitorização destas três
linhas de análise apresenta-se na tabela seguinte:
Indicadores de Input
N.º de equipamentos dedicados às artes/cultura;
N.º de organizações artísticas, de todos os géneros;
N.º de outros equipamentos usados para actividades artísticas;
N.º de organizações de apoio às artes, de artistas e de serviços;
Valor dispendido com a arte/cultura pelas autoridades locais;
Instituições, infra- Valor dispendido com a arte/cultura na zona em análise, investido
estruturas e ao nível nacional e regional;
investimento Valor dos gastos provenientes de donativos, patrocínios e outras
despesas;
N.º de profissionais das artes e trabalhadores em actividades de
suporte;
Existência e âmbito de uma política cultural desenvolvida por uma
entidade local;
N.º de equipamentos a uma proximidade razoável (até 30 min. De
viagem);
Acesso e distribuição Acessibilidade física dos equipamentos culturais e artísticos;
Politicas de preços, acesso e divulgação das organizações artísticas
e culturais;
Indicadores de Output
N.º de performances, eventos, dias de exibição, workshops, etc.;
N.º de novas comissões, produções e trabalhos de arte pública;
N.º de visitantes nestes eventos;
Capacidade média para os diferentes tipos de actividade;
Actividades e
participação Proporção das actividades que é independente de subsídios;
N.º de membros de grupos artísticos comunitários ou voluntários, e
o n.º de grupos iniciados ou extintos em cada ano;
Extensão da participação individual em actividades culturais (p.e.,
em aulas ou grupos);
Diferentes tipos de tradições culturais localmente activas;
Extensão do apoio público às diferentes formas e expressões
culturais;
Diversidade
Composição dos públicos, para diferentes actividades;
Extensão das ligações e cooperação entre diferentes tradições
culturais;
N.º de professores, formadores e profissionais de educação
artística;
Quantidade de actividades artísticas apoiadas através das escolas
(em regime curricular ou extra curricular);
Educação e Formação
A natureza e extensão das actividades artísticas de nível terciário,
incluindo o n.º de pessoas a estudar para qualificações artísticas;
Envolvimento na educação pelas organizações artísticas do sector
público;
N.º de artistas e “artesãos” residentes;
Actividade criativa N.º e tipos de indústrias criativas locais;
comercial N.º de recintos e equipamentos de arte comercializável;
Rendimento e emprego combinados do sector cultural local;
Indicadores de Outcomes
Reforço dos níveis de auto confiança;
Vida social mais activa;
Maior envolvimento nas actividades da comunidade;
Aproveitamento da formação na comunidade;
Desenvolvimento
Aproveitamento da formação vocacional e da educação;
Pessoal
Valorização da auto-imagem e auto-representações;
Reforço do entendimento dos direitos e das responsabilidades;
Identificação de novas capacidades;
Criação de emprego e auto-emprego;
Contacto inter-geracional;
Cooperação intra-comunitária;
Aumento da utilização do centro da cidade;
Aumento da sensação de segurança;
Empowerment e capacitação da comunidade;
N.º de pessoas envolvidas em actividades da comunidade;
Desenvolvimento de capacidades e competências organizativas;
Desenvolvimento da
Desenvolvimento de novos projectos comunitários;
comunidade
Participação da população nas consultas locais;
Melhoria na imagem dos bairros;
Melhorias ambientais;
Audiência das actividades artísticas;
Reforço da sensação de bem-estar pessoal;
Apoio a grupos vulneráveis;
Valorização do trabalho voluntário;
A análise de Richard Florida tem sido muito utilizada, e o seu contributo muito citado,
quando se fala de tentar medir a criatividade das cidades e regiões e tentar encontrar
índices que permitam estudos comparativos. O seu modelo e análise empírica,
originalmente aplicado aos EUA (Florida, 2002), foi posteriormente adaptado ao estudo da
Europa em geral (Tinagli e Florida, 2004), ou em diversos outros países, em análise mais
detalhadas. Um desses exemplos, que assumimos como ilustrativo destas abordagens é o
do estudo realizado na Suécia pela School of Business, Economics and Law, da
Universidade de Göteborg (em conjunto com o Creativity Group Europe, de Florida),
denominado “Sweden in the Creative Age”, essencialmente recorrendo ao índice proposto
por este autor, para “medir” o nível criativo de diversas cidades Suecas. Florida define o
modelo dos “três T’s”: Tecnologia, Talento e Tolerância, os quais representam as
dimensões consideradas como fulcrais para explicar a criatividade de certas cidades. Cada
uma destas dimensões é analisada por uma bateria de indicadores e de uma forma inter-
relacionada, acabam por revelar a capacidade criativa de uma cidade: ou seja, para estes
autores, de gerar ou de atrair a criatividade (e os recursos humanos, tecnológicos e
organizacionais criativos). Esta abordagem acaba por se basear, num cenário de grande
mobilidade residencial como o dos EUA, essencialmente na averiguação da presença de
classes criativas na cidade e na capacidade que estas mostram de atracção de classes
criativas.
Na tabela seguinte apresentam-se os indicadores utilizados para esta medição neste
ilustrativo estudo sueco, que assumimos como paradigmático deste tipo de abordagens.
Dimensão Talento, em que foram utilizados três indicadores para a sua medição:
- Classe Criativa: descrita como o número de trabalhadores em actividades criativas
como cientistas, artistas, agentes artísticos, etc…
- Capital Humano: existência de uma população com um grau universitário;
- Indicador de investigação: número de pessoas a trabalhar em I&D.
Dimensão Tecnologia, analisada também através de 3 indicadores, sendo que o
último se desdobra em sub-indicadores:
- Inovação: descrito como o número de patentes por cada 10.000 Habitantes:
- Inovação em Alta Tecnologia: descrito como o número de patentes em Alta
Tecnologia por cada 10.000 Habitantes;
- Indústria de Alta Tecnologia: avalia a relevância desta indústria para a economia
local:
- Hardware e produtos físicos;
- Software e serviços;
- Telecomunicações e produção áudio visual.
Dimensão Tolerância, composta pelo estudo de 4 indicadores:
- Peso de indivíduos de origem estrangeira;
- Grau de diversidade das nacionalidades dos estrangeiros;
- População boémia (calculado pelo peso de população “artística”)
- Atitudes sociais e institucionais pró grupos lésbico, gay, bissexual e transexual.
d) Singapura
Para além destes três abordagens, mais teóricas, muitas outras têm sido ensaiadas, nos
últimos anos como objectivo de sugerir indicadores que permitam testar em termos práticos
a capacidade criativa das cidades, regiões e países, e analisar comparativamente as suas
vantagens e desvantagens competitivas em relação a outros espaços. Nessa lógica,
assumimos como exemplo um recente relatório efectuado para o governo de Singapura,
considerando dimensões que em muito se cruzam com algumas das preocupações das
abordagens anteriores, mas que aqui se focam em particular no capital humano e na
existência de mercado e de condições institucionais adequadas ao florescimento das
indústrias criativas, assentes na exploração de propriedade intelectual.
O relatório “Economic Contributions of Singapore’s Creative Industries”, da
responsabilidade de Heng, Choo e Ho, da Economics Division of Ministry of Trade and
Industry de Singapura, aponta assim para a seguinte grelha de análise, com três dimensões
e 9 indicadores:
Como foi possível ver anteriormente, os indicadores são ferramentas úteis para uma
melhor compreensão das características do território. Apesar de tipologias diferentes, as
propostas anteriormente apresentadas acabam por explorar as mesmas dimensões que,
apesar de algumas diferenças, conseguem ser bastante semelhantes.
Esta mostra de indicadores ajuda-nos a perceber quais as opções mais pertinentes para
a realidade do Concelho de Cascais, tomando em consideração restrições pragmáticas no
que toca à existência ou não de fontes de base estatística e de informação qualitativa que
nos permita o preenchimento dos requisitos para uma boa contemplação de cada um dos
indicadores.
Se por um lado, as abordagens propostas por Landry e Matarasso enfatizam um
diagnóstico mais voltado para as actividades culturais e a existência de massa crítica, e de
condições do território ao nível de instalações e espaço público que favoreçam o
florescimento de um ambiente vibrante e criativo na cidade, por outro lado, Florida ou o
estudo de Singapura exploram outras componentes que são igualmente de considerar de
forma séria para o Concelho de Cascais, tendo em conta a abordagem que propomos,
enfatizando não só as actividades culturais, mas também as outras indústrias criativas,
transbordando assim as atenções para actividades que englobam tecnologia (multimédia,
informática) e para a exploração da propriedade intelectual.
Neste quadro, a nossa proposta de indicadores apresenta-se na tabela seguinte, com (a)
uma proposta directa de um conjunto de dimensões e indicadores de Inputs que depois de
testados e discutidos com os agentes locais, de forma participada, na sequência deste
relatório intermédio, serão recolhidos e tratados no sentido de termos um índice
comparativo dos recursos criativos do concelho com os restantes espaços de referência
utilizados, no relatório final; e (b) uma proposta de dimensões e indicadores de Outputs e
Outcomes, também sugeridos para discussão, mas cuja ideia será serem posteriormente
desenvolvidos e implementados, no âmbito de um sistema de monitorização a desenvolver
pela(s) entidade(s) futuramente responsáveis pela promoção e avaliação do sector criativo
no concelho de Cascais.
