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A Morte Misteriosa do Prefeito de Santo André - Parte 1

Sex, 13 de Fevereiro de 2009 11:00

12/10/2005 - 18h56 Entenda o caso Celso Daniel da Folha Online O prefeito de Santo André
Celso Daniel (PT) foi seqüestrado no dia 18 de janeiro de 2002, quando voltava de um jantar
em São Paulo. Ele estava acompanhado do empresário Sérgio Gomes da Silva. Dois dias
depois, o corpo do prefeito foi encontrado em uma estrada em Juquitiba (a 78 km de São
Paulo), com sete entradas de bala. O inquérito da Polícia Civil sobre o caso sustentava que o
crime não teve motivação política. Com o depoimento dos seis acusados e o do menor que
confessou o crime, a polícia sustentou a versão do assassinato. Para a família, no entanto, a
morte do prefeito está ligada às denúncias de cobrança de propina de empresários do setor de
transportes em Santo André. O prefeito teria tentado impedir o funcionamento do esquema.

Em agosto deste ano, a Polícia Civil reabriu as investigações devido às recentes denúncias
apresentadas na CPI do Mensalão. Segundo a polícia, Celso Daniel teria sido seqüestrado por
acaso. Uma quadrilha da favela Pantanal planejara o seqüestro de um comerciante, mas ele
não apareceu no local. Apenas o prefeito teria sido seqüestrado porque o carro em que ele
estava desceu ladeira abaixo quando os seqüestradores tentavam retirar os ocupantes. Os
integrantes da quadrilha disseram que Ivan Rodrigues da Silva, o Monstro, líder do grupo, teria
ordenado a libertação do prefeito, mas a ordem teria sido descumprida por outro integrante da
quadrilha, José Edson da Silva. José Edson da Silva afirmou à polícia que mandou matar o
prefeito porque ele olhou para seu rosto. Ele negou a autoria dos disparos, que teriam sido
feitos pelo adolescente.

Celso Augusto Daniel (Santo André, 16 de abril de 1951 — Juquitiba, janeiro de 2002) foi um
político brasileiro. Prefeito da cidade paulista de Santo André pelo Partido dos Trabalhadores,
foi assassinado em 2002. Entre os suspeitos encontram-se criminosos comuns e políticos da
oposição. Após o início das investigações, sete testemunhas morreram, todas em
circunstâncias misteriosas.

Assassinato

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Celso Daniel, com cinqüenta anos de idade quando ocupava o cargo de prefeito de Santo
André pela segunda vez, foi seqüestrado na noite de 18 de janeiro de 2002, quando saía de
uma churrascaria localizada no bairro dos Jardins, em São Paulo.
Segundo as informações divulgadas pela imprensa, o prefeito estava dentro de um carro
Mitsubishi Pajero blindado, na companhia do empresário Sérgio Gomes da Silva, conhecido
também como o "Sombra". O carro teria sido perseguido por outros três veículos: um Santana,
um Tempra e uma Blazer.

Na Rua Antônio Bezerra, perto do número 393, no bairro do Sacomã, os criminosos fecharam o
carro do prefeito. Tiros foram disparados contra os pneus e vidros traseiro e dianteiro de seu
carro. Gomes da Silva, que era o motorista, disse que na hora a trava e o câmbio da Pajero
não funcionaram. Os bandidos armados então abriram a porta do carro, arrancaram o prefeito
de lá e o levaram embora. Sérgio Gomes da Silva ficou no local e nada aconteceu com ele.

Na manhã do dia 20 de janeiro de 2002, domingo, o corpo do prefeito Celso Daniel, com onze
tiros, foi encontrado na Estrada das Cachoeiras, no Bairro do Carmo, na altura do quilômetro
328 da rodovia Régis Bittencourt (BR-116), em Juquitiba.

Inquérito Policial

A polícia de São Paulo concluiu o inquérito sobre a morte de Celso Daniel no dia 1 de abril de
2002. Segundo o relatório final da polícia, apresentado pelo delegado Armando de Oliveira
Costa Filho, do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), seis pessoas de
uma quadrilha da favela Pantanal, da Zona Sul de São Paulo, cometeram o crime. Entre elas
estava um menor de idade, que confessou ter sido o autor dos disparos que atingiram o
prefeito. O inquérito policial concluiu que os criminosos seqüestraram Celso Daniel por engano,
e que confundiram-no com uma outra pessoa, um comerciante cuja identidade não foi
revelada, e que seria o verdadeiro alvo do seqüestro.

