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Curso de Pós Graduação “Latu Sensu” –

Especialização em Educação Especial para Dotados e Talentosos.


Universidade Camilo Castelo Branco- Unicastelo -São José dos Campos
Aluna: Maria Inês Fossa de Almeida.

Tarefa 4- Metodologia Especial para Intervenção Educativa.

INTRODUÇÃO
Como encontrar os mais capazes, num universo heterogêneo da escola,
em que o foco é o aluno mediano e os com dificuldades de aprendizagem.
Porém, alunos que apresentam um desempenho acima da média, se
sobressaem em alguma área, têm uma grande motivação ou interesse, são
criativos ou possuem habilidades de liderança, esses alunos, na maioria das
vezes têm apenas o reconhecimento de “que é um ótimo aluno”, além de
alguns mitos como a certeza de que este aluno terá um futuro brilhante
(Alencar e Fleith, 2001).
No Brasil, a criança com necessidades especiais tem garantido por lei o
seu acesso ao ensino regular, assim como a diferenciação curricular para
casos específicos. As Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na
Educação Básica (Ministério da Educação, 2001) apresentam algumas
vantagens do atendimento ao dotado e talentoso e uma política que valoriza o
talento. De acordo com as Diretrizes, as altas habilidades/superdotação
referem-se a alunos com “grande facilidade de aprendizagem que os leva a
dominar rapidamente os conceitos, os procedimentos e as atitudes e que, por
terem condições de aprofundar e enriquecer esses conteúdos devem receber
desafios suplementares em classes comuns, em sala de recursos ou em outros
espaços definidos pelos sistemas de ensino, inclusive para concluir, em menos
tempo, a série ou etapa escolar.” (p. 39).
Observando que, pela visão humanista, a plenitude da formação de que
cada ser humano necessita não é, de fato, uma tarefa individual, mas sim, uma
responsabilidade social. A educação possível, segundo Rodrigues
(p.244,2001),” passa pelo mais original dos meios de produção do mundo
humano: a linguagem”. Assim, o processo formativo da ação educacional
ocorre sob três aspectos:
1. construção simbólica da realidade;
2. disciplinação da vontade e aquisição de conhecimentos e habilidades de
que cada um irá se servir para atuar na reprodução das condições
próprias de existência e de participação enquanto membro da
sociedade;
3. a formação do sujeito ético, pela aquisição do mais alto grau de
consciência de responsabilidade social de cada ser humano, e que se
expressa na participação, na cooperação, na solidariedade e no respeito
às individualidades e à diversidade.
Já em 1946, Helena Antipoff assinalava a urgência de uma tomada de
consciência de se ter um cuidado especial com estas crianças;

“Há, entretanto, quase inteiramente descurado dos


educadores, um grupo de crianças com grande
possibilidade de tomar as rédeas da vida social de
amanhã e imprimir-lhe a direção que seria realmente a
melhor”(Helena Antipoff)

Para a prevenção, de que os dotados e talentosos, de carência


social e econômica fossem adotados pelo mundo marginalizado.
A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (9394/96), foca
a educação inclusiva abrindo assim, para uma atuação mais efetiva com o trato
deste aluno dotado e talentoso:
“PAPEL DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO QUE SE REFERE A ALUNO COM
ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO”
A Educação Especial deve atuar na relação pedagógica para assegurar
respostas educacionais de qualidade às necessidades especiais do aluno
com altas habilidades/superdotação, por meio de serviços, recursos e
metodologias em todas as etapas ou modalidades da Educação Básica, que
dela necessitarem para o seu sucesso escolar.
POLÍTICA EDUCACIONAL
O Departamento de Educação Especial e Inclusão Educacional, cumprindo a
política pública, oferta aos alunos com Altas Habilidades/Superdotação os
seguintes atendimentos educacionais especializados, no ensino regular:
Classe Comum - além do currículo previsto para série de freqüência do aluno,
poderá ser realizado enriquecimento e/ou aprofundamento curricular e, quando
necessário, a aceleração para conclusão de escolaridade em menor tempo.

• Enriquecimento curricular - necessidade do aluno previsto pela


Legislação Oficial. Heward e Orlanky, (citado por Gibson & Efinger,
2001) definem enriquecimento curricular como uma “abordagem
educacional que oferece à criança experiências de aprendizagem
diversas das que o currículo normalmente apresenta”.

