Bancada Parlamentar do Partido Socialista

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Exmo. Sr. Presidente da Assembleia Municipal e Membros da Mesa,
Exmo. Sr. Presidente da Câmara Municipal e Senhores Vereadores,
Exmos. Srs. Deputados Municipais,
Exmos. Sr. Presidentes de Juntas aqui presentes,

Restantes entidades oficiais aqui representadas,

Minhas Senhoras e meus senhores,

Caros concidadãos:

Nesta data comemorativa que assinala o 36º aniversário da

Revolução dos Cravos e considerando o local onde nos
encontramos, quero começar por saudar o povo da Freguesia da
Coutada.
Quero agradecer, na pessoa do Senhor Presidente da Junta de
Freguesia a gentileza e a simpatia com que nos acolhem na sua
freguesia nesta sessão solene da Assembleia Municipal, recepção
que em nada me surpreende uma vez que conheço esta freguesia e
as gentes desta terra e sei bem da sua generosidade e
hospitalidade com que acolhe aqueles que a vêem visitar.

“Quis saber quem sou, O que faço aqui”

Foram estas as dúvidas que assolaram o espírito de muitos, mas
também as palavras que deram o mote à razão de estarmos aqui
hoje, 36 anos depois daquele que foi o primeiro dia do resto das
nossas vidas!
Às 00h20m, partiram as tropas de Santarém em direcção ao quartel
do Carmo em Lisboa.

Era madrugada de 25 de Abril de 1974, e o que foi, não voltou mais

a ser. Portugal acordou do pesadelo e respirou Liberdade!

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Foi há 36 anos atrás que o Capitão Salgueiro Maia e todos os que o
seguiram, fizeram com que fosse possível estarmos aqui hoje
reunidos, independentemente da nossa faixa etária ou ideologia,
podendo partilhar livremente opiniões e, acima de tudo, podermos
celebrar com altivez o patriotismo que nos abrange e tanto nos
honra.

Foi a determinação e o inconformismo daqueles destemidos

Homens e Mulheres que nos abriu as portas da Democracia, e é
graças aos Capitães de Abril que, com muito orgulho, posso dizer
hoje que sou livre! Livre para ser quem sou! Livre para escolher o
que faço e o que quero fazer aqui! Livre para dizer o que penso sem
que isso me custe a liberdade.

Por isso mesmo o 25 de Abril não pode ser apenas recordado como
mais uma efeméride. O 25 de Abril é A efeméride! É a Revolução
dos Cravos! É o momento a partir do qual ganhámos o direito que
me permite estar aqui hoje perante vós - o direito à liberdade de
expressão!

Para mim, para os da minha geração, seria impensável não poder

conversar abertamente sobre qualquer assunto e limitarmo-nos a
aceitar, sem poder contrapor, a opinião e as decisões de quem se
achava dono de um país.

A Revolução de Abril deixou-nos esse legado, o livre arbítrio. A

capacidade de escolha livre! Em cada individuo, uma forma de
pensar, de agir, uma escolha verdadeiramente pessoal.

Mas a Revolução dos Cravos não se esgotou nos acontecimentos de

1974. Os seus princípios e valores convidam-nos e desafiam-nos a

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todos - políticos e cidadãos – a praticá-los diariamente e a continuar
o sonho do Homens, das Mulheres e dos Capitães que fizeram Abril.
E Abril cumpre-se de várias formas, e o momento que hoje aqui
assistimos no inicio desta sessão comemorativa, com a inauguração
do Pavilhão Multiusos da Coutada é também uma forma de cumprir
Abril. É seguramente uma aspiração antiga e legitima das
populações desta terra, às quais o poder político deu resposta e
materializou, com os recursos de todos nós, este equipamento que
estou certo vem contribuir para a qualidade de vida das populações,
deverá ser agora utilizado da melhor forma em seu proveito. É
também assim que se cumpre Abril e não podia por isso de deixar o
merecido reconhecimento aos promotores da obra e de todos
aqueles que para ela contribuíram.

Mas se encontramos nesta obra um exemplo que prestigia e honra

os valores de Abril, existem outras situações que nos devem fazer
pensar e reflectir sobre o caminho e as soluções que temos seguido
e sobre a qualidade da Democracia que praticamos no nosso
Concelho.
Tome-se como exemplo, por exemplo, a privatização da empresa
municipal “Águas da Covilhã”, cujo processo foi despoletado pela
maioria PSD em 2006, menos de 1 anos após as eleições
autárquicas de 2005 sem que essa proposta estivesse inscrita no
seu programa eleitoral e no seu compromisso com os cidadãos que
os elegeram.
O Partido Socialista e os seus representantes nos órgãos
autárquicos desde sempre se mostraram contra essa medida e
desde cedo alertaram para os perigos e consequências dessa
medida para os cidadãos do concelho. O resultado está hoje à vista
e é sentido por todos os cidadãos de cada vez que recebem a
factura da água para pagar. Os covilhanenses pagam hoje uma das
facturas mais altas da região quando à partida, considerando os

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nossos recursos naturais e a nossa localização geográfica tal não se
justificaria. Este não é seguramente um bom exemplo dos valores
de Abril nem da preservação da qualidade da nossa Democracia.
E não é também seguramente um bom contributo para a qualidade
da nossa Democracia quando meio ano depois das eleições
autárquicas de 2009, olhamos para este executivo municipal e
vemos apenas uma Vereadora, do Partido Socialista sublinhe-se.
Sendo os partidos obrigados pela Lei da Paridade a cumprir as
quotas de género nas listas de candidatos que apresentam às
eleições, não é um bom exemplo, aquele que hoje nos dá a maioria
PSD através do seu executivo na Câmara Municipal, o qual é
exclusivamente composto por Vereadores do sexo masculino e onde
aqueles que deram a cara como candidatos a efectivos renunciaram
ou suspenderam o seu mandato desvirtuando assim completamente
a equipa que foi votada maioritariamente nas eleições autárquicas
de 2009 pelos cidadãos do concelho.