Os integrantes da quadrilha seriam: Rodolfo Rodrigo de Souza Oliveira (“Bozinho”), José


Édson da Silva (“Édson”), Itamar Messias Silva dos Santos (“Itamar”), Marcos Roberto Bispo
dos Santos (“Marquinhos”), e Elcyd Oliveira Brito (“John”). O líder da quadrilha seria Ivan
Rodrigues da Silva, também conhecido como “Monstro”. O local do cativeiro foi escolhido por
Édson, que alugou um sítio em Juquitiba para essa finalidade. Dois carros foram roubados para
a realização do seqüestro: uma Chevrolet Blazer e um Volkswagen Santana. A quadrilha se
reuniu no dia 17 de janeiro de 2002 e ficou definido que o seqüestro ocorreria no dia seguinte.

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No dia 18 de Janeiro, à tarde, teve início a operação. Monstro e Marquinhos saíram no Santana
e os outros criminosos foram na Blazer. Através de um telefone celular o Monstro coordenava
toda a ação. Os meliantes na Blazer começaram a perseguir o comerciante que pretendiam
deter, contudo perderam-no de vista. O líder do bando, Monstro, ordenou então que o grupo
abortasse a ação e que atacasse o passageiro do primeiro carro importado que fosse
encontrado no caminho. Os bandidos começaram a trafegar pelas ruas da região e Monstro
escolheu como novo alvo a Pajero onde viajava o prefeito Celso Daniel e o empresário Sérgio
Gomes. O bando começou a perseguir a Pajero do prefeito, e a Blazer a bater nele. Itamar e
Bonzinho saíram da Blazer, atiraram na direção da Pajero e tiraram o prefeito Celso Daniel do
carro, rendido à força. Ele foi levado até a favela Pantanal, na região de divisa entre Diadema e
São Paulo. Na favela, os bandidos retiraram Celso Daniel da Blazer, colocaram-no no Santana
e levaram-no até o cativeiro em Juquitiba.

No dia 19 de Janeiro, os criminosos souberam pelos jornais que tinham seqüestrado o prefeito
de Santo André. Eles ficaram com medo e resolveram desistir. Monstro, ordenou a Edson que
a vítima fosse “dispensada”. Segundo os outros integrantes da quadrilha, Monstro quiz dizer
com isso que Celso Daniel deveria ser libertado. Contudo, Edson entendeu que deveria matar
o prefeito. Edson contratou um menor conhecido como "Lalo" para matar a vítima. Edson, Lalo
e Celso Daniel foram até a estrada da Cachoeira, em Juquitiba e Edson deu a ordem para Lalo
matar o prefeito. Dois dias depois, o corpo de Celso Daniel foi encontrado, com oito
perfurações a bala.

A família de Celso Daniel não ficou satisfeita com o resultado do primeiro inquérito policial que
disse que o prefeito foi vítima de crime comum, assassinado por engano por uma quadrilha de
seqüestradores. Para a família do prefeito o crime teve motivação política.

O empresário Sérgio Gomes da Silva, que era o motorista da Pajero onde viajava o prefeito
Celso Daniel, disse que na hora quando foi fechado pelos bandidos, a trava e o câmbio do
veículo não funcionaram, o que impossibilitou a fuga e permitiu aos bandidos abrirem a porta
do carro e levarem o prefeito. Uma análise pericial foi feita na Pajero e a conclusão dos peritos
é que o carro não tinha nenhum defeito elétrico ou mecânico que justificasse uma falha.
Segundo os peritos, se houve falha na hora, ela foi humana.

Após a morte de Celso Daniel foram ainda assassinadas seis outras pessoas, todas em
situações misteriosas, entre as quais estão: o agente funerário que reconheceu o corpo do
prefeito jogado na estrada e que chamou a polícia, o garçom que serviu Celso Daniel na noite

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do crime e uma outra.

Um dos promotores do caso mostrou ao menor que alegou ter atirado no prefeito, uma foto de
Celso Daniel. Este não conseguiu reconhecer a pessoa na foto, sendo posta em dúvida a
hipótese de ele ter sido o autor dos disparos que vitimaram Celso Daniel.

A família pressionou as autoridades para que o caso da morte do prefeito fosse reaberto. Em 5
de Agosto de 2002 o Ministério Público de São Paulo solicitou a reabertura das investigações
sobre o sequestro e assassinato do prefeito.

Hipótese de crime político

Muitos integrantes da família do prefeito morto acreditam na hipótese de crime político.


Segundo o irmão de Celso Daniel, o oftalmologista João Francisco Daniel, a, o prefeito morreu
porque detinha um dossiê sobre corrupção na prefeitura de Santo André. Tal hipótese é
questionada por muitos, uma vez que João Francisco, filiado ao Partido Trabalhista Brasileiro
(PTB), fazia oposição a seu irmão, com quem era rompido pessoal e politicamente.

