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Sinto que a autobiografia de alguém é uma viagem mental, uma viagem “low cost”,
que nos trará certas lembranças, umas boas, outras menos boas, alegrias, tristezas…
No entanto, são parte da nossa vida e cada uma tem um pedaço de nós para contar…
Como qualquer viagem!
Acho que na altura fui um filho não planeado – os meus pais tinham imigrado há 6
meses para a Venezuela, à procura de uma vida melhor, o meu irmão já era nascido, e
já tinha 12 anos de idade aquando do meu nascimento. Sei, pelo que me conta a
minha mãe, que quando soube que estava grávida de mim ficou muito perturbada, por
não ser a melhor altura para o meu nascimento e, ainda por cima, num país com uma
cultura tão diferente da portuguesa onde ainda nem eles próprios, acabados de
chegar, sabiam bem o que fazer.
Para o meu pai foi uma alegria imensa, como o meu irmão já era crescido, passei a ser
tido como o “filhinho” querido, o bebé, o mais novinho. Para o meu irmão foi bem
difícil, tinha de ajudar nas tarefas em casa, tinha de cuidar de mim e também para ele
todo aquele ambiente era novo, a vida de todos tinha mudado.
As minhas lembranças dos tempos que vivi na Venezuela (cinco anos) são escassas.
Recordo, ainda que com dificuldade, o local onde vivia e pouco mais. Apenas sei o que
me foram contando os meus Pais ao longo da vida – que eu era um reguila, um
tagarela que falava com toda a gente, (ainda por cima falava-lhes em português e as
pessoas achavam piada). Para além disso, andava atrás do meu irmão para todo o
lado, o que para ele devia ser uma chatice…
Quando tinha cinco anos de idade, os meus pais decidem voltar para Portugal. As
coisas por lá não corriam de feição e era o momento do regresso, uma vez que no ano
seguinte seria altura de eu entrar na escola primária.
Lembro-me das histórias que me contava, de irem para a pesca nos pequenos e frágeis
“dóris”, onde chegavam a estar tempos infinitos, perdendo o navio de vista. Destas
memórias, em que também ele fazia as suas viagens mentais, guardo uma que para
mim é a mais importante – a sua sobrevivência a um ataque de um submarino Alemão
na altura da 2ª Guerra Mundial. Foi em 11 de Setembro de 1942 que o navio onde ele
estava (Delães) foi atacado pelo submarino U-96, quando regressavam a Portugal com
os porões carregados de bacalhau.
Lembro-me também de ir com a minha Avó paterna vender Bolos nas festas
tradicionais da terra. Adorava aquilo, para mim era uma alegria enorme as pessoas a
comprarem os bolos, a banda que passava…toda aquela agitação…
Com este espírito aventureiro depressa fiz vários amigos. Andei um ano no infantário
do Bairro dos Pescadores, mesmo em frente à casa dos meus Avós maternos. No ano
seguinte entrei na escola primária já perfeitamente integrado. Os meus quatro anos de
escola primária foram atribulados, pois tive uma professora em cada ano. Foi um
pouco complicado para nós, alunos “criancinhas”, que a cada ano tínhamos uma nova
professora e para as professoras que vinham, que nunca estavam ao corrente daquilo
que nós sabíamos.
Foi nesta altura, aos onze anos de idade, que entrei para o Escutismo. Fui escuteiro
durante dez anos, onde aprendi entre muitas outras coisas a “amar a natureza”. E este
é um ensinamento do escutismo que ainda hoje permanece na minha vida, (hoje, cada
dia é mais difícil fazer os jovens enveredar por caminhos que não sejam o vício sobre
computadores os jogos, etc.). Com o escutismo veio também a música e o gosto pela
guitarra, paixões eternas vividas intensamente a cada dia da minha vida.
Aliando este gosto pela natureza e pelo desporto, pratiquei canoagem competição no
CNAI (Clube Natureza e Aventura de Ilhavo), do qual ainda faço parte, organizando
hoje em dia várias actividades de natureza, tanto na área náutica como na vertente de
montanha e passeios pedestres.
Dois anos após a passagem pela escola preparatória, chega uma nova realidade –
entrei para a Escola Secundária de Ílhavo. Durante os três primeiros anos nesta escola
ganhei também o gosto por uma paixão que ainda prevalece nos dias de hoje, a
Fotografia. Comecei no meu 8º ano a frequentar o clube de fotografia da escola e a ter
algumas aulas de fotografia. Comprei a minha primeira máquina reflex e com o passar
dos anos fui aperfeiçoando e aprofundando o meu conhecimento nesta área, que
ainda é um dos meus principais hobbies.
A entrada para o 9º ano é sempre difícil, pois começam a surgir as dúvidas sobre que
áreas iremos seguir e a confusão sobre aquilo que queremos realmente fazer são
enormes.
Como se isto não bastasse, foi neste ano que perdi pela 1ª vez alguém importante na
minha vida – foi com apenas 14 anos de idade que perdi o meu pai. Senti o mundo
desabar aos meus pés. Sempre fui muito ligado ao meu pai e sinto que o perdi na fase
mais difícil da minha vida (adolescência). Com esta perda tornei-me mais rebelde,
achei que ninguém me compreendia (síndrome própria da adolescência), agravada em
mim por esta enorme perda.
Entre todas as estas atribulações consegui concluir o 9º ano e fui conciliando também
a música durante este tempo. O meu primeiro trabalho foi numas férias da escola a
trabalhar numa empresa de metalurgia, para conseguir comprar a minha primeira
guitarra eléctrica. Daí até às bandas foi um pequeno passo – formei e fiz parte de
várias bandas “rock” durante a juventude.
Como a vida não era apenas música e havia que pensar também no ano seguinte, na
altura de decidir o meu futuro, na passagem para o 10º ano, optei pelo Curso de
Electricidade e Electrónica na Escola nº 1 de Aveiro. A opção não foi a melhor, estive
um ano neste curso com o qual não me identifiquei. No ano seguinte, e por opção
própria, voltei para Ílhavo e ingressei no Curso de Artes e Ofícios, de novo na Escola
Secundária de Ílhavo.
Após um ano lectivo surgiu-me uma oportunidade de trabalho que estava relacionada
com o curso que frequentava na altura. No momento nem olhei para trás. Era a altura
de fazer algo mais por mim próprio, trabalhar, ser mais independente, num momento
em que a minha mãe estava numa situação em que também era difícil suportar tudo
sozinha.
