You are on page 1of 20

Direito Civil - Consumidor • Professor Gustavo Kloh 1

DIREITO DO CONSUMIDOR NO BRASIL

EVOLUÇÃO E PREMISSAS

Não começou com o CDC. Primeiro PROCON: 1976, em SP.


Mas, assunto só ganhou relevo com a CR 88, que incluiu o direito de proteção ao
consumidor no artigo 5º. Ou seja, proteção do consumidor passou a ter alçada
constitucional e, assim, informar toda a interpretação, criando o

Princípio da cláusula mais favorável

que, portanto, deriva da alçada constitucional dos direitos do consumidor. Pelo referido
princípio, nem o CDC prevalece diante de outra norma mais favorável ao consumidor
(ex.: planos de saúde, lei 9656). Cláusula, portanto, faz mais do que relação lei geral, lei
especial. Discussão sobre a cláusula é de suma importância e tem relevância, por
exemplo, na discussão sobre a revogação ou não do artigo 14, §4º do CDC pelo NCC.

CONSUMIDOR

Qualificação é importante já que, uma vez caracterizado como consumidor, pessoa


passa a ser considerado mais fraco e, assim, a gozar de toda a proteção garantida pela
leis aos consumidores.

Art. 2º CDC: quem adquire ou utiliza produto / serviço como DESTINATÁRIO FINAL

CONSUMIR – adquirir ou consumir um bem / serviço


para a própria utilização e, não, para
agregá-lo a uma determinada cadeia
produtiva.

Dá encerramento à cadeia produtiva.


É o DESTINATÁRIO FINAL.

INSUMIR – fazer aderir a uma determinada cadeia


produtiva de consumo produto ou serviço.

Não encerra a cadeia produtiva.

Na interpretação do conceito de consumidor, doutrina divide-se em dois grupos:

Finalistas (Claudia Lima Marques)

Restringem beneficiários da proteção.

1 – Consumidor é classe social


Direito Civil - Consumidor • Professor Gustavo Kloh 2

2 – CDC deve ser interpretado restritivamente: só “destinatário final”, no sentido


de não utilizar o bem de modo lucrativo. Ex.: compra de cadeira para
estabelecimento de venda de consórcios: compra é inserida na atividade; é ato
de empresa; indiretamente, intuito também é de lucro.

Maximalistas (Antônio Herman Benjamin, José Geraldo Brito Filomeno – autores da


primeira parte do anti-projeto)

Ampliam beneficiários da proteção.

1 – CDC deve ser utilizado na chamada contratação pós moderna, ou seja, onde
houver sujeito que, na relação, tenha mesmas características dos consumidor
“por excelência”.

2 – Hipossuficiência técnica ou econômica, bem como contratos de adesão,


condições gerais de contratar, contrato eletrônico e contrato automático:
CDC deve ser aplicado.

Hipóteses

• Hipossuficiente econômico
Menos poder econômico que as grandes corporações.

• Hipossuficiente técnico
Menos conhecimento sobre o que compra do que quem vende.

• Contrato de adesão
Consumidor não discute cláusulas. OU concorda e participa da relação
ou não concorda e não participa.

• Condições genéricas de contratar


Termos genéricos de aviso que aderem à vontade contratual (têm que
ser previamente informados ou nada valem). Ex.: avisos contidos no
ingresso do cinema.

• Contrato eletrônico
Cheque eletrônico, sites, e-mails.

• Contrato automático
Botões, máquinas, formulários ... sem presença da pessoa

Então, em todas essas hipóteses, aplica-se o CDC por analogia, já que CC (nem o
novo) não “dá conta”.