Tabela 5.19 – Dimensões e indicadores sugeridos para discussão
Dimensões Descrição Indicadores (alguns exemplos possíveis)
Inputs, recursos e amenidades
Tipos de indicadores a considerar:
Nesta dimensão importa • N.º de Equipamentos existentes dedicados às Artes;
incluir uma contabilização • N.º de outros equipamentos usados para actividades artísticas;
Equipamentos e no número que • N.º de recintos/estabelecimentos de comércio de arte e equipamentos (inputs)
infra-estruturas equipamentos e infra- utilizados para as actividades criativas;
culturais estruturas disponíveis e Indicadores possíveis (em concreto):
(hardware) utilizados para actividades - Nº de bibliotecas / 1000 habitantes
associadas à cultura e - Nº de obras existentes nas bibliotecas / 1000 habitantes
criatividade (numa - Nº de museus / 1000 habitantes
perspectiva material, do - Nº salas de espectáculos por 1000
hardware) - Nº de galerias por 1000
- Nº auditórios com capacidade maior q 1000 lugares
Tipos de indicadores a considerar:
• N.º de equipamentos a uma proximidade razoável (30 min. de viagem);
• Acesso físico aos equipamentos culturais e artísticos (acessibilidade de
Nesta dimensão importa população desfavorecida como deficientes, etc.);
perceber a fluidez e • Políticas de preços, ao nível da acessibilidade de entrada nos equipamentos
Grau de
facilidade de circulação dos artísticos e culturais (dias gratuitos, etc.);
acessibilidade e
habitantes e a sua Indicadores possíveis (em concreto):
distribuição
capacidade efectiva de - % de freguesias servida por recintos culturais (p.e., bibliotecas)
espacial
acesso à programação - % de equipamentos/edifícios públicos com acessibilidade para deficientes
cultural no concelho motores
- % de museus com acessos gratuitos para a
- nº de utentes de visitas organizadas por serviços educativos de equipamentos do
concelho / 1000 habitantes
Nesta dimensão espera-se Tipos de indicadores a considerar:
perceber o nível e - Dimensão da força de trabalho criativa: descrita como o nº de trabalhadores em
composição da massa actividades criativas como cientistas, artistas, agentes artísticos, etc…
crítica existente no - Qualidade do capital Humano: existência de uma população com um grau
concelho, ao nível dos universitário;
Talento, recursos humanos (e suas - Indicador de capacidade de inovação e investigação: p.e., número de pessoas a
competências e competências) trabalhar em I&D.
capital humano nomeadamente, agentes, Indicadores possíveis (em concreto):
profissionais ou qualquer - % de população residente criativa (a trabalhar em actividades criativas e
tipo de indivíduos que actividades de suporte) em relação ao total
desenvolvam actividades - % de população residente com qualificações específicas nas áreas criativas
culturais ou criativas, seja - % de população com ensino universitário
de cariz formal ou informal - % de população a trabalhar em I&D
Tipos de indicadores a considerar:
- Grau de inovação em geral: descrito como o número de patentes por cada
10.000 Habitantes:
Com estes indicadores
- Grau de inovação em Alta Tecnologia: descrito como o número de patentes em
espera-se perceber a
Alta Tecnologia por cada 10.000 Habitantes;
presença de agentes
- Indústria de Alta Tecnologia: avaliação da relevância desta indústria para a
Inovação e criativos e dos outputs da
economia local: Hardware e produtos físicos; Software e serviços;
tecnologia sua actividade, em
Telecomunicações e produção audiovisual.
particular os mais
Indicadores possíveis (em concreto):
associados às novas
- Número de empresas especializadas que envolvam actividades criativas
tecnologias
(sectores de hardware e software, audiovisual e media, etc,)
- Nº de patentes registadas no concelho
- % de empresas de alta tecnologia apoiadas nos sistemas de incentivo públicos.
Tipos de indicadores a considerar:
- Quadro institucional do sector (agentes, parcerias, etc.)
- Capacidade organizacional e de articulação entre actores
- Existência de sectores e clusters com peso significativo na promoção e
desenvolvimento das actividades culturais e criativas (como o turismo, p.e.)
Com estes indicadores
- Dimensão e institucionalização das indústrias de copyright
pretende-se analisar a
- Investimento (em equipamentos, etc.) e apoio público às actividades criativas
Estrutura e solidez da estrutura
(p.e., através do nível de gastos públicos em media, arte e cultura)
articulação inter- institucional e organizativa
- condições de contexto ao nível de política fiscal para o sector cultural, sistemas
institucional e que enquadra o sector
de apoio ao sector, ou esquemas particulares de financiamento
condições de criativo, a capacidade de
- condições ao nível do licenciamento das actividades
contexto articulação entre os seus
Indicadores possíveis (em concreto):
actores e algumas
- nº de associações culturais e recreativas por habitante
condições de contexto que
- nº de associações e parcerias culturais com envolvimento do município
enquadram a sua actuação.
- peso do sector da hotelaria e restauração na economia local
- nº de autores registados na SPA/ nº de autores totais
- Gastos públicos em media, arte e cultura por habitante
- montante de apoio canalizado para o sector por habitante com origem noutros
sectores, por via fiscal (mecenato, jogo,…)
- nº médio de dias para concessão de uma licença de actividade
Tipos de indicadores a considerar:
Grau de diversidade do capital humano (multiculturalidade – multietnicidade)
Nº de indivíduos com origem estrangeira
Nesta dimensão pretende- Grau de diversidade das nacionalidades dos estrangeiros;
se analisar o grau de População boémia (calculado pelo peso de população “artística”)
diversidade e Atitudes sociais e institucionais pró grupos lésbico, gay, bissexual e transexual.
multiculturalidade da Indicadores possíveis (em concreto):
Diversidade,
população local, bem como - % de indivíduos residentes com origem estrangeira
abertura e
a sua abertura e tolerância - % de Indivíduos locais nascidos de 2ª Geração com famílias de origem
tolerância
a novas práticas e estrangeira;
representações (avaliando - Índice associado ao grau de diversidade das nacionalidades dos estrangeiros
indirectamente o nível de residentes;
controlo social). - Índice associado ao nível de diversidade étnica da população local (proxy com
análise de x turmas de alunos das escolas do concelho)
- Peso de população “artística” no total;
- Nº de estabelecimentos / habitante em recomendados em guia LGBT
Nesta dimensão espera-se Tipos de indicadores a considerar:
perceber a composição da Nível de produto per capita e rendimento disponível da população local;
massa crítica existente no Valor acrescentado gerado pelas actividades criativas
concelho em termos de Nível de crescimento das actividades criativas/conhecimento intensivas;
públicos e de actividades Exportações das indústrias criativas / de copyright
que tenham como inputs Potencial crescimento de públicos para as actividades criativas (com particular
Mercado produtos e serviços destaque para segmentos jovens, qualificados, etc.)
(existência de criativos de cariz formal ou Nível de investimento público em actividades culturais
massa critica) informal, bem como a Nível de investimento em arte, patrocínio e doações
existência de mercado Indicadores possíveis (em concreto):
decorrente do investimento
PIB per capita (em PPP) do concelho
público e privado em
Índice do Poder de Compra Concelhio
actividades e bens
VAB das actividades conhecimento intensivas (ou actividades criativas)
culturais.
Tx de crescimento das actividades criativas / conhecimento intensivas
Exportação de indústrias copyright (p.e. direitos vendidos) ;
% de habitantes com idade inferior a 35 anos
Crescimento da % de habitantes com qualificações superiores
• Valor investido em arte e cultura pelas autoridades locais / por habitante
(despesas municipais em cultura / habitante);
• Valor investido em arte e cultura no concelho ao nível nacional e regional (p.e
pelo MC ou QREN);
• Valor investido no concelho a título de donativos/mecenato, patrocínios, etc.
Tipos de indicadores a considerar:
Nível de visibilidade do concelho em relação às actividades culturais
Nível de notoriedade das actividades culturais do concelho e dos seus agentes
Esta dimensão visa revelar
Auto-representação e auto-identificação da população local com o concelho;
o sentimento de identidade
ou identidades do Existência de histórias, lendas, mitos, sobre a Concelho;
Capital concelho, seja a ideia que Existência de músicas, poemas, filmes, documentários, registos fotográficos
Simbólico os habitantes têm sobre a sobre o Concelho;
imagem do Concelho, seja Indicadores possíveis (em concreto):
a ideia que os de fora têm - Nº de referências ao concelho em jornais no último mês
sobre o Concelho. - Nº de referências em guias e programações culturais
- Nº de obras com referências ao concelho (em livros de ficção e/ou obras
cinematográficas) editadas no último ano
- Nível de identificação com o concelho e sua imagem (inquérito)
Outputs
(Nesta área sugerem-se alguns tipos de indicadores e possíveis fontes a serem explorados e afinados pela entidade responsável pela
monitorização dos resultados)
Nº de espectáculos / 1000 habit.
Nº de exposições realizadas /1000 habit.
Com esta dimensão % de população “criativa” em relação ao total residente
pretende-se perceber o % de despesa em cultura nos orçamentos familiares (inquéritos às famílias);
dinamismo cultural e % de despesa pública em cultura a nível local em relação ao orçamento total
criativo no concelho, e N.º de performances, eventos, dias de exibição, workshops, etc. realizados,
Grau de actividade averiguar a existência ou em termos absolutos;
/ Dinamismo não de um ambiente que N.º de novas comissões, produções e trabalhos de arte pública;
Cultural e Criativo permita gerar dinâmicas N.º de visitantes nestes eventos;
criativas materializadas em Capacidade média para os diferentes tipos de actividade;
eventos e produtos Proporção das actividades que é independente de subsídios;
concretos N.º de membros de grupos artísticos comunitários ou voluntários, e o n.º de
grupos iniciados ou extintos em cada ano;
Extensão da participação individual em actividades culturais (p.e., em aulas
ou grupos);
Nº de visitantes a museus concelhios
Grau de Com esta dimensão Nº de livros requisitados nas bibliotecas do município/habitante
participação nas pretende-se analisar o nível Nº de espectadores total /1000 habitantes
actividades de envolvimento da Nº de pessoas que frequentaram iniciativas culturais municipais
concelhios população nas actividades Taxa de ocupação média de equipamentos culturais
culturais e criativas Tempo dispendido pela população em actividades culturais
Nº de membros de associações culturais e recreativas / 1000 habit.
Com esta dimensão Diferentes tipos de tradições culturais localmente activas (análise
pretende-se analisar o nível documental e de programações);
Grau de de diversidade e A extensão do apoio público às diferentes formas e expressões culturais
diversidade dos heterogeneidade cultural (índice com base na análise de planos de actividades e e orçamentos);
produtos e da subjacente aos produtos e A composição dos públicos, para diferentes actividades (índice com base em
Actividade cultural actividades culturais e inquéritos);
criativas existentes no Extensão das ligações e cooperações entre diferentes tradições culturais
concelho. (p.e., nº de eventos ou projectos conjuntos);
Com esta dimensão
pretende-se analisar o grau % de estudantes concelhios inscritos em áreas artísticas/criativas
de envolvimento da N.º de professores, formadores e profissionais de educação artística;
população em formação no Quantidade de actividades artísticas apoiadas através das escolas (em regime
campo artístico e a curricular ou extra curricular);
Educação e capacidade de o sector Natureza e extensão das actividades artísticas de nível terciário, incluindo o
formação artística gerar dinâmicas em termos n.º de pessoas a estudar para qualificações artísticas;
e cultural de qualificação e Nº (per capita) de cursos livres e não conferentes de grau (públicos/privados)
competências que realizados anualmente no concelho em áreas culturais e criativas;
permitam um futuro Envolvimento na educação pelas organizações artísticas do sector público (%
desenvolvimento do população coberta por serviços educativos de museus);
cluster, pela via da dotação
em capital humano.