João alega que seu irmão Celso Daniel, quando era prefeito de Santo André, sabia e era
conivente de um esquema de corrupção na prefeitura, que servia para desviar dinheiro para o
Partido dos Trabalhadores (PT). O suposto esquema de corrupção envolvia integrantes do
governo municipal e empresários do setor de transportes e contava ainda com a participação
de José Dirceu. Empresários de ônibus da região do ABC Paulista, como a família Gabrilli,
controladora da Viação São José/Expresso Guarará, confirmou que Sérgio Gomes da Silva, o
Sombra, coletava mensalmente uma propina das empresas, com valores que variavam entre
R$ 40 mil a R$ 120 mil. Ainda de acordo com estas denúncias, as empresas que participavam
do suposto esquema seriam beneficiadas em Santo André. Para se ter uma idéia das
denúncias, a filha do dono da Viação São José]]/Expresso Guarará, Ângela Gabrilli, contou em
depoimento ao Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (GAECO), do
Ministério Público de Santo André, e à CPI da Câmara Municipal de Santo André, realizada
logo após a morte de Celso Daniel, que a Viação Padroeira, que supostamente participava do
apontado esquema, ganhou a concessão de uma linha, a B 47 R (Jardim Santo André/Terminal
Santo André Oeste), prejudicando a Viação São José que mantinha uma linha com itinerário
semelhante. A linha da Viação Padroeira acabou fazendo com que a São José extinguisse a
linha mais antiga, a T 45 (Vila Suíça/Estação de Santo André) e entrasse em prejuízo. Até
então, a Viação São José não participava do suposto esquema.
Os acusados negam as denúncias e vêm se defendendo nos fóruns apropriados.

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Ainda segundo depoimento do irmão de Celso, João Francisco Daniel, algumas pessoas
começaram a desviar para suas contas pessoais o dinheiro, que por sua vez já era desviado
ilegalmente para o PT. Celso Daniel descobriu isso e preparou um dossiê, que teria
desaparecido após seu assassinato.

O presidiário José Felício, conhecido como "Geleião", disse à polícia ter ouvido falar sobre o
suposto dossiê de Celso Daniel e de uma suposta ameaça de morte. O empresário Sérgio
Gomes da Silva (o "Sombra"), que dirigia o carro em que viajava o prefeito na noite do
seqüestro, foi indiciado pelo Ministério Público de São Paulo, acusado de ser o mandante do
assassinato do prefeito. De acordo com o Ministério Público foi Sombra quem ordenou a morte
do prefeito para que um suposto esquema de corrupção na prefeitura de Santo André não
fosse descoberto. Sombra está preso e nega qualquer participação na morte do prefeito.

Os promotores Roberto Wider Filho e Amaro José Tomé, do Gaeco do Ministério Público de
Santo André, pediram em 2005, a reabertura das investigações policiais. Por ordem do
Secretário de Segurança do Estado de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho, o caso foi
encaminhado para a delegada Elisabete Sato, então titular do Distrito Policial de número 78,
nos Jardins. Os promotores pediram que o caso não fosse encaminhado novamente ao
Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil paulista, que já
havia concluído pela tese de crime comum. Mesmo após a reabertura das investigações, o
delegado-geral da época, Marco Antônio Desgualdo, declarou acreditar na tese de crime
comum, o que é negado veementemente pelos promotores e pelos familiares de Celso Daniel.

Um segundo inquérito, conduzido novamente por Elizabete Sato, indicada pelo então secretário
Saulo de Abreu, aberto no segundo semestre de 2005, novamente levou à tese de crime
comum. O inquérito, com data de 26 de Setembro de 2006, é anterior ao primeiro turno das
eleições presidenciais. Sua repercussão na mídia só se deu no final de novembro de 2006.
O que dizia a reportagem de VEJA

A execução bárbara do prefeito Celso Daniel, do PT, em Santo André, chocou o país. Até
agora não há uma explicação clara para a morte do político, seqüestrado quando saía com um
amigo de uma churrascaria e assassinado 24 horas depois. Em virtude de outro crime de morte
em que a vítima foi um prefeito petista - Toninho do PT, de Campinas - chegou-se a falar em
conspiração política destinada a matar integrantes do partido. A morte de Daniel, segundo essa
interpretação, teria sido crime político. Os próprios líderes do PT, no entanto, admitem que
essa é a mais fraca das hipóteses a ser investigadas. Outra possibilidade, bem mais forte, é a
de crime comum. Mas há dúvidas a respeito dos depoimentos do amigo que estava com
Daniel, o empresário Sérgio Gomes da Silva, dono do carro blindado que foi abordado pelos

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seqüestradores. Na polícia, ele contou uma história que depois se revelou cheia de
contradições. Há um complicador. Silva é sócio de um certo Ronan Pinto, dono de empresas
de ônibus e beneficiário de contratos milionários com a prefeitura de Santo André, muitos deles
investigados por irregularidades. Todos esses detalhes deverão ser examinados pelos policiais
envolvidos na elucidação do caso. Eles não descartam a hipótese de que o assassinato pode
estar relacionado a interesses econômicos contrariados pelo prefeito.

