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Dados Incernacionais de Caralogacao aa Publicasio (CIP) (Cimara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Danto, Arthur C. Apis 0 Fim da Arte: A Arte Contemporinea ¢ os Limites da Hire ria | Artbat C, Danto: trad. Saulo Krieger. Sio Paulo: Odysseus Editora, 2006. Titulo original: After che end of arc: contemporary art and the pale of history, 1. Arce ~ Historiografia 2. Critica de arce — Filosofia 3. Pés- ‘modernismo I. Titulo. II. Titulo: a arte contemporinea ¢ os limites dda histor 03.4344 cpp-701.18 Tadices para cacdlogo slstemarico: 1, Atte: Critica: Histéria 701.18 2. Critica de arte: Histéria 701.18 © Arthur C. Danto ‘Todos os direitos desta edicéo reservados a: © Odysseus Editora Leda, Editor responsivel: Stylianos ‘sirakis Traducdo: Saulo Krieger Preparagio de texto: Martha Rosemberg Revisio técnica 1: Virginia H. A. Aita Revisio técnica 2: Marco Aurélio Werle Revisao final: Daniel Seraphim. Projeto gréfico © capa: Odysseus Editora ¢ Duppla Design Diagramagio: Suzana Moracs Barcos Edicdo: 1 ~ Ano: 2006 ISBN: 85-314-0932-2 (Edusp) ISBN: 85-88023-42-3 (Odysseus Editora) Edusp — Editora da Universidade de Sio Paulo Av. Prof, Luciano Gualberto, Travessa J, 376 6 andar — Bd. da Antiga Reitoria ~ Cidade Universicéria 05508-900 ~ Sio Paulo ~ SP ~ Brasil Divisio Comercial: tel, (Osocl 1) 3091-4008 / 3091-4150 SAC (Oxx1 1) 3091-2911 — Fax (Oxx1 1) 3091-4151 www.usp.br/edusp — e-mail: edusp@edu.usp.br Odysseus Editora Rua dos Macunis, 495 CEP 0544-001 Sio Paulo ~ SP — Brasil Tel /fax: (11) 3816 0835 www.odysseus.com.br — e-mail: edicora@odysseus.com.br sor we (iL #0 (999) POR MRE HD CAPITULO UM Introdugio: moderno, pés-moderno € contemporineo Quast 40 MESMO TENPO, ignorando totalmente © pensie Thento um do outro, © historiador de arce alemdo Hans Belting e eu publica: hos textos sobre o fim da arce.* Nés dois haviamos chegado a uma percepcio Wivida de que alguma mudanca hist6rica transcendental havia ocorrido nas Tite tn fA” [0 fin da cet fo oni eid te Te Da of An, ead poe Heel Thy Sew or, tven Plates 1984). prom do Hoo vu que vin aie Retin ras pops oo ean principal Ec concn! x expla cam mae deta oe 0 id I emi “Ar an of Av (Pss aor fad ate] fined Hi ferdoicm eer de 1985, n0 Whieey Musca of American Arc publica ote Sate Wil A New York, rence Hall Pras, 1987). "Narciso he End of Ar” un confer Tiina no ce Lio! Tiling Lure, dn Universidade de Caleb, pbliade pte pia vex ei oo en emer ea nh Hil Pat New Yk, ee 1991) © Ti nd of ay of re Hane Being ar Wie Chivotes Swe Chicago, Univercy of Chaago Pes, 1087), saree pla pia vex as ade er Vag CH, Back 1983) Belang deco de fe internet de 1983 em Das Bade der Keno Ei ba (Manche Vg C,H, Beck, 1995) O presente, tab et dear orginal, + minha entra rads de nd Mn hea de 1980. Grane Vaio dau cp Melia f Mey Nit sd Horta in tN Clr (Came, Pali Pre, 198), Hibilivece pico como Le Fn dite Mia (Gara Ere, 183), Vaio vo eben ie Baking ms ceri don pretreat wns pl duos td por fas 0 « povbers de mere de mcs en gel ras rejpnas ic pb eta for ama "eedadeeealepiamenre Epcos um pad neg nt ink de penecent gi por on ear com be no pi ead ered du ae Tal earls ate da tr ny at (ae do corp testa de ot et, [ge © fees Sablgun « cbs ue ma as om soso gut Be ‘ ernis de Vata € una popta asus aja, ds reo fgaknes condigées de produgio das arces visuais, ainda que, de um ponto de vista cexterno, os complexos insticucionais do mundo da arte — galerias, escolas de aree, periédicos, muscus, o establishment da critica, a8 euradorias — parecessem relativamente estéveis. Belting jd havia publicado um liveo surpreendente, reconstituindo a hist6ria das imagens devotas no Ocidente ctistdo desde 6 final do império romano até aproximadamente o ano 1400 d.C., ao qual ele ddeu 0 extracrdinério subtitulo de Tbe Image bfire she Era of Art [A imagem