O documento discute os tratamentos de fundações para barragens, focando em três aspectos principais: 1) os objetivos dos tratamentos são melhorar a permeabilidade, resistência ou deformabilidade do maciço; 2) os tratamentos mais comuns são injeções e drenagem para melhorar a permeabilidade; 3) outras técnicas como planos de escavação, taludes e limpeza da fundação também são usadas para preparar a superfície de apoio.
O documento discute os tratamentos de fundações para barragens, focando em três aspectos principais: 1) os objetivos dos tratamentos são melhorar a permeabilidade, resistência ou deformabilidade do maciço; 2) os tratamentos mais comuns são injeções e drenagem para melhorar a permeabilidade; 3) outras técnicas como planos de escavação, taludes e limpeza da fundação também são usadas para preparar a superfície de apoio.
O documento discute os tratamentos de fundações para barragens, focando em três aspectos principais: 1) os objetivos dos tratamentos são melhorar a permeabilidade, resistência ou deformabilidade do maciço; 2) os tratamentos mais comuns são injeções e drenagem para melhorar a permeabilidade; 3) outras técnicas como planos de escavação, taludes e limpeza da fundação também são usadas para preparar a superfície de apoio.
A finalidade dos trabalhos de tratamento de fundao sempre a de
promover a melhoria de pelo menos uma das seguintes caractersticas do macio:
deformabilidade: no sentido de reduzir deformaes, absolutas ou
diferenciais; resistncia: para garantir a estabilidade da estrutura e suas fundaes; condutividade hidrulica: para reduzir perdas dgua e controlar foras de percolao.
Na quase totalidade dos casos, as intervenes necessrias para a melhoria
das condies de fundao de uma barragem dizem respeito s suas caractersticas de permeabilidade e somente em condies especiais os tratamentos estaro voltados para sanar deficincias correlacionadas com os seus parmetros de deformabilidade e resistncia ao cisalhamento. A seleo do local de implantao deste tipo de obras j tem em vista a escolha de locais que 15 minimizem, ou evitem completamente, a necessidade de intervenes mais importantes no sentido de dotar o macio de fundao das condies necessrias para receber as solicitaes impostas pela estrutura que sobre ele se assenta. Desafortunadamente, interpretaes errneas ou condies geolgicas adversas, geralmente derivadas de um impreciso conhecimento das reais condies do stio das obras, ou dos parmetros caractersticos das feies condicionantes da estabilidade, levam s vezes, necessidade de intervenes mais contundentes, que, quase sempre, se traduzem em impacto considervel no oramento do empreendimento, pela sua condio de fator imprevisto. No que concerne os tratamentos corriqueiros de injeo e drenagem, a maior evoluo ocorrida nos ltimos anos devida, quase que exclusivamente, melhoria dos equipamentos utilizados em sua execuo, mais que aos produtos injetados para a impermeabilizao (com raras excees). Melhorias na tecnologia dos equipamentos de perfurao (j apontados), na miniaturizao dos equipamentos de injeo (misturadores, agitadores, bombas, sistemas de controle e vazo e presso etc.) e nos sistemas de controle dos volumes injetados, levam a considerar que a tecnologia disponvel em nosso Pas, nos dias de hoje, no deixa dvidas quanto sua eficincia. Por outro lado, a evoluo da filosofia acerca de como deve ser tratada a fundao, no caso da execuo de injees de impermeabilizao, tambm se constitui num avano no sentido de proporcionar maior rapidez e maior economia na elaborao de tais trabalhos. Tal evoluo foi proporcionada pela anlise crtica do desempenho de diversos sistemas de tratamento, postos em funcionamento a partir dos primeiros anos da dcada de 60, principalmente em obras assentadas ns basaltos da Bacia do Paran (Re (1976), Guidicini e Andrade (1983) entre outros). Estas anlises visavam determinao da eficincia das cortinas de injeo por meios estatsticos simples (histogramas), analisando a evoluo das absores de slidos nas vrias fases de injeo e da permeabilidade do macio, a partir de ensaios de perda dgua executados antes e aps a realizao das injees. Metodologia de anlise da eficcia dos trabalhos de injeo, com a