O que aconteceu depois

Com a investigação ainda centrada na hipótese de crime comum, uma quadrilha da favela
Pantanal passou a ser procurada pelo seqüestro e morte de Celso Daniel algumas semanas
depois. Liderada por Ivan Rodrigues da Silva, conhecido como Monstro, essa quadrilha teria
pelo menos seis pessoas envolvidas diretamente no crime, incluindo os bandidos conhecidos
como Olho de Gato, André Cara Seca, Cara de Gato e Bozinho. Todos sustentavam a versão
de crime comum. Um deles, José Edson da Silva, disse ter mandado um menor (então com 17
anos) matar Daniel pois ele tinha visto seu rosto - o adolescente confirmou isso. Monstro foi
preso em junho de 2002 e disse que o próprio Silva fez os disparos. O PT e parte da polícia já
dava o caso como solucionado quando um irmão de Daniel, João Francisco, prestou
depoimento ao Ministério Público e mudou o rumo do caso. Ele contou que Daniel prometera
denunciar um esquema de corrupção na área de transportes na cidade, envolvendo os
empresários Sérgio Gomes e Ronan Pinto e o petista Klinger de Souza. Segundo João
Francisco, eles desviavam dinheiro que seria entregue para campanhas do PT - os valores, em
espécie, seriam cedidos a José Dirceu, conforme relataram a ex-mulher do prefeito, Míriam
Belchior, e seu antigo secretário de Governo, Gilberto Carvalho. João Francisco prometeu
apresentar o nome de testemunhas, mas recuou ao dizer que temia pela segurança delas.

Dentro dessa nova linha de apuração, integrantes do Ministério Público e da CPI formada
sobre o caso na Câmara de Santo André obtiveram novos relatos e indícios sobre o esquema
ilegal - acreditava-se que Daniel sabia do desvio de dinheiro, mas ameaçou denunciá-lo ao
constatar que os empresários ficavam com parte dos valores. Em agosto de 2002, a
investigação foi reaberta, já com o foco do crime político. Depois de mais de um ano de
apuração, o MP reuniu provas suficientes para implicar Gomes, que ficou conhecido como
"Sombra", como suspeito de simular o seqüestro para que a execução ocorresse - uma
"queima de arquivo" para impedir a revelação da corrupção. Gomes, que se dizia inocente, foi
denunciado criminalmente enquanto a família de Celso Daniel acusava o PT de tentar
atrapalhar a apuração e reavivar a versão de crime comum. A Justiça aceitou a denúncia
contra Gomes como mandante do crime e, em dezembro de 2003, o empresário foi preso. A
hipótese de "queima de arquivo" ganhou ainda mais força depois que, no início de 2004, o MP
constatou que seis pessoas ligadas ao caso já haviam sido mortas a tiros - e nenhum
assassinato havia sido elucidado até então. Entre os mortos estavam o agente funerário que
reconheceu o corpo e chamou a polícia, o garçom que serviu o último jantar de Daniel no
restaurante e dois suspeitos de ligação com o seqüestro. Mas a morte mais importante foi a de
Dionízio de Aquino Severo, que seria o vínculo entre Gomes e a quadrilha. Os dois se

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conheciam havia anos - trabalharam juntos como seguranças na prefeitura.

Depois de ter negados vários pedidos de habeas corpus, o "Sombra" obteve a libertação em
julho de 2004, justamente na instância máxima da Justiça, através de decisão do presidente do
STF, Nelson Jobim - ele considerou que não havia razão jurídica para a prisão. Gomes passou
cerca de 250 dias detido. As suspeitas, porém, não cessaram com sua soltura. Primeiro, em
maio de 2005, um novo laudo indicou a possível presença de um terceiro carro na cena do
crime, supostamente ocupado por Dionízio Severo. Depois, em agosto de 2005, um dos presos
no caso escreveu para o "Sombra" ameaçando contar tudo e dizendo que "a bomba vai
explodir". Em seguida, ainda em agosto, o médico-legista Carlos Delmonte Printes, que fez a
necropsia do corpo de Daniel, revelou que o prefeito foi brutalmente torturado, o que não é
consistente com a versão de crime comum, e que foi censurado ao tentar divulgar a
informação. No mês seguinte, o preso que escreveu a carta ao "Sombra" disse à polícia e ao
MP que Gomes prometera 1 milhão de reais à quadrilha pela morte de Daniel. E em outubro,
mais um desdobramento intrigante no caso: o legista Delmonte foi encontrado morto em seu
escritório. Sétima pessoa ligada ao caso a morrer de forma misteriosa, o perito deixou uma
carta para a família dando instruções para depois de sua morte. A hipótese de causa natural foi
afastada, e a morte foi atribuída a suicídio por envenenamento. Apesar das circunstâncias
peculiares de todo o caso, os petistas citados continuavam insistindo na versão de crime
comum.