antes da era da arte). Nao que aquelas imagens deixassem de ser arte em um sentido amplo, mas serem arce nio fazia parte de sua produgio, uma vez que ‘oconceito de arte ainda nao havia surgido de fato na consciéncia geral,e essas imagens —icones, realmente — desempenhavam na vida das pessoas um papel bem diferente daquele que as obras de arte vieram a ter quando o conceito finalmence emergiu ¢ alguma coisa como consideragGes estéticas comegaram, ® governar nossas relagées com elas. Elas nem eram pensadas como arte no sentido clementar de terem sido produzidas por artistas — sees humanos co- Jocando marcas em superficies ~ mas eram vistos como tendo uma origem ‘miraculosa, como a impressdo da imagem de Jesus no véu de Verbnica.? Tera, ‘enti, havido uma profunda descontinuidade entre as priticas artisticas an- tes € depois da era da arce ter se iniciado, uma vez que o conceito de artisca no fazia parte da explicaglo das imagens devotas,’ mas € claro que o conceito de artista se tornou central na Renascenga, a ponto de Giorgio Vasari ter escrito um grande livro sobre a vida dos actistas. Até entio tetiam existido apenas, quando muito, livros sobre a vide de santos dilftantes. Do po devia de sus oie, € ponte digi dis genx de imagens de eu que fran poblicmentevenerasspelaCatendade- Um dos genre iil incl spat gene de {sro e wma imagem em padao de pano de Santo Enrio ro wore de Alice, creeds ingens Pot c por iso speceste atta, gue vray de sige ele oe prades got impresio mecinia darate a vida do model, Pare ts agen, puso sot wad 6 teoo dni Cah ico mia ai or mane Bing, HE ad Pre A Hy ot ‘he tag ba he BofA, td. de Edoan Jeph (Chingy Univer a Chieage Pre, 1A, 49, Com fei, es iagens erm vss ss, came impress dg ak pela gual ag! ium a condi de rguin "Mas «sur sede imagens calramenceamihas pla Ita em seas pings em scl de far iad, onano gut pinto fae un tenn como Sis Ln, "purge, acon, ‘Mata eps pr am erat em is Appia Vigem tea flats ens ene ‘ere cio um mage do Ei Sot pars gue na ie stented wer (elon H, Lies and Prost, p49). Quisque: gue ela eae intersenges marl, Las nt. ‘ments tomou oan parane ds asta Slo Laat etatnde Nese Ses Mes pa ‘an ser im tea vaio esac so € perfeitamente concebivel, poderia entdo cer havido outra iminudade, nfo menos profunda, ente a arte produzida durante a va lite © 4 arte produzidla apds 0 temino desta, A era da arte nio se inion Hhruprameate em 1400 ¢ tampouco terminou de ‘maneira repentina em al- farmmomeno cm meat da ada de 1980, undo os meus ex £08 de levi surgiram respectivamente em inglés ecm alemio. Talvez nenhum de Ms tvesse uma idea clara, como agora podemos ter, dez anos depois, do que ravamos tentando dizer, mas agora que Belting apresentou-se com a idia Heart ances do inicio da arc, podemos pensar em arte deat do fm da art, Aono se estivésemos emergindo da era da arte para algo diferente, caja for i esrutura exats ainda prcisam ser compreendidas Nenhum de nds pretendia que nossas observagées fossem romadas como Iilamento critico sobre a arce de nosso cempo. Na década de 1980, alguns ricosradicais apareceram em defesa do tema da more da pintra, send o WU julgumento na alegacao de que a pincara modeena parecia spresencar ‘Hilo 08 sinais de esgotamento interno, ou pelo menos de limites demarcados Pit ulém clos quais no era possivel avancar. Els pensavam nas tclas quase ‘almente brancas de Robere Ryman, ou talvez na agresividade monétona ‘hs plincuras de liseas do artista francés Daniel Buren; sera dificil ndo levar fa conta a abordagem dessestericos como, de certa forma, ui juieo ext, Fanto vobre os artistas quanto sobze a prética da pintura em geral. Mas Hlerumente consscente com o fim da era da arce, cal como Belting ¢ eu o Wbinpreendiamos, o fato de que a arve devera ser extremamente vigorosa ¢ {Mo mosttar-aenhum sinal, qualquee que Fosse, de esgoramento interno. De. Hhullamos 