• Aceleração de Estudos - previsto pela legislação oficial e sua


efetivação se dá via trâmites legais A Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (Brasil, 1996) prevê a “aceleração para concluir
em menor tempo o programa escolar para superdotados”, a ser
realizada mediante a avaliação de conhecimentos na própria escola e
documentada em registros administrativos.

Sala de Recursos - Educação Básica – é um serviço de apoio especializado


de natureza pedagógica, que suplementa o atendimento educacional
realizado nas classes comuns do ensino fundamental, em contraturno.(
INSTRUÇÃO Nº 016/08/SUED/SEED).

AS METODOLOGIAS:

Toda ação humana é permeada de uma filosofia de vida, deste modo, ao


se aplicar determinadas metodologias, esta filosofia estará implícita ou em
alguns momentos explícita.
Portanto, quando trabalhamos com seres humanos, devemos ter a
preocupação e o cuidado de uma formação integral, assim a formação
humanista é a que apresenta o melhor referencial para o trabalho educacional,
visando o conceito de “personalidade sadia e adequação pessoal”. Esta é a
diretriz, da Dra. Zenita Guenther, na sua proposta de trabalho para,
desenvolver talentos e adequação pessoal.
Normalmente percebemos quando uma criança dotada e talentosa é
educada sem uma formação humanista, seu autoconceito é elevado, mas
deficiente quanto a percepção do outro, este fator impede seu pleno
desenvolvimento e integração na sociedade.
Neste sentido o “olhar” deve ser cuidadoso e atento ao se desenvolver
talentos, e mais cuidadoso ainda quando se trata de carência econômica e
dotação, por mais que o comportamento geral as aproxima das crianças de
classe média, elas têm uma vivência bem diferente destas, e não deve ser
descartada, por que:
“para construir segurança, confiança em si e nos outros,
respeito mútuo e afeição, não basta discutir esses
assuntos. É preciso viver, em comum, experiências bem-
sucedidas e chegar à resolução conjunta de problemas,
sentindo-se útil e aceito, em clima de respeito e
dignidade.” (Guenther,p. 74. 2006)

Sendo coerentes com a formação humanista, as estratégias


metodológicas de Aceleração e Enriquecimento, deverá ser aplicada
conjuntamente, uma complementando a outra.

A aceleração de estudos é um processo que foge ao padrão usual da


seriação, exigindo compatibilidade com a legislação vigente. E tendo como foco
seu ritmo de aprendizagem, produção mental, domínios de capacidade e sua
singularidade.
Ações educacionais no processo de aceleração:
1. Entrada mais cedo na fase ou nível seguinte de escolaridade (do
Infantil para o Fundamental, e ao Nível Básico seguinte, do
Ensino Médio ao nível superior0;
2. Saltar séries escolares, em qualquer nível;
3. Freqüentar séries mais adiantadas, em algumas disciplinas.
4. Fazer agrupamento vertical com variedade de idades e séries,
para explorar determinados assuntos ou avançar em certas
disciplinas;
5. Freqüentar cursos fora da escola, em áreas ou disciplinas
escolares específicas;
6. Desenvolver estudos simultâneos em dois níveis, como
Fundamental – Médio; Médio – Superior;
7. Organizar blocos de estudos compactados, para complementação
escolar em menor tempo;
8. Desenvolver Plano de Estudo Independente, para expansão de
conteúdo curricular;
9. Fazer estudos avançados com mentores, versando sobre
conteúdo curricular;
10. Fazer cursos paralelos por correspondência, à distância, ou
televisionados.

Esta metodologia mais indicada para atender a criança dotada e talentosa que
tenha rapidez e/ou profundidade de pensamento.
O enriquecimento curricular e bastante flexível, o que viabiliza a sua
adaptação a qualquer realidade escolar e sua aplicação em qualquer serie ou
modalidade de ensino, independente do contexto social.

Pode se dar quanto:


 o aprofundamento dos conteúdos curriculares;
 a diversidade nas ações pedagógicas no contexto de aprendizagem e;
 o favorecimento das atividades extracurriculares.

