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POR:
AGNALDO BASLIO
O exerccio do olhar como possibilidade de imerso no outro, no mundo, nas coisas e nos
mais variados assuntos e objetos. O mais relevante no aquilo que vejo, mas sobre
tudo, como vejo aquilo que se apresenta. Toda beleza do ato fotogrfico consiste numa
constante reeducao do olhar. preciso reaprender a olhar. Se para o escritor francs
Arthur Rimbaud; o poeta um ladro de fogo, pode o fotografo ser igualmente um
ladro. Um caador de almas. Um gatuno fortuito das labaredas instantneas da vida.
Neste contexto o colorido raramente se revela. O que se compreende tempos difceis para
a representao colorida de uma realidade to incerta. H quem ateste que as cores,
entre seus nobres atributos so igualmente capazes de dis(trair) o olhar. Os instantes
que o fotografo apreende em diferentes tons de cinzas expem as contradies sociais e
econmicas, existentes numa metrpole que cotidianamente as afirma e as nega.
O verdadeiro fotgrafo, como de resto qualquer artista, deve escolher o caminho com o
corao e nele viajar incansavelmente, contemplando como pessoa inteira tudo o que
vivo. Absolutamente ntegro, sem propsito alcanar, sem submisso a regras e
frmulas, sem necessidade de parecer brilhante ou original, s assim autntico e livre
pode captar o esprito criador em movimento. Aquele que mergulha na viagem do ver tem
que estar com as portas da percepo sempre abertas, sabe que diante do eterno precisa
esquecer de si prprio.