utilizao de meios estatsticos mais elaborados, utilizando distribuies
logsticas de absores de gua e de slidos em lugar de histogramas simples, apresentada no presente encontro (Levis e Celestino, 2006). O rigor com que j foram executadas, no Brasil, as cortinas de impermeabilizao, com mltiplas linhas de furos e com diversos estgios de injeo, foi sendo abrandado e na prtica atual, a menos que condies geolgicas especficas indiquem a necessidade de tratamentos especiais, as injees normalmente consistem na execuo de apenas uma linha com furos espaados de 6,0 a 10,0m. A necessidade de intensificar a quantidade de furos verificada durante a execuo dos prprios trabalhos de injeo, em funo das absores constatadas. Valores de cerca de 50kg/m de slidos injetados constituem um limite aceitvel para que novos furos adjacentes sejam executados (mtodo da reduo sucessiva dos espaamentos). Metodologias de injeo mais modernas, importadas do exterior, utilizadas inicialmente de maneira experimental em nosso meio a partir dos ltimos 7 anos, j procuraram determinar, em funo da definio de um parmetro denominado GIN Grout Intensity Number outros limites para os valores dos slidos injetados a determinada presso, em determinado tipo de macio, como determinantes da eficincia dos trabalhos de injeo (Oliveira et al. 2001). O parmetro GIN (produto da presso mxima aplicada, em kg/cm2 , pela absoro especfica, em l/m), determinado, em cada caso, a partir da observao do comportamento de furos experimentais de injeo no stio de interesse e estabelece leis paramtricas a serem seguidas nos trabalhos de injao, podendo-se definir, como limitantes acessrios, valores de presso ou absoro mximas a serem observados. Esta metodologia foi aplicada, por FURNAS, inicialmente de maneira experimental, em laboratrio e in situ, na UHE Canabrava, e posteriormente em casos reais, nas usinas de Mascarenhas de Morais (fundaes do 16 novo Vertedouro, em 1999) e Itapebi (fundao do plinto, em 2001) (Oliveira et al., op. cit.) No encontramos, na bibliografia atual, notcias acerca da aplicao desta metodologia em obras mais recentes, nem anlises acerca de sua eficincia. No que concerne a drenagem, os sistemas em uso pouco evoluram, a menos da aplicao de alguns detalhes visando melhoria de seu funcionamento e observao. Em que pesem os estudos e anlises tericas acerca do dimensionamento dos sistemas de drenagem efetuadas nos anos 80, o que se observa que a drenagem das fundaes normalmente confiada a uma linha de furos, em geral de 3 a 4, espaados entre 3,0 a 5,0 metros, acompanhando o desenvolvimento das cortinas de injeo. Em casos de estruturas constitudas por lajes muito extensas (caso de bacias de restituio de vertedouros, reas de montagem, etc.), ainda so utilizados, com ou sem furos adicionais, sistemas de meias-canas no contato concreto/rocha, sistemas estes praticamente em desuso no caso de estruturas convencionais. Condies especficas do macio rochoso podem levar necessidade de executar sistemas de drenagem mais sofisticados, para garantia da reduo das subpresses nas estruturas de barragens gravidade. Foi o caso de algumas barragens brasileiras (gua Vermelha, Itaipu, Tucuru, entre outras) em que foram escavados tneis, acompanhando feies caractersticas muito permeveis, com a dupla finalidade de prospeco e drenagem. Pelo seu custo, em que pese sua
eficincia, tais sistemas no so comuns. Quanto aos outros tipos de