Foi então que entrei para a Interdecal, empresa do Grupo Vista Alegre, onde eram
feitos todos os desenhos e decalques utilizados na VA. Entrei para esta empresa para o
sector de fotografia, onde fazíamos reproduções de desenhos manuais através de um
processo gráfico de fotografia. Entrei como aprendiz de fotógrafo, profissão que
aprendi com a pessoa que ocupava esse lugar e que se viria a reformar-se dois anos
após a minha entrada, ficando eu na altura como fotógrafo.
No entanto, com o avanço das tecnologias gráficas do final dos anos 90, o trabalho a
nível de desenho manual começou a ser escasso e começou a ser processado através
de computador, e por arrasto disto, a fotografia de artes gráficas estava também
condenada ao fim.
Todo este processo da passagem do desenho manual para o digital teve início em
1996, e neste momento, 90% da produção de decalques da Vista Alegre é desenvolvida
digitalmente. O processo de produção de decalques teve início no “Centro de
Desenvolvimento de Digital”.
Esta empresa (Interdecal) entretanto deixou de ser parte do Grupo Vista Alegre e
passou a ser um sector da própria Vista Alegre.
Em 2007, nova queda na minha vida, a perda da minha avó materna. Estava muito
ligado a ela, quase todos os dias a visitava, saía várias vezes do trabalho e ia ter com
ela, faleceu aos 92 anos.
Mas a vida já me havia ensinado que não há nada a fazer, é parte da condição humana
nascer, viver e morrer…Um dia seremos nós a deixar saudades! Pelo menos desta vez
tinha já a maturidade e um grande pilar de sustento, a minha actual namorada, a
Margarida.
Apesar de ter desistido cedo de estudar, fico contente por ter conseguido uma
profissão da qual me orgulhe e na qual realmente tenho o prazer de fazer algo de que
gosto. No entanto, havia um vazio ainda quanto à escola e decidi assim acabar algo
que ficou por fazer, mais uma vez a influência da Margarida neste campo foi essencial,
ao incentivar-me a fazê-lo.
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Viver em sociedade entre diferentes culturas foi desde sempre algo complicado, tanto
pelas diferenças evidenciadas entre os diferentes hábitos e estilos de vida, como
também pela nossa interrogação acerca dos outros.
Cada vez mais o mundo é a aldeia global de que todos já ouvimos falar, e é também
isto que leva a um misto de gerações, culturas e costumes.
Qualquer um de nós por certo já teve contacto com alguém de etnia cigana, em
Portugal esta é talvez uma das comunidades a quem mais tentamos integrar em
sociedade. Com um serviço de acção social cada vez mais próximo, tem sido feito um
trabalho árduo no terreno com o povo cigano, e apesar de ainda não ser um resultado
considerado excelente, é de certo muito mais satisfatório do que alguns anos atrás.
Se voltarmos atrás no tempo reparamos que antigamente não víamos crianças ciganas
nas escolas ou víamos muito poucas, quando hoje já existem em grande número nas
escolas. É certo que muito se deve aos incentivos monetários só estado para que essas
mesmas o façam, mas este pode também ser considerado um processo de integração,
como forma de criar um hábito neste povo, e para que as outras crianças também
aprendam a crescer entre diferentes culturas, formas de ser e estar.
É aqui que os incentivos monetários dados pelo estado que tantas vezes são mal vistos
por nós, ganham uma importância extrema neste processo, é que não havendo
dinheiro e não tendo trabalho essas pessoas de certo que vão enveredar por caminhos
ilícitos para conseguir dinheiro e na busca de bens diários essenciais. E essa será uma
forma de evitar o crescer destas situações.
A resolução passa por cada um de nós individualmente, passa pela educação que
poderemos dar aos nossos filhos, tentando não imputar a esta comunidade os mesmos
estereótipos que há anos e anos os perseguem. Integração é palavra de ordem e tem
vindo cada vez mais a ser uma realidade, é aqui que começa o papel do Estado e das
Empresas, é também aqui que deve começar a nossa visão e aceitação.
A capacidade de aceitação é uma condição do ser humano que por vezes deixamos de
lado, quantas vezes não aceitamos determinadas coisas, porque não nos convém ou
porque é mais simples contorná-las do que resolvê-las? Esta aceitação muitas vezes é a
resposta para a resolução de conflitos sejam eles de ordem pessoal ou profissional,
mas não se trata apenas de aceitar, mas sim de tentar compreender onde estão os
problemas a resolver.
Sinto que na minha vida o Escutismo foi algo de muito importante, algo que me
ensinou a olhar para o mundo de maneira diferente, seria importante que todas as
crianças vivessem um pouco o espírito Escutista, e não pensar apenas nos escuteiros
No entanto seja escutismo católico ou não católico existe algo de comum entre as
duas, a solidariedade para com os outros e a participação em diversas campanhas,
exemplo dos peditórios para liga portuguesa contra o cancro, ou o banco alimentar
contra a fome, é importantíssimo participar nestas actividades, torna a nossa parte
humana mais sensível, leva-nos a pensar nos problemas dos outros, a querer fazer algo
para mudar, e dentro das possibilidades de cada um isto é o mínimo que podemos
fazer.
Estes são motivos mais que suficientes para que cada jovem devesse viver um pouco
desta aventura de ser escuteiro, mas tem tudo é tão bom e tão fantástico assim.
Durante a minha caminhada como escuteiro tive momentos altos e momentos baixos,
quando somos jovens tudo corre bem, mas quando vem a idade da adolescência e da
afirmação, há coisas que podem não fazer muito sentido. Esta foi talvez a razão que
levou ao meu afastamento do CNE, tenho pena de não ter conseguido levar a minha
caminhada ate ao fim para ter chegado a dirigente, mesmo assim durante a minha
passagem cheguei sempre ao cargo de guia de equipa, só que chegamos a uma idade
em que a religião que nos foi incutida pelos nossos pais (no meu caso a católica), pode
ou não fazer sentido para nós. Ou dito de outra forma poderemos dizer-nos e
considerar-nos católicos, mas não praticantes, e aqui surge o problema da ligação do
CNE com a Igreja católica, é que apesar de sermos católicos e de nos identificarmos
com todos os valores escutistas podemos não nos sentirmos bem a participar em todas
as actividades ligadas com a Igreja, como o caso de missas, procissões e afins. Tenho a
certeza que em poucos anos o Escutismo Católico Português se não mudar a sua
postura perderá grande parte dos seus jovens, as crianças devem ser instruídas
mediante uma religião mas não necessariamente forçadas a estar presentes em todas
as actividades da Igreja Católica.