0 argumenco de como um complexo de prtics tinha dado lagac a {Wto, mesmo seo formato do novo complexo fosse imprecso —e ainda end eciso. Nenhum de n6s escava falando em morte da arte, embora rea prio texto acabasse sno o artigo principal em um volume sob o tculo css ean me tae Hierevenclo sobre uma forma de nacraciva que, assim eu pensavs, havia sido WMietivamente se completado na historia da arte, e era essa natcativa, pare- Heine, que havia chegado a um firn, Uma hiséria havia acabado, Nao era Mie ponto de vista que nio haveria mais arte, o que cervamente significa Himorte", mas o de que, qualquer que fosse a arte que se sepuisse, ela seria Wits sem o beneicio da narrativa legicimadora, na qual fosse vista como a ron uerativa, endo 0 coma da M4 etapa apropriada da hiseéria, O que havia chegado a won fim era a arrativa, Apresso-me a esclarecer i. ie {im um certo sentido, a vida realmente comeca quando ahistéra chega 20 fim, como nas histrias em que 05 cass se deleitam 20 recordar como se conheceram e “viversm felizes para sempre”.* No género alemio do Bildangronan ~ romance de forracio e autodescoberta— histia €conta- dla em estigis através dos quas her ou a heroinaavanga no caminho da futoconscincia, O género quase se tomou uma matiz da novela ferinisca fem que a heroinachegs a uma consiéncia de si mesma e do que significa set tama mulher. Fess consciénci, sind que no final da histria,é realmente “o primeiz dia do resto de sua vida, para usar ima expressio um tanto fora de ‘moda da filosofia New Age. A obra-prima da juvencude de Hegel, A eromenlegia do erin, er a Sema de urn Bidangsraman, no sentido de xe ‘seu hee, Ges Espirito, atravesa uma sucessio de estos afim de alean- Garo conhecimento no apenas do que ele em si mesmo é, mas a ciéncia de {que, sem a historia de inforcnios« enusiasmes perddos, eu conhecimento Seria vaio.” A.tese de Beling earnbém era sobeenareaivas. "A ace contem- porines’, ele escreven, “manfesca uma consciénia de uma histria da ate, tas nfo leva adiane"*E ele flow tarbém ca “perda telatiamente recen- ce da confianga em uma naretivaextensa e convincente no modo como as coisas devem ser vistas"! £ em pare o sentimento de nao mais percencer tuma grande narativa, registrandore em nossa conscincia em algum lugar ‘Omal-estar o regorio, que marca a sensbilidade histérica do presen- te, € que, se Belting @ eu estivermos no caminho certo, ajuda a defini diferenca marcante entre a arte moderna e a contemporinea ~ cuja conscién- cia, creio eu, s6 comega a surgir em meados da década de 1970. E caracteris- tico da contemporancidade ~ mas nfo da modetnidade — um inicio de manei- ra insidiosa, sem sogans ou logotipos, sem. que ninguém tivesse muita consci- Encia do que estivesse acontecendo..O Armory Show, de 1913) cinha como. logotipo a bandeira com pinheiro da Revolucio Americana, para celebrar 0 repiidio & arte do passado. O movimento dadé de Berlim proclamou a morte dla arte, mas no mesmo cartaz, obra de Raoul Hausmann, desejava longa vida “Asim, ole de un ds texan mis ver em mina joven, Lif Bain a Bryon cone ugh jus, como coma en onde pac gue nga per vide, para um dete (ganda comece vias “Quand cach more em onde STarcomie ek cu crea ek dev das pias brn pins de Hegel ft presen or Josah Roe ex une Leto Mar Id, Jc Taewenberg (Cambridge: Haran Unsety Pres 1920. Slings H. 18 nd of be iy of A, 3. id 38. ine Ac of Tain [Arte Maquina de Tali], A arte contemporinea, em fapartda, nada tem contra a arte do passedo, nenhum sentimento de © passado seja algo de que € preciso se ibercar e mesmo nenhum seati- two de que cudo sea completamente diferente, como em geral a arte da moderna, E parte do que define a arte contemporinea que a arte do mado este disponivel para qualquer uso que os artistas queiram Ihe dar. Aue no thes esta disponivel é 0 espirito em que a arte foi realizada, O ligma