N.º de artistas e “artesãos” activos no concelho (páginas amarelas e guiões
Com esta dimensão profissionais do sector);
pretende-se analisar o nível N.º e diversidade de tipologia das indústrias criativas locais;
Grau de de profissionalização e Taxas de mortalidade e natalidade das empresas do sector criativo (quadros
mercantilização, organização das actividades de pessoal);
profissionalização, e instituições do sector
N.º de recintos e equipamentos de arte “comercializável”;
organização e cultural e criativo bem Grau de rotatividade no emprego do sector cultural local;
empreendedorismo como a propensão para o
(nas entidades Relação entre percentagem de emprego em primeira actividade e em
empreendedorismo e a segunda actividade ou tempo parcial
criativas) exploração do potencial de Grau de empreendedorismo no sector – relação entre a taxa de crescimento
mercado destas actividades de criação de empresas neste sector e a do resto da economia
% de projectos apoiados por capital de risco neste sector
N.º de Organizações de Artes de todos os géneros / por habitante;
N.º de Organizações de Apoio às Artes, Artistas e Serviços / por habitante;
A existência de uma política cultural local (apoio financeiro concedido às
Desenvolvimento Com esta dimensão actividades culturais e criativas)
da infra-estrutura pretende-se perceber a
A existência de uma política cultural local (nº de instituições / projectos
organizacional e existência de instituições
apoiados de actividades culturais e criativas)
institucional de de promoção das práticas
Nº de instituições / artistas do concelho registados na SPA
apoio ao sector e culturais e criativas e de
das condições de regulação dos seus direitos Nº de instituições (bares, restaurantes, rádios, etc.) que pagaram direitos de
contexto de propriedade bem com a propriedade no concelho no ultimo ano.
capacidade de articulação Montante de direitos de propriedade intelectual cobrado para artistas
inter-institucional no sector residentes no concelho
Edição/tiragem anual de agenda cultural local (e outros documentos de
ampla divulgação cultural do concelho)
Nº visitas a sites com divulgação da actividade cultural e criativa no concelho
Outcomes
(Nesta área sugerem-se como base para reflexão os tipos de indicadores sugeridos pela Comedia para discussão entre os stakeholders
locais e pela entidade responsável pela monitorização dos resultados)
Com esta dimensão Reforço dos níveis de auto confiança;
pretende-se avaliar os Vida social mais activa;
impactos na qualidade de Maior envolvimento nas actividades da comunidade;
vida individual dos Aproveitamento da formação na comunidade;
Desenvolvimento munícipes de Cascais do Aproveitamento da formação vocacional e da educação;
individual desenvolvimento do Valorização da auto-imagem e auto-representações;
potencial associado aos Reforço do entendimento dos direitos e das responsabilidades;
recursos criativos
Identificação de novas capacidades;
Criação de emprego e auto-emprego;
Com esta dimensão Contacto inter-geracional;
pretende-se avaliar os Cooperação intra-comunitária;
Desenvolvimento impactos na qualidade de Aumento da utilização do centro da cidade;
da comunidade vida geral da comunidade Aumento da sensação de segurança;
local, resultantes do Empowerment e capacitação da comunidade;
desenvolvimento do N.º de pessoas envolvidas em actividades da comunidade;
potencial associado aos Desenvolvimento de capacidades e competências organizativas;
recursos criativos Desenvolvimento de novos projectos comunitários;
Participação da população nas consultas locais;
Melhoria na imagem dos bairros;
Melhorias ambientais;
Audiência das actividades artísticas;
Reforço da sensação de bem-estar pessoal;
Apoio a grupos vulneráveis;
Valorização do trabalho voluntário;
5.2.3. Formulação e análise de um índice de criatividade local
Este momento, com a informação disponível, ainda não foi possível à equipa recolher e
compilar toda a informação necessária à execução deste índice. Para além disso, conforme
indicado na secção anterior, pretende-se uma discussão ampla e participada dos diversos
indicadores e dimensões de análise, de forma a poder proporcionar um futuro sistema de
monitorização e avaliação dos recursos criativos do concelho abrangente e que possa ser o
mais consensualmente possível reconhecido e legitimado.
Assim, no âmbito do relatório final, será apresentado este índice, cobrindo as diversas
dimensões acima elencadas, através dos indicadores propostos e comparando a situação
do concelho de Cascais em relação aos diversos espaços de referência considerados nas
outras vertentes da nossa análise (Outros concelhos da AML, GAML, e Portugal).
Obviamente que durante este período, estas dimensões e estes indicadores estão abertos à
discussão e a equipa acolherá de boa vontade todas as sugestões e contactos ao longo do
período de discussão associado à pré-definição e definição de estratégia.
Como foi referido, este índice incidirá apenas sobre a componente dos “Inputs, recursos
e amenidades”, numa tentativa de identificar a situação no concelho em termos dos seus
recursos criativos potenciais. Como acima se refere, em relação às segunda (outputs) e
terceira componentes (outcomes) é expectável que a futura estrutura de monitorização (a
constituir, ou na falta de ela, a CMC) tenha a seu cargo a sua definitiva discussão, e a
definição de indicadores e dimensões de análise, bem como a recolha, tratamento e análise
futura dessa informação, constituindo esta quanto a nós uma preciosa base de informação
21
para a análise da actividade criativa e seus resultados no concelho de Cascais .
21
E podendo aqui beneficiar ainda que parcialmente da base de trabalho já iniciada pelos trabalhos do
OAC e a sistematização de procedimentos de recolha e tratamento de informação empírica sobre as
actividades culturais do concelho.
Diagnóstico do potencial das
actividades criativas no Fórum
concelho – visão síntese
6.1. Síntese dos recursos criativos para o desenvolvimento de Cascais
Nesta secção pretende-se contribuir para uma visão de síntese, com um carácter mais
qualitativo, do potencial “criativo” do concelho de Cascais, através de uma leitura dos
elementos de caracterização e diagnóstico apresentados anteriormente, mas com base num
conjunto de dimensões de análise transversais às usadas nos pontos precedentes.
São consideradas 6 dimensões estratégicas de análise e acção, definidas em termos
dos elementos que poderão consubstanciar recursos criativos (e determinar linhas de
actuação), para o concelho de Cascais:
a) As pessoas
b) Os espaços
c) O empreendedorismo
d) As instituições
e) Os mercados
f) As representações
A junção destes elementos a partir de uma estratégia coerente e de uma visão para o
desenvolvimento das indústrias criativas em Cascais poderá mobilizar recursos criativos
existentes e latentes e traduzir-se na estruturação de linhas estratégicas de
desenvolvimento, sendo a base para a formulação de projectos concretos.
6.1.1. As pessoas
Cascais, como foi visto na secção respectiva, tem um conjunto muito significativo e
relevante de entidades dedicadas às actividades culturais e criativas, públicas, privadas e
no terceiro sector. Para além de um conjunto muito importante de estruturas e
equipamentos municipais ou ligados ao universo municipal (incluindo diversos museus,
bibliotecas, centro cultural,…), destaca-se um conjunto significativo de agentes privados de
destaque a nível nacional, nos respectivos sectores (pense-se a título de exemplo na
Fundação Ellipse, ou em empresas como a Move Interactive), ou, por exemplo, o maior
empregador artístico do país, o casino do Estoril, através da Estoril Sol.
No entanto, tal como a generalidade do sector, o tecido empresarial (grande parte micro
empresas, associações ou mesmo indivíduos) é muito frágil, pouco profissionalizado e
muitas vezes com actividade intermitente, podendo beneficiar claramente de uma maior
articulação e de uma colaboração interinstitucional, seja na realização de projectos comuns,
seja na partilha de custos e acesso a financiamentos, seja na distribuição e acesso aos
mercados, por exemplo.
Da mesma forma, Cascais tem diversas instituições de enquadramento e apoio, que
podem ter um papel fulcral no desenvolvimento do sector e da sua “empresarialidade” ou na
promoção do seu financiamento, desde a própria CMC às diversas agências municipais (a
DNA, a Cascais Natura, a Cascais Atlântico, a Cascais Energia,), à Junta de Turismo da
Costa do Estoril, etc. Verifica-se também a existência de agentes culturais fulcrais como o
TEC, Fundação D. Luis I, ProJazz, Associação Internacional de Música da Costa do Estoril
Jazz, European Film Festival, Moda Lisboa, com actividade consolidada, bem como
experiências bem sucedidas de colaboração inter-institucional (Orquestra de Câmara de
Cascais e Oeiras, Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo).
No entanto, verificam-se algumas dificuldades de colaboração e diálogo, e alguma
ausência de exploração de um potencial de colaboração que podia ser maior – note-se por
exemplo, o aparente alheamento da Fundação Ellipse em relação ao concelho ou as ainda
não muito significativas colaborações dos agentes locais com o Casino do Estoril, em torno
de interesses mútuos. Da mesma forma, existe a possibilidade de maior articulação intra-
municipal entre departamentos, bem como entre estes e respectivas estruturas paralelas
(agências, fundação D. Luís, etc.), não obstantes os esforços verificados.
De destacar ainda o elevado dinamismo municipal e potencial de colaboração
intermunicipal, bem como o potencial de envolvimento de agentes de fora do sector, abertos
a uma colaboração em torno de projectos criativos (por exemplo, instituições com um peso
muito significativo no concelho, como a Santa Casa da Misericórdia, escolas, associações,
clubes desportivos, etc.).
É pois claramente importante a existência de visão e estratégia política, mas também é
essencial o envolvimento dos agentes e a sua mobilização em torno de objectivos
estratégicos comuns.
