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Funcionalidade da Escrita

As crianças têm que descobrir a funcionalidade da escrita, isto é compreender


que a escrita serve para comunicar e tomar consciência da variabilidade de
objectivos da leitura (leitura de contos e histórias, cartas, cartazes e notícias) e
da sua relação com as várias formas de ler (ler em voz alta, ler em silêncio,
leitura atenta, leitura na diagonal) e construir assim um projecto pessoal de
leitor. É este desejo que a criança tem de ler que vai permitir que os pré-
requisitos para a leitura ganhem forma e sentido. Não é de todo importante que
as crianças se apropriem dos mecanismos da leitura, sem antes pensar sobre
a mesma: as crianças deverão ser confrontadas com situações em que
pensem sobre o que estão a ler/ escrever/ para quem/.
Por isso é fundamental o papel do educador. Pois este caminho de
desconstruir a linguagem escrita e o que a criança pensa sobre o que sabe
sobre a leitura é um caminho que tem que ser feito com o adulto.
Margarida Alves Martins concluiu que, quando iniciam a aprendizagem formal,
as crianças pré-escolares deveriam ter ideias claras sobre para que serve a
linguagem escrita. As experiências que Alves Martins realizou mostraram que
enquanto algumas crianças começam a escola tendo já desenvolvido para si
próprias um projecto pessoal de leitor, isto é, sabem para que é a linguagem
escrita e afirmam querer aprender para ler livros de histórias, para aprender
sobre animais ou escrever cartas (MARTINS; NIZA, 1998), outras há para
quem a mesma aprendizagem é sentida como uma obrigação externa. Estas
não reconhecem nenhuma utilidade à aprendizagem da leitura e da escrita e
não a associam com actividades que possam ser agradáveis.. Assim, para
Alves Martins é importante iniciar as crianças em idade pré-escolar em
diferentes usos da linguagem escrita para que, através desse contacto, essas
crianças possam, por si sós, aprender sobre a sua funcionalidade e adquirir
razões válidas para querer aprender. Isto significa, segundo esta autora, que os
educadores de infância deveriam fazer das suas aulas contextos de
comunicação autênticos, fazendo uso de materiais funcionais variados com
diferentes objectivos de comunicação.
Assim compete ao educador criar:
• Situações de escrita variadas:

Manuela Guedes 1
• Situações de leitura diversificadas;
• Falar sobre a escrita com as crianças
• Promover momentos de debate sobre a escrita no sentido de ajudar
as crianças a compreender todas as propriedades convencionais que
caracterizam a leitura e a escrita, como, por exemplo: que as
pessoas lêem e escrevem página a página, de cima para baixo, da
esquerda para a direita, linha a linha, palavra a palavra, em silêncio
ou em voz alta. As crianças deveriam ainda conhecer os termos
técnicos usados, tais como, texto, imagem, título, autor, linha, frase,
palavra, letra, letra inicial ou final, número, pontuação, etc

Manuela Guedes 2

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