Felizmente comigo e até ao dia de hoje, fui afortunado com o bem no campo das
grandes decisões, mas a vida também já me havia ensinado que nem só de felicidade é
feita, e com isto trouxe-me precocemente mais maturidade. A minha primeira decisão
tomei-a muito jovem, tinha 17 anos, estava então no 10º ano de escolaridade,
frequentava pelo segundo ano consecutivo o curso de Artes e Ofícios, uma vez que
tinha reprovado no 1º ano. É nesta altura que começo a sentir que estava há tempo
demais sem fazer nada de útil por mim mesmo, continuava a ver passar o tempo,
frequentava a escola e não as aulas. Um dia dei por mim a pensar na minha forma de
estar, na minha vida na minha família, no desgosto sucessivo que dava à minha mãe, já
bastava o facto de esta estar a sofrer com a morte do meu pai, não tinha também de
sofrer comigo, nem de ter gastos económicos com a minha escolaridade, uma vez que
eu não estava a responder de uma forma positiva. Falei com a minha família que se
tentou opor de algum modo a tal decisão.
Todos nós já tivemos situações de conflito familiar, uns mais outros menos, umas mais
graves que outras, em particular nunca tive nenhum grande conflito a nível familiar,
mas recordo que a primeira vez que falei com a minha mãe sobre a possibilidade de
abandonar os estudos ela ficou profundamente chateada com isso e na altura não
queria que eu o fizesse, até porque foi demasiado cedo, eu tinha apenas dezassete
Não pensei muito mais, estava mesmo decidido daquilo que queria fazer, e o trabalho
que iria ter conjugava-se com o curso de Artes que frequentava na altura, ela acabou
por entender e começou a apoiar-me na minha decisão, sendo que senti que agora
quando decidi por esta via acabar os estudos, ela ficou radiante com isso.
Durante este tempo e até hoje nunca me arrependi de ter agarrado esta oportunidade,
é de facto um trabalho que me preenche na totalidade e que me dá imenso prazer,
gostarmos daquilo que fazemos é um passo muito importante para o nosso bem-estar
pessoal. No entanto, durante os anos que sucederam essa decisão, tenho sentido a
necessidade de ter algo mais no que respeita aos estudos, crescer um pouco mais
nesse campo, fazer aquilo que deveria ter feito e algo mais se possível.
É aqui que reside a minha maior dúvida, será que hoje faria o mesmo apesar de não
me arrepender de o ter feito?
Tenho a certeza que não, a quantidade de informação que os jovens de hoje têm faz
com que a maior parte, siga o ensino superior, ou cursos técnicos para qualificações
nas mais variadas áreas. E pode até parecer estranho e levar-nos a pensar se em doze
anos isso mudou assim tanto, mas de facto é uma realidade, mudou mesmo. Quanto a
mim há uma conjugação de factores que podem explicar um pouco essa mudança - a
evolução dos media na ultima década que a cada dia nos trazem à velocidade da luz
informação, a evolução do sistema de ensino que acaba por cativar os jovens à sua
continuidade. Existe ainda uma situação mais grave, a crise económica mundial, se não
há trabalho o melhor mesmo é qualificação e especialização para que quando chegar a
Por isto tudo, pelo meu crescimento, e pelo que a vida me tem ensinado, sinto que
hoje seria diferente e também por isso estou aqui.
Outra das grandes decisões que tomei e com a qual também me sinto pleno de
felicidade, foi o passo de constituir uma família, viver em conjunto com a minha
namorada. Após termos namorado durante cinco anos, e depois de várias vezes
termos pensado em ficar juntos decidimos que era altura de avançar.
O processo não foi de todo fácil porque surgem sempre, algumas dúvidas, como casar
ou não casar, como comprar casa ou arrendar, no entanto em ambos os casos ficámos
pela segunda opção, decidimos que a nossa felicidade não passaria pela oficialização
da nossa relação mas sim pelo estarmos perto um do outro e ajudarmo-nos
mutuamente no dia-a-dia. Quanto à casa iríamos aproveitar algum tempo de
arrendamento jovem, feitas as contas poderia ser uma oportunidade para poupar
algum dinheiro, para quando surgir uma oportunidade de compra.
Agora um ano e meio após este passo começam a surgir novas metas que gostaria de
alcançar, sinto que a minha vida passará a ter mais sentido, ou pelo menos um sentido
diferente, mais direccionado, quando chegar a altura de ter um filho. Mas esta é de
certo a maior decisão a tomar, e será tomada quase que como se de um chamamento
interior se tratasse, algo muito pessoal e a dois, algo que nos indique, é agora, este é o
momento…Para que esse momento se transforme e se eternize em felicidade no dia
do seu nascimento e assim eu consiga dar a melhor educação, o melhor crescimento, a
melhor maneira de estar perante a vida, e que destes ensinamentos venha a
capacidade de tomar também decisões e a autonomia necessária quando chegar
também o dia em que ele próprio tenha de tomar as suas, porque a vida é feita delas…
É esta capacidade de reflexão, passado, presente e futuro, que também nos torna
diferentes dos restantes seres vivos, quando olhamos para nós somos capazes de fazer
retrospectivas, reflexões, planos.
Sempre fui capaz de ir caminhando pelos meus pés, os passos pequenos são a receita,
nunca dar passos maior do que aqueles que somos capazes, e isto foi algo em que
pensei durante a fase da reflexão sobre o arrendamento ou a compra de uma casa. É
obvio que é quase o sonho dos comuns mortais ter uma casa própria, uma família, mas
em primeiro deveremos também encontrar a nossa estabilidade pessoal, familiar e
financeira, estou neste mesmo percurso, e a médio prazo tenciono avançar para a
compra de uma casa. Para que quando os filhos chegarem tudo possa estar preparado
de modo a que tenham a melhor qualidade de vida possível, mas sempre fazendo com
que estes à medida que forem crescendo se vão apercebendo das reais dificuldades da
vida.
O ADN não está apenas presente nos humanos, mas sim em todos os seres vivos,
desde as bactérias, plantas, animais, é uma molécula que existe dentro das células de
Quanto à clonagem, o caso não é assim tão simples nem tão linear, existem questões
éticas e morais, a ovelha Dolly foi o primeiro mamífero a ser clonado com sucesso a
partir de uma célula adulta, todas as atenções do mundo ficaram centradas na
possibilidade de clonagem humana, mas convém referir que até neste sentido clone e
clonado teriam um diferente ADN, tal como acontece com os gémeos.
No que toca aos alimentos transgénicos, são assim denominados todos os alimentos
geneticamente alterados em laboratório, dada a sua maior resistência e velocidade de
crescimento, actualmente grande parte destes são utilizados na alimentação dos
animais em todo o mundo e no futuro poderão mesmo vir no futuro a entrar na
alimentação humana com mais relevância.