Em novembro de 2006, o relatório de Elizabete Sato, delegada titular do 78º Distrito Policial
(Jardins), enviado ao Ministério Público e à Justiça, concluiu que não havia provas de crime
político no assassinato de Celso Daniel. Sato investigou o caso durante um ano e destacou no
texto sua preocupação em "não transformar a investigação em um acontecimento político". Ela
foi escalada pela Secretaria da Segurança para apurar denúncias dos irmãos do prefeito de
que Celso teria sido alvo de crime encomendado porque teria decidido dar fim a um esquema
de corrupção.

A delegada ouviu os sete pistoleiros presos sob acusação de terem sido os executores do
prefeito. Eles confessaram o crime, como tinham feito na primeira etapa da investigação,
conduzida pelo Departamento de Homicídios. Em sua avaliação, a única novidade foi a
constatação de que L.S.N., o Lalo, na época do crime com 15 anos, assumiu a autoria dos sete
disparos contra o prefeito "por mando e coação" de José Edson da Silva, o Zé Edson, "este sim
o principal executor do crime e indivíduo que exala violência e descomprometimento com a
vida humana".

Médico legista do Caso Celso Daniel é encontrado morto em São Paulo

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13 de Outubro de 2005

Brasil — A Polícia Civil de São Paulo encontrou por volta das 14 horas de quarta-feira (12) o
corpo de Carlos Delmonte Printes, 55 anos, médico-legista que examinou o corpo do prefeito
de Santo André, Celso Daniel (Partido dos Trabalhadores- São Paulo) assassinado em 2002.

Delmonte dizia que o prefeito foi brutalmente torturado antes de ter sido executado. O médico
também dizia que a hipótese de a morte de Celso Daniel ter tido origem num crime comum não
era plausível.

Durante uma entrevista para o Programa do Jô, em Setembro, Delmonte disse que recebeu
pressão de políticos, entre os quais o deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (Partido dos
Trabalhadores- São Paulo), para que concordasse com a hipótese de crime comum. Na
ocasião, Delmonte disse: "Eu fui proibido de falar pelo diretor do Instituto Médico Legal. Bem
mais tarde, depois que eu comuniquei o fato ao Ministério Público, eles alegaram que era para
a minha proteção e em seguida foi decretado segredo de Justiça".

Com a morte do doutor Carlos Delmonte, agora são sete o número de pessoas que morreram e
que tinham alguma relação com o caso do assassinato do prefeito de Santo André.

As principais testemunhas que morreram até agora foram:

1. Dionísio Aquino Severo: morto dentro prisão, em 2002. Para os promotores, ele teria
informações sobre o suposto autor intelectual do crime.

2. Sérgio “Orelha”: forneceu abrigo para Dionísio Aquino Severo. Foi morto a tiros em 2002.

3. Otávio Mercier: investigador da Polícia Civil. Morreu depois que sua casa foi invadida.

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4. Antonio Palácio de Oliveira: garçom que serviu o prefeito na noite do crime. Ao fugir de uma
perseguição sua motocicleta bateu num poste e ele morreu.

5. Paulo Henrique Brito: a única testemunha da morte do garçom. Foi assassinado 20 dias
depois.

6. Iran Moraes Redua: agente funerário que reconheceu o corpo do prefeito no local do crime.
Assassinado com dois tiros.

7. Carlos Delmonte Printes: médico-legista que examinou Celso Daniel, encontrado morto na
sua casa, na Vila Clementino, zona sul, em 11 de Outubro de 2005.

As provas da tortura

Conforme ISTOÉ antecipou em sua última edição (1891), dois novos fatos contrariam a tese de
que o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), não passou de crime comum.
O primeiro fato é que o adolescente indiciado como o assassino fugiu da Febem e revelou não
ter sido o autor dos disparos que mataram Celso Daniel. O segundo fato é que o Parecer
Médico-Legal 001/06 comprova as marcas das torturas no corpo da vítima. Este parecer será
apresentado nessa semana à CPI dos Bingos. Poderá mostrar o seguinte: ou o prefeito estava
nu quando foi atingido por fragmentos de projéteis ou a sua roupa foi trocada antes dos
disparos fatais – isso porque as vestes de seu corpo, quando ele foi encontrado, não são
compatíveis com as marcas apresentadas pelo próprio corpo. Essas revelações caminham na
direção de crime encomendado e essa é a linha de investigação adotada pela delegada
Elisabeth Sato, responsável pelas diligências: “Nosso trabalho será encontrar esse
adolescente. Queremos saber se ele assumiu um crime que não cometeu e, se assim o fez,
quem está acobertando.” Para o advogado Roberto Podval, que representa na Justiça o
empresário Sérgio Gomes da Silva, acusado de ser mandante do crime, “é comum menores
assumirem crimes que não cometeram para acobertar adultos”. E, se isso aconteceu nesse
caso, “esse fato não descaracteriza a constatação da polícia de que os criminosos são os
acusados que já estão presos”. Quanto ao laudo, Podval diz que “a constatação da violência
confirma o depoimento dos acusados porque eles já admitiram à Justiça terem usado de
violência antes do assassinato”.

