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Série Gênesis – Passos tortos pelo caminho reto – Mensagem 6

Série Gênesis – Passos tortos pelo Caminho reto – Mensagem 6a

Amor em tempos de cólera


(Texto: Gn 6:1~8)

1. Introdução.

Todo ano temos a mesma história: descobrem, em algum escrito perdido por aí, que o
mundo acabará em breve. Nesse ano, por exemplo, o filme 2012 prediz, baseado em
uma "profecia" maia, que o mundo acabará em 2012. Foi assim em 2000 com
Nostradamus. Apocalipse, previsões astrológicas, alinhamento de planetas,
Testemunhas de Jeová, etc. O que une todos esses tipos de previsões é que nunca
acertaram o exato dia do "fim-do-mundo". Todo final de década temos uma avalanche
de previsões, filmes, livros que abordam esse tema. O que a Bíblia, e particularmente
Gênesis, o livro do começo, tem a falar de um fim? De um julgamento?

Gênesis nos mostra que mal começou a história da humanidade e já houve um evento de
"fim-do-mundo", ou "juízo de Deus" sobre a terra. Esse evento é tão catastrófico quanto
os relatos apocalípticos de nossos dias: grande inundação, eventos naturais
surpreendentes, salvamento de poucos remanescentes, constituição de um novo começo.

Qual é o propósito do juízo divino? Por que Deus tem que fazer valer, de uma maneira
muito violenta, a Sua justiça? Por que a necessidade de um fim? Por que um Deus
misericordioso tem que acabar, de maneira tão repentina a sua própria criação? Será que
o ato de Deus julgar não indica a falta de amor e tolerância em relação aos seres
humanos? São perguntas preliminares que se fazem necessários para compreendermos
os eventos do Dilúvio.

Porém, mesmo diante de um evento tão grandioso e trágico, sempre podemos ver a
graciosa mão de Deus. Essa graça se revelou na vida de Noé e de sua família que foram
salvos. Eles seriam "o novo começo". A preocupação de Deus é, sempre, resgatar e
restaurar a sua melhor peça de criação, o homem. Deus interfere constantemente na
história e no tempo para colocar nos eixos o homem que Ele criou.

A história de Noé e do grande Dilúvio nos fazem estar na presença de um Deus Todo-
Poderoso e plenamente Justo diante de quem não podemos nos dirigir de forma
desrespeitosa. Um Deus que nos desperta o mais profundo temor, e terror para alguns.
Ao mesmo tempo, um Deus tão gracioso que se importa em salva uma família de oito
pessoas constituindo-lhes um novo começo e uma nova Aliança.

Deus de justiça, Deus de amor. Dificilmente entenderemos essa eterna tensão dialética
divina. Apenas cremos que assim Ele é. O começo da história de Noé nos mostra que
Deus, é sim o Juiz de todos, mas é também Aquele que quer salvar o mundo da ira de
sua justiça mediante a obra redentora de seu Filho Jesus Cristo. Deus revela o seu
grande amor ainda em tempos de cólera e ira! Nunca a justiça ofuscará o amor de Deus,
o amor sempre confirmará a justiça divina!

Essa é a história do amor de Deus em tempos de cólera.

a
Pregado no MEP dia 30 de janeiro de 2010.

Paulo Sung Ho Won – www.sunghojd.blogspot.com


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Série Gênesis – Passos tortos pelo caminho reto – Mensagem 6