Mas é também no ADN que é carregada grande parte da nossa descendência, através
dele poderíamos voltar anos e anos atrás na nossa geração, e identificar familiares que
não chegámos sequer a saber que existiam.
No meu caso, apenas conheci até aos meus avós, e é da parte do meu avô materno
que carrego parte de uma história que ficará para sempre guardada na minha
memória e no meu coração. Uma história que me contava na 1ª pessoa, uma história
que não vem em livros, nem em filmes, uma história de homens de braveza que
deixavam as suas mulheres e os seus filhos e partiam para a pesca do bacalhau, em
barcos à vela, durante meses a fio, na esperança do regresso e de preferência com os
barcos carregados de pescado…
É numa destas viagens que passou o maior susto da sua vida…Corria o ano de 1942 em
plena 2ª Guerra Mundial quando o meu avô fez mais uma das suas viagens ao
bacalhau, desta vez no lugre “Delães” a viagem não poderia ter corrido pior, a 11 de
Setembro após 79 dias de pesca e já quando o lugre regressava a Portugal com os
porões carregados de bacalhau foi atacado pelo submarino Alemão (U96).
Diz-se que o “Delães” atravessava uma zona que estava a ser patrulhada por
submarinos Alemães e que era já suspeito pela utilização de uma frequência de rádio
proibida na altura.
O submarino disparou três tiros de canhão de aviso e foi ordenado a toda a tripulação
que abandonasse o navio, a ordem foi acatada e todos abandonaram o lugre, ficando a
navegar à deriva no alto mar dentro dos pequenos “dóris” (pequenos barcos de
madeira usados na pesca do bacalhau) que tinham sido amarrados uns aos outros,
Em cima à esquerda fotografia do submarino U-96, à direita o lugre Delães atracado em Lisboa
Em baixo à esquerda ilustração do naufrágio do Delães, à direita o meu avô, Manuel EStevão
A mesma sorte não tinham tido os companheiros do “Maria da Gloria” que havia sido
afundado no mês de Junho do mesmo ano, e onde resultou a morte de 36 pessoas, a
maior parte delas de Ílhavo e Gafanha da Nazaré, uma vez que ambas as embarcações
tinham sido construídas nos estaleiros da Gafanha da Nazaré e pertenciam a uma
empresa de Aveiro.
Ficam comigo estas memórias que me contava, sinto que ele queria transmitir todas as
dificuldades que tinha passado, que eram bem mais do que as actuais, mas também a
braveza e a coragem dos pescadores, que continuavam a dedicar a sua vida ao mar,
mesmo depois de acontecimentos tão marcantes como este.
Todos os nossos dias são passados a trabalhar, saímos de casa e voltamos ao fim de
um dia de trabalho, almoçamos e jantamos fora muitas vezes e isto leva muitas
pessoas da nova geração a escolher para viver espaços exíguos, minimalistas e que
dêem o mínimo de trabalho possível.
Isto é algo que acontece cada vez mais nas grandes cidades, não só pelo facto de estar
em voga mas também é uma forma de controlar os espaços para construção,
colocando mais pessoas a viver no mesmo espaço de construção, dadas as tipologias
destas pequenas habitações.
Tudo isto pode parecer atraente ao nível económico mas pode também ser
condicionante no que toca a acabamentos e materiais de construção, mas tendo em
conta o dia-a-dia de cada um esta pode ser uma solução habitacional a ter em conta.
No meu caso em particular esta nova tendência de opção por estes espaços não me
atrai, não só pela não identificação com a tipologia da habitação mas também pela
região onde vivo. Quando chegou a altura de procurar uma habitação ainda que no
momento não passasse pela construção todos os procedimentos seriam idênticos, ou
seja seria necessário ter em conta toda a tipologia da habitação bem como os seus
acabamentos. Aliado a isso haveria que escolher aquela que oferecesse uma maior
variedade de facilidades no que toca a espaços de lazer, entradas de luz directa e de
preferência num local que oferecesse tranquilidade e bem-estar, é certo que isto nem
sempre é fácil de conjugar.
Numa habitação é importante um bom isolamento térmico, ainda que Portugal possua
um clima relativamente ameno, os vidros duplos são hoje em dia praticamente
indispensáveis, estes ajudam na diminuição de perdas de calor e também ao nível do
isolamento sonoro. Existe também um menor consumo de energia uma vez que com o
vidro normal existe uma maior sensação de frio o que nos leva a ligar mais o
aquecimento, no verão também nos proporcionam maior conforto do mesmo modo a
que não deixam que as ondas do calor aqueçam os espaços com a mesma facilidade de
vidros normais.
Todos sabemos que hoje em dia e com o crescer dos fenómenos climatéricos adversos
as habitações deveriam todas estar preparadas nesse sentido, de modo a fazer face a
abalos sísmicos, tremores de terra, etc. Aqui reside a base da construção, as fundações
das habitações, o cálculo de engenharia para medições de betão e ferro a utilizar, a
escolha de materiais tecnologicamente avançados que conseguem minimizar os
estragos em situação de catástrofe. Mas como a maioria das pessoas acaba por
comprar apartamentos essa é uma parte que fica muitas vezes para trás, ou é da
responsabilidade de construtores, que pela contenção de custos também muitas vezes
as colocam de lado. Talvez no futuro venha mesmo a ser obrigatória a utilização de
determinados materiais e técnicas que nos coloquem em maior segurança.
Mas o nosso conforto e bem-estar depende muito de como nos sentimos quando
estamos em casa, se estivermos parados logo a sensação de frio aumenta, por isso é
necessário procurar a melhor maneira de aquecer a nossa casa da melhor maneira em
função dos equipamentos de aquecimento que possuímos. No meu caso em dias de
muito frio a solução passa por manter nos compartimentos mais utilizados,
aquecedores a óleo, a melhor maneira de usar este equipamentos e uma vez que eles
têm um efeito de acção prolongada e não imediata, é deixa-los ligados 24h p/ dia
como estes possuem termóstatos eles próprios fazem a gestão de calor desligando e
ligando quando alcançam as temperaturas programadas.
Este consumo de energia deve cada vez mais ser um consumo controlado, e não
devemos fazer consumos desmedidos de energia, pois este é também uma das
principais causas do aquecimento global. Mas é o nosso padrão e estilo de vida que
nos leva muitas vezes a fazer consumos excessivos e desmedidos, todos os dias somos
invadidos com apelos, quer pela TV, rádios, imprensa, publicidade das grandes marcas
mundiais, que nos levam a repensar o nosso estilo de vida e será que esses mesmos
que nos lançam tais apelos se preocupam de facto com esse controlo do consumo
energético?