No exemplo das cadeiras compradas para o estabelecimento, para Filomeno, comprador


é hipossuficiente técnico. Para Cláudia Lima Marques, se empresa está no mercado deve
submeter-se às regras deste, sem onerar a cadeia produtiva. Devia contratar especialista
para fazer a compra.
Direito Civil - Consumidor • Professor Gustavo Kloh 3

FUNDAMENTO DA PROTEÇÃO AO CONSUMIDOR

Hoje, é pacífico. As correntes doutrinárias só divergem quanto a quem é consumidor,


mas concordam quanto ao fundamento da proteção.

Fundamento é a VULNERABILIDADE do consumidor

Não é o mesmo que hipossuficiência. Mesmo rico e com


conhecimento, embora não hipossuficiente, é vulnerável,
porque está inserido na sociedade de consumo, que cria
necessidades imaginárias e faz comprar mais do que se
precisa.

Claudia Lima Marques: vulnerabilidade é a contra-partida


do marketing (=organização
para vender mais)

Obs.: Maximalistas moderados (Tepedino / Rui Rosado)

Rosado: Não pode aplicar CDC para empresa grande.


Não têm coragem de aplicar CDC, por exemplo, para a Coca-Cola, mas aplicam
para sociedade de advogados, pequena empresa etc.

Jurisprudência: não adota corrente algum, mas também não tem coragem de aplicar
CDC em favor dos bancos, da Coca-Cola etc. Costuma posicionar-se da seguinte
forma:
1- empresa pequena - SIM 3 – Locação predial urbana - NÃO
2 – contr. bancários – SIM (S. 285 STJ) 4 – Contribuintes - NÃO

SISTEMA DE PROTEÇÃO DO CDC

JOÃO BATISTA DE ALMEIDA

Afirma que CDC garante ao consumidor 4 tipos diferentes de proteção: civil, penal,
administrativa e processual.

PROTEÇÃO CIVIL

Estrutura

CDC tutela os contratos de consumo.


Nos contratos de consumo, há duas figuras: consumidor e fornecedor.
Contratos de consumo têm por base a confiança: fornecedor gera expectativa
positiva no consumidor.
Direito Civil - Consumidor • Professor Gustavo Kloh 4

Quando relação contratual estiver desequilibrada, ficando onerosa, prejudicial ao


consumidor, caso seja interesse manter a mesma relação, juiz repactuará a relação,
trazendo de volta o equilíbrio na sentença.

Normalmente, tal interesse na manutenção do contrato se dá com os chamados


contratos cativos de longa duração (ex.: plano de saúde), onde a rescisão gerará
grande prejuízo para o consumidor.

Obs.: Revisão judicial dos contratos

Civil – “onerosidade excessiva” “evento imprevisível”

Venosa: Fazem confusão. Na verdade, consagra a teoria da imprevisão.


Onerosidade excessiva, por si só, não basta. Muitos contratos
mercantis, por exemplo, são excessivamente onerosos, mas
regulares, havendo repasse do “prejuízo” para o consumidor final.

CDC – “onerosidade excessiva” basta.

Sistema da responsabilidade civil do CDC

Dicotomia: responsabilidade

Pelo fato do produto Pelo vício do produto


(art. 12-14, CDC) (Art. 18-20, CDC)

- Produtos não tem defeito, mas - Produto tem defeito intrínseco.


é perigoso; perigo é extrínseco.

Ex.: brinquedo para bebês que, Ex.: brinquedo que não funciona
embora funcione, tem partes
pequenas.

C. L. M.: - SEGURANÇA - QUALIDADE

• Responsabilidade pelo fato do produto ou serviço

Artigo 12 – Em princípio, não existe responsabilidade solidária do


comerciante, exceto hipóteses do artigo 13 (≠ resp. por vício,
onde sempre existe solidariedade).

Obs.: Ônibus – Atropelamento – Responsabilidade pelo fato – CDC


STJ: “só se sujeito estiver acenando para ‘pegar’ o ônibus – vira consumidor
Gustavo: artigo 17 equipara quem estava próximo com consumidor. Na verdade,
STJ inventou teses para garantir à vítima prazo prescricional maior da
regra geral (na época, 20 anos).
Direito Civil - Consumidor • Professor Gustavo Kloh 5

§ 1º - circunstancias para considerar ou não produto defeituoso.