Pessoas Pessoas
- Elevada qualificação da população concelhia - Deslocação das classes criativas (ou da sua
(p.e., 22% com ensino superior); actividade) para Lisboa;
- Existência de muitos trabalhadores em - Movimentos pendulares líquidos negativos
actividades criativas com residência em (sobretudo entre estudantes), com pouca
Cascais; capacidade de atrair trabalho criativo para o
- Poder de compra acima da média nacional e concelho;
da AML; - Inexistência de capacidade de formação
- Mobilidade da População dentro e para fora específica especializada na área criativa e
do Concelho; artística no concelho;
- Relativo elevado grau de consumos - Ausência de uma “atmosfera” ou mood criativo;
artísticos mas realizados em grande parte fora - Grande assimetria espacial na distribuição
do concelho; socioeconómica da população concelhia, com
- Existência de uma população multicultural áreas mais afastadas das práticas criativas;
(existência de uma grande variedade de - Falta de participação e pouca propensão à
nacionalidades e expressões identitárias); expressão criativa (p.e, movimento associativo);
- Sector terciário relativamente desqualificado
(p.e, perfil salarial abaixo da média nacional).
- Multiculturalidade – fraco aproveitamento de
residentes estrangeiros e imigrantes;
Espaços Espaços
- Múltiplos e variados equipamento e infra- - Elevado custo do metro quadrado de solo (em
estruturas culturais. termos relativos em todo o concelho, face à
- Existência de um vasto e rico património, AML) e em particular no centro histórico e zonas
muito dele classificado; nobres (sobretudo de Cascais e Estoril);
- Condições naturais propícias à localização - Limitações físicas à expansão e implementação
de agentes e actividades criativas (mix de sol- de actividades mais “extensivas” - novas Áreas
mar, serra, espaços urbano, condições de expansão limitadas (para actividades espaço-
naturais, património histórico, p.e –set de intensivas);
filmagens) e qualidade ambiental - Concentração da maioria das infra-estruturas
- Grande proximidade à AML, com um no litoral-Sul em contraponto com crescimento
conjunto de equipamentos, espaços e demográfico e económico do interior; (assimetria
instituições com as quias podem ser grande, não obstante melhorias)
exploradas complementaridades e geradas - Ausência de espaços de sociabilidade
sinergias marcantes e com carácter (animação nocturna,
- Bons acessos rodoviários, ferroviários e convívio artístico, falta de “zonas criativas”);
marítimos - Muito fraca apropriação dos espaços públicos,
mesmo após melhorias e requalificação;
- Insuficiente visibilidade e frágil sinalização e
localização dos “Espaços Culturais”;
Empreendedorismo Empreendedorismo
- Existência de estruturas institucionais e - Tecido empresarial frágil quando comparado
projectos concretos já em curso na promoção com a AML;
do empreendedorismo e apoio à dinâmica - Relativa debilidade de iniciativa, seja por parte
empresarial (DNA e outras agências) da população, seja das associações culturais
- Existência de vontade política para atracção para a criação e concretização de projectos;
de investimentos empresariais na área do - Fraca tradição de espírito empreendedor nas
cluster criativo; actividades culturais (e criativas) no concelho
- Dinâmica institucional favorável à promoção - Falta de densidade / Ausência de clusters de
do espírito empreendedor e à dinâmica dinamização sectorial
empresarial;
PONTOS FORTES / POTENCIALIDADES PONTOS FRACOS / DEBILIDADES
Instituições Instituições
- Existência de Instituições de Ensino Artístico - Ausência de Instituições de Ensino na área do
no âmbito das actividades culturais sector criativo (com excepção de parcerias e
tradicionais; cursos breves);
- Usufrui do maior Casino da Europa e - Débil/Falta de articulação interinstitucional,
principal empregador de artistas do País; sobretudo no sector público/privado;
- Elevado número de associações culturais; - Um certo distancimento de alguns actores
- Existência de instituições responsáveis por fulcrais (p.ex, Casino) na vida do Concelho;
grandes eventos culturais com impacto - Total isolamento de alguns actores (p.ex.
nacional e internacional; Fundação Ellipse)
- Eventos de âmbito nacional ou extra
concelhia, de elevado perfil mediático (p. ex.
Festival Eurpoeu de Cinema, Moda Lisboa) ou
de elevada carga histórica (Estoril Jazz, p. ex.)
- Existência de inúmeras agências e
instituições municipais e participada com
intervenção activa na vida cultural do concelho
(p. ex Fundação D. Luís)
Mercados Mercados
- Integração numa área metropolitana muito - Exiguidade do mercado local, para áreas
acessível, com cerca de 2,5 milhões de especializadas e necessidade de explorar
habitantes, que criam limiares de mercado mercados mais amplos (AML, nacional,
para muitas actividades e massas criticas de internacional);
recursos utilizáveis na produção criativa - Falta de estruturação económica e empresarial
- Existência de eventos (e equipamentos) de do sector;
âmbito supra-local, bem como de empresas - Falta de profissionalização das actividades
criativas com capacidade de explorar culturais e artísticas e escasso aproveitamento
mercados externos de forma competitiva; do mercado;
- Existência de novos espaços e - Escassez de instrumentos de política
infraestruturas culturais, com necessidades de vocacionados para as especificidades do sector
programação, e potencial de utilização cultural e criativo, para além do apoio cultural
alternativa; mais convencional (política de subvenções);
- capacidade de atracção turística, embora de - Inexistência de um cluster ou embrião (fraca
curta permanência; interelação entre agentes)
- Despesa municipal com cultura per capita
inferior a Lisboa, AML; Oeiras e país.
Representações Representações
- Forte poder icónico do concelho (embora em - Fraca centralidade do cluster das indústrias
eixos muito distintos): passado que envolve criativas nas imagens do concelho…
imagens de glamour, aristocracia, espiões, - Imagens múltiplas e paradoxais (linha/ balnear /
etc. exílios, etc.);
- Imagem de Cascais – atracção de - Falta de centralidade das indústrias criativas
visitantes/turistas; em si mesmas e como actividades económica
- Importancia do sector turístico, - Associação a elitismo / identificação como zona
nomeadamente de turistas com maior poder cara, podendo levar à auto-exclusão de certos
de compra; espaços
- Ligação ao lazer, entretenimento, etc.
- Ligação a elitismo;
- Identificação como zona nobre;
- Ligação ao espaço físico e natural do
concelho, e em particular ligação ao mar;
- Ligação à imagem histórica e património;
- Articulação com AML, Lisboa, Sintra;
OPORTUNIDADES AMEAÇAS
Pessoas Pessoas
- 2,8 milhões de pessoas na AML; - Cooptação da classe criativa do concelho (pelo
- Multiculturalidade – existência de uma menos enquanto trabalhadores) pelos concelhos
grande variedade e diversidade de culturas; vizinhos;
- Atractividade do concelho na captação dos - Diversidade social e económica: possibilidade
trabalhadores criativos (qualidade de vida) no de tensões sociais;
contexto de crescimento destas actividades;
- Potencial demográfico: taxas médias de
crescimento efectivo da população muito
acima das médias nacional e da AML;
- Existência de uma população sénior com
rendimentos acima da média, disponibilidade
e hábitos de consumo cultural;
- Captação de turistas, como públicos, e de
artistas estrangeiros;
- Possibilidade de obtenção de financiamentos
comunitários na área da formação;
Espaços Espaços
- Aumento do número de equipamentos, - Algum desordenamento do território e falta de
muitos deles com grande potencial de qualidade de espaços públicos, fora da sede de
crescimento ao nível da sua utilização; concelho;
- Envolvente geográfica apelativa para o – Falta de apropriação dos espaços públicos –
desenvolvimento de actividades criativas e a subutilização de espaços públicos;
atracção de classes criativas (praias, parque - Concentração espacial e temática das
natural, etc), podendo ser fomentada a sua actividades culturais - muito homogéneas e
atractibilidade externa; pouco diversificadas (fine arts e património);
- Inserção numa região com elevada - Proximidade com Lisboa (pólo aglutinador das
densidade populacional (AML) – actividades criativas e do consumo cultural da
Complementaridade e diversidade; região);
-Existência de novos equipamentos
disponíveis para a localização de actividades
criativas;
- Possibilidade de aproveitar o potencial do
espaço construído (arquitectura, design, valor
histórico) e natural para a necessária aposta
no simbólico e na valorização da imagem do
concelho
Empreendedorismo Empreendedorismo
- Existência da agência DNA e projectos de - Falta de actuação específica orientada para o
apoio ao empreendorismo local (bem como de sector cultural e criativo, com grandes
outras agências) que poderão articular-se com especificidades face a outros sectores
actuação específica para este cluster de económicos;
actividades; - Grande capacidade (e estruturas) de captação
- Procura potencial como elevado poder de de actuação e agentes empreendedores por
compra, que poderá afirmar o concelho como parte de outros concelhos da AML (em particular
espaço propício para a experimentação e o Oeiras e Lisboa);
desenvolvimento de projectos piloto. - Existência de cluster mais estruturados no
- Capacidade de explorar as especificidades e concelho vizinho, em particular nas áreas das
a imagem do concelho para a atracção de novas tecnologias;
grandes investimentos exógenos no sector (já
há alguma procura latente)
OPORTUNIDADES AMEAÇAS
Instituições Instituições
- Existências de instituições mobilizáveis para - Falta de articulação e colaboração
o fomento da cooperação entre actores generalizada interinstitucional entre os agentes
privados e públicos (agências, departamentos concelhios (municipais, públicos, empresariais,
municipais); associativos, etc) em torno de objectivos comuns
- Potencial papel do Casino, grande para o desenvolvimento do concelho
empregador artístico e criativo concelhio (mais - Algumas dificuldades e falta de historial de
de uma centena de artistas e técnicos por colaboração/articulação entre actuação dos
dia); diversos departamentos e divisões municipais e
- Potencial de colaboração intermunicipal, seja entre estes e as diversas agências municipais.
de instituições públicas ou paralelas, seja de - Falta de espírito de colaboração generalizado
outros agentes; com instituições de municípios vizinhos (embora
- Potencial de envolvimento de grandes (e haja excepções, por exemplo em instituições
pequenos) agentes com tradição e peso no culturais) de forma gerar sinergias, criar massas
concelho, em projectos criativos diversos, ou críticas,…
que tenham objectivos comuns (como a
inclusão ou outros) – p. ex. Santa Casa da
Misericórdia, Junta do Turismo, entre outros;
- Tradição de eventos e colaboração com
instituições (p. ex., Moda Lisboa, Mundomix,
Estoril open, Festivais de jazz, etc.).