do contemporineo € o da colagem tal como definida por Max j mas com uma diferenca. Ernst disse que a colagem é “o encontco de tealdades discances em um plano estrinho a ambas’." A diferenca € que Anas existe um plano estranho a realidades aristicas distintas, nem sio ealidades cio distantes uma da outa. Isso porque a percepcio bisa do «ontemporineo foi formada no principio de um museu em que toda a fem 0 seu devido lugar, onde noi crtéro «prion sobre que apaséncia ste deve ser, ¢ onde nfo hi nenhuma narraciva & qual o conteido do tena de se ajustar completamente. Os artistas de hoje nfo véem os jcomo repletos de arte morta mas com opcOesartistcas vivas. O museu ‘impo dispontvel para constanees reorganizagbes, © na verdade existe forma de arte emergente que usa 0 museu como repositério de materiais Aoliyem cle abjecos disposcos cle tal modo que sugira ou apdie uma tse; ‘vemos na instalacio de Fred Wilson, no Maryland Historical Museum, la, na motive instalacio de Joseph Kosuth, The Play ofthe Unmentonable 0 do no mencionével} no Brooklyn Muscum.’ Mas o género é hoje Jum lugar-comum:; o artista tem live acesso a0 museu ¢ organiza, a A seus recursos, exposes de objecos sem qualquer conexio histrica il enite ees, «nto ser aquelafornesia pelo artista. De alguma forma M1 causa, efivo © macerializacio das atitadese prticas que definem 0 M0 P-hist6rico da arte, mas nao peetendo por ora insistir nessa ques- Wer disso, quero volar dstingio entre 0 modemo e o contempori- # venir sea aparecimento na consciéncia. Na verdade, foio surgimento tipo se autoconsciéacia que eu tinha em mente quando comecci a lian ln, Dad Seri od Tr Hey New Yc: Mus de Ae Made, nin iM he inlining Har aa Hl Sse, WATh Pith Unni uta gs Kew ra hen Mew Press, 10920 x [Em meu pr6prio campo, a flosofia, as divisbes histércas foram estabelecicas 700 mado como segue: antiga, medieval e moderna. A filosofia “moderna” cra comumente pensada como tendo se iniciado com René Descartes, ¢0 que a diseinguia era a peculiar reviravolta ineerna empreendide por Descartes ~ a sua famosa reversio para 0 "Eu penso” ~ em que a pergunta seria menos como as coisas sio realmente e mais como alguém cuja mente foi estruturada de certa mancira é obrigado & pensar que elas sio, Seas coisas realmence so como a estrucura de nossa mente exige que pensemos, nio € algo que possa- mos afirmar, Mas isso nem rem tanta importincia, pois nio temos outr0 ‘modo aleernativo de pensé-las. Dessa forma, erabalhando de dentro para fora, por assim dizer, Descarces,¢ a flosofia moderna em geral,esbogou um mapa {loséfico do universo cuja macre seria a estrueura do pensemento humano. O aque Descartes fez foi comecar a trazer as estrucuras de pensamento para 2 conscincia, na qual poderiamos examing-las crticamente ¢ vir a entender, 2 lum 36 e mesmo tempo, o que somos © como o mundo é, pois, se 0 mundo & definido pelo pensamento, 0 mundo € nés somos liceralmente feivos um & imagem do outro. Os antigos simplesmente foram em frente tentando des- crever 0 mundo, sem atentar para os aspectos subjetivos que a filosofia mo- deena tomou centras. Poderiamos parafrasear 0 maravilhoso titulo de Hans Belting falando sobre o ego antes da era do ego, para mascar adifereniga entre a filosofia antiga € a moderna. Nao que nio houvesse outros egos antes le Descartes, mas o conceito de ego nio definia a atividade da flosofa como um todo, como passou a fazer, com a sua revolucio ¢ até que a reversio para a linguagem viesse subseiuir a reversio para 0 ego. E como a reviravolea lin- siistica™ cereamente substieuiu as perguneas de que somos por perguntas sobre como falamos, existe umagcontinuidade inquestionével entre es dois estdgis do pensamento filos6tico, como fo sublinhedo pela descrigio de Noam Chomsky dle sua propria revolucio na flosfia da linguagem como “lingtist- ca cartesiana”, " substituindo ou ampliando a teoria cartesiana do pensamen- co inaco com a postulacio de escraturaslingisticas inatas. " Camo lo deme slp de esi elboro ordeals cad um apes dom pect de mange wa ano aia da quo da sult pana quoted ese linge que mca» ln wnt do alo XX, ver Rey, RT Ling Te Reet eyo Ppa Mad (Gago: Uneverey of Ching Pres, 1967) Noe él, en gira conalingitie no mate depois det publi "Chas N- Cato ani A Char Hay of Rata Tah (New Yrs Harper sad How, 1968. 