2. O texto (Gn 6:1~8)


1
Quando os homensb começaram a multiplicar-se na terra e lhes nasceram filhas,
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os filhos de Deusc viram que as filhas dos homens eram bonitas, e escolheram para si
aquelas que lhes agradaram. 3 Então disse o SENHOR: “Por causa da perversidade do
homemd, meu Espíritoe não contenderá com elef para sempre; ele só viverá cento e vinte
anosg”.
4
Naqueles dias havia nefilinsh na terra, e também posteriormente, quando os
filhos de Deus possuíram as filhas dos homens e elas lhes deram filhos. Eles foram os
heróisi do passado, homens famosos.
5
O SENHOR viuj que a perversidade do homem tinha aumentado na terra e que
toda a inclinaçãok dos pensamentosl do seu coraçãom era sempre e somente para o mal. 6
Então o SENHOR arrependeu-sen de ter feito o homem sobre a terra, e isso cortou-lhe o

b
6.1 ~d"a'h' o uso do artigo definido precedendo ~d"a' indica "humanidade".
c
6.2 ~yhiloa/h'-ynEB. lit. "filhos de Deus". Essa expressão ocorre apenas em Gn 6:2,4 e Jó 1:6, 2:1, 38:7. O significado
dessa expressão é de difícil compreensão tendo algumas interpretações. A primeira hipótese seria que o uso da
expressão em Jó indica serem estes seres angelicais. Assim, anjos em forma física, ou até, possuindo homens,
mantiveram relações sexuais com as mulheres da época. Alguns outros intérpretes preferem pensar que os "filhos de
Deus" são descendentes da linhagem de Sete, cf. a genealogia de Gn 5, enquanto que "as filhas dos homens" seriam
os descendentes de Caim. Porém, no texto, há uma clara distinção entre os "filhos de Deus" e a humanidade em geral,
sendo difícil entrar no consenso de que as "filhas dos homens" sejam apenas cainitas. Uma terceira hipótese é que
esses "filhos de Deus" sejam pessoas poderosas da época, até possessos de demônios, que vendo a si mesmos como
divinos praticavam poligamia, a exemplo de Lameque. Cf. WBC.
d
6.3 Ou Por ser o homem mortal
e
6.3 Ou o espírito que lhe dei
f
6.3 Ou não permanecerá nele
g
6.3 Alguns estudiosos acreditam que seja o limite da longevidade humana a partir de então. Porém, essa hipótese é
de difícil aceitação uma vez que a longevidade dos patriarcas supera esse número. Provavelmente se refere ao prazo
de anos até o dilúvio.
h
6.4 ~yliypin> Possivelmente gigantes ou homens poderosos. Veja também Nm 13.33. De acordo com o texto, os
Nefilims eram guerreiros poderosos do período anti-diluviano. Cf, NET Bible, "The text may imply they were the
offspring of the sexual union of the “sons of God” and the “daughters of humankind” (v. 2), but it stops short of
saying this in a direct manner. The Nephilim are mentioned in the OT only here and in Num 13:33, where it is stated
that they were giants (thus KJV, TEV, NLT “giants” here). The narrator observes that the Anakites of Canaan were
descendants of the Nephilim. Certainly these later Anakite Nephilim could not be descendants of the antediluvian
Nephilim (see also the following note on the word “this”). "
i
6.4 ~yrIBoGIh; descreve os ~yliypin>. Significa "guerreiros", "heróis" ou "homens poderosos". São "super-humanos" que
viveram no perído ante-diluviano.
j
6.5 ha'r" nesse caso usado no sentido de "avaliação" e "juízo" de Deus com relação ao homem. O sentido é diferente
do usado em Gn 1 como um ver de contemplação.
k
6.5 rceyE, se referindo ao "plano" ao "intento" do homem. Assim, os homens desvirtuaram uma qualidade dada por
Deus para fazer todo o mau.
l
6.5 bv'h', ou seja, pensamentos, considerações.
m
6.5 ble. O coração é entendido na cosmovisão judaica como o centro de todos os pensamentos e sentimentos. Uma
tradução possível seria "mente".
n
6.6 Cf. NET Bible: "Or “was grieved”; “was sorry.” In the Niphal stem the verb ~h'n" (nakham) can carry one of
four semantic meanings, depending on the context: (1) “to experience emotional pain or weakness,” “to feel regret,”
often concerning a past action (see Exod 13:17; Judg 21:6, 15; 1 Sam 15:11, 35; Job 42:6; Jer 31:19). In several of
these texts yKi (ki, “because”) introduces the cause of the emotional sorrow. (2) Another meaning is “to be comforted”
or “to comfort oneself” (sometimes by taking vengeance). See Gen 24:67; 38:12; 2 Sam 13:39; Ps 77:3; Isa 1:24;
Jer 31:15; Ezek 14:22; 31:16; 32:31. (This second category represents a polarization of category one.) (3) The
meaning “to relent from” or “to repudiate” a course of action which is already underway is also possible (see Judg
2:18; 2 Sam 24:16 = 1 Chr 21:15; Pss 90:13; 106:45; Jer 8:6; 20:16; 42:10). (4) Finally, “to retract” (a statement)
or “to relent or change one’s mind concerning,” “to deviate from” (a stated course of action) is possible (see Exod
32:12, 14; 1 Sam 15:29; Ps 110:4; Isa 57:6; Jer 4:28; 15:6; 18:8, 10; 26:3, 13, 19; Ezek 24:14; Joel 2:13-14; Am
7:3, 6; Jonah 3:9-10; 4:2; Zech 8:14). See R. B. Chisholm, “Does God ‘Change His Mind’?” BSac 152 (1995): 388.
The first category applies here because the context speaks of God’s grief and emotional pain (see the following
statement in v. 6) as a result of a past action (his making humankind). For a thorough study of the word ~h'n", see H.
Van Dyke Parunak, “A Semantic Survey of NHM,” Bib 56 (1975): 512-32."