Ao nível do cumprimento dos princípios e dos valores de Abril, a

maioria PSD tem agora outra oportunidade de boa prática e bons
exemplos com a questão do Mercado Municipal. Este tema é para o
Partido Socialista um bom exemplo da falta de estratégia
urbanística desta maioria PSD. O deslocalização do Mercado
Municipal vem contribuir e agravar a desertificação e degradação do
nosso centro histórico, que em nossa opinião deveria passar pela
recuperação e reabilitação urbana dos edifícios e dos espaços
públicos em detrimento de novas construções.
É pública a posição do Partido Socialista quanto à solução para o
problema do Mercado Municipal, mas mais do que defender uma
solução concreta, importaria neste momento ouvir e dar voz
àqueles que utilizam o Mercado Municipal – os comerciantes e aos
seus clientes. Quero por isso, apelar mais uma vez à maioria PSD na
Câmara Municipal que emende a mão, arrepie caminho e comece

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por ouvir e promover um verdadeiro debate sobre este tema junto
daqueles que são directamente interessados e da população em
geral. Seguramente que qualquer que seja a decisão que venha a
ser tomada após este debate, a mesma terá outra força e outra
legitimidade para que esta importante obra cumpra efectivamente a
sua função dotando a Covilhã de um espaço de qualidade para a
realização do típico e histórico Mercado Municipal e que contente
quem lá vende e quem lá compra.

Porque Abril é também Educação, e o seu acesso livre e universal

foi uma das grandes conquistas da Revolução, não queria deixar de
fazer aqui hoje uma chamada de atenção para as condições de
funcionamento das Escolas de 1º Ciclo do nosso concelho.
O Partido Socialista já o denunciou através da sua Vereação, mas
dada a centralidade e a importância do tema é importante
relembrar também hoje a urgência da requalificação do Parque
Escolar das Escolas de 1º Ciclo do nosso Concelho, dotando-as de
condições físicas e humanas para que a qualidade de ensino
melhore e com ele os resultados e sucessos escolares das nossas
crianças.

Minhas Senhoras e Meus Senhores,

Considerando o ano que corre e enquanto orgulhoso socialista e
republicano não poderia terminar sem fazer uma referencia à data
redonda que este ano se comemora do Centenário da República no
próximo 5 de Outubro.
Uma referência que pretende realçar os seus principais valores e
ideais que no fundo estão intimamente ligados e relacionados com
os valores do 25 de Abril que hoje comemoramos.
A própria palavra “República” derivada do latin “Res publica” ou
seja “coisa pública” indica qual a pedra de toque deste sistema de
governo das sociedades e nos tempos que vivemos, com os desafios

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que enfrentamos, tanto a nível nacional como mundial, faz cada vez
mais sentido relembrar e realçar os valores e princípios
republicanos como sejam a Igualdade de oportunidades para todos
independentemente da sua classe ou estrato social. A Fraternidade
e a Solidariedade entre os povos e entre os Homens. A Ética no
exercício e no cumprimento das nossas obrigações, para connosco
próprios mas também para com os outros e para com a sociedade.
A Cidadania com a participação e envolvimento de cada individuo
na sociedade que o rodeia e nas suas decisões colectivas. Todos
estes princípios e valores deveriam ser uma obrigação na vivencia
diária de todos nós com especial ênfase na classe política e
dirigente. A estes, precisamente pelo facto de serem os legítimos
representantes do povo a quem confiam a condução do bem
comum, exige-se um especial cuidado na lisura e na transparência
com que exercem os cargos para os quais foram eleitos e a forma
como administram o bem público devendo sempre privilegiar o bem
comum face aos interesses corporativos, devendo sempre colar
acima dos seus interesses pessoais ou partidários os interesses da
sociedade. Exige-se hoje aos políticos seriedade, coragem e acima
de tudo bom senso. Porque os desafios que enfrentamos não se
compadecem com as agendas pessoais e partidárias de certos
lideres políticos que procuram no populismo, na demagogia e no
ataque pessoal aos seus adversários políticos, conquistar uma
pequena vantagem para si próprio, não percebendo que com isso
estão a enfraquecer e a desacreditar todo os sistema político.
Os discursos indignados, pesarosos, cínicos ou deprimidos daqueles
que nos falam como se fossem ungidos de uma superioridade moral
divina são cúmplices daqueles que sempre conviveram mal com a
Liberdade e com o regime democrático e que procuram com estes
pequenos truques enfraquecer e desacreditar a classe política, os
partidos políticos e consequentemente a Democracia. É por isso
necessário que estejamos atentos e não dar trégua nem cobertura a

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este discurso fácil que a prazo colocará em causa seguramente os
valores que hoje comemoramos: a Liberdade e a Democracia.
Quero para terminar partilhar convosco um poema de um autor de
Abril, e que nos transmite uma mensagem de esperança e
confiança. O poeta José Carlos Ary dos Santos.

Isto vai meus amigos isto vai

Um passo atrás dois à frente
E um povo verdadeiro não se trai
Não quer gente mais gente que outra gente

Isto vai meus amigos isto vai

O que é preciso é ter sempre presente
Que o presente é um tempo que se vai
E o futuro é o tempo resistente

Depois da tempestade há a bonança

Que é verde a cor que tem a esperança
Quando a água de Abril sobre nós cai

O que é preciso é termos confiança

Se fizermos de Maio a nossa lança
Isto vai meus amigos isso vai

Viva o 25 de Abril!
Viva a Covilhã!
Viva Portugal!

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