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Instituto Politécnico da Guarda

Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto

Mestrado em Ensino do 1º e 2º Ciclo do Ensino Básico

Epistemologia e Inovação
Educacional
Reflexão: As TIC, a mudança das práticas e a
inovação educacional

Orientadores: Professor Doutor António Pereira de Andrade Pissarra


Professor Doutor Carlos Jorge Gonçalves Brigas

Discente: Maria Albertina Sequeira Eiras


Nº 3953
As TIC, a mudança das práticas e a inovação educacional

Guarda, Maio de 2010

«A inovação pedagógica passa, hoje, pela utilização integrada de Novas tecnologias»


(Pissarra, 1993: 79)

A escola, ainda que organizada por classes, abriu as portas da sala de aula ao mundo, por
intermédio da Internet, e a novos espaços, não só, mas também escolares. É importante realçar que
a introdução dos equipamentos informáticos nos estabelecimentos de ensino e a sua possibilidade
de utilização, só por si, não têm o poder de produzir mudanças no processo de aprendizagem.
Cabe aos actores educativos o papel fundamental de implementar dinâmicas que requeiram a sua
utilização. Nesta situação, o professor deixa de ser o centro do saber e passa a constar da lista de
recursos disponíveis na construção do conhecimento do aluno e, também, do seu próprio.
Contudo, mantém-se como um elemento essencial no processo de aprendizagem, só que o seu
protagonismo assume novas direcções. O professor surge como um agente de mudança, tendo um
papel determinante.

A introdução das TIC, e particularmente da Internet, nas escolas é o motivo de todo um bulício em
torno da mudança nas políticas educativas, nos processos de aprendizagem, na organização
espacial e nas atitudes que se almejam cooperativas e críticas por parte não só dos professores,
mas também dos alunos, futuros cidadãos adultos. Relativamente ao papel do professor, é
consensual a necessidade de novos contornos. Para Nóvoa (1995), os contextos escolares onde as
TIC marcam presença exigem ao professor a aquisição de novas competências, mas também o
reforço de competências tradicionais. Assim, salientam-se competências na área da informática,
para utilização própria e com os alunos, e competências ao nível do trabalho de equipa, não só
respondendo a necessidades dos grupos de trabalho entre alunos, mas também entre professores.

O que tem acontecido até agora, pelo menos em muitas das escolas, é a utilização das TIC como
ferramenta de trabalho, ajudando alunos e professores, de uma forma extraordinária, a fazer o que
já costumavam fazer, mas de uma forma mais rápida e eficaz. Na verdade, as TIC não produziram
até ao momento alterações significativas na organização e no funcionamento dos nossos
estabelecimentos de ensino. Tal situação poderá dever-se tanto às altas expectativas iniciais de
mudança, como à angústia de indivíduos que ainda não conseguem uma relação amistosa e
utilitária com as tecnologias quer num plano pessoal, quer profissional. Mas apesar de os
resultados não cumprirem cabalmente as expectativas, o papel da escola continua a ser importante

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As TIC, a mudança das práticas e a inovação educacional

e determinante; sem o seu contributo, as mudanças seriam, seguramente, ainda menos


significativas.

De facto, o interesse das crianças pelos computadores, e pelos objectos tecnológicos em geral,
parece surgir de uma necessidade inata e inexplicável.

Contudo, não ficamos tão surpreendidos quando pensamos que as crianças já nascem e crescem
em ambientes onde existem muitos dos instrumentos tecnológicos que se utilizam nos nossos dias.
O computador, por exemplo, é uma ferramenta comum em muitos lares e em, praticamente, todas
as escolas.

Assim, é natural que as crianças se sintam familiarizadas com tal instrumento, situação que
favorece a sua descoberta e utilização.

A tecnologia na educação pode, efectivamente, ser uma mais-valia, mas tudo depende do modo
como a utilizarmos. Com a inserção do computador na escola não se pretendem mudanças
curriculares, nem a camuflagem de processos de aprendizagem mais antigos baseados no ensino
verbal. Pretende-se um ensino mais experimental, um ensino que leve os alunos a empenharem-se
sobre os temas que mais os motivam, podendo aprofundar os assuntos tanto quanto desejem. Tal
experimentação requer uma alteração nas relações humanas, nomeadamente nas relações
professor/aluno, entre pares com interesses comuns e mesmo intra familiares.

No entanto, as actividades que recorrem ao computador devem surgir integradas num projecto
pedagógico que dê sentido à escrita e ao computador enquanto recurso de aprendizagem.

Os computadores – e sobretudo a Internet – abriram a Escola a outros espaços. As crianças podem


«sair da sala» e visitar bibliotecas, museus, jardins, cidades, aldeias, em Portugal, na Europa, no
Mundo. As crianças podem, assim, ser como «Magalhães» e ir bem mais longe no seu
desenvolvimento… «(…) hoje, escola e professores encontram-se confrontados com novas tarefas:
fazer da Escola um lugar mais atraente para os alunos e fornecer-lhes as chaves para uma
compreensão verdadeira da sociedade de informação.» Missão para a Sociedade da Informação
(1997: 43).

Ao ler a citação anterior, depreendemos que a escola deve ser encarada como um lugar de
aprendizagem construída e não como um espaço onde o professor transmite saberes. A escola deve
ser um local onde é possível utilizar os meios necessários para edificar o conhecimento,

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desenvolver atitudes e valores e adquirir competências. Contudo, esta é uma perspectiva de ensino
relativamente recente.

Perante uma tecnologia pessoal e maleável, capaz de ser dominada por cada um de nós segundo a
nossa imaginação, criatividade e persistência, a responsabilidade do futuro, no que diz respeito ao
computador é exclusivamente nossa. Temos, portanto, a liberdade de decidir sobre o modo como
queremos que as crianças aprendam e a sociedade cresça.

Partindo, então, do princípio de que as crianças encontram no computador um dos parceiros ideais
para estabelecer diálogos e relações, porque não utilizá-lo como meio de promoção da leitura,
escrita, oralidade, matemática, …?

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