7 ese enn Nek Cetin sume mee: limite antes do qual os pintores dedicaram-st a representar 0 mundo Aho este se apresentava, pintando pessoas, paisagens eacontecimentos his- tices como eles priprios se apreseneavam ao elhar. Com o modemismo, as Wpriascondigbes de representasfotornaram-se centri, de mod que a are We certa forma se tornou o seu préprio assunto. Essa foi precisamente a forma imo Clement Greenberg definiu a questio em seu famoso ensaio de 1960, ura modernist". “A eséncia do modernismo”, excreveu ele, “reside, tal 101 Yejo, no uso dos métodoscaractetistcos de uma discipline para eve ‘propria dsciplina, nfo para subverté-la, mas para entrincheié-la mais jemence em sua area de competéncia." O mais interessante € que snberg tomou como modelo do pensamento modernista o flésof0 Wel Kae: “Por ter so o primeira a critica os préprios meis da crt bo Kaat como o primeico verdadeito modernist”. Kant no via a fin como um acréscimo ao nosso conhecimento, mas muito mais Como Tesposea i perguaca sobre possiblidade do conhecimento.E creio que orrespondente na pintura ceria sido nem tanto a de represencar as as das coisas, mas a de responder como a pintuca era possivel. A na, pois, passaria a ser: quem foi o primero pintor modecnist, ist & desvion a arte da pincura de sua agenda representaciva para uma nova ana cal cs meis de representacio se comtaram o objec derepresentacio? Greenberg, Manet se rornou o Kant da pintura modetnista: “As pin- tle Manet vieram a ser as primeira pincuras mocernscas em vieode da Mera com que moseravam as superfices planas sobie as quaiseram pin- fF aisesria do modernisme avangou dai por meio dos impressionists, Diigavam as camadas sobrepostas de pintura e os brilhos, para que © lo pudesse duvicar de que as cores utlizadas eram fetas da tnta que dle tubos ou pores”, e para Cézanne, que “sacrificon a veressimilhanca favo para ajustar mais expictamente 0 eu desenko e sew cago 2 Wh recangular da tela, Bpasso a passo, Greenberg constrau uma natrati- ro definida por Vasari. A monotona, a consciéncia da cor e da pincelada, nismo para substiuir « narrativa da pincura representaciva teadi- M4 retangular ~ tudo a que Meyer Shapiro se sefere como “caracteristicas ls "Modernist Painting, Clone Granby The Call sry and Citi, eh. John Vl A. Mori with Uns 1937-1909, 8593, Tao cae to peri m ‘lo-miméticas” de pinturas que ainda poderiamn ser residualmente mimécicas ~ substiuiram a perspectva, 0 excorco, obiarncu como poncos de progrese fo numa seqjiéncia evolutiva. A passagem da arte “pré-moderniste” para a _maodlernista, se concordarmos com Greenberg, foi a passagem das caracteris. ticas miméticas para as nio-miméticas da pintura. Nio é, como afiema Greenberg, que a pintura cenha se tornado ela préptia néo-objetiva ou ab. (rata. Apenas as caracrersticas representativas tornaram-se secundrias ho ‘moderismo, tendo sido fundamentais na arte pré-modernista, Grande parte dle meu liv, volrado para as narrativas da historia da arte, deve forgosamen. ‘e ocupar-se com Greenberg como o grande narracor do modernismo, F importante que o conceito de modernismo, se Greenberg estiver certo, aio ésimplesmente o nome de um perfodo estilistico que se inicia no ile ‘ergo do século XIX, da mesma forma como maneitismo é o nome de um. Petiodo esilstico que se incia no primeiro ergo do século XVE: a pincara ‘manctitasucede &renascenisa e € seguida pela do petiodo