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mrias.
Loftus e colaboradores fizeram vrios experimentos de "implante" de memria, usando
"lembranas" que no seriam traumticas aps ser revelado que se tratavam de invenes. Eram
memrias como "voc se perdeu em um shopping center quando tinha 5 anos", ou ento "v
oc derramou a tigela de ponche em cima dos pais da noiva durante uma festa de cas
amento".
Para determinar se de fato algo assim havia ocorrido ou no, era pedida a ajuda do
s pais do entrevistado. Aps trs entrevistas, nas quais descreviam suas memrias, fal
sas e verdadeiras, 25% dos participantes insistiam que tinham derrubado o ponche
- e entravam em detalhes, como "era um casamento ao ar livre, eu estava corrend
o e derrubei a vasilha".
Loftus tambm estudou o papel do terapeuta na formao da "memria". Em um estudo feito
com ajuda de um terapeuta italiano, ela notou que 89% dos pacientes aumentavam a
confiana na memria aps uma sesso de meia hora com o analista, na qual seus sonhos e
ram interpretados.
A ensasta americana Susan Sontag escreveu que "pelo menos o passado seguro", refe
rindo-se a suas memrias. No mais o caso. O artista espanhol Salvador Dali (1904-19
89) foi mais presciente quando disse que "a diferena entre falsas memrias e as ver
dadeiras a mesma entre as jias: so sempre as falsas que parecem mais reais, mais b
rilhantes".
Folha de So Paulo, 23/08/98