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coraçãoo. 7 Disse o SENHOR: “Farei desaparecer da face da terra o homem que criei, os
homens e também os grandes animais e os pequenos e as aves do céu. Arrependo-me
de havê-los feito”.
8
A Noép, porém, o SENHOR mostrou benevolência.
3. Exposição do texto.

1. Observações iniciais do texto.

Esse texto é um dos mais intrigantes de todo o livro de Gênesis. Percebemos um relato
que nos soa estranho. São vários fatores novos e diferentes: "Filhos de Deus", "filhas
dos homens", "120 anos", "nefilins". Faz-se necessário uma explicação rápida de cada
um desses termos para uma melhor compreensão do texto bíblico.

~yhiloa/h'-ynEB.: essa expressão é curiosíssima. Ela aparece aqui em Gênesis, e também em Jó


1:6, 2:1, 38:7. Em Jó, essa expressão indica claramente seres angelicais: "E num dia em
que os filhos de Deusq vieram apresentar-se perante o SENHOR, veio também Satanás
entre eles." (Jó 1:6, ACF). Há pelo menos três grandes correntes de interpretação desse
termo. Há alguns que pensam que esses "filhos de Deus" eram realmente seres
angelicais demoníacos. Outros pensam que eram os descendentes de Sete, filho de Adão.
Outros ainda cogitam ser homens poderosos, que possuídos por demônios cometiam
poligamia à semelhança de Lameque em Gn 4.

O problema está no fato do texto dizer que: "Quando os homens começaram a


multiplicar-se na terra e lhes nasceram filhas, os filhos de Deus viram que as filhas dos
homens eram bonitas, e escolheram para si aquelas que lhes agradaram." (Gn 6:1,2).
Se partirmos da premissa que os ~yhiloa/h'-ynEB. eram seres angelicais caídos, chegaremos à
conclusão de que os anjos podiam ter relações sexuais com pessoas humanas, e mais,
que podiam ter filhos com elas. Mas essa posição encontra grande obstáculo numa
declaração de Jesus sobre os anjos: "Na ressurreição, as pessoas não se casam nem são
dadas em casamento; mas são como os anjos no céu." (Mt 22:30). Sendo os anjos seres
espirituais, e por definição, assexuados, é difícil imaginar que isso realmente tenha
acontecido.