tratamentos de fundaes, para melhoria das condies de resistncia e deformabilidade do macio, distinguimos aqueles que so corriqueiramente executados para o preparo da superfcie de apoio das estruturas, daqueles destinados a sanar problemas, geralmente no detectados, ou bem avaliados tempestivamente, em fases do projeto anteriores de construo. Quanto aos primeiros, as diretrizes a serem seguidas so simples e fundamentadas na boa prtica da construo: execuo de planos de fogo bem dimensionados, no sentido de minimizar sobre-escavaes, evitar o excesso de fissurao do macio remanescente e produzir superfcies acabadas uniformes e estveis; projeto de taludes de escavao condizentes com a realidade da estrutura do macio, para minimizar a aplicao de tratamentos adicionais (por meio de chumbadores, tirantes, revestimentos de proteo ou retaludamentos), que so sempre caros e que interferem com os cronogramas executivos; aplicao de processos de limpeza que atendam aos requisitos de recebimento da estrutura, permitindo sua perfeita ligao com a fundao em condies uniformes (aplicao dos Critrios de Liberao de Fundaes). A soluo de problemas maiores no , naturalmente, ditada por critrios especficos, dependendo de cada caso considerado. Seja no caso de problemas de falta de resistncia ao cisalhamento, seja no caso de deformabilidade excessiva de volumes expressivos das fundaes, as solues encontradas pela engenharia brasileira conseguiram alcanar, na quase totalidade dos casos, suas finalidades de maneira satisfatria. Em grande parte dos casos, as solues de projeto se basearam na alterao da geometria das condies de fundao da estrutura, como nos casos de gua Vermelha, Porto Primavera, Canoas I, por exemplo (Souza Lima et al. 1982, Celestino, 1983; Re e Pacheco, 1994, Silveira et al., 2005), mas em alguns casos, intervenes mais contundentes tiveram que ser implementadas, como por exemplo, a execuo de tneis de drenagem nas fundaes, de campanhas de injees de consolidao e a construo de chavetas de cisalhamento, para garantir as necessrias condies de estabilidade das obras, como nos casos de Itaipu, Tucuru, Itapebi e Machadinho, entre outros (Bettioli et al. 1999, Resende et al., 2003). Pode-se afirmar que as intervenes efetuadas surtiram os efeitos desejados no comportamento das obras. No caso de barragens de enrocamento com face de concreto (em que o plinto desempenha 17 papel de apoio do barramento, como nas estruturas de concreto/gravidade), as condies de tratamento da superfcie de fundao podem adquirir importncia destacada. Neste caso, o resultado dos trabalhos de tratamento das fundaes desta estrutura tambm ser fator preponderante para o sucesso do empreendimento (Humes et al., 2001) tendo como diretrizes principais as mesmas daquelas que regem as das barragens de concreto gravidade. No que se relaciona s condies de fundao de estruturas de concreto assentadas no sobre rocha (no significado de engenharia deste tipo de material) mas sobre solo, em suas diversas condies geolgicas representativas de estgios mais ou menos avanados de sua evoluo pedogentica, alguns exemplos podem ser reportados, conseqncia direta da necessidade cada vez maior de aproveitamento de locais em condies geotcnicas no muito favorveis. H poucos casos brasileiros de barragens em tais condies (menos de uma
dezena), com sistemas de tratamento de fundaes os mais distintos entre
si, embora as condies de fundao da maioria dos exemplos tenham sido semelhantes (solos saprolticos de rochas granitides pr-cambrianas). Os sistemas de tratamento, nestes casos, poderiam ser, aparentemente, mais facilmente dimensionados, pela maior uniformidade das caractersticas gerais de permeabilidade, deformabilidade e resistncia da fundao, mas, por outro lado, as condies de estabilidade tendem a ser penalizadas pelas pobres caractersticas de resistncia ao cisalhamento e pela anisotropia que caracteriza estas formaes. Os principais exemplos de barragens assentadas sobre este tipo de fundao podem ser encontrados na tese de doutoramento de Pastore,1992, bem como nos exemplos, cronologicamente mais recentes, do Vertedouro da barragem de Paraitinga, sobre solo compactado, (Namba et al. 2003) e do Vertedouro da UHE Corumb IV, sobre solo de alterao de micaxisto, cada qual com solues de projeto de tratamento de fundao totalmente distintas. Quase todos estes exemplos constituem-se em casos bem sucedidos de projetos de fundaes de estruturas de concreto assentadas sobre materiais de caractersticas geomecnicas no necessariamente condizentes com as de rocha e com sistemas de tratamento baseados em filosofias e arranjos diferentes daqueles normalmente utilizadas naquelas condies.