bartoco, por sua ‘ez sucedido pelo rococs, que ¢ seguido pelo neoclassicisme, que é sucedido belo romaneico, Essas foram mudancas profundss no modo como a pintura zeptesenta @ mundo, mudanas — pode-se dizer ~ aa coloragio ¢ no humor, ‘ue se desenvolvem a parcir de seus predecessores ¢em algum grau em reagio 4 eles, bem como em resposta a todos os tipos de forca extta-artisticas na hist6ria e na vida. Minha percepcio é a de que 0 modemismo nio segue 0 omantismo desta maneira, ou no meramente: ele é marcado por uma as. Censio a um novo nivel de consciéncia, que se reflee na pintura como um tipo de desconcinuflade, quase como se enfatizaste que a representacio ‘mimética se cornou menos importante do que algum tipo de reflexdo sobreos ieios ¢ métodos de representasio, A pintura comega a parecer inadequade, (ou forgada (em minha cronologia particular, Van Gogh e Gaughin foram os Primeitos pintores modernists). Com efeito, © modernism se posiciona a cera distancia da his6ria da arte anterior, ecreio que ds mesma maneira que os adults, ns palavras de Sto Palo, “poem de lado as coisas de eranga” A ‘gnestio ¢ que “moderno” nao significa simplesmente "o mais recente” Significa, mais exaramence, na fiosofia como na arte, uma nocio de estra- ‘ézia, de estilo e de agenda, Se fosse apenas uma nocio temporal, toda a flosofiacontemporinea a Descarces ou Kent e toda a pincura contemporinca ‘Manet ¢ Céasnne seriam modemnistas, mas na verdade o que se reve foi ume boa quantidade de filosofias, nas palavras de Kant, “dogméticas", nem um 0 relacionadas is questdes que definiam o programa ertico por ele prox to» A-maior parce dos fl6sofos contemporineos de Kane, mas, diferente. e lle, préscitcos, eatam no esquecimento, exceco os hstoriadores da IMlosofia. Embora nos maseus continue a haver kagar para a pincura que, con Hemporines 4 modernismo, nfo ¢ cla prdpria modernista ~ por exemplo, a inure acalémica francesa, que procedia como se Cézanne nunca tivesse exis Hil, 00, mais tarde, 0 surrealsmo, que Greenberg fez 0 possvel para supti Mhit: ow eecorrenco a linguagem psicanaltica dos criticos de Greenberg, Mosalind Krauss © Hal Foster, para *reprimir” ndo ha espaco para 6 Mitealismo na grande narrativa do moderaismo que o varreu ao ulecapassé 1, no ue veio ser conhecido como “expressionismo abstrato” (um réculo Ae desagrada a Greenberg), eapés pela abstracio de campos de cores, ponto 1 ue, embora a naraciva nio necessariamente tenha terminado, o proprio Hiteenberg se deteve. O surrealism, como a pineura académica, encontra-s, We wordo com Greenberg, “além do limite da histéxia", para usar uma ex. an sue enconcrei em Hegel. Ele aconceceu, mas no Foi pate significai- Alo progresso, Se fssemos sarcésticos, como etam os criticos formados a tiva greenberguiana, ditiamos que nio era verdadeiramence are, decla- que demonstra até que ponto a identidade da are etava internamente Hal parcicipagio em uma narraciva oficial. Hal Koster escreve:“Abriuse WN espago pare o surrealismo: um impené dentro da antiga narrativ, ele Hmhousse um ponto privlegiado para a critica contemporines dessa narra WW! Parte do que significa 0 “fim da arte" é a libereagio do que se encontr. Mi patn além do limite, em quea propria idéia de ur limite — uma bacteira #Mudence, como era a Grande Muralha da China, consruida para manter We horas mongdis do lado de fora, ou como o Muro de Beslim foi eri, w Hit de mancer a inocente populagio socialists protegida das voxinas do capi Allsmo, © grande pincor itlando-americano Sean Scully se delcia com 0 fato We que “oli” (re pe) refere-se ao irish Pale, enclave situado na Inlanda, {Wie fitz dos ilandeses eseangeicos em sua propria terra) Na narrativa moder, ‘ils «atte para além do limice ow do faz parte da vartedura da histéri ou ‘Hii teversio a alguma forma antiga de arte. Kane cerea ver falou de seu Pio tempo — ata