As revelações de ISTOÉ ocuparam lugar de destaque nos principais jornais brasileiros. Todos
repercutiram a reportagem de ISTOÉ reinventando a roda – ou melhor, o furo jornalístico. As
revelações de ISTOÉ modificam a versão oficial da própria polícia, segundo as conclusões do

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médico legista Paulo Vasquez. Ele corrobora a versão inicialmente apresentada por seu colega
Carlos Delmonte Printes (encontrado morto em seu escritório no ano passado). As fotos
publicadas agora por ISTOÉ comprovam a tortura em Celso Daniel, que levou oito tiros (antes
dos tiros fatais no tórax, dois outros foram disparados em seu rosto).

O corpo de Celso Daniel apresenta lesões na lateral do tórax (foto). E também na região
interna do braço direito e na coxa direita. Os ferimentos foram causados por estilhaços de
projéteis de arma de fogo (os chamados “tiros de esculacho”). As vestes com as quais o
prefeito foi encontrado não apresentam sinais compatíveis com as perfurações encontradas no
corpo

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O corpo de Celso Daniel tinha duas queimaduras produzidas pelo cano de pistola 9 mm
aquecida. Isso sugere que a arma foi pressionada contra o seu corpo após uso contínuo. A
camisa não apresenta nenhuma marca compatível com as queimaduras produzidas pelo cano
da arma

22/11/06
Crime Perfeito

Polícia conclui que caso Celso Daniel não foi político

Odair Sene)- Dizem que não há crime perfeito.

Isto é, depende de quem investiga, de quem manda e de quem obedece (este último tem que
ter juízo).

Em alguns casos os crimes podem até ser perfeitos. E, ao que parece, o bárbaro crime do
prefeito de Santo André, Celso Daniel (do PT), ocorrido em janeiro de 2002, vai mesmo entrar
para a lista das raridades perfeitas.

Se todo mundo sabe da bandalheira com os recursos desviados da cidade para as campanhas
petistas, e isso teria motivado a ‘eliminação’ do ‘companheiro’, mesmo assim as forças ocultas
(trazidas provavelmente pelos ventos palacianos), fizeram com que as suspeitas se
resumissem em apenas ‘umas suspeitas aqui ou acolá’ como disse a delegada se referindo
aos testemunhos, na conclusão do inquérito.
 
Segundo o relatório da delegada Elizabete Sato, titular do 78º Distrito Policial (Jardins),
escalada pela Secretaria de Segurança, “suspeita sem a devida prova equivale a quase nada”.

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Concluindo que foram mesmo os indivíduos indicados no primeiro inquérito (aquele super
questionado até pela própria polícia).
 
Isso é ruim para a democracia. Vermos como andam as leis dos alcaides brasileiros que
mandam e, quem tem juízo obedece. Afinal, já foram mortos uma dúzia de envolvidos no caso
Celso Daniel. Quem tem juízo obedece.
 
Quem ainda não têm juízo fala, esbraveja, denuncia, mas não é ouvido. Caso dos irmãos do
prefeito que não conseguiram nada, nem mesmo depois de estarem frente aos deputados na
CPMI dos Bingos em Brasília denunciando e pedindo justiça aos homens que aprovam ou
reprovam leis. João Francisco e Bruno Daniel garantem que Celso foi alvo de crime de
encomenda porque teria decidido dar fim a um suposto esquema de corrupção.
 
Caso ainda apareça alguma imperfeição neste crime, talvez a sociedade venha conhecer num
futuro próximo o porque que neste mês de novembro de 2006, foi descartada a possibilidade
de ser crime político. Até aqui fica a sensação de que a perfeição vai prevalecer, para o bem de
muitos e tristeza das famílias dos mortos, cerca de uma dúzia.
 
Os promotores do Gaeco (sigla da unidade de elite do Ministério Público com missão de
combater o crime organizado), estão convencidos de que o companheiro Celso Daniel foi morto
a mando do empresário Sérgio Gomes, o Sérgio Chefe. Ele (claro) nega.
 