I – apresentação
ex.: avisos de segurança... mas não tem que avisar, por
exemplo, para não enfiar faca na testa

II – usos e riscos

III – época em que foi colocado no mercado


ex.: se produto já é comum ou ainda raro, desconhecido

§ 2º - não caracteriza defeito passar a existir produto melhor


ex.: fusca X ômega

§ 3º - excludentes – rompem o nexo de causalidade

I – não colocou produto no mercado


ex.: software alfa, produto roubado etc.

II – defeito não existe

III – culpa exclusiva da vítima ou fato de terceiro

Artigo 13 – Solidariedade do comerciante:

I – quando responsáveis (art. 12) não puderem ser identificados

II – produto sem identificação clara dos responsáveis (art. 12)

III – falta de conservação de produto perecível

Artigo 14 – Quase idêntico ao artigo 12 (produtos), mas referente aos


serviços. Peculiaridade é o § 4º.

Obs.: Proteção ao consumidor podem ser legais ou, apenas, contratuais.


As formas de proteção contratuais, normalmente, decorrem da concorrência, são
exigência do mercado, mas podem ou não existir. (ex.: prazo p/ troca de presente)

Obs.: Produto X Serviço


Gustavo: Mesma diferença entre obrigação de dar e obrigação de fazer.

§ 4º - Profissionais liberais - única hipótese de resp. subjetiva no CDC


Direito Civil - Consumidor • Professor Gustavo Kloh 6

Mas, com o artigo 927, § único do NCC, surge a discussão sobre


a revogação ou não do dispositivo do CDC. Para Carlos Roberto
Gonçalves, Cavalieri e CJF, o § do NCC consagra o “risco
profissional” para os profissionais liberais, modalidade que é
maior do que o “risco proveito” (ex.:dirigir carro).

Para Pablo Stolze, NCC não revogou CDC, por força do art. 2º,
§2º da LICC, já que aquele é norma geral e este especial.

Para Rui Rosado, NCC revogou norma do CDC, já que cria


novo sistema de responsabilidade civil. Segundo ele, agora a
responsabilidade objetiva é regra e a subjetiva exceção
(Cavalieri concorda com mudança do sistema)

Gustavo também entende que responsabilidade do profissional


liberal agora é objetiva, mas por força do princípio da cláusula
mais favorável. Segundo ele, não sendo assim, por exemplo, a
Coca-Cola (que não goza da “proteção” do CDC) terá vantagem
sobre qualquer consumidor para responsabilizar engenheiro que
cada um contratou para alguma reforma.

Obs.: Advogados.
STJ: Estatuto (lei 8906) é norma especial. Não se submetem ao CDC.
Gustavo: “Momento de loucura”.

Artigo 17 – By stander

Quem está próximo e sofre dano decorrente do fato do produto é


equiparado ao próprio consumidor (diferente do sistema de
reparação pelo vício do produto, onde só o contratante tem
proteção).

• Responsabilidade pelo vício do produto ou serviço

Artigo 18 – Solidariedade entre todos que participam da cadeia produtiva.

Providência impede que terceirizações transfiram


responsabilidade e prejudiquem consumidor.

Consumidor, aliás, tem, ao lado desta, proteção processual do


artigo 88. Embora dispositivo fale apenas na responsabilidade
pelo fato do produto, entendimento é de que também se aplica à
responsabilidade pelo vício. Pelo dispositivo, não cabe
denunciação à lide para o exercício do direito de regresso, já que
poderia ser extremamente prejudicial ao consumidor (prazo,
complexidade etc.)
Direito Civil - Consumidor • Professor Gustavo Kloh 7

Obs.: Seguradora – situação da denunciação é diferente porque ela não participa da


cadeia produtiva. Mesmo assim, alguns entendem que não cabe. Para Gustavo e
Alexandre Câmara cabe e, na maioria dos casos, é benéfica para o consumidor.