O que parece razoável pensar é que os "filhos de Deus" do texto em Gênesis se referem
aos homens normais, poderosos, que tomavam mulheres ao seu bel prazer para se casar-
se e que isso acabou se transformando em um ato de maldade tal, que Deus decreta o
julgamento aos seres humanos.

Um outro aspecto interessante do texto é a presença de homens chamados de "nefilins".


O termo já está transliterado na sua forma hebraica de plural: ~yliypin>. Esse termo aparece
também em Nm 13:3 (embora no relato de Números seja difícil crer que são os mesmos
nefilins de Gênesis) quando os povos habitantes de Canaã são denominados assim pelos
israelitas. Se os "filhos de Deus" forem entendidos como anjos, os nefilins seriam
homens-especiais frutos dessa união. Porém, as versões portuguesas também traduzem
o
6.6 Dependendo do contexto, bc'[' pode ter três sentidos: primeiro, ser injuriado (Sl 56:5; Ec 10:9; 1Cr 4:10);
segundo, experimentar uma dor emocional, estar deprimido emocionalmente, estar preocupado (2Sm 19:2; Is 54:6;
Ne 8:10~11); e em terceiro, ser ofendido, ser insultado (Gen 34:7; 45:5; 1Sm 20:3, 34; 1Re 1:6; Is 63:10; Sl 78:40). A
NVI vai pela primeira opção, a NET Bible, por sua vez, opta pela terceira.
p
6.8 x;Wn, ou seja, "descansar".
q
A NVI traduz como "anjos".

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esse termo como "gigantes": "Ora, naquele tempo havia gigantes na terra; e também
depois, quando os filhos de Deus possuíram as filhas dos homens, as quais lhes deram
filhos; estes foram valentes, varões de renome, na antiguidade." (v. 4). Seja como for,
esses foram os homens poderosos, guerreiros e heróis do período antediluviano.

2. O Julgamento virá em 120 anos!

"Por causa da perversidade do homem, meu Espírito não contenderá com ele para
sempre; ele só viverá cento e vinte anos" (v. 3)

Essas curiosidades não constituem o ponto central do texto. A questão é que a maldade
do homem, expresso na sua libertinagem sexual, como o texto nos sugere, fez Deus
decretar um prazo para o seu juízo: dentro de cento e vinte anos, Deus traria um grande
julgamento, eliminando todos os homens. O Espírito de Deus não conviveria mais com
os seres humanos, ou seja, Deus retiraria o seu fôlego de vida, o x;Wr deles. Não é
propriamente a presença do Espírito Santo, mas o espírito da vida que seria retirado
deles.

Para que Deus tomasse essa decisão poderíamos pensar no clima de pecado e
degradação que o mundo se encontrava. Jesus conta nesses termos o pano de fundo
histórico do julgamento "Pois nos dias anteriores ao Dilúvio, o povo vivia comendo e
bebendo, casando-se e dando-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca"
(Mt 24:38). Beber, comer, casar-se são atitudes extremamente normais na vida de
qualquer ser humano. Porém, o pecado está no excesso e no abuso. Até os simples atos
de vida viraram uma abominação a Deus.

Nunca se esqueça que Deus é longânime, porém, em nenhum lugar na Bíblia


encontramos expressões como "Sua paciência é eterna". Deus tolera o pecado até certo
ponto. Passado o limite, Deus age e julga. O apóstolo Paulo fala da "ira de Deus" em
Romanos 1. A ira de Deus se manifesta no seu juízo. O autor de Hebreus explica nesses
termos o julgamento de Deus:

"Se continuarmos a pecar deliberadamente depois que recebemos o


conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados, mas tão-
somente uma terrível expectativa de juízo e de fogo intenso que consumirá os
inimigos de Deus. Quem rejeitava a Lei de Moisés morria sem misericórdia pelo
depoimento de duas ou três testemunhas. Quão mais severo castigo, julgam
vocês, merece aquele que pisou aos pés o Filho de Deus, profanou o sangue da
aliança pelo qual ele foi santificado, e insultou o Espírito da graça? Pois
conhecemos aquele que disse: “A mim pertence a vingança; eu retribuirei”d; e
outra vez: “O Senhor julgará o seu povo”e.
Terrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo!" (Hb 10:28~31)