A polícia não reconvocou nem o Sérgio Chefe nem o ex-vereador Klinger de Souza (PT),
apontados pela promotoria como peças de 'organização criminosa estável' que teria criado
poderosa rede de propinas na gestão Celso Daniel. "É obvio que eles ratificariam suas
declarações anteriores", anotou Elizabete, que destacou sua preocupação em "não transformar
a investigação em um acontecimento político".
 
Entretanto o Klinger é um político e o Sérgio sempre teve estreita ligação política com o
prefeito, ambos ligados ao PT. Mesmo assim a preocupação era de não transformar a
investigação em acontecimento político.
Obedece quem tem juízo...
No final das contas, o crime não foi político.

Sábado, Maio 28, 2005

O "Sombra" está de volta - caso Celso Daniel


O caso Celso Daniel ganha fôlego comum novo depoimento que envolveo
empresário amigo do prefeito

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Entre as muitas perguntas que ficaram no ar no episódio do assassinato de Celso Daniel, em


2002, uma se refere a uma situação ocorrida quando o então prefeito de Santo André ainda
estava vivo no cativeiro. Na ocasião, divulgou-se que tanto o senador Eduardo Suplicy (PT-SP)
quanto o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), haviam recebido telefonemas de
um homem que se apresentava como um dos seqüestradores do prefeito – e que pedia, em
troca da libertação do refém, a transferência de alguns presos de cadeias de São Paulo e do
Rio de Janeiro. A negociação não foi adiante, entre outras razões, porque Celso Daniel foi
encontrado morto logo após o último telefonema. Nunca se soube quem foi o interlocutor de
Suplicy e Alckmin e nem se estaria blefando. No último mês de abril, o Ministério Público ouviu
um homem que diz ser o autor desses telefonemas. Em depoimento ao qual VEJA teve
acesso, o detento José Márcio Felício – o "Geleião", que foi um dos principais líderes da maior
organização criminosa de São Paulo, o Primeiro Comando da Capital (PCC) – afirma ter
tentado negociar a libertação do prefeito em troca de benesses para si. No mesmo depoimento,
ele faz afirmações que complicam ainda mais a situação do empresário Sérgio Gomes da
Silva. O empresário chegou a ficar preso por sete meses, acusado de participação no
seqüestro de Celso Daniel, de quem era amigo e homem de confiança. Foi solto em julho do
ano passado. No decorrer das investigações, o Ministério Público colheu depoimentos e provas
que demonstram a participação de "Sombra", como ficou conhecido o empresário, num
esquema de corrupção que beneficiaria não só a ele como também aos cofres do PT. Um dos
irmãos de Celso Daniel, o médico João Francisco Daniel, afirmou, em depoimento à Justiça, ter
ouvido de Gilberto Carvalho – ex-secretário de governo na gestão do prefeito de Santo André e
hoje chefe-de-gabinete do presidente Lula – que o esquema de propinas na prefeitura de Santo
André teria arrecadado 1,2 milhão de reais, em espécie. O dinheiro, ainda segundo o
testemunho de João Francisco, teria sido entregue por Carvalho ao então deputado federal
José Dirceu, hoje ministro-chefe da Casa Civil. Dirceu e Carvalho negam a existência da
propina.

Na época da captura do prefeito, Felício cumpria pena na penitenciária de segurança máxima


Bangu 1, no Rio de Janeiro. No depoimento dado ao Ministério Público, ele conta que recebeu,
pelo celular, o telefonema de um comparsa – espécie de subordinado seu dentro do PCC. O
bandido pedia sua autorização para ajudar o seqüestrador Ivan Rodrigues da Silva, o "Monstro"
– um dos envolvidos na morte do prefeito e atualmente preso –, a encontrar um cativeiro que
abrigaria "um pássaro grande": Celso Daniel. Ao falar diretamente com Ivan, Felício conta ter
proposto a ele que mantivesse o prefeito em cativeiro para que ele, Felício, por meio desse
trunfo, conseguisse negociar sua transferência de Bangu 1. Ivan, porém, segundo Felício,
avisou que não poderia atender o pedido porque o seqüestro havia sido "uma encomenda" e a
ordem era "pau no gato". Na gíria da criminalidade, a expressão significa determinação
expressa para matar. Ainda segundo o depoimento de Felício, um ano após o seqüestro, ele e
Ivan se encontraram em outra penitenciária. Nessa ocasião, o seqüestrador teria revelado a ele
o nome do mandante da "encomenda": Sérgio Gomes da Silva. Ivan ainda teria dito que, antes
de morrer, Celso Daniel fora torturado para revelar onde havia escondido um dossiê com
acusações contra Sérgio Sombra.

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A Morte Misteriosa do Prefeito de Santo André - Parte 1
Sex, 13 de Fevereiro de 2009 11:00

A menção a essa documentação fez com que os promotores procurassem a família de Celso
Daniel, que já havia dito estar de posse de um dossiê contra Sérgio Sombra, encontrado no
apartamento do prefeito depois de sua morte. No início do mês, o dossiê foi entregue ao
Ministério Público. Trata-se de um envelope que, tendo como remetente um certo Gilberto, traz
documentos obtidos em cartórios listando bens em nome de Sombra e amigos, além de nomes
de empresas que, supostamente, pagariam propinas ao grupo. Embora, na opinião dos
promotores, esse dossiê não seja aquele mencionado por Felício (teria sido produzido três
anos antes da morte do prefeito e não apresenta poder de fogo para amedrontar Sombra ao
ponto a que se referiu o bandido Ivan), ele reforça os indícios de que Daniel, havia muito
tempo, tinha conhecimento das atividades ilícitas praticadas por seu homem de confiança.

O Ministério Público acredita que Felício fala a verdade – ao menos no que diz respeito ao fato
de ter sido o autor dos telefonemas ao senador Suplicy e ao governador Alckmin. Mesmo
assim, não se pode esquecer que o ex-líder do PCC é um bandido condenado e, como tal,
merece que suas palavras sejam recebidas com o máximo de precaução. Seu depoimento, no
entanto, somado à existência do dossiê entregue ao Ministério Público, reforça uma tese há
muito defendida pelos investigadores: "Celso Daniel já sabia das acusações a Sérgio Sombra
pelo menos desde 1999. Mas só passou a preocupar-se de fato a partir do momento em que se
tornou coordenador da campanha presidencial do PT em 2002", afirma o promotor Roberto
Wider. "Ao tornar-se uma 'vitrine', Celso Daniel pressionou Sérgio a acabar com o esquema de
corrupção dentro da prefeitura, detonando o episódio que culminou com a sua morte."

O depoimento de Felício e o dossiê entregue pela família do prefeito provocaram, na semana


passada, a reabertura das investigações sobre o assassinato de Celso Daniel. "Os fatos
obrigam a instauração de um novo inquérito", diz o promotor Amaro Thomé. Logo após o
assassinato do prefeito, o PT apressou-se em tentar sepultar o episódio, alegando que se
tratava de um crime comum – mais um capítulo da violência urbana. Levantar qualquer outra
hipótese seria uma vil tentativa de associar o partido a atividades espúrias, defenderam
caciques petistas na ocasião. Vê-se agora que o PT pode estar errado. E que o sucesso
efêmero de operações do tipo "abafa" não consegue impedir que os esqueletos continuem
teimando em sair do armário.

Uma história misteriosa

Um assassinato em circunstâncias misteriosas, emoldurado por um entrecho que mistura


corrupção política, sexo e uma série de mortes igualmente intrigantes de personagens
relacionados ao crime. Os ingredientes clássicos de um bom romance policial temperam o
homicídio do prefeito de Santo André, Celso Daniel, em 2002. Estrela de primeira grandeza do
Partido dos Trabalhadores, Celso Daniel seria o coordenador da campanha presidencial do
então candidato Luiz Inácio Lula da Silva, não tivesse sido seqüestrado e brutalmente morto
em janeiro daquele ano. Ao contrário de um bom romance policial, no entanto, essa é uma

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A Morte Misteriosa do Prefeito de Santo André - Parte 1
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história ainda longe de um final convincente. Até hoje muitas sombras (além de um "Sombra"
em pessoa, Sérgio Gomes da Silva, que acompanhava a vítima na fatídica noite do seqüestro)
turvam a visão dos motivos que levaram ao assassinato do prefeito. A última delas projetou-se
poucos dias atrás. O legista Carlos Delmonte Printes, que concluíra que Celso Daniel havia
sido torturado antes de ser abatido a tiros, foi encontrado morto em seu escritório em São
Paulo. É o sétimo personagem ligado ao caso a perder a vida.
 
Para acompanhar os desdobramentos dessa história intrincada e inventariar os seus principais
lances, VEJA destacou um de seus jornalistas mais experientes, o repórter João Gabriel de
Lima. Ao longo de dois meses de apuração, ele leu 200 páginas de documentos, entrevistou
dois dos três principais suspeitos de ter cometido o crime e todos os promotores e policiais
encarregados da investigação. Além disso, conversou longamente com amigos e familiares de
Celso Daniel, alguns deles defensores da tese de que se trata de um crime de vingança
política. Na semana passada, João Gabriel foi surpreendido com a morte de um de seus
entrevistados, o legista Delmonte Printes. Diz o repórter de VEJA: "Quanto mais se procura o
assassino do prefeito, mais se esbarra com corrupção, com corruptos e com cadáveres".

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