Artigo 101, II – chamamento da seguradora


Gustavo: Tecnicamente, deve ser denunciada. Responsabilidade dela é direta.

§ 1º - Inicialmente, consumidor tem asseguradas providências, em


ordem excludente e sucessiva:

Em primeiro lugar, fornecedor pode / deve tentar o conserto.


Não sendo efetivado o conserto em até 30 dias, consumidor
passa a poder escolher entre 3 providências alternativas
possíveis (mesmas hipóteses previstas para as ações edilícias):

I - Substituição
II – Redibição
III – Estimação

Obs.: Gustavo: Caracterização gráfica do vício.

adimplemento vício inadimplemento

§ 3º - No caso de vício muito grave, possível o uso imediato das


alternativas do § 1º. Gustavo: De acordo com a representação
gráfica, vê-se que o agravamento do vício faz com ele se
aproxime gradualmente do inadimplemento. Assim, nas
hipóteses do § 3º, legislador entende que tamanha é a
gravidade do vício (e sua proximidade com o inadimplemento)
que mais justo é tratá-lo como o defeito não reparado, ou seja,
como o próprio inadimplemento.

I – Conserto que nunca fica muito bom – defeitos estruturais


II – Apesar do conserto, produto não volta a valer o que valia
III – Produto que consumidor não possa esperar pelo conserto

Obs.: CDC X NCC


No regime do CDC não há que se falar em erro (ex.: art. 26), como no do NCC, que
trata do vício oculto.

§ 4º - Se produto não existir mais, fornecedor pode trocar por um


melhor, exigindo a diferença. Dispositivo deve ser interpretado
restritivamente: se diferença for abusiva, não se aplica.

Artigo 19 – Vício de quantidade: opções para o consumidor.


Direito Civil - Consumidor • Professor Gustavo Kloh 8

Obs.: Fornecedor que “reduz” um pouco a embalagem, diminuindo a quantidade do


produto (ex.: de 1kg para 900g).

Não é caso de vício de quantidade (já que quantidade é a constante do rótulo), mas
propaganda enganosa, com objetivo de desorientar o consumidor.
Outros exs.: 9 pesos diferentes de pasta de dente, peça inteira de embutido que vem
sem peso, mas com os dizeres “pesar na frente do cliente” etc.

Artigo 20 – Quase idêntico ao art. 19 (produtos), mas referente aos serviços.

Artigo 21 – Para serviço de reparação, consumidor pode exigir peças


originais e novas.

Artigo 22 – Corte de fornecimento (energia, água)

Leading case – RESP 363943 – Foram opostos embargos de


divergências (1ª seção, Min. Barros Monteiro),
uniformizando a jurisprudência no sentido de que
pode cortar, neste caso, a energia elétrica.
Entendimento é de que continuidade referida pelo
CDC é a do serviço em si e não do fornecimento a
este ou aquele consumidor, especialmente se
inadimplente. Assim, para STJ, quando
inadimplente for particular, sempre pode cortar
fornecimento.

Outros RESP – Fux discordando, mas votando com vencedor.

TJRJ – Ainda não adota jurisprudência do STJ. No RJ, há ainda


questão dos valores das taxas mínimas, especialmente as de
energia, considerada muito altas.

Discussão maior na questão dos serviços públicos prestados pelo


Estado e a inadimplência deste – serviços utilizados uti singuli:

RESP 460271 – Eliana Calmon. Sempre votou pelo corte, mas


veda a paralisação do fornecimento quando
atividade prestada pelo Estado é essencial.
Assim, ela mesmo elabora rol exemplificativo,
onde autoriza corte para capela do cemitério,
quadra de esporte, biblioteca, câmara
municipal etc., mas não para hospitais,
creches, escolas etc.

PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA
(Arts. 26 e 27)

Vício inerente X Vício superveniente


Direito Civil - Consumidor • Professor Gustavo Kloh 9

Vício inerente ao produto


Já existia no momento da tradição (independentemente do momento em que
se manifesta).

Vício superveniente
Surge depois da tradição (neste momento, produto era perfeito).

Vício inerente X Vício superveniente

Vício aparente
Pode ser reparado visualmente pelo homem médio.

Vício oculto
Não se consegue notar, constatar.

Terminologia

Artigo 27: “prescreve” = prescrição

Artigo 26: “caduca” = decadência

Vílson dos Santos, isolado, discorda: “prescrição”.

Decadência

Artigo 26:

Hipóteses de responsabilidade por vício do produto (arts. 18 – 20).

Vício aparente e superveniente


(o mesmo para vício aparente inerente)

Legislador entendeu que prazo da lei é suficiente não só para que o


consumidor possa reclamar quanto ao vício já existente, como para o
aparecimento e posterior reclamação quanto ao vício superveniente.

caput
30 dias, bens não duráveis
90 dias, bens duráveis

§1º
inicia-se a contagem do prazo com a tradição

Vício oculto e inerente

caput
Direito Civil - Consumidor • Professor Gustavo Kloh 10

30 dias, bens não duráveis


90 dias, bens duráveis

§3º
inicia-se a contagem do prazo com ao aparecimento do vício

Vício oculto e superveniente:

Aplica-se o mesmo prazo dos vícios aparentes. Assim, se vício não aparecer
(ou se o consumidor não reclamar) em 30 dias (produtos não duráveis) ou
60 dias (produtos duráveis), caduca o direito à reclamação.

A lógica é a mesma do vício aparente superveniente. Legislador fixou um


prazo que entende suficiente para o aparecimento de todo e qualquer vício.
Isto porque intenção é pacificar as relações.

Se vício oculto e superveniente tivesse seu prazo contado do aparecimento


do vício, consumidor iria manter o direito à reclamação para sempre.

Obs.: Garantia contratual


Artigo 50: “complementar” – somam-se os tempos da garantia legal e da garantia
contratual.

Remição: Artigo 26 Artigo 50

Suspensão da decadência

§2º : “obsta” = suspende

Mas, é possível suspensão / interrupção de prazo decadencial?


Gustavo: Basta que a lei preveja. Só não se pode suspender / interromper
por causa suspensiva ou interruptiva da prescrição.

Hipóteses:

I – Enquanto consumidor estiver reclamando.

“resposta negativa inequívoca”

Gustavo entende que não há inversão do ônus da prova aqui.


Consumidor terá que provar ou requerer a prova (Ex.: vivo –
número da reclamação)

II -

III – Até encerramento de inquérito civil


Direito Civil - Consumidor • Professor Gustavo Kloh 11

Prescrição

Artigo 27:

Hipóteses de responsabilidade por fato do produto (arts. 12 – 14).

Prazo de 5 anos.

Obs.: Prescrição intercorrente.


Para doutrina, mesmo ajuizada a ação, existe o curso do prazo de prescrição
intercorrente, também de 5 anos, com base no mesmo artigo 26.

Obs.: STJ – interpretou contra empresa de ônibus alegando que não era consumidora em
hipótese duvidosa. Favoreceu autora da ação pelo prazo maior do CC, antes de 20
anos. Agora, com NCC, prazo é de 3 anos (art. 206), menor do que o do CDC.

DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA

Comparação com previsão do instituto no NCC

Art. 28 CDC

Limites muito amplos (Gustavo: “É festa, semelhante ao espírito do dto. trabalho)

- confusão semelhantes
- abuso de direito ao NCC
- excesso de poder
- infração à lei
- má administração ... culposa

Art. 50 NCC

Linha restrita. Só em determinadas hipóteses.

