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violência
Felizmente Há Luar! Tem como cenário o ambiente político dos inícios do século XIX: em 1817,
uma conspiração, encabeçada por Gomes Freire de Andrade, que pretendia o regresso do
Brasil do rei D. João VI e que se manifestava contrária à presença inglesa, foi descoberta e
reprimida com muita severidade: os conspiradores, acusados de traição à pátria, foram
queimados publicamente e Lisboa foi convidada a assistir.
Luís de Sttau Monteiro marca uma posição, pelo conteúdo fortemente ideológico, e denuncia
a opressão vivida na época em que escreve a obra, em 1961, precisamente sob a ditadura de
Salazar.
O recurso à distanciação histórica e à descrição das injustiças praticadas no século XIX em que
decorre a acção permitiu-lhe, assim, colocar também em destaque as injustiças do seu tempo
e a necessidade de lutar pela liberdade.
Em Felizmente Há Luar! percebe-se, facilmente, que a História serve de pretexto para uma
reflexão sobre os anos 60, do século XX. Sttau Monteiro, também ele perseguido pela PIDE,
denuncia assim a situação portuguesa, durante o regime de Salazar, interpretando as
condições históricas que mais tarde contribuíram para a Revolução dos Cravos, em 25 de Abril
de 1974. Tal como a conspiração de 1817, em vez de desaparecer com medo dos opressores
permitiu o triunfo do liberalismo, também a oposição ao regime vigente nos anos 60, em vez
de ceder perante a ameaça e a mordaça, resistiu e levou à implantação da democracia.
Tempo da História
- Agitação social que levou à revolta liberal de 1820 – conspirações internas; revolta contra a
presença da Corte no Brasil e influência do exército britânico;
- Censura
Tempo da escrita
(século XX – 1961)
- Agitação social dos anos 60 – conspirações internas; principal irrupção da guerra colonial
- Perseguições da PIDE
- Denúncias dos chamados “bufos”, que surgem na sombra e se disfarçam, para colher
informações e denunciar
- Censura à imprensa