da tastragio ~ como “a humanicade chegandlo’& mas 1. tv Opi Un (Cambridge, MET Pres 1993); fae, H. Cimpie By gs, MIT Prt, 1993) ek GT Cla a ol Cri, Aa tinea on ich eames ruric 3s “pureza”, no sentido do termo que o relaci ons cle ‘mente ao que Kane pretendia com a idéia de" no els deca srr fa ale ce ma, on meet mccain en om sr eicimo, acon, ma vo de Fo, “nie Mas, en . pelo crtério de Greenberg, a atte contemporines¢impura —e. ‘880 que quero falar agora. : an on Falaemrpeapen ce oes » “afte contemporinea” teria sido apenas a arte maderma que erté. bs fte So cmen geen ee contemporaneos.. mente i Fh ae cpt ce gee passac lo pelo ‘teste nao teria: ela seria a “nossa arte” de um mock as ey assou a significar uma arte produzida dentro de certa de rma que o “moderna” veio a di a ics aa apenas arte recente, “conte neo” aaa ate a arte do momento presente, Him meu ponto de vista, além do design menos um perodo do que o que aconece depois que nio hi eriador em alguma naraiva mesta dn are, e menos um eto de farce do que wm exo de usar estos. caro que existe arte contempo- tm estilo de um tipo jamais ances visto, mas no quero abordar ete into aul esigio de minha discuss Tadoo que pretendo €alerat 0 or para o meu esforco em tracar uma distingio bastante precisa entre “mo ‘contemporineo” INio penso especialmente na distingio que foi claramente eragada quando nudei para Nova York pela primeira vez, no final da década de 1940, jo a "nossa arte” era x arte moderna, e 0 Museu de Arce Moderna os tua de modo bem pessoal. Poe certo que muito da arte que estava sendo Winds oiio havia sido exposta naquelé muscu, mas na ¢poca nio nos Jriamos, no grau em que a questo era pensada afinal de cones, que & fosse contemporinea em um sentido que a distinguia d moderna ‘n08 uma disposigfo completamente natural que algo dessa arte cedo fenconttaria 0 seu caminho no “Moderna”, ¢ que ssa disposiglo con- Indefinidamente, a arce moderna tendo vindo pata fiear sem, de Alga, ter forrado um canone fechado. E certamente no er fchi- 1949, quando a revista Life sugerin que Jackson Pollock poderia ser © Jpintor americano vivo. Para muitos, entre os quais me incluo, est Thoje cm dia, significa que em algum lugar entre aquele tempo ¢ dias surgiu uma dstingéo enere © contemporineo ¢ 0 moderna, O yvdneo deixou de ser moderno a nao ser no sentido do “mais rece: naderno passou a parecer cada ve2 mais um estilo que Mlovesceu de wave 1880 acéalgum momento da déeada de 1960. Acho que inimesmmo dizer que alguma arve moderna continuava a ser procuzida disso — uma arce que petmanecia sob os imperatives estilisicos do Janno ~ mas aquela arte nio seria realmente contemporines, exceto, fate, no sentido estricamente cemporal do cermo. Pois quando o pesfil co da arte moderna se revelou, ele o fazia porque a prépria arte con neu revelava um perfil muico diferente do da arte moderna, Isso cen Jnoriro Museu ce Arte Moderna em uma espécie de engessamenco que ay poderia antecipae quando ele era o lar da “aossa arte”. O ve met ela oda cootrporienexig inp ua Mewar ms men Being, Hd Bd of th By of A xD engessamento devia-se ao fato de que. “moxlerno” tinha um sentido estilistico € um temporal. A ninguém teria ocorrido que esses estilos pudessem entrar em conflito, que a arte contemporinea dleixaria de ser arte moderna. Mas hoje, & medida que nos aproximamos do fim do século, 0 Museu de Arte Moderna deve decidir se pretende adquiir arte contemporinea que nit seja ‘moderna, ¢ assim se tomar um museu de arte moderna no sentido estrea- mente temporal, ou se continuaré com um acervo exclusivo de arte estilisicamente moderna cuja produgio se tomou rarefeiea até o ponto, tal. ‘ee, de uma escase, deixando de ser representativa do mundo contempordnen, Em todo caso, a distincio entre o modero e o contemporineo no se fer

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