- confusão patrimonial
- desvio de finalidade

CJF: Tem que provar. (ex.: sócio fraudulento, pessoas envolvidas etc.)

Obs.: Blindagem de bens.


- Colocá-los “a salvo”.
- Ex.: menor – juiz não lhe retira os bens - cláusula do melhor interesse do menor

Remição: Artigo 28 Artigo 28, §1º


Direito Civil - Consumidor • Professor Gustavo Kloh 12

Outras disposições

Disposições referem-se só à hipótese de desconsideração. Coligada, por exemplo,


responde solidariamente pelo vício.

Parágrafo 1º

Semelhante ao direito do trabalho: teoria do grupo da empresa.


Grupos, controladas etc.: todas responsáveis.

Parágrafo 2º

Consorciadas – mesma atividade - operam juntas.


Ex.: Antarctica e Brahma, antes de constituir nova PJ (AMBEV)

Parágrafo 3º

Coligadas – participam indiretamente da atividade da outra – não operam


juntas: só responde com culpa. Ex.: vendedor de embalagens.

PRÁTICAS COMERCIAIS

Artigo 29

Qualquer pessoa submetida à oferta é equiparada, mesmo que não consuma.

Obs.: Práticas abusivas (artigo 39) – normalmente, antes do contrato.


Cláusulas abusivas (artigo 59) – normalmente, na celebração do contrato ou após.

Artigo 30

Propaganda vincula SEMPRE, desde que informação ou publicidade sejam


suficientemente precisas, e nos limites da informação ou publicidade.

Não cabe excludente alguma. Fornecedor também não pode alegar erro, por cota
da teoria da confiança (ex.: Carrossel da Sony – anúncio no jornal: R$ 5,00).

Oferta ao público pode ser revogada, desde que pelos mesmos meios.

Obs.: Marketing
Conjunto de práticas para criar, aumentar ou manter clientela.

Obs.: Ofertas devem ser verificadas pela intenção.


Venda casada, por exemplo, é vedada (art. 39), mas “compre 2, leve 3” é permitido.
Direito Civil - Consumidor • Professor Gustavo Kloh 13

Artigo 31

Oferta, apresentação.

Informação deve ser correta, clara, precisa, ostensiva, em língua portuguesa.

STJ: Não precisa etiquetar cada mercadoria desde que o preço esteja afixado ao
lado.

Obs.: PROCON/RJ
Órgão da Secretaria de Estado de Justiça, sem personalidade jurídica.

Artigo 32

Enquanto durar fabricação / importação, fornecedor tem que assegurar oferta de


componentes e peças.

§ único

Cessada a fabricação / importação, fornecedor tem que manter oferta de


componentes e peças por tempo razoável.

Artigo 33

Venda por telefone / reembolso: nome e endereço do fabricante devem constar na


embalagem, na publicidade e em todos os impressos.

Artigo 34

Qualquer representante autônomo (mesmo não sendo mandatário etc.) que veicula
o produto gera responsabilidade no fornecedor.

Obs.: Vendedor de bar não é representante da Souza Cruz –


credenciamento
Aplica-se a teoria da aparência.
Falsificação também não gera.

Artigo 35 – repetição no artigo 39

Artigo 36

Veda propaganda sub-liminar (ex.: “informe publicitário” escrito em letras


miúdas). Consumidor tem que saber claramente que se trata de propaganda.

Não é vedado o merchandising.

Não é vedado o puffing (dolus bonus). Ex.: “A melhor pizza do RJ”.


Direito Civil - Consumidor • Professor Gustavo Kloh 14

Artigo 37

Veda propaganda enganosa ou abusiva.

Enganosa: veicula informação mentirosa, inverídica.


ex.: Amil resgate e Emerson Fittipaldi, quando quem resgatou foram
os bombeiros.

Abusiva: ofende, causa mal-estar ao consumidor.