Mercados Mercados
- Mercado potencial da AML, em muitos - Inserção na AML – possibilidade de existência
segmentos; de eventos, instituições e actividades
- Existência de novos mercados, associados À concorrentes;
expansão de actividades criativas nas - Sobreposição com actividades já presentes nos
sociedades actuais, mas também à concelhos limítrofes, e dificuldades competitivas
externalização de funções por parte de em sectores já muito desenvolvidos e explorados
poderes públicos (funções de intermediação, (p. ex. TICs e sector audiovisual em Oeiras);
como programação ou agenciamento, por - Fraca aposta em termos de políticas públicas
exemplo,); de âmbito nacional à expansão e
- Possibilidade de explorar desenvolvimento de mercados nas indústrias
complementaridades e articulações com criativas (e concentração de investimentos do
agentes existentes nos concelhos limítrofes e QREN para o sector no norte do país);
gerar mercados próprios (p. ex, Microsoft,
Oracle, canais de televisão, empresas de
comunicações, etc, em Oeiras ou Lisboa)
- Grande potencial de crescimento de
actividades culturais e de alargamentos de
públicos (sobretudo em zonas em crescimento
populacional do interior), com o aumento de
equipamentos culturas e infraestruturas
municipais verificado nos últimos anos
- tendência favorável em termos de públicos
culturais e de mercados para actividades
criativas em geral;
Representações Representações
- Ligação ao “mar” – Da tecnologia às artes; - Problema da inserção na AML – distinção da
- Potencial de aproveitamento da inserção na imagem;
AML, mas com marca diferenciadora;
- Exploração das diferentes imagens do
concelho e articulação coerente;
- Ligação aos recursos do jogo e exploração
da Junta de Turismo do Estoril
- Potencial de articulação- diferenciação com
Sintra e Lisboa
Apoio à
Princípios gerais e linhas implementação
de
estratégicas de actuação estrutura
Definição
institucional de
7.1. Dos estrangulamentos fundamentais à identificação de uma visão estratégica
para o desenvolvimento das indústrias criativas no concelho
.
Problema / estrangulamento fundamental nº2
INSUFICIENTE APOSTA NA EXCELÊNCIA,
NA QUALIDADE E NA DIFERENCIAÇÃO
Vítima do seu carácter periférico, dos fortes movimentos pendulares para fora e
dentro do concelho e das assimetrias sociais e territoriais acima identificadas, Cascais
sofre de uma fraca participação da sua população residente nas actividades culturais,
criativas, económicas do concelho. Bem sintomático deste alheamento é o sofrível
usufruto dos espaços públicos do concelho.
Assim, no sector cultural, o concelho mostra públicos culturais robustos, mas
demasiado pontuais, concentrados particularmente em dois ou três eventos e num
pequeno conjunto de equipamentos. Não existe uma dinâmica comum às numerosas
iniciativas que ocorrem no concelho, conducentes a uma procura contínua e
consistentes deste tipo de consumo. Um problema cuja quase inexistência de diálogo
institucional do concelho agrava. Do que se trata, no fundo, é de essencialmente de os
agentes reconhecerem os benefícios de actuação conjunta e partilharem objectivos
comuns, o que não se verificará em grande escala.
A solução para esta questão deverá passar, por isso, por uma contínua e insistente
formação de públicos, pela promoção de competências específicas, numa tentativa de
robustecer o perfil do público-cliente deste tipo de eventos e instituições, ao mesmo
tempo que tenta criar novos públicos, entre as diversas faixas etárias da população. À
semelhança de outros problemas, vistos anteriormente, a existência de instituições de
formação artística, teórica ou técnica, na área da criatividade, é também crucial para a
multiplicação de públicos e para a promoção da participação da população do
concelho.
Problema /estrangulamento fundamental nº 5:
FRACO RECONHECIMENTO SOCIAL DAS ACTIVIDADES CRIATIVAS E
CULTURAIS, NAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
Para isto, pretende-se a mobilização e uma articulação frutuosa dos diferentes tipos de
recursos disponíveis e que podem ser potenciados para o desenvolvimento de actuações
concretas neste campo:
a) As pessoas
b) Os espaços
c) O empreendedorismo
d) As instituições
e) Os mercados
f) As representações
numa lógica que permita a definição de linhas estratégicas relativamente consensuais e
partilhadas, as quais se sugerem, numa versão preliminar, de base para discussão pelos
agentes locais, na secção seguinte deste relatório.
7.2. Identificação preliminar de linhas estratégicas de desenvolvimento
As Instituições
(…)
LINHAS ESTRATÈGICAS DE DESENVOLVIMENTO
178
população, nas diversas práticas e mercados, não dispensa ainda outras actuações mais
focalizadas, centradas na inclusão social, na formação de públicos específicos, ou no
fomento de uma maior mobilidade social e territorial.
179
7.3 Identificação preliminar de alguns projectos estruturantes
180
PROJECTO ESTRUTURANTE 1
ESTRUTURAÇÃO DE UM CLUSTER EM TORNO DO AUDIOVISUAL/MULTIMÉDIA
22
Pense-se, também a título de exemplo ( num outro sector de actividade mas segundo uma lógica
semelhante), no peso do empreendimento AutoEuropa e nos seus efeitos de arrasto no
desenvolvimento de um cluster automóvel na Península de Setúbal.
181
Uma intervenção nesta zona poderia combinar a localização de actividades económicas
mais estratégicas (vs. as actualmente existentes) e o ordenamento e a qualificação territorial
desta zona.
Este eixo estruturante de actuação beneficiaria ainda em ser ancorado naquilo que é a
posição de Cascais no âmbito regional. Tendo em conta que Cascais não é um concelho
isolado e que pode beneficiar da proximidade com os concelhos limítrofes, podendo
explorar um grande potencial de articulação com o tecido empresarial existente no sector
tanto em Lisboa como em Oeiras. Exemplo desta potencial articulação para o
desenvolvimento de um cluster na área norte da AML é a localização em Oeiras das duas
estações de televisão privadas, da PT-Sistemas de Informação, ou do grupo Impresa.
Em paralelo a esta actuação, e sem a necessidade de libertação de grande espaço para
equipamentos de maior dimensão, uma alternativa complementar seria a elaboração de
projecto(s) de menor escala, paralelos, no campo do audiovisual ou do multimédia
relacionado(s) com o desenvolvimento de conteúdos associados às tecnologias do mar ou a
formas e conteúdos de arte associados do mar, aproveitando a especialização local no
sector e o reforço de factores de atracção de profissionais e centros de investigação e
pesquisa destes sectores (alguns deles de topo a nível mundial).
182
PROJECTO ESTRUTURANTE 2
DESENVOLVIMENTO DE UM PÓLO CRIATIVO NO CENTRO HISTÓRICO DE CASCAIS
(POTENCIALMENTE LIGADO A RECONVERSÃO URBANA)
183
assumir nos últimos anos no campo simbólico associado à vida cultural de Cascais, com a
realização de numerosos concertos e eventos como a Moda Lisboa ou a Feira Mundo-Mix.
Face às características da zona e ao perfil do tecido de agentes culturais e criativos no
concelho, a actuação teria de passar necessariamente por um processo directa ou
indirectamente conduzido pelas autoridades públicas, em particular municipais (já que não
parece existir massa crítica para uma agência autónoma ou para uma solução pura e
simplesmente no mercado, como aconteceu em outros espaços noutras cidades). Assim
sendo, seja a questão da geração de uma solução para a obtenção e disponibilização de
espaços, seja a sua gestão e a articulação dos agentes envolvidos, teria de passar por uma
instituição fortemernte participada ou regulada pelos poderes públicos, nomeadamente
23
municipais .
Isto poderá por exemplo passar pela criação de regras (no programa do concurso
associado à requalificação deste espaço) que garantam áreas disponibilizadas para estas
actividades culturais e criativas e uma gestão desses mesmos espaços, de forma integrada,
por uma entidade na qual a Câmara Municipal tenha papel determinante (como a sugerida
no projecto estruturante 4).
Poderá associar-se igualmente à criação de uma marca identitária mais forte, de uma
sinalética que gere alguma identidade, e de um sistema de incentivos e apoio ao risco
específico, ou tratado de forma específica, por exemplo. Se possível, será igualmente
desejável uma estreita articulação (ou pelo menos, uma grande proximidade física) com o
projecto estruturante 3 (formação avançada no campo específico das actividades culturais e
criativas).
23
Outras hipóteses de espaços poderiam ser exploradas, na impossibilidade deste. Os diversos fortes
ao longo da Costa (alguns em reabilitação ou com projectos nesse sentido) ou um espaço com as
características do actual complexo comercial e de restauração “casa da Guia”, por exemplo seriam
possibilidades, embora com a desvantagem do isolamento e ghettização da área, o que poderia
igualmente acontecer numa localização mais descentralizada, por exemplo numa área industrial ou
numa zona residencial mais suburbana.
184
PROJECTO ESTRUTURANTE 3
ESCOLA DE FORMAÇÃO AVANÇADA
185
PROJECTO ESTRUTURANTE 4
ESTRUTURA INSTITUCIONAL “AGÊNCIA PARA A PROMOÇÃO DA CRIATIVIDADE DO
CONCELHO DE CASCAIS”
186
organização de eventos/formações, nomeadamente organização anual de um
Colóquio envolvendo as forcas vivas do sector cultural de Cascais.
Articulação e envolvimento externo com mediadores culturais relevantes para a
promoção das actividades (críticos, programadores, etc.), e lobbying das indústrias
criativas locais;
Apoio, agilização e facilitação da realização de acordos e consórcios entre
instituições e agentes locais e actores e potenciais investidores exógenos;
Algumas destas funções existem em muitas operações deste tipo e estão patentes em
experiências de instituições com as indicadas de seguida, a título meramente
exemplificativo: www.terminalb.org/ (Barcelona Creative Database);
http://www.culturalenterpriseoffice.co.uk/website/.
Note-se aqui que esta agência poderia depois evoluir para um modelo mais ambicioso
(como o existente em muitas cidades inglesas com as CIDA’s - Cultural Industries
Development Agencies), com a possibilidade de entrar por outros campos de actuação
(nomeadamente a reabilitação urbana), mas num patamar que exigiria uma estrutura e um
conjunto de recursos bem mais vultuoso (onde por exemplo, à semelhança do caso inglês,
se poderia equacionar um afectação das receitas do jogo ao funcionamento de uma
instituição deste tipo, por exemplo).