Da nossa parte como seres humanos, sinto que há um mínimo que podemos fazer
dentro da nossa habitação, existem actos simples como a utilização de lâmpadas de
baixo consumo, a escolha de equipamentos domésticos das classes “A” “A+” ou “A++”,
nos frigoríficos e máquinas de lavar devemos ter isto mesmo em conta uma vez que
estes são equipamentos que temos a uso diário e quase constantemente ligados à
corrente.
No caso das máquinas de lavar louça, as mais recentes usam menos água, menos
detergente e são mais eficientes. Possuem também mais programas de lavagem, que
se adaptam as nossas necessidades, os detergentes também são mais eficientes e por
Resta-nos ir minimizando estes consumos que podem trazer um final trágico, e com
actos simples a ter em conta podemos consegui-lo. Por exemplo, não devemos utilizar
equipamentos em simultâneo quando apenas estamos concentrados num em
particular, se estamos a utilizar um PC não necessitamos de ter uma TV ligada ao
mesmo tempo, ou se estamos a ouvir música e a ler, do mesmo modo não
necessitamos de um PC ou de uma TV ligada. Ainda como solução de poupança de
energia devemos também ter em conta que devemos desligar os equipamentos em
completo da corrente e não deixá-los em standby, existem muitos equipamentos que
ao desliga-los continuam com uma luz de standby ligada, o que quer dizer que estão a
consumir energia, para isto podemos utilizar extensões que possuam um botão on/off
para assim os desligarmos por completo. Será ainda de referir que devemos sempre
desligar as lâmpadas que não estamos a utilizar.
- Lâmpadas compactas fluorescentes (LCF) que produzem luz de uma forma muito
mais eficiente, convertendo até 80% da energia eléctrica em luz e cuja vida útil pode
Mas não podemos apenas optar solucionar a parte da iluminação, todos nós hoje em
dia possuímos uma série de equipamentos domésticos com os quais temos de ter os
devidos cuidados, tanto no que toca ao consumo mas também à sua utilização.
É obvio que nem todos temos a mesma aptidão para lidar com esses mesmos
equipamentos, mas a ideia que os homens e as mulheres os usam de forma diferente,
ou que alguns deles devem ser apenas utilizados por mulheres é uma ideia
completamente desanexada e antiquada.
O primeiro telemóvel do mundo foi desenvolvido pela Motorola no ano de 1983, vinte
sete anos após essa data existem dezenas de marcas modelos e feitios para este
aparelho. As diferenças entre eles podem ser de, cor, tamanho, funcionalidades
Este cartão não é nada mais do que um circuito impresso e com uma determinada
memória, que vem identificado com cada número de telemóvel pessoal, é também
nele que são armazenados alguns dados, como agenda de contactos tarefas, etc.,
sendo que hoje em dia a maioria dos equipamentos já vem equipada com memórias
internas ou “slots” para cartões de memória que assim evitam perda de dados em caso
de avaria do cartão “SIM”.
“olá estou mt triste , n poxo ir à tua festa hj à noite, espero q não fiquex xateada,
mas a mha mãe não me deixa, lol estou a brincar
Este é um tipo de escrita que não utilizo nas minhas mensagens, no meu caso em
particular, o telemóvel é um equipamento que utilizo no dia-a-dia, mas apenas faço
utilização das aplicações básicas, chamadas e envio de mensagens. Não sou apologista
do uso de telemóvel como objecto de transmissão de status social, mas tenho a
consciência que hoje em dia é uma situação muito comum, não me cabe a crítica a
Vejo o telemóvel apenas como um objecto de comunicação, nada mais, e acho que é
aqui que reside a sua maior importância, neste momento muitas das populações
portuguesas do interior onde nunca chegaram linhas telefónicas, estão agora
contactáveis com o mundo e podem assim estar mais próximas dos seus familiares e
terem facilidade em pedir auxilio em situações de necessidade. Não faço muita
utilização do telemóvel no que toca a outras funções porque utilizo o PC e as
potencialidades da internet para essas mesmas funções, como o caso de agenda, e
neste caso há uma interactividade de uma aplicação que utilizo com o telemóvel, a
agenda do “Google” esta permite a sincronização com um telemóvel. Após
agendarmos as nossas tarefas no nosso calendário “Google”, este envia um SMS
(serviço gratuito) para o telemóvel com a devida antecedência com que for
configurada.
Sou um utilizador assíduo (viciado) em aplicações para PC, sempre que sai um novo
programa na minha área de interesse “fotografia e design” faço questão de o testar e
conhecer as suas novas potencialidades. Para além disso faz parte do meu dia-a-dia
tanto para comunicação pessoal como profissional, o uso de email, como forma de
gestão de conta bancária utilizo o serviço de ebanking ao qual também já é possível
aceder por via do telemóvel.
Mas foi também através da fotografia digital e das TIC que se tornou mais fácil dar a
conhecer e evoluir no nosso progresso deste meu hobbie, através da internet partilho
imagens em sites da especialidade, de onde já foram escolhidas imagens publicadas
em revistas da especialidade. Sempre me considerei um autodidacta, outra evolução
neste meu hobbie foi a construção do meu próprio website, foi o primeiro site que
construí, pelo que não foi tarefa fácil e está em constante alteração, pois essa parte da
construção e da descoberta é de todo bastante interessante.
A frase que escrevi para front page do meu site transmite um pouco aquilo que referi
acima:
Mas afinal onde começa e acaba o nosso bem-estar? O nosso prazer, o gosto pelas
mais diversas actividades…Não terá aquilo que comemos, influência?
A alimentação foi desde sempre uma prioridade para a sobrevivência do ser humano, é
uma necessidade básica a que infelizmente nem todas as pessoas têm direito, e é
incompreensível que nos dias que correm continuem a morrer de fome milhões de
pessoas. No entanto existe também uma situação algo contraditória, pessoas que
morrem por uma alimentação descuidada ou desmedida.