Artigo 39

Lista as práticas abusivas (rol exemplificativo)

Gustavo: “Dispositivo ‘central’ no CDC, assim como art. 51 (cláusulas abusivas).

I – veda a venda casada;

II – veda oferta sem disponibilidade do produto ofertado;

III – enviar para o consumidor sem que ele tenha pedido;

§ único: o que enviar, é brinde

IV – veda ao fornecedor prevalecer-se da fraqueza do consumidor para impingir-


lhe produtos ou serviços;

Gustavo: comum às empresas de crédito

V – exigir do consumidor vantagem excessiva;

VI – executar serviço sem prévia autorização, sem orçamento... é brinde

VII – discriminar consumidor que reclamou

VIII – produto fora das especificações oficiais; não só as específicas de cada


produto, como CONMETRO, ABNT etc.

Se não estiver dentro das especificações, fornecedor não pode fazer prova de
que produto / serviço é bom.

IX – recusa à venda de bens

Exigências (ex.: para ingresso em uma evento): só podem ser feitas se


informadas previamente (ex.: traje) e não podem ser discriminatórias (ex.:
só gente bonita).

X – elevação de preço sem justa causa


Direito Civil - Consumidor • Professor Gustavo Kloh 15

Margem de lucro tem que ser fixada ab initio. Depois, alteração de preços
só pelo custo.

XI –gatilho, indexação – só pode atualizar moeda (correção monetária) nos


índices previamente estabelecidos.

Hoje em desuso.

Obs.: Ver novas súmulas do STJ (mais ou menos 15)


Há súmulas sobre direito civil e, inclusive, sobre taxa de juros.

Artigo 40 – Orçamento prévio

Artigo 41 – Tabelamento

Artigo 42

Cobrança de dívida: sem constrangimento ou ameaça.


Corte de luz ?

Artigo 43

Banco de dados e cadastro de consumidores. Possível, mas sem abuso.

Cadastro de inadimplentes – CDC: “interesse público”. Embora entidades privada


(SERASA e TELECHEQUE, sociedades empresárias, SPC ligado à CDL),
consumidor pode ter acesso ao seu cadastro a qualquer momento.

Parágrafo 1º

Prazo máximo de 5 anos.

Parágrafo 2º

Duas conseqüências:

1 – Para a inscrição, necessária a notificação prévia;


2 – Proibida a venda de mala-direta: “não autorizou, não quis”.

Parágrafo 3º

Consumidor pode exigir correção.

Parágrafo 4º

Entidades de caráter público.


- sem abusividade, com responsabilidade.
Ex.: inscrição por cheque sustado, execução distribuída...
abusivo
Direito Civil - Consumidor • Professor Gustavo Kloh 16

Parágrafo 5º

Após prescrição, pode obter cancelamento.

Inscrição (5 anos) ou prescrição (vários prazos)?

Gustavo: o que acontecer primeiro

Obs.: Indenização SERASA


- parte pela inscrição indevida
- parte pelo abalo de crédito

Artigo 44

Cadastro de fornecedores – reclamações.

PROTEÇÃO CONTRATUAL

Artigo 46

Informações após contratação não obrigam consumidor (ex.: condições gerais de


contratação). Só vale o que for previamente avisado.

Artigo 47

Interpretação mais favorável ao consumidor.

Artigo 48

Não existe contrato preliminar, pré-contrato no CDC. Vale tudo para o contrato.

Artigo 49

Desistência: Só se foi adquirido ou entregue à distância – se for outro. Neste caso,


prazo de 7 dias.

Gustavo: Cabível quando “não viu” o produto. No Brasil, não há refund,


como nos EUA

Artigo 50

Soma das garantias. Já visto quando da análise da garantia legal (página 10).

Artigo 51

Lista as cláusulas abusivas.