Note-se finalmente a importância da articulação com as agências já existentes no
município, e m particular a DNA; o que poderia passar não por uma duplicação de
estruturas, mas por lógicas de colaboração com definição e partilha de responsabilidades
(por exemplo, com a criação na DNA, no campo do fomento ao empeendedorismo, de uma
área específica, com regras e dotação específica, para o sector cultural e criativo).
187
PROJECTO ESTRUTURANTE 5
ARTES VISUAIS CRIATIVAS – ARQUITECTURA, DESIGN, DESENHO E ARTES
VISUAIS
Os arquitectos são uma importante parte da classe criativa de Cascais (mais de 40%). O
seu ritmo de crescimento nos últimos dez anos, 220%, ultrapassa o dos outros concelhos da
Grande Lisboa. Este crescimento tem tido correspondência em algumas actividades e
eventos que tomaram lugar no concelho (pólo da Trienal de arquitectura, exposições
Nyemeyer, Aires Mateus). Partindo dessa vantagem comparativa, apresentamos algumas
ideias que visam não só a dinamização desta classe per se, mas sobretudo a possibilidade
de nos alavancarmos nesta classe para dinamizar todo o conjunto de actividades criativas
focadas no desenho e nas artes visuais do concelho. Este “cacho de propostas” visa criar
condições dinamizadoras quer a montante (o lado da oferta), quer a jusante (o lado da
procura).
1- Criação de espaços para arquitectos, designers e outros artistas visuais. Estes
espaços, fornecendo condições favoráveis (fiscais, arrendatárias, etc) e
acompanhadas por estuturas de gestão próprias que proporcionassem uma agenda
(workshops, acções de formação, exposições), permitiriam a interacção entre os
diferentes agentes. Alguns exemplos existentes já em Lisboa são o seguintes:
- http://www.ateliersdesantacatarina.org/
- http://arqcoop.no.sapo.pt/
- http://www.lxfactory.com/lxfactory.swf
A criação destes espaços podia ser feita de duas formas alternativas: através da
reabilitação de edifícios degradados no centro de Cascais; através da recuperação
de um qualquer armazém. Este espaço podia também servir de ninho de empresas
na área (envolvendo-se aqui a agência DNA). A iniciativa de base pode ser
essencialmente privada, embora possa de ter de ser incentivada (ou pelo menos
facilitada e orientada) pelos poderes públicos.
2- Criação de concursos de ideias para arquitectos. Com uma periodicidade bienal e
com eventual limite de idade (35 anos?), este tipo de concurso proporciona uma
imagem de marca ao concelho na área de arquitectura, além de ser uma forma
relativamente pouco dispendiosa para pensar em intervenções mais ou menos
pontuais no espaço público (praias, praças, etc). Uma outra condição poderia ser a
necessidade de serem equipas multidisciplinares (arquitectos, designers,
escultores) a apresentarem os projectos, promovendo as sinergias entre eles. Uma
condição que poderia também ser utilizada em concursos de arte pública.
Seria aqui interessante uma eventual articulação com o Centro Cultural de
Cascais ou a colaboração de outros agentes já presentes no Concelho.
188
3- Criação de bolsas municipais para estudantes, no ensino superior, na área das
artes visuais, com a condição de estes desenvolverem a sua posterior actividade no
município.
4- Organização de um concurso de ideias para pintar os paredões da Marina de
Cascais. Este projecto emblemático poderia fazer parte das primeiras intervenções
tendo em vista a promoção de Cascais como concelho criativo.
5- Fomento da Arte Publica pelos promotores imobiliários (utilização do sistema de
contrapartidas nos novos projectos imobiliários?; estabelecimento de regras nesse
sentido em programas em obras de concurso público?, etc.).
189
PROJECTO ESTRUTURANTE 6
ARTICULAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS CULTURAIS CONCELHIOS E DA SUA
UTILIZAÇÃO (COM EXPANSÃO AO RESTO DO CONCELHO)
Os vários estudos, estatísticas e publicações aqui analisados dão-nos uma ideia clara do
dinamismo e esforço que as entidades públicas, entre elas a Câmara Municipal, e as forças
vivas do Concelho têm aplicado no desenvolvimento cultural do município. De resto, a
considerável dimensão da bem organizada Agenda Cultural mensal é reflexo disso mesmo.
Parece-nos assim indiscutível que Cascais tem investido progressivamente em actividades
culturais e criativos, como aliás atestam os muitos equipamentos construídos nos anos mas
recentes..
Este “bom” diagnóstico inicial afigura-se como um excelente ponto de partida para, por
um lado, se manter o empenho em se ultrapassar a “clivagem litoral-interior” (OAC, 2005) e
fazer com que a “particular relevância da freguesia de Cascais, avultando, no que se refere
à oferta/procura cultural, a concentração de equipamentos, serviços, eventos,
visitantes/públicos, sobretudo no espaço correspondente ao centro histórico da vila” (idem)
contagie o restante espaço do Concelho (ainda relativamente muito subestimado), e, por
outro lado, para ajudar a promover as (outras) actividades criativas, tal como definidas neste
documento.
Com este eixo estruturante em termos de projectos pretende-se aprofundar a utilização
e, se possível, expandir o uso dos equipamentos culturais concelhios. Não se tem como
objectivo substituir o papel das actuais estruturas organizativas, camarárias e outras, mas
sim sublinhar a importância que o investimento continuado nestas áreas tem no
desenvolvimento cultural e criativo do município. Mais especificamente, este eixo orienta-se
para o investimento em equipamentos em zonas mais carentes e na promoção da utilização
e fruição do património e dos equipamentos existentes.
Com os objectivos anteriores em mente, o presente eixo poderia ter como vectores de
intervenção:
Articulação dos museus existentes e património (oferta de visitas integradas, ou seja,
criação de circuitos com visita a mais do que um espaço em vez de visitas isoladas;
aumentar a visibilidade dos serviços educativos, principalmente junto das escolas
do concelho, mas não só; integração em redes internacionais).
Aumento da integração e multifuncionalidade da programação dos diversos
equipamentos, com uma maior organização em rede da programação, criando
economias de escala, e alargando a democratização dos públicos (alargando, por
exemplo, a itinerância de certos espectáculos ou exposições, ciclos de debates,
etc., a outros espaços, mesmo de pequena dimensão, como bibliotecas ou museus
municipais, por exemplo), seja internamente ao município de Cascais (com
190
particular foco nas novas zonas residenciais), seja, a outra escala, no âmbito de
redes de carácter regional, nacional ou internacional;
Investimento num equipamento cultural, do tipo Centro Cultural polivalente e de média
dimensão, com sala(s) de espectáculo, exposição e espaços para actividades
artísticas e projectos - para servir as populações de São Pedro (oriental), Parede,
Carcavelos e São Domingos de Rana, com especial atenção para a proximidade a
Oeiras e Lisboa (atracção de pessoas).
Aumentar a aposta no binómio turismo / cultura, oferecendo “pacotes” culturais em
parceria com os agentes turísticos do concelho e da região de Lisboa;
Utilização de equipamentos existentes (por exemplo, património, mas não só), para se
realizarem eventos, residências artísticas, cursos;
Aposta no conceito “Arte Sénior”, com projectos concretos junto desta população.
Criação de uma rede descentralizada de agentes culturais, em parceria com
associações de moradores, clubes recreativos, etc., com actuação ao nível do
bairro para se desenvolverem projectos artísticos e criativos apoiados pela Câmara.
Criação de um museu iteractivo da História de Cascais (p.e. Toronto), como nasceu
como se desenvolveu, quem foram e quem são os seus habitantes, ,..
Dinamização de pequenos eventos especiais a nível local, com impacto e visibilidade
e captação de novos públicos (por exemplo, noite dos antiquários, dia dos museus,
etc – com iniciativas como o fechamento de transito; as alterações de horários, a
entrada gratuita, - cf o exemplo da “Virada cultural”, em S. Paulo, no Brasil);
191
PROJECTO ESTRUTURANTE 7
INCLUSÃO SOCIAL PELA ARTE E A CRIAÇÃO
24
http://www.takingpartinthearts.com/listing.php?listing=case_studies_of_current_practice
25
http://www.creative-partnerships.com/projects/
26
http://www.csglasgow.org/services/ArtsDevelopment/ArtDevProjects/artsandsocialinclusion.htm
192
Na cidade de São Paulo, Brasil, muitas escolas de zonas problemáticas têm-se vindo a
transformar no pólo agregador destas comunidades. Exemplos interessantes são as
iniciativas de estímulo a que os próprios alunos e a comunidade desenvolvam projectos de
reabilitação das escolas - em muitos casos os próprios “infractores” passaram a colaborar,
desde que reconhecessem na iniciativa um porta legítima e democrática de expressão.
No caso português, a experiência da Associação Moinho da Juventude no Bairro da
Cova da Moura, em Lisboa, tem também sido muito referenciada como um interessante
caso de envolvimento da comunidade local, através da cultura e criatividade, em projectos
que aumentam a inclusão e o desenvolvimento socioeconómico da população envolvida
(desde visitas guiadas e valorização da gastronomia, até À expressão musical ou corporal,
por exemplo).
Algumas ideias de acção (exemplos):
- Continuação do projecto de fomento das visitas às bibliotecas municipais, através da
organização de eventos; Reforço da inserção dos museus de Cascais em redes
internacionais de troca de experiências (Programas de Cooperação Transregional e
transfronteiriça no âmbito do QREN, p.e.);
- Promoção das visitas dos alunos das escolas aos espaços culturais do concelho (além
das habituais, como os museus, visitas, p.e., a galerias de arte, ao teatro, etc.)