Um relato muito interessante é o de Jonathan Edwards, quando pregou sua mensagem


"Pecadores nas mãos de um Deus irado" em 8 de julho de 1741, em Enfield,
Connecticut. Embora ele o tenha pregado a noite, à luz de velas, lendo o seu sermão,
como sempre o fazia, sem alteração de voz, as pessoas tiveram um profundo senso de
juízo e temor. Muitos choraram, alguns gritaram de desespero, e outros se seguraram
nas colunas da igreja porque pareciam ver que estavam sendo tragados para o inferno.
Sua mensagem foi baseada em Dt 32:35: "Minha é a vingança e a recompensa, ao
tempo que resvalar o seu pé; porque o dia da sua ruína está próximo, e as coisas que

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lhes hão de suceder, se apressam a chegar." (ACF). Hoje precisamos saber o tão
terrível é o juízo de Deus e o quão profundo é a repulsa que Deus tem pelo pecado!

3. O pecado fez Deus se arrepender de ter criado o homem.

"O SENHOR viu que a perversidade do homem tinha aumentado na terra e que toda a
inclinação dos pensamentos do seu coração era sempre e somente para o mal." (v. 5).

Os homens chegaram a um nível de mais absoluta degradação e corrupção moral. Hoje,


podemos pensar que a maldade é extrema, e que nunca antes as pessoas foram tão
egoístas e más. Mas conforme diz Salomão, "Haverá algo de que se possa dizer: Veja!
Isto é novo? Não! Já existiu há muito tempo, bem antes da nossa época." (Ec 1:10). Não
existe novidade: o coração do homem é o mesmo.

A maldade e a pecaminosidade do homem eram tais que tudo em sua vida cheirava a
podridão do pecado. Todos os seus pensamentos, sua vida toda, sua mente inteira
cogitavam atos contra Deus. O homem estava totalmente inclinado para o pecado. Eles
só pensavam no mau.

Há momentos em que o homem, descontrolado por causa do pecado, chega a esse limite.
E quando esse limite é ultrapassado, Deus só tem uma alternativa: julgar. Quando Deus
faz a aliança com Abrão, e.g., Ele disse que os seus descendentes voltariam para Canaã
na quarta geração para julgar os povos que lá viviam "porque a maldade dos amorreus
ainda não atingiu a medida completa" (Gn 15:15b). Isso significa que Deus estava
esperando o grau da maldade dos amorreus ultrapassar um limite para que Deus usasse
seu povo para destruí-los em juízo. Pecado tem limites. Passando desse limite, Deus não
usa mais de graça e misericórdia, mas sim da sua Justiça.

E hoje? Vivemos no tempo da graça. Jesus veio e demonstrou o amor de Deus na cruz.
A misericórdia de Deus foi estendida até a volta de Cristo. Quando ele voltar, aí sim,
Deus julgará todos os vivos e os mortos definitivamente selando toda a história da
humanidade: "Quando o Filho do homem vier em sua glória, com todos os anjos,
assentar-se-á em seu trono na glória celestial. Todas as nações serão reunidas diante
dele, e ele separará umas das outras como o pastor separa as ovelhas dos bodes. E
colocará as ovelhas à sua direita e os bodes à sua esquerda." (Mt 25:31~33). A
fronteira entre perdão e juízo já foi traçado: ou a morte, e se não, a volta de Cristo!