Em 1977 foi criada a roda dos alimentos, com a função de orientar as escolhas e
combinações alimentares que devem fazer parte de um dia alimentar saudável, é uma
representação gráfica circular que pretende dar a conhecer os grupos de alimentos e a
sua porção recomendada a ser consumida, noutros países esta representação gráfica é
em forma de pirâmide, de forma a hierarquizar os alimentos sendo que os do topo são
os que estão em menor quantidade, logo os que devem ser ingeridos com menos
frequência. Recentemente a nossa roda dos alimentos que era constituída por cinco
grupos, (Leite e derivados / Carne, peixe e ovos / Óleos e gorduras / Cereais e
leguminosas / Hortaliças, legumes e frutos) foi reestruturada e passámos a ter sete
grupos de alimentos, (Cereais e derivados, tubérculos – 28% / Hortícolas – 23% / Fruta
– 20% / Lacticínios – 18% / Carne, pescado e ovos – 5% / Leguminosas – 4% /
Gorduras e óleos – 2% ) foi ainda nesta alteração que surgiu a percentagem de
alimentos que é recomendada diariamente, e a inclusão da água ao centro da roda.
Obviamente que por vezes não é fácil seguir com rigor esta informação, os nutrientes
são substâncias indispensáveis ao funcionamento do organismo, e que obtemos
através da alimentação e a nossa saúde depende das quantidades com que eles nos
chegam, daí que devemos seguir o mais possível estas indicações alimentares.
Um dos grandes problemas dos dias que correm é o crescimento dos estabelecimentos
de Fast Food e a crescente procura da nossa parte pelos mesmos, o nosso dia-a-dia
bastante preenchido faz com que muitas vezes acabemos por recorrer a estes
estabelecimentos para que sejamos servidos de uma forma mais rápida e também
mais económica. Nas cadeias de Fast Food conseguem-se fazer refeições ao preço de
2.5€, existe até uma campanha da tão conhecida “Mcdonalds”, que oferece um
Hambúrguer por apenas 1€, ora isto leva muitas pessoas a optar por estas refeições.
Outra realidade é a instalação de superfícies comerciais que possuem este tipo de
ofertas junto das escolas, é um factor que traz algumas preocupações, pois os jovens
acabam por preferir fazer uma refeição de Fast Food do que uma alimentação cuidada
nas cantinas das escolas no entanto a ingestão de Fast Food se não for uma prática
diária ou regular não tem qualquer inconveniente.
O problema é que por muito que os media nos tentem transmitir cuidados a ter com a
alimentação, quer através de programas como debates televisivos, quer por
publicidade, é difícil chegar aos mais jovens, a estes essa informação deve ser passada
como forma de educação pelos pais. Isto porque existe uma máquina chamada E.U.A
que controlam a maior parte das cadeias de Fast Food mundiais, e com uma
capacidade financeira enorme conseguem atropelar tudo e todas as campanhas que se
possam fazer contra este tipo de alimentação. Em 2004 foi lançado o filme “Super size
Desde sempre fiz várias caminhadas, pois um dos meus grandes interesses é a
natureza e montanha (trekking), consegui incutir esse espírito e esse gosto à minha
namorada e juntos temos por o hábito de realizar alguns percursos pedestres pelo
país, sendo que as maiores aventuras nesta área aconteceram em 2006 e 2007
respectivamente dos Picos de Europa, Sierra de Gredos e nos Pirinéus. No entanto
após o ano de 2008 reduzi significativamente esta actividade física, e agora dois anos
depois começo a sentir algumas consequências disso, uma vez que a minha actividade
profissional leva a que passe muitas horas sentado, e por vezes numa postura não
correcta, comecei a sentir algumas dores de costas, que estou agora a corrigir com a
prática de natação, é então ponto assente que a actividade física é algo de extrema
Quais os custos monetários para praticar exercício físico? Obviamente que para
caminharmos diariamente não necessitamos mais do que vontade e tempo, mas será
isto o suficiente? Há um claro aproveitamento dos ginásios nesta área, numa altura em
que tanto se fala na prática de exercício físico, não seria de tentar regulamentar de
algum modo as taxas cobradas por estes aos utentes? Por vezes são preços
desmedidos onde se torna difícil, ambos os membros de um casal com uma condição
de vida da classe média possam estar inscritos.
Obviamente que os rendimentos das famílias são variáveis, quer pela profissão que
exercem, o tempo a que a exercem e mesmo pelo local onde se encontram. Tenho um
orçamento mensal em conjunto com a minha namorada ao qual seria impossível
retirar 40€ a cada um de nós para pagar um ginásio, por sorte a empresa onde ela
trabalha possui contratos de publicidade com ginásios com preços especiais para os
funcionários.
Faço um orçamento mensal em que a base são as despesas fixas, como a renda, gastos
com alimentação, energia e água, TV e internet, crédito automóvel e combustível a
Para as minhas viagens tento sempre fazer um planeamento e uma poupança anual, e
há também um factor importante, a organização de todas as despesas anuais, que
podem ser apresentadas no IRS tais como despesas médicas, renda, e investimentos
na área de informática etc. Só assim nos é possível retomar algum dinheiro quando
chega a altura da apresentação da declaração anual de IRS. Hoje em dia é
relativamente fácil o preenchimento da declaração de IRS principalmente quando
somos trabalhadores por conta de outrem, no meu caso bastam-me os anexos “A” e
“H” do modelo 3 para o prendimento da declaração, os dados base já estão
previamente preenchidos pela DGI, depois basta confirmá-los, e ir adicionando as
despesas pessoais nos devidos campos.
Desde sempre a conflitualidade faz parte da vida do ser humano, e por muito que
tentemos evitá-la existem sempre situações que nos levam a elas. No caso dos
conflitos pessoais (os mais comuns entre os humanos), é frequente depararmo-nos
com eles nas mais variadas situações diárias, ou porque discordamos de determinada
opinião, ou porque achamos que determinada pessoa não teve a atitude mais
correcta, ou porque simplesmente estamos chateados e acabamos por responder mal
a alguém…
A maior parte das vezes a solução para os conflitos passa pelo diálogo, no entanto nem
sempre o conseguimos ou somos demasiado orgulhosos para admitir que errámos e
preferimos o silêncio como forma de resolução, esta não será de todo a melhor
solução, podemos pensar que “já passou está tudo bem…” mas o nosso subconsciente
guarda sempre algo, que mais cedo ou mais tarde pode desencadear um novo conflito.
Não sou de todo uma pessoa com tendências conflituosas, no entanto é impossível
que qualquer um de nós nunca tenha passado por conflitos. Toda a minha vida fui uma
pessoa com ideias muito fixas, com pensamento próprio, com vontade de questionar o
porquê das coisas serem assim.