- Fomento de um concurso ao nível das escolas concelhias para a promoção de ideias
inovadoras envolvendo a criatividade;
- Programa mecenato de empresas nas Escolas Secundárias (oferta de bolsas,
instrumentos musicais, equipamento artístico, etc…)
- Mobilização das associações de moradores ou do seu apoio para projectos de cariz
criativo (realização de workshops de actividades culturais nos bairros, p.e., de pintura,
sessões de leitura para crianças, teatro, marionetes, exposições sobre os países de origem
de grupos étnicos dominantes, "festivais" de gastronomia étnica, ensino de língua
estrangeira,,...);
- Disponibilização de espaços para grafittis;
193
PROJECTO ESTRUTURANTE 8
INTERFACE MAR-AMBIENTE-NATUREZA-CULTURA
27
Da Wikipedia: “A Land Art, também conhecida como Earth Art ou Earthwork é o tipo de arte em
que o terreno natural, em vez de prover o ambiente para uma obra de arte, é ele próprio trabalhado de
modo a integrar-se à obra. A Land Art surgiu em finais da década de 1960, em parte como
consequência de uma insatisfação crescente em face da deliberada monotonia cultural pelas formas
194
(incluindo também a promoção do uso de material reciclado e a valorização da
natureza como espaço privilegiado para o desenvolvimento de actividades culturais e
artísticas).
Criação de uma Bienal/Trienal artística sujeita às temáticas centrais da imagem do
concelho, - mar, ambiente, cultura (a ser patrocinada pelo sector hoteleiro do
Concelho).
Fomento de um cluster de investigação ligado ao mar ou à energia, com o estudo
da possibilidade de atracção de alguma instituição nacional para o Concelho;
195
OUTRAS POSSIBILIDADES DE PROJECTOS A CONSIDERAR / QUESTÔES A
DISCUTIR
- Que articulação com as empresas de Multilédia e os media, com um peso forte nos
concelhos de Lisboa, e Oeiras e Sintra?
196
Nota conclusiva:
Sequência dos Trabalhos
197
8.1. Nota Conclusiva
198
Bibliografia
BIBLIOGRAFIA
199
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Documentos de Trabalho.
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203
Anexos
204
ANEXO - A
205
Tabela 1.2 - Classificação DCMS por Ocupação Criativa (SOC)
2431 Architects
2451 Librarians
3122 Draughtspersons
3411 Artists
3415 Musicians
206
Tabela 1.3 – Classificação KEA das actividades Culturais e Criativas
NACE 1.1
Culture / Creative Industry (1)
(EU)
Advertising 74.40
Architecture 74.20 x
22.32 x
Video, film and photography 92.10
92.72 x
(of which: Photography) 74.87 x
74.81 x
22.14
Music and the visual and performing arts 22.31 x
74.87 x
92.40
Printing 22.2
92.20
Radio and TV (Broadcasting)
92.72 x
52.12 x
52.48 x
Art and antiques trade
52.63 x
52.50 x
Crafts
Museums 92.5 x
22.33 x
Included in UK Creative industries list:
Computer games, Software, Electronic publishing
72.2 x
Fonte: International Measurement of the Economic and Social Importance of Culture - OECD
207
ANEXO - B
1995
Incorporação de Distribuição de
Núcleo criativo Conteúdos nos produtos
Suportes reprodutíveis
N % N % N %
Emprego criativo 2843 8,533% 68 0,203% 658 1,976%
Artes visuais 0 0,000%
Artes Performativas 1 0,003%
Núcleo Património 0,000%
Actividades
Outras actividades de 4 0,011% 19 0,058%
Culturais
apoio e agenciamento...
0,000%
às artes e artistas
(transversal)
Cinema, vídeo e
229 0,687%
fotografia
Círculo 1 Televisão e Rádio 316 0,948%
Indústrias Vídeo Jogos (software 64 0,193% 639 1,918%
0,000%
Culturais criativo)
Música Gravada 5 0,015%
Livros e Imprensa 837 2,512%
Círculo 2 Design 775 2,327%
Indústrias e Arquitectura 46 0,138%
Actividades
Publicidade 160 0,480%
Criativas
Artesanato 14 0,042%
Ensino Artístico 229 0,687%
Indústrias Jogo, entretenimento e
Relacionadas parques de diversão e 22 0,065%
entretenimento
Turismo 209 0,628%
2000
Incorporação de Distribuição de
Núcleo criativo Conteúdos nos produtos
Suportes reprodutíveis
N % N % N %
Emprego criativo 2987 5,901% 26 0,051% 871 1,721%
Artes visuais 2 0,004%
Artes Performativas 16 0,032%
Núcleo
Actividades Património 2 0,004%
Outras actividades de 1 0,002% 41 0,081%
Culturais
apoio e agenciamento...
0,000%
às artes e artistas
(transversal)
Cinema, vídeo e
161 0,318%
fotografia
Círculo 1 Televisão e Rádio 560 1,106%
Indústrias Vídeo Jogos (software 24 0,048% 830 1,640%
0,000%
Culturais criativo)
Música Gravada 33 0,065%
Livros e Imprensa 1300 2,568%
Círculo 2 Design 0,000%
Indústrias e Arquitectura 65 0,128%
Actividades
Publicidade 342 0,676%
Criativas
Artesanato 10 0,019%
Ensino Artístico 56 0,111%
Indústrias Jogo, entretenimento e
Relacionadas parques de diversão e 23 0,046%
entretenimento
Turismo 416 0,822%
208
2005
Incorporação de Distribuição de
Núcleo criativo Conteúdos nos produtos
Suportes reprodutíveis
N % N % N %
Emprego Total 90048
Emprego criativo 6825 7,579% 35 0,038% 1196 1,328%
Artes visuais 6 0,007%
Artes Performativas 34 0,038%
Núcleo
Actividades Património 1 0,001%
Outras actividades de 3 0,003% 70 0,078%
Culturais
apoio e agenciamento...
1030 1,144%
às artes e artistas
(transversal)
Cinema, vídeo e
466 0,518%
fotografia
Círculo 1 Televisão e Rádio 1088 1,208%
Indústrias Vídeo Jogos (software 32 0,035% 1126 1,250%
11 0,012%
Culturais criativo)
Música Gravada 25 0,028%
Livros e Imprensa 1782 1,979%
Círculo 2 Design 775 0,861%
Indústrias e Arquitectura 140 0,155%
Actividades
Publicidade 712 0,791%
Criativas
Artesanato 0 0,000%
Ensino Artístico 56 0,062%
Indústrias Jogo, entretenimento e
Relacionadas parques de diversão e 21 0,024%
entretenimento
Turismo 678 0,0075315
209
Tabela 2.2: Lisboa
1995
Incorporação de Distribuição de
Núcleo criativo Conteúdos nos produtos
Suportes reprodutíveis
N % N % N %
Emprego Total 445958
Emprego criativo 9941 2,229% 120 0,027% 1284 0,288%
Artes visuais 133 0,030%
Artes Performativas 99 0,022%
Núcleo Actividades Património 13 0,003%
Culturais Outras actividades de 17 0,004% 131 0,029%
apoio e agenciamento...
0 0,000%
às artes e artistas
(transversal)
Cinema, vídeo e
466 0,104%
fotografia
Televisão e Rádio 1493 0,335%
Círculo 1 Indústrias
Vídeo Jogos (software 103 0,023% 1153 0,259%
Culturais 0 0,000%
criativo)
Música Gravada 19 0,004%
Livros e Imprensa 3384 0,759%
Design 895 0,201%
Círculo 2 Indústrias e
Arquitectura 259 0,058%
Actividades Criativas
Publicidade 749 0,168%
Artesanato 101 0,023%
Ensino Artístico 418 0,094%
Indústrias Jogo, entretenimento e
Relacionadas parques de diversão e 359 0,080%
entretenimento
Turismo 1553 0,348%
2000
Incorporação de Distribuição de
Núcleo criativo Conteúdos nos produtos
Suportes reprodutíveis
N % N % N %
Emprego Total 461316
Emprego criativo 14015 3,038% 77 0,017% 4479 0,971%
Artes visuais 182 0,039%
Artes Performativas 311 0,067%
Núcleo Actividades Património 67 0,015%
Culturais Outras actividades de 10 0,002% 340 0,074%
apoio e agenciamento...
0,000%
às artes e artistas
(transversal)
Cinema, vídeo e fotografia 887 0,192%
Televisão e Rádio 2229 0,483%
Círculo 1 Indústrias Vídeo Jogos (software
1 0,000% 68 0,015% 4140 0,897%
Culturais criativo)
Música Gravada 42 0,009%
Livros e Imprensa 4514 0,979%
Design 0,000%
Círculo 2 Indústrias e
Arquitectura 437 0,095%
Actividades Criativas
Publicidade 1613 0,350%
Artesanato 114 0,025%
Ensino Artístico 738 0,160%
Indústrias Jogo, entretenimento e
Relacionadas parques de diversão e 196 0,042%
entretenimento
Turismo 2685 0,582%
210
2005
Incorporação de Distribuição de
Núcleo criativo Conteúdos nos produtos
Suportes reprodutíveis
N % N % N %
Emprego Total 513500
Emprego criativo 37434 7,290% 50 0,010% 7086 1,380%
Artes visuais 245 0,048%
Artes Performativas 986 0,192%
Núcleo Actividades Património 349 0,068%
Culturais Outras actividades de 11 0,002% 746 0,145%
apoio e agenciamento...