Voltando para o texto: "Então o SENHOR arrependeu-se de ter feito o homem sobre a
terra, e isso cortou-lhe o coração. Disse o SENHOR: “Farei desaparecer da face da
terra o homem que criei, os homens e também os grandes animais e os pequenos e as
aves do céu. Arrependo-me de havê-los feito”" (v. 6,7)

Deus demonstra sua imensa tristeza diante do Homem que o abandonou. Quando a
Bíblia fala em Deus se "arrepender", está indicando não um arrependimento como o
nosso, de, por exemplo, nos arrependermos de fazer algo errado. Mas sim, expressa a
profunda tristeza de Deus confirmado pela expressão "isso cortou-lhe o coração" (v. 6).
Não podemos imaginar o quão grande foi esse sentimento. Mas Deus, que queria ter um
relacionamento pleno com o homem, viu que o mesmo homem optou em abandoná-Lo.
Deus tem emoções. Deus ficou muito triste. Que possamos saber que o nosso pecado O
entristece muito!

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O pecado acaba com o homem e também com o meio e a natureza que o cerca. Uma vez
que ele é o dominador constituído por Deus, toda a natureza sofre com o pecado
humano. O apóstolo Paulo diz assim: "A natureza criada aguarda, com grande
expectativa, que os filhos de Deus sejam revelados. Pois ela foi submetida à inutilidade,
não pela sua própria escolha, mas por causa da vontade daquele que a sujeitou, na
esperança de que a própria natureza criada será libertada da escravidão da
decadência em que se encontra, recebendo a gloriosa liberdade dos filhos de Deus."
(Rm 8:19~21). As consequências do pecado nunca terminam apenas em mim: sempre
atingirá mais algo.

Conclusão: Amor de Deus em tempos de cólera!

"A Noé, porém, o SENHOR mostrou benevolência." (v. 8).

Dentro desse mundo completamente engolido pelo pecado, Deus encontrou uma pessoa:
Noé. Pelo que parece, somente Noé e sua família guardavam um temor por Deus. Todo
o mundo contra um. Uma pessoa apenas, uma família apenas. O Senhor mostrou
benevolência, ou seja, Deus mostrou a Noé graça.

Diante de um quadro tão desolador, Deus podia reinventar o homem. Deus podia muito
bem destruir a todos e criar um novo ser. Porém, Deus não desampara nunca uma
pessoa que o teme e o busca. Pode ser que Noé e sua família estivessem sozinhas no
mundo guardando a sua fé, mas Deus nunca os desampararia.

Grande amor de Deus! Deus nunca te contará como um ímpio, na medida em que você
O ama e O busca. Deus gosta se estender a sua mão graciosa para todos aqueles que se
submetem a Ele. É através de Noé que Deus recomeçaria uma nova história. Deus
precisa de uma pessoa que O ame e O tema para mudar o destino de toda a História.
Deus quer usar você, da mesma maneira que Ele usou a Noé e sua família. Deus sabia
que Noé e seus descendentes iriam pecar novamente? É claro! Porém, Deus não queria
desprezar o coração de Noé inclinado não ao pecado, mas a Ele. Isso é amor! Isso é
graça!

A história de Noé nos mostrará mais para frente que Deus julga, mas o seu interesse
maior é que tenhamos vida e sejamos salvos. O apóstolo João dirá: "“Porque Deus
tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito para que todo o que nele crer não
pereça, mas tenha a vida eterna. Pois Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para
condenar o mundo, mas para que este fosse salvo por meio dele. Quem nele crê não é
condenado, mas quem não crê já está condenado, por não crer no nome do Filho
Unigênito de Deus. Este é o julgamento: a luz veio ao mundo, mas os homens amaram
as trevas, e não a luz, porque as suas obras eram más. Quem pratica o mal odeia a luz
e não se aproxima da luz, temendo que as suas obras sejam manifestas. Mas quem
pratica a verdade vem para a luz, para que se veja claramente que as suas obras são
realizadas por intermédio de Deus”." (Jo 3:16~21).

Que possamos ter um profundo temor a esse Deus que julga, mas que antes disso tem
uma busca incessante para nos salvar!

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