Professional Documents
Culture Documents
1
3) Tempo de Percurso das Vias Alternativas.
Os concelhos do Vale do Sousa, bem assim como a região NUT III Tâmega, não
cumprem com nenhum dos três critérios, pelo que se estranha a inclusão dos
troços que servem esta região no conjunto dos que virão a receber a introdução de
portagens.
- O PIB per capita da Região do Vale do Sousa, bem como o de toda a NUT
III Tâmega, situa-se abaixo em 49,2% da média nacional; isso mesmo
resulta da análise dos mapas que suportam o próprio estudo do Ministério
2
das Obras Públicas, Transportes e Comunicações; não se encontra,
portanto, cumprido este critério;
Após análise exaustiva aos estudos encomendados pelo MOPTC, verifica-se que, no
caso da SCUT do Grande Porto, foram introduzidos mecanismos de correcção e
análise que claramente distorcem os resultados e que apresentam índices
estatísticos claramente artificiais. Basta atentar no seguinte: são apenas 6 os
Concelhos atravessados pela SCUT – Matosinhos, Maia, Valongo, Paredes, Paços de
Ferreira e Lousada; no entanto, para cálculo dos indicadores, considera-se Paredes
como concelho servido e não como atravessado e consideraram-se como também
servidos concelhos como o de Espinho, Póvoa de Varzim, Vila Nova de Gaia,
Amarante, Fafe ou Guimarães.
Ou seja, foram contabilizadas, para efeitos de cálculo dos índices do PIB per capita
e do IPCC regionais, as NUT’s III Grande Porto, Tâmega e Ave.
Alguém acredita que um cidadão de Famalicão para se deslocar ao Porto utiliza um
percurso pela A42 e A41? Ou um de Esposende? Até mesmo de Guimarães para se
deslocarem para o Porto não o farão pela A42 e A41.
Isto demonstra claramente que foram, neste estudo, incluídos concelhos a jeito de
se obter os valores necessários ao cumprimento dos critérios. Por outro lado foram
esquecidos concelhos como o de Felgueiras.
3
Lista dos concelhos e das NUT’s III considerados no estudo:
4
Dos quadros acima infere-se que os concelhos e NUT’s III que melhores IPPC e PIB
per capita têm, são também os que maior número de habitantes possuem pelo que
inflacionam os respectivos índices e acima de tudo e numa análise séria não são na
realidade os que mais utilizam a SCUT do Grande Porto.
Temos de convir, também, que os concelhos do Vale do Sousa e do Tâmega são
aqueles que mais dependem da SCUT do Grande Porto porque são alvo da
influência centrípeta da área metropolitana do Porto, ou seja, necessitam de se
abastecer no litoral e de fazer escoar os seus produtos no litoral, dependem das
infra-estruturas portuárias, aeroportuárias, de logística e de serviços, pelo que a
sua população tem que se socorrer mais destas vias, enquanto a população
metropolitana já lá está, não lhes é exigido tantas deslocações nem com tão
grandes distâncias, pelo que, para além da implementação de portagens ser
injusta, pior ainda, ao aplicar a média ponderada, estão a atribuir um peso inferior
a esta população do Vale do Sousa, já de si fragilizada.
Acresce, ainda, que os valores estatísticos apresentados se reportam aos anos de
2003 e 2004 e que o panorama actual é ainda mais gravoso uma vez que a crise
que hoje vivemos tem afectado particularmente a região aumentando ainda mais a
clivagem entre capitações do PIB da região e a média nacional.
Em síntese:
1- O estudo encomendado pelo Governo não considera a especificidade do Vale
do Sousa. Está integrado numa das regiões mais pobres da Europa.
2- Os indicadores que suportam o Estudo são de data anterior à conclusão da
SCUT, a tal que viria discriminar positivamente este território, mas entendeu
o Governo que mesmo antes de estar concluída já tinha contribuído para o
desenvolvimento sócio-económico da região.
3- Se o Governo pretende introduzir portagens em 2010, tem que realizar
estudos com indicadores actuais, infelizmente bem piores do que os de 2003
e 2004.
4- Para o cálculo do PIB e do IPCC foram somados Municípios que não utilizam
a SCUT. Só serviu para desvirtuar os resultados.
5- A população mais afastada do Porto é a que mais depende da SCUT para se
deslocar aos centros de decisão. Porquê tomar como critério uma média
ponderada, que só vem, mais uma vez, desvirtuar os resultados?
5
6- Para o cálculo do PIB e do IPCC não foi considerado o Município de
Felgueiras, mas o mesmo já interessou para calcular a distância-tempo.
7- Em 2004 o governo aprovou e publicou em Diário da República o mapa
“Portugal menos favorecido” onde fez constar a totalidade do vale do Sousa
e Tâmega.
8- O estudo da distância-tempo da alternativa é feito em Agosto (não é igual ao
resto do ano e muito menos comparável com o Algarve) e sobre estradas
municipais. Como é possível definir com rigor uma alternativa cuja gestão e
tutela não depende do Estado?
9- Apesar do descrito no ponto anterior, no entender dos autores do estudo, a
distância-tempo falha por uns míseros 20 segundos (azar!), num percurso
total de 1h02m!!!
10-A Associação de Municípios do Vale do Sousa lamenta que apesar de
solicitada em Dezembro uma audiência a sua Excia o Senhor Ministro das
Obras Públicas, até ao momento desconhecemos o agendamento.
11-A Valsousa e os seus autarcas não esquecem que o Senhor Secretário de
estado das Obras Públicas prometeu em audiência concedida em 29-05-
2008 reunir com os municípios do Vale do Sousa, em momento anterior a
qualquer decisão de introdução de portagens, para se discutirem estes
argumentos.
Considerando o exposto,
a Associação de Municípios do Vale do Sousa - constituída
pelos municípios de Castelo de Paiva, Felgueiras, Lousada,
Paços de Ferreira, Paredes e Penafiel com uma população de
330.000 pessoas - decidiu encomendar um estudo que
fundamentará a adopção das medidas consideradas
convenientes que impeçam a introdução de portagens.