3836 0,747%
às artes e artistas
(transversal)
Cinema, vídeo e fotografia 1776 0,346%
Televisão e Rádio 2996 0,583%
Círculo 1 Vídeo Jogos (software
214 0,042% 38 0,007% 6340 1,235%
Indústrias Culturais criativo)
Música Gravada 72 0,014%
Livros e Imprensa 6398 1,246%
Círculo 2 Design 4731 0,921%
Indústrias e Arquitectura 1053 0,205%
Actividades
Publicidade 2926 0,570%
Criativas
Artesanato 142 0,028%
Ensino Artístico 1365 0,266%
Indústrias Jogo, entretenimento e
Relacionadas parques de diversão e 6335 1,234%
entretenimento
Turismo 4012 0,781%
211
Tabela 2.3: Sintra
1995
Incorporação de Distribuição de
Núcleo criativo Conteúdos nos produtos
Suportes reprodutíveis
N % N % N %
Emprego Total 46783
Emprego criativo 1532 3,275% 43 0,091% 163 0,349%
Artes visuais 1 0,002% 0,011% 0,045%
Núcleo Artes Performativas 1 0,002% 0,000% 0,000%
Actividades Património 1 0,002% 0,000% 0,000%
5 21
Culturais Outras actividades de apoio e
agenciamento... às artes e 0 0,000% 0,000% 0,000%
artistas (transversal)
Cinema, vídeo e fotografia 49 0,105% 0,081% 0,303%
Círculo 1 Televisão e Rádio 17 0,036% 0,000% 0,000%
Indústrias Vídeo Jogos (software criativo) 0 0,000% 38 0,000% 142 0,000%
Culturais Música Gravada 3 0,006% 0,000% 0,000%
Livros e Imprensa 1062 2,270% 0,000% 0,000%
Círculo 2 Design 61 0,129%
Indústrias e Arquitectura 32 0,068%
Actividades
Publicidade 70 0,150%
Criativas
Artesanato 12 0,026%
Ensino Artístico 42 0,091%
Indústrias Jogo, entretenimento e
Relacionadas parques de diversão e 28 0,060%
entretenimento
Turismo 153 0,327%
2000
Incorporação de Distribuição de
Núcleo criativo Conteúdos nos produtos
Suportes reprodutíveis
N % N % N %
Emprego Total 64939
Emprego criativo 2208 3,400% 33 0,051% 935 1,440%
Artes visuais 0 0,000%
Núcleo Artes Performativas 9 0,014%
Actividades Património 1 0,002%
8 0,012% 45 0,069%
Culturais Outras actividades de apoio e
agenciamento... às artes e 0 0,000%
artistas (transversal)
Cinema, vídeo e fotografia 68 0,105%
Círculo 1 Televisão e Rádio 15 0,023%
Indústrias Vídeo Jogos (software criativo) 0 0,000% 25 0,039% 890 1,371%
Culturais Música Gravada 4 0,006%
Livros e Imprensa 1467 2,259%
Círculo 2 Design 0 0,000%
Indústrias e Arquitectura 66 0,102%
Actividades
Publicidade 194 0,299%
Criativas
Artesanato 7 0,011%
Ensino Artístico 64 0,098%
Indústrias Jogo, entretenimento e
Relacionadas parques de diversão e 21 0,032%
entretenimento
Turismo 292 0,450%
212
2005
Incorporação de Distribuição de
Núcleo criativo Conteúdos nos produtos
Suportes reprodutíveis
N % N % N %
Emprego Total 81670
Emprego criativo 4326 5,296% 34 0,042% 2157 2,641%
Artes visuais 0 0,000%
Núcleo Artes Performativas 108 0,132%
Actividades Património 0 0,000% 4 0,005% 145 0,177%
Culturais Outras actividades de apoio e
agenciamento... às artes e 201 0,246%
artistas (transversal)
Cinema, vídeo e fotografia 106 0,130%
Círculo 1 Televisão e Rádio 22 0,027%
Indústrias Vídeo Jogos (software criativo) 7 0,009% 30 0,036% 2012 2,464%
Culturais Música Gravada 1 0,001%
Livros e Imprensa 2671 3,270%
Círculo 2 Design 260 0,318%
Indústrias e Arquitectura 99 0,121%
Actividades
Publicidade 221 0,271%
Criativas
Artesanato 15 0,018%
Ensino Artístico 149 0,182%
Indústrias
Jogo, entretenimento e parques
Relacionadas 14 0,017%
de diversão e entretenimento
Turismo 452 0,554%
2005
Incorporação de Distribuição de
Núcleo criativo Conteúdos nos produtos
Suportes reprodutíveis
N % N % N %
Emprego Total 81670
Emprego criativo 4326 5,296% 34 0,042% 2157 2,641%
Artes visuais 0 0,000% 4 0,005% 145 0,177%
Núcleo Artes Performativas 108 0,132%
Actividades Património 0 0,000%
Culturais Outras actividades de apoio e
agenciamento... às artes e 201 0,246%
artistas (transversal)
Cinema, vídeo e fotografia 106 0,130%
Televisão e Rádio 22 0,027%
Círculo 1
Vídeo Jogos (software
Indústrias 7 0,009% 30 0,036% 2012 2,464%
criativo)
Culturais
Música Gravada 1 0,001%
Livros e Imprensa 2671 3,270%
Círculo 2 Design 260 0,318%
Indústrias e Arquitectura 99 0,121%
Actividades
Publicidade 221 0,271%
Criativas
Artesanato 15 0,018%
Ensino Artístico 149 0,182%
Indústrias Jogo, entretenimento e
Relacionadas parques de diversão e 14 0,017%
entretenimento
Turismo 452 0,554%
213
TAXAS DE CRESCIMENTO 1995-2005
Distribuição de
Incorporação de
Núcleo criativo produtos
Suportes
reprodutíveis
Emprego Total
Emprego criativo 182% -20% -54,428%
Artes visuais -100%
Núcleo Artes Performativas 10700%
Actividades Património -100% -15% 580%
Culturais Outras actividades de apoio e
agenciamento... às artes e -
artistas (transversal)
Cinema, vídeo e fotografia 116%
Círculo 1 Televisão e Rádio 29%
Indústrias Vídeo Jogos (software criativo) - -21% 1318%
Culturais Música Gravada -67%
Livros e Imprensa 152%
Círculo 2 Design 329%
Indústrias e Arquitectura 209%
Actividades
Publicidade 216%
Criativas
Artesanato 22%
Ensino Artístico 251%
Indústrias Jogo, entretenimento e
Relacionadas parques de diversão e -50%
entretenimento
Turismo 196%
1995
Incorporação de Distribuição de
Núcleo criativo Conteúdos nos produtos
Suportes reprodutíveis
N % N % N %
Emprego Total 376464
Emprego criativo 19179 5,09% 1114 0,30% 5776 1,53%
Artes visuais 184 0,05%
Artes Performativas 144 0,04%
Núcleo Actividades Património 22 0,01%
Culturais Outras actividades de 38 0,01% 323 0,09%
apoio e
agenciamento... às 0 0,00%
artes e artistas
(transversal)
Cinema, vídeo e
936 0,25%
fotografia
Televisão e Rádio 1880 0,50%
Círculo 1 Indústrias
Vídeo Jogos 1076 0,29% 5453 1%
Culturais 0 0,00%
(software criativo)
Música Gravada 43 0,01%
Livros e Imprensa 7324 1,95%
Design 2113 0,56%
Círculo 2 Indústrias e
Arquitectura 467 0,12%
Actividades Criativas
Publicidade 1207 0,32%
Artesanato 216 0,06%
Ensino Artístico 635 0,17%
Indústrias Jogo, entretenimento
Relacionadas e parques de diversão 1251 0,33%
e entretenimento
Turismo 2758 0,73%
214
2000
Incorporação de Distribuição de
Núcleo criativo Conteúdos nos produtos
Suportes reprodutíveis
N % N % N %
Emprego Total 546773
Emprego criativo 25123 4,59% 850 0,156% 9155 1,674%
Artes visuais 189 0,03%
Artes Performativas 406 0,07%
Núcleo Actividades Património 82 0,01%
Culturais Outras actividades de 33 0,006% 608 0,111%
apoio e agenciamento…
2 0,00%
às artes e artistas
(transversal)
Cinema, vídeo e
1429 0,26%
fotografia
Televisão e Rádio 2873 0,53%
Círculo 1 Indústrias
Vídeo Jogos (software 817 0,149% 8547 1,563%
Culturais 1 0,00%
criativo)
Música Gravada 88 0,02%
Livros e Imprensa 9791 1,79%
Círculo 2 Indústrias Design 0 0,00%
e Actividades Arquitectura 826 0,15%
Criativas Publicidade 2645 0,48%
Artesanato 234 0,04%
Ensino Artístico 1084 0,20%
Indústrias Jogo, entretenimento e
Relacionadas parques de diversão e 521 0,10%
entretenimento
Turismo 4952 0,91%
2005
Incorporação de Distribuição de
Núcleo criativo Conteúdos nos produtos
Suportes reprodutíveis
N % N % N %
Emprego Total 996426
Emprego criativo 57649 5,786% 896 0,090% 14569 1,462%
Artes visuais 266 0,027%
Artes Performativas 1397 0,140%
Património 365 0,037%
Outras actividades de 51 0,005% 1541 0,155%
Núcleo Actividades
Culturais apoio e agenciamento...
6355 0,638%
às artes e artistas
(transversal)
Cinema, vídeo e
2851 0,286%
fotografia
Televisão e Rádio 4510 0,453%
Vídeo Jogos (software 846 0,085% 13028 1,307%
253 0,025%
Círculo 1 Indústrias criativo)
Culturais Música Gravada 154 0,015%
Livros e Imprensa 15147 1,520%
Design 8294 0,832%
Círculo 2 Indústrias Arquitectura 1867 0,187%
e Actividades Publicidade 4664 0,468%
Criativas Artesanato 263 0,026%
Ensino Artístico 2278 0,229%
Jogo, entretenimento e
Indústrias
parques de diversão e 1302 0,131%
Relacionadas
entretenimento
Turismo 7682 0,771%
215
TAXAS DE CRESCIMENTO 1995-2005
Incorporação de Distribuição de
Núcleo criativo
Suportes produtos reprodutíveis
Emprego Total 165%
Emprego criativo 201% -20% 152,247%
Artes visuais 45%
Artes
870%
Performativas
Núcleo Actividades Património 1559%
Culturais Outras actividades 34% 377%
de apoio e
agenciamento... às -
artes e artistas
(transversal)
Cinema, vídeo e
205%
fotografia
Televisão e Rádio 140%
Círculo 1 Indústrias
Vídeo Jogos -21% 139%
Culturais -
(software criativo)
Música Gravada 258%
Livros e Imprensa 107%
Círculo 2 Indústrias Design 293%
e Actividades Arquitectura 300%
Criativas Publicidade 286%
Artesanato 22%
Ensino Artístico 259%
Jogo,
Indústrias entretenimento e
Relacionadas parques de 4%
diversão e
entretenimento
Turismo 179%
216
ANEXO - C
217
Tabela 3.3 – Grande Área Metropolitana de Lisboa
218
ANEXO - D
Tabela 1
219
Gráfico 1
Gráfico 2
220
ANEXO - E
Entrevistas
Lista de entidades consultadas até ao momento
(fase de diagnóstico)
a) Na CMC
• Vereadora Dra. Ana Clara Justino (Vereadora Cultura e Educação)
• Vereador Dr. Pedro Caldeira Santos (Vereador Finanças e Recursos Humanos)
• Dr. António Carvalho (Director do Departamento Cultura)
• Dra. Catarina Coelho (Agenda Cultural)
221