Quando comecei a trabalhar na VA, era ainda um jovem, no entanto essa condição já
fazia parte de mim, e havia ali coisas que para mim eram incompreensíveis. Trabalhei
em conjunto com uma sala de desenho, onde trabalhavam cerca de 15 desenhadores e
dois fotógrafos, eu e a pessoa que trabalhava comigo, não entendia como aquelas
pessoas eram proibidas de falar umas com as outras, ou tinham receio de o fazer por
medo de represálias da pessoa que chefiava esse sector. O tempo foi passando e eu
com a minha irreverência nunca fiz caso disso, sempre fui falando com os meus
colegas, comecei cedo a ser repreendido por tal, e a determinada altura começam os
meus conflitos com a pessoa em questão.
Somos por natureza inconformados e isso é bom, é isso que nos faz querer sempre
mais, e no mundo profissional isso acontece várias vezes. Por diversas vezes damos por
nós a pensar que podíamos ser mais bem remunerados, que deveríamos ter direito a
escolher as nossas férias, de receber as nossas horas extraordinárias…No que toca ao
salário já algumas vezes tive necessidade de o renegociar, e sempre o consegui com
base no diálogo demonstrando e dando provas de que o meu trabalho é útil, de que
sou necessário na empresa, e neste momento estou de novo nesse impasse de
negociação de salário, o problema neste momento a condição económica de crise que
atravessamos está a dificultar esse processo, apesar das várias reuniões com o
responsável do departamento ainda não foi possível chegar a um acordo, não por
culpa deste, mas face à conjuntura económica a empresa alega não ser possível neste
momento, no entanto e recentemente foi possível integrar o meu prémio de trabalho
nocturno no meu salário o que é uma mais-valia para o caso de deixar de trabalhar à
noite. Mas o grande problema é que para dar um passo importante na vida necessito
de um pouco mais de estabilidade financeira daí que a próxima etapa passa mesmo
por uma reunião com o director da empresa para tentar pelos meus meios explicar
essa necessidade de ajuste salarial.
Obviamente que não podemos apenas pensar na parte financeira, mas sim na grande
vantagem que é estar empregado, neste momento que atravessamos. Nos dias que
correm é cada vez mais difícil conseguir uma estabilidade empresarial um pouco por
todo o mundo. Cada vez mais as empresas recorrem a uma política de emprego pouco
digna para os trabalhadores.
No entanto na altura em que entrei para o mercado de trabalho, esta era uma situação
que ainda não se verificava, ao fim de três anos passei a contrato efectivo na empresa
onde trabalho há doze, durante este tempo felizmente sempre foi possível usufruir de
grande parte dos meus direitos enquanto trabalhador, coisa que em muitas empresas
não é possível ou tende a desvanecer. São vários os direitos dos trabalhadores, por
exemplo um desses direitos é o direito à formação, desde cedo tive formação na
empresa, mas não penso apenas nos direitos do trabalhador mas também tento
sempre ser exemplar, cumprir também os meus deveres como trabalhador, é que
alguns deles estão directamente ligados, como por exemplo o caso da assiduidade, isto
se quisermos ter direito aos três dias de férias extra a somar aos vinte e dois que a lei
determina como legais. É importante frisar que durante estes doze anos a VAA apesar
de todas as dificuldades económicas que tem vindo a passar, sempre conseguiu com
que os seus funcionários recebessem atempadamente os seus salários bem como as
regalias salariais extra, caso do subsídio de férias e do subsídio de natal.
Durante este tempo houve enormes modificações internas, sendo que a maior foi a
inclusão dentro do grupo Vista Alegre Atlantis. Quando a empresa se designava de
Interdecal, e apesar de fazer a maior parte do trabalho para a VA, não havia um
contrato de exclusividade com esta, o que permitia também a realização de trabalhos
para outras empresas. Após a inclusão ficámos exclusivamente vinculados à VA, e
apesar de algumas quebras na nossa produção isto iria permitir-nos ser mais precisos
no que toca aos cumprimentos de prazos.
Este processo, algo moroso e complexo, teve uma nítida melhoria com a integração da
empresa no grupo, pois, tal como referi atrás, permitia uma maior concentração
apenas no trabalho da VA. No entanto e a meu ver a grande melhoria veio através da
criação de novas instalações. Passámos de um gabinete, onde por vezes chovia no
É um processo que nunca se pode dar por concluído, quer pela evolução das
tecnologias quer pelas necessidades que nos vão surgindo, mas se para nós já está em
avançada evolução para outros está apenas no início.
Há cerca de dois anos atrás recebemos durante um mês, dois funcionários de uma
empresa Brasileira que fabricava os decalques para a extinta Vista Alegre Brasil, o
objectivo era a troca de informação de modo a que estes tivessem contacto com o
nosso sistema e conseguissem ganhar algum conhecimento, uma vez que os sistemas
que eles utilizavam já se encontram ultrapassados. Esta interacção de diferentes
formas e maneiras de trabalhar, é importante para entendermos onde nos situamos
ao nível tecnológico, que inovações existem e que outros sistemas são utilizados.
Neste caso em particular, foi muito mais a informação que fornecemos do que a que
recebemos, mas a parte pessoal está também em causa, e obviamente aqui se criam
sempre alguns laços de amizade, confesso que quando conheço alguém de outro País
ou de uma diferente cultura, tenho imensa vontade de lhe dar a conhecer os nossos
costumes as nossas tradições, os nossos locais turísticos…
Há apenas dez anos atrás 70% dos decalques consumidos na Vista Alegre eram fruto
de um rigoroso e artístico processo de desenho manual e separação de cores. No
entanto, com o crescimento dos mercados e a necessidade de respostas cada vez mais
rápidas, este era um processo que começava a não conseguir dar a melhor resposta.
O investimento foi só e apenas a parte mais simples, logo após veio a formação
específica, no meu caso tive formação na empresa durante quinze dias com os técnicos
que venderam o Software, infelizmente não tive a sorte dos meus colegas que fizeram
a formação na Belgica na sede da empresa Esko Graphics. Mas o mais importante era
mesmo a aptidão, e essa estava conseguida por isso a partir de aqui era colocar mãos à
obra…
Estas mudanças não são fáceis, havia um emaranhado de decorações que eram
desenhadas em sistema manual e que com a entrada dos sistemas informáticos
tinham de ser contratipadas (é muito mais complicado contratipar uma decoração do
que desenhá-la de início em computador). Foram necessárias muitas horas de trabalho
(muitas vezes prestação de trabalho suplementar, situação que consta como legal em
situações de adaptabilidade no código dos direitos do trabalho, desde que por semana
haja pelo menos um dia de descanso), isto aconteceu até termos tudo o que era
manual pronto a desenhar em computador, mas só assim se conseguiu ultrapassar a
barreira do tempo, os limites e prazos de entrega cada vez mais curtos.