Como organizar o programa de enriquecimento:


1. Prover formação continuada para os professores;
2. Flexibilizar e alterar a rotina da escola, por exemplo, reorganizar
horários, incluir trabalho independente orientado, dinamizar projetos
específicos, multidisciplinares;
3. Criar oportunidades variadas para contatos com profissionais bem
sucedidos, tais como escritores, artesãos, cientistas, empresários,
comerciantes, artistas, pesquisadores...
4. Disponibilizar material de amplo e diversificado, nas diferentes áreas e
campos de interesse;
5. Recrutar apoio de pessoas competentes da comunidade;
6. Organizar eventos, campanhas, competições, concursos, feiras,
Odisséias;
7. Mediar inserção de alunos em Universidades e Faculdades, por
exemplo, como ouvintes em cursos e disciplinas, como participantes em
grupos de pesquisa; estagiários em laboratórios...
8. Introduzir modificações no currículo para aumentar a profundidade e
complexidade do aprendizado, por exemplo, pela diversificação de
temas, ou por compactação e agrupamento de atividades ao redor de
temas de interesse...
9. Aumentar profundidade na aprendizagem escolar, pelo desenvolvimento
de habilidades de ordem mais elevada, pela resolução de situações e
temas da vida real, pela ampliação da consciência social.
10. Implementar planos de trabalho fora do horário escolar, orientado por
especialista ou professores preparados, utilizando diferentes
modalidades, como cursos, projetos, debates, grupos de discussão...
11. Recrutar orientadores e instrutores voluntários na comunidade e mundo
do trabalho.

Deve-se ficar atento ao implantar este programa, na qualidade da organização,


em tempo parcial, paralelo à escola; oportunizar ao aluno um trabalho que
respeite o seu próprio ritmo de produção e que proporcione interações com
outros grupos de pares do mesmo nível de capacidade, e direção de interesse.
Evitando, qualquer efeito perturbador que possa advir destas atividades de
enriquecimento, ou reação negativa dos colegas de escola; efeitos emocionais
de possível discriminação; fragmentação da aprendizagem; interrupção no
trabalho escolar por ausência às aulas regulares.

Salas de Recursos: tem como característica a suplementação ou


enriquecimento dos conteúdos escolares do currículo formal, bem
como de temas que não estão presentes nos currículos, mas que
sejam considerados pertinentes pelos professores e de interesse dos
alunos. As atividades desenvolvidas no programa podem ser
realizadas em grupos ou individualmente, de acordo com um
cronograma a ser organizado pelo professor. A utilização de uma
metodologia diferenciada, com recursos que atendam às
necessidades específicas dos alunos dotados e talentosos, contempla.
É fundamental o papel do professor especialista desta sala no
acompanhamento destes alunos dotados e talentosos, no meio escolar
promovendo a inclusão, na orientação dos professores em sala de aula,
direcionando e mediando o aluno dotado e talentoso no seu desenvolvimento,
como também no apoio e orientação à família.

Conclusão:
O processo de inclusão requer uma mudança de valores e de atitude por
parte de toda a sociedade e, como todo processo que envolve mudanças, se
dá de forma lenta. Amaro e Macedo (2001) apontam que a lógica de exclusão
tem permeado a prática educacional, mas deve-se supor que, uma vez iniciada
uma prática voltada para a “reflexão, construção dinâmica do conhecimento e
mobilização de esquemas e recursos, será mais fácil de enfrentarmos
os desafios colocados para a busca de uma Educação e Sociedade mais justa,
humana, solidária e cooperativa” (Macedo, 1001, p. 11).
A inclusão requer, também, uma preparação para lidar com a
diversidade. É necessário que a escola reflita e “crie” novas formas de ensinar,
na qual todos os alunos possam participar sendo importante lembrar que
inclusão não implica igualdade e, sim, eqüidade. “Inclusão não quer
absolutamente dizer que somos todos iguais. Inclusão celebra, sim, nossa
diversidade e diferenças com respeito e gratidão” (Forest & Pearpoint, 1997, p.
138). Mantoan (1997) aborda ainda duas outras características que considera
como sendo importantes para a concretização do projeto de inclusão. A
importância da disponibilidