O documento discute a famosa afirmação de Nietzsche de que "Deus está morto" e o que isso significa. A morte de Deus representa o fim da estrutura religiosa do pensamento que adia a vida para além desta ou para um futuro inalcançável. Sem Deus, os homens são livres para criar seus próprios valores e viver plenamente, em vez de viverem de acordo com valores impostos.
O documento discute a famosa afirmação de Nietzsche de que "Deus está morto" e o que isso significa. A morte de Deus representa o fim da estrutura religiosa do pensamento que adia a vida para além desta ou para um futuro inalcançável. Sem Deus, os homens são livres para criar seus próprios valores e viver plenamente, em vez de viverem de acordo com valores impostos.
O documento discute a famosa afirmação de Nietzsche de que "Deus está morto" e o que isso significa. A morte de Deus representa o fim da estrutura religiosa do pensamento que adia a vida para além desta ou para um futuro inalcançável. Sem Deus, os homens são livres para criar seus próprios valores e viver plenamente, em vez de viverem de acordo com valores impostos.
Nietzsche afirma em Gaia Cincia, mas o que isso pode de fato
significar? Vejamos, ao descer da montanha, Zaratustra estava confiante daquilo que descobriu na solido. O isolamento na montanha foi essencial para concluir que a vida o que e nada mais do que de fato est acontecendo. A morte de deus a morte da estrutura religiosa do pensamento, portanto, a morte de um jeito de pensar que posterga a vida para o alm ou para um futuro inalcanvel. Zaratustra, quando encontra nos bosques um velho [santo] que havia sado de sua cabana sagrada para colher razes, impactado por uma enxurrada de infmias ao homens e louvores ao deus. Por que, disse o santo, fui para o ermo e a floresta? No seria por amar demais os homens? Agora amo a Deus: os homens j no amo. O homem , para mim, uma coisa demasiado imperfeita. O amor aos homens me mataria, diz Nietzsche no prlogo ao Assim Falou Zaratustra. No esta frase uma boa amostra da estrutura religiosa do pensamento? Veja tambm: Introduo Nietzsche, por Clvis de Barros Filho ela que carrega este nojo ao que animal, instintual, uma ojeriza vida. A afirmao Deus est morto em Nietzsche a vitria sobre essa mentalidade de rebanho, falsa, corrupta e artificial. por isso que Zaratustra, aps o encontro com o velho santo, vai embora sorrindo. Quando Zaratustra se achou s, assim falou para seu corao: Como ser possvel? Este velho santo, na sua floresta, ainda no soube que Deus est morto!. A solido, o afastamento do rebanho, condio primria para conhecer o vazio da morte de deus.
Deus est morto, ou Nietzsche apodrecendo
todos os santos O Homem Desvairado. Vs no ouvistes falar daquele homem desvairado que em plena manh luminosa acendeu um candeeiro, correu at a praa e gritou ininterruptamente: Estou procurando por Deus! Estou procurando por Deus! medida que l se encontravam muitos dos que no acreditavam em Deus, ele provocou uma grande gargalhada. Ser que ele se perdeu? dizia um. Ou ser que ele est se mantendo escondido? Ser que ele tem medo de ns? Ele foi de navio? Passear? assim eles gritavam e riam em confuso. O homem desvairado saltou para o meio deles e atravessou-os com seu olhar. Para onde foi Deus?, ele falou, gostaria de vos dizer! Ns o matamos vs e eu! Ns todos somos assassinos! Mas como fizemos isto? Como conseguimos esvaziar o mar? Quem nos deu a esponja para apagarmos todo o horizonte? O que fizemos ao arrebentarmos as correntes que prendiam esta terra ao seu sol? Para onde ela se move agora? Para onde nos movemos? Afastados de todo sol? No camos continuamente? E para trs, para os lados, para frente, para todos os lados? H ainda um alto e um baixo? No erramos como que atravs de um nada infinito? No nos envolve o sopro do espao vazio? No est mais frio? No advm sempre novamente a noite e mais noite? No precisamos acender os candeeiros pela manh? Ainda no escutamos nada do barulho dos coveiros que esto enterrando Deus? Ainda no sentimos o cheiro da putrefao de
Deus? tambm os deuses apodrecem! Deus est morto! Deus
permanece morto! E ns o matamos! Como nos consolamos, os assassinos dentre todos os assassinos? O mais sagrado e poderoso que o mundo at aqui possua sangrou sob nossas facas quem capaz de limpar este sangue de ns? Com que gua poderamos nos purificar? Que festejos de expiao, que jogos sagrados no precisamos inventar? A grandeza deste ato no grande demais para ns? Ns mesmos no precisamos nos tornar deuses para que venhamos apenas a parecer dignos deste ato? Nunca houve um ato mais grandioso e quem quer que venha a nascer depois de ns pertence por causa deste ato a uma histria mais elevada do que toda histria at aqui! O homem desvairado silenciou neste momento e olhou novamente para os seus ouvintes: tambm eles se encontravam em silncio e olhavam com estranhamento para ele. Finalmente, ele lanou seu candeeiro ao cho, de modo que este se partiu e apagou. Eu cheguei cedo demais, disse ele ento, eu ainda no estou em sintonia com o tempo. Este acontecimento extraordinrio ainda est a caminho e perambulando ele ainda no penetrou nos ouvidos dos homens. O raio e a tempestade precisam de tempo, a luz dos astros precisa de tempo, atos precisam de tempo, mesmo depois de terem sido praticados, para serem vistos e ouvidos. Este ato est para os homens mais distante do que o mais distante dos astros: e, porm, eles o praticaram! Conta-se ainda que o homem desvairado adentrou no mesmo dia vrias igrejas e entoou a o seu Requiem aeternam
deo.Acompanhado
at
porta
questionado
energicamente, ele retrucava sem parar apenas o seguinte: O que
so ainda afinal estas igrejas, se no tmulos e mausolus de Deus. (Nietzsche, Gaia Cincia, Aforisma 125) A morte de deus, na filosofia Nietzscheana, a morte do deus cristo, obviamente, mas no podemos delimitar sua afirmao unicamente
para a religio crist. Heiddeger, em seu artigo Natureza Humana: a
sentena nietzschiana Deus est morto, abre algumas perspectivas j comentadas nos primeiros pargrafos, Deus o nome para o mbito das idias e do ideal. Este mbito supra-sensvel vige desde Plato, dito ainda mais precisamente, desde a interpretao grega tardia e crist da filosofia platnica, enquanto
mundo
verdadeiro
propriamente
real.
Em
contraposio a este, o mundo sensvel apenas o mundo do aqum,
o mundo transitrio e por isso mesmo aparente, irreal. O mundo do aqum o vale das lamentaes em contraposio montanha da eterna bem-aventurana no alm. Se denominarmos, como ainda acontece em Kant, o mundo sensvel o mundo fsico em sentido amplo, ento o mundo supra-sensvel o mundo metafsico (Heidegger, Natureza Humana: a sentena nietzschiana Deus est morto).
Duccio di Buoninsegna, A Morte de
Maria, de 1308.
Mas a morte do mundo supra-sensvel como fundamento da vida do
ocidente, como fundao do viver, revela um grande vazio. Se deus est morto, como eu poderei saber o que fazer? Como saberei o que certo e o que errado? Como entenderei quais prticas devo praticar
e quais devo evitar? aqui que entra a concepo deNiilismo em
Nietzsche. Quando entendemos (na concepo de Nietzsche) que Deus est morto, ficamos terrivelmente livres: livres para perder qualquer referncia e submergir nos mares do chamado niilismo passivo: a no aceitao dos valores e o cinismo para com o mundo. E no adianta querer salvar as referncias do mundo supra-sensvel colocando outras coisas no lugar dele, pois explica Heidegger O que quer que venha a querer se colocar no lugar do mundo suprasensvel desta forma no passa de uma variao da interpretao de mundo eclesistico-crist e teolgica, que assumiu seu esquema ordinrio, sua ordenao hierrquica do ente, a partir do mundo helnico-judaico, cujo esquema fundamental foi instaurado no comeo da metafsica ocidental por Plato (Heidegger, Natureza Humana: a sentena nietzschiana Deus est morto). Colocar a cincia, o socialismo, a autonomia humana, as pulses Nada disso pode ocupar o lugar deixa por deus, porque eles passariam a funcionar como a chamada estrutura religiosa do pensamento, matando a vida e exaltando aquilo que artificial, como a ordem, a previsibilidade e a histria. A sada para a morte de Deus, diria Nietzsche, danar! criar! A nica coisa que vence o vazio do niilismo passivo a livre expanso da potncia. o livre correr da vontade de potncia, manifestada por foras ativas, ou seja, por foras criativas. Isso se d a partir da criao de valores para guiar a vida, no na subjugao a valores antigos e mofados ou na negao completa de valores. A vontade de
potncia aquilo que est na essncia de tudo, um querer-ser, que
quando se junta ao poder, um querer-ser-senhor. Vontade de potncia querer dominar, querer poder, por isso criar e negar a moral dos fracos. Quando Deus morre, s nos resta criar para viver, no mais deixar que nos criem a partir de um tipo especfico de homem que deveramos ser: o castrado, que no deseja, ou melhor, que deseja a tomando como referncia o outro, que tem seu querer pautado em barrar o outro. Esta a potncia movida por foras reativas. Potncia de gente fraca, que no gosta de ver o forte se dar bem. Se o mundo est nu, do jeito que ele , se no h mais nada que o encubra e nos diga como agir, ento s nos resta viver a vida de peito aberto, animalescamente.
Deus est Ghiraldelli
morto,
Nietzsche
Paulo
Este vdeo de Paulo Ghiraldelli uma boa introduo afirmao da