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QUARTA-FEIRA
Se por covardia, por falta de fortaleza, por não pedirmos ajuda ao Senhor,
cedêssemos ante as dificuldades, a alma iria retrocedendo na sua união com
Deus, encher-se-ia de tristeza e daria provas de uma vida interior superficial e
de pouco amor a Deus. O demónio costuma servir-se dessas ocasiões para
redobrar os seus ataques, e então a alma tem um de dois caminhos: ou se
aproxima mais de Cristo – unindo-se à sua Cruz – ou se afasta d’Ele, caindo
num estado de tibieza, falto de amor e de vibração. Uma mesma dificuldade –
uma doença, uma calúnia, um ambiente adverso... – produz efeitos diferentes
conforme as disposições da alma.
A união com Deus através das adversidades, sejam de que género forem,
é uma graça que Deus está disposto a conceder-nos sempre; mas, como
todas as graças, exige o exercício da nossa liberdade, a nossa
correspondência, que não desprezemos os meios que o Senhor põe ao nosso
alcance, particularmente que saibamos abrir a alma na direcção espiritual se
alguma vez a Cruz nos parece excessivamente pesada.
O Senhor espera-nos no Sacrário para nos animar e dar alento, e para nos
dizer que a parte mais pesada da Cruz, a caminho do Calvário, foi Ele que a
carregou. Junto d’Ele, aprendemos a enfrentar com paz e serenidade tudo o
que nos parece mais custoso e difícil: “Ainda que tudo se afunde e se acabe,
ainda que os acontecimentos ocorram ao contrário do previsto, e nos sejam
tremendamente adversos, nada ganhamos perturbando-nos. Além disso,
lembra-te da oração confiante do profeta: «O Senhor é nosso Juiz, o Senhor é
nosso Legislador, o Senhor é nosso Rei; Ele é quem nos há de salvar». –
Reza-a devotamente, todos os dias, para ajustares a tua conduta aos
desígnios da Providência, que nos governa para nosso bem”15.
“Na hora de desprezo da Cruz, Nossa Senhora está lá, perto do seu Filho,
decidida a correr a sua mesma sorte. – Percamos o medo de nos
comportarmos como cristãos responsáveis, quando isso não é cómodo no
ambiente em que nos desenvolvemos: Ela nos ajudará”16.
(1) Act 8, 1-8; (2) Act 8, 4; (3) São João Crisóstomo, Homilias sobre os Actos dos Apóstolos,
18; (4) Jo 15, 18; (5) cfr. Rom 8, 28; (6) 1 Pe 4, 12; (7) Ti 1, 2; (8) Act 5, 42; (9) cfr. São
Tomás, Suma Teológica, 2-2, q. 122, a. 3; (10) Act 5, 41; (11) São João Crisóstomo, Homilias
sobre os Actos dos Apóstolos, 14; (12) São João Crisóstomo, Homilias sobre São Mateus, 37,
2; (13) Santo Agostinho, Sermão 96, 1; (14) São Josemaría Escrivá, Sulco, n. 411; (15) ib., n.
855; (16) ib., n. 977.