Hoje em dia é precisamente o inverso: 85% do fluxo de trabalho passa pelo nosso
departamento, a antiga sala de desenho ficou reduzida a duas pessoas, em apenas oito
anos passou de dez desenhadores para dois, e o sector de fotografia de artes gráficas
desapareceu. O pouco desenho manual que se faz, é depois passado para computador
a partir de digitalizações em alta resolução e é depois finalizado já em sistema digital.
Toda esta parte do meu trabalho foi conseguida com muita aplicação profissional, não
só pratica mas também muito teórica, por vezes é necessário saber como funcionam
os softwares e para isso é importantíssima a leitura dos manuais dos mesmos, bem
como técnicas em manuais da especialidade e até na internet para obter determinados
resultados finais. Ainda assim existem pequenos “truques” que são normais em cada
trabalho de cada pessoa, quase que como os pequenos segredos dos grandes chefs de
cozinha que nunca são revelados.
Todo o processo está estudado de modo a que a maior parte das vezes o resultado
final seja positivo, mas tal nem sempre acontece pelas mais variadas condicionantes,
tais como variações de temperatura, erros no tamanho das peças finais aumento ou
diminuição, o que faz com que os moldes que estudámos para uma determinada peça
acabem por não bater certo, ainda que anteriormente tenham sido testados. É aqui
que começam alguns dos nossos problemas técnicos, por exemplo imaginemos um
prato com um diâmetro de 200mm se o decalque for uma banda a cheio colorida e
com 40mm de largura e ainda com uma tinta com pouca elasticidade, o decalque deve
ter 190mm para que seja exequível, de modo a que não tenham de cortar a banda de
decalque para conseguir esticar e estampar. Temos sempre de calcular os diâmetros
Mas o trabalho segue um pouco mais além dos computadores, apesar da minha
actividade não ser considerada uma actividade de risco existem sempre alguns, um
deles prende-se com o manuseamento de químicos de uma máquina de revelação de
fotolitos, esta é uma reveladora com um funcionamento similar às máquinas de
revelar raio-X dos hospitais. Nestas máquinas o processo é o normal de revelação, a
película fotográfica sai da câmara escura e entra em revelação, passando por três
tanques, revelador, fixador e água, o último processo é a secagem.
Como é óbvio e com um investimento desta dimensão toda a sala está protegida com
sistema contra incêndios, tanto auto detecção de fogo como sistemas de extintores
devidamente sinalizados, como obrigam as regras HST (higiene e segurança no
trabalho). Dentro do nosso sector todos recebemos formação de combate a incêndios,
isto foi muito importante, porque no caso de um eventual acidente estaremos mais
preparados para o enfrentar, seguindo todas as regras e técnicas que nos foram
ensinadas, em caso de incêndio existe toda uma serie de procedimentos que deve ser
seguida, desde a saída ordeiramente e pelas respectivas portas de emergência à
Existe um emaranhado de programação por trás de cada página Web que abrimos,
desde código htlm, a código css, java script, etc… Exemplo disso é abrir uma página
web por exemplo (www.sapo.pt) agora clicar com o botão do lado direito do rato e de
seguida escolher “ver código de fonte” toda esta quantidade de texto não é mais que
o “html” da página, e isto é apenas um pequeno exemplo. Mas é este código base
escrito por programadores que depois dá forma ao webdesign, às cores de um site, ao
tipo de letras, aos botões, janelas, à disposição das imagens, às distâncias entre os
elementos. É esta linguagem escrita e toda a base de texto de um site que permite aos
motores de busca encontrar determinadas palavras que constam de um determinado
site, mesmo que elas não tenham sido adicionadas no mesmo como “keywords”
Também esta era digital permitiu um crescimento dos “media” num curto espaço de
tempo. A internet é com certeza hoje em dia o veículo de comunicação mais rápido do
Nos dias que correm todos os jornais Nacionais impressos optaram também pela
informação via Web, é uma maneira de estarem actualizados ao minuto, e também
uma forma de levar as pessoas muitas vezes a comprar o jornal quando lêem um
pequeno excerto de uma notícia, que apenas está completa na versão em papel.
No entanto sinto que esta informação ao minuto nem sempre é feita com o melhor
rigor, todos querem difundir em 1ª mão as notícias o que leva sistematicamente a
erros noticiosos que por vezes são graves, existem também com frequência em
noticias que leio na internet erros ortográficos, não sei se devido a uma nova geração
de jornalistas mais despreocupados se devido a falta de correcções ortográficas
pessoais, como acontece nas versões impressas, em que antes da impressão o jornal é
revisto mais do que uma vez por diferentes pessoas.
No entanto esta produção desmedida de lixo muito tem a ver com o crescimento da
sociedade, “do usar e deitar fora…” se recuarmos no tempo vinte anos, não tínhamos
metade do lixo que temos nos dias que correm, e muitos dos materiais que hoje
começam a ser apelados de reutilizáveis já o eram na altura, exemplo disso são o apelo
à reutilização de sacos de plástico, antigamente existiam muito menos, as pessoas
quando iam ao mercado todas levavam o seu próprio saco, hoje começa de novo a ser
uma prática comum.
Mas há muitos locais do nosso Portugal onde estas campanhas não chegam, o Portugal
profundo está cada vez mais desertificado, só que a natureza e as vivencias iguais às
do passado fazem com que nesses mesmos locais haja menos lixo onde tudo esteja
Tenho um carinho especial pela aldeia de Covas do Monte e pelas suas gentes, aqui a
maior parte das pessoas vive da agricultura (biológica) esta é uma agricultura muito
em voga, e com a qual obtemos produtos o mais naturais possíveis, sem adição de
pesticidas, fertilizantes ou químicos, também a moda das cozinha gourmet, faz muita
referencia a estes produtos uma vez que a sua qualidade é de facto superior.
Mas até quando tudo isto vai ser possível? É que os habitantes desta aldeia já são
todos de uma faixa etária bastante elevada, os mais novos à muito se foram para as
cidades na busca de uma vida melhor, como me referia em tempos uma habitante,
“deus quando fez o mundo esqueceu-se da gente” e mais á frente na conversa “isto é
lindo para vós, que cá vindes de vez em quando” e a verdade é mesmo esta…Há que
urgentemente fazer algo por estas pessoas, valorizar o seu património, valorizar os
recantos perdidos deste Portugal, e não vivermos de obras megalómanas de fachada,
de investimentos nas grandes cidades, é aqui que entram as autarquias, só elas
poderão ter especial atenção por estas pessoas, é que se Deus os esqueceu não
deveremos deixar que outros se esqueçam, e não devemos nós também esquecer-nos.