I – exoneração da responsabilidade do fornecedor;


Direito Civil - Consumidor • Professor Gustavo Kloh 17

II – retirada da garantia de reembolso;

III – transferência de responsabilidade para outra empresa;

IV –

V – ônus da prova para consumidor;

VI – vedada a cláusula compromissória de arbitragem;

Doutrina: não tem arbitragem nas relações regidas pelo CDC.

VII –

VIII – veda a cláusula mandato – faz contratos em nome do consumidor, aliena


risco etc.;

IX – opção para o fornecedor de concluir ou não o contrato, obrigando o


consumidor;

X – variação unilateral do preço;

Reajuste por custos, inflação etc ok – Não pode ser desproporcional.

Não é necessária a ocorrência da “imprecisão”. Só no NCC

XI – autorização para que só fornecedor altere unilateralmente o contrato.

Artigo 52

Informar preço à vista e com juros

§ 1º - limite de 2% para a cláusula penal moratória

Artigo 53

Cláusula que estabeleça perda total das parcelas pagas não vale. Tem que devolver
valores pagos, só descontando as despesas.

Consórcio: pode estabelecer que só será feita a devolução ao final.

PROTEÇÃO PROCESSUAL

Inversão do ônus da prova


(Artigo 6º, III)
Direito Civil - Consumidor • Professor Gustavo Kloh 18

Doutrina: Inversão não é sobre culpa – responsabilidade é objetiva. Não é sobre o


dano – consumidor tem que provar. È sobre o nexo

Requisitos

Carlos Roberto Barbosa Moreira: É necessário provar verossimilhança e


hipossuficiência.

Outra corrente: Verossimilhança ou hipossuficiência.

Natureza - correntes

1 - Regra de procedimento (Maioria do STJ, A. Câmara, C.R.B. Moreira)

Decisão no curso do processo invertendo.

2 - Regra de julgamento (STJ - Sálvio, André Gustavo de Andrade – ligado ao


Tepedino, TJ)

Juiz utiliza a inversão na sentença, para suprir eventual falta. Cada um que,
sabendo deste risco, produza a sua prova..

Honorários de perito: teria que antecipar


TJ: não tem
STJ dividido

Defesa coletiva
(Artigo 81º, § único)

Ação coletiva do CDC é diferente da ACP.

Transindividuais:

I – Difusos

II – Coletivos

III – Individuais homogêneos

Artigo 84:

Tutela específica (CDC já previa, antes da reforma do CPC).

Artigo 88:
Direito Civil - Consumidor • Professor Gustavo Kloh 19

Vedação da denunciação da lide.

Jurisprudência: Não pode denunciar seguradora. Só pode chamar, por força


do artigo 101, II.

A. Câmara / Gustavo: Na técnica, 101, II é denunciação. Não vai “dividir”,


como no chamamento; pode denunciar. Artigo 88
trata da denunciação de fornecedor para fornecedor,
só hipótese do artigo 13, § único. Artigo 101, II trata
da denunciação de fornecedor para seguradora, só
beneficiando o consumidor.

Artigo 101:

Ação de responsabilidade civil:

I – pode ser proposta no domicílio do autor (exceção à regra do CPC)

II – réu pode chamar o segurador.

Artigo 102:

Ações de caráter nacional: MPF

Artigo 103:

Coisa julgada: efeitos semelhantes aos da ACP, mas nesta (art. 17, 6347) há
limitação territorial da decisão (Ex.: Niterói X RJ) .

I – erga omnes
II –
III -

PROTEÇÃO ADMINISTRATIVA

Gustavo: Importante saber

I – o que é PROCON

II – Sistema de proteção / regulação

Âmbito nacional – CADE e SDE (Secretaria de Direito Econômico,


vinculada ao Ministério da Indústria e Comércio)

Âmbito estadual – PROCON

Âmbito municipal – PROCON


Direito Civil - Consumidor • Professor Gustavo Kloh 20

III – Projeto:

2005: fusão CADE e SDE, criando ABDC ou ANDC – responsáveis por


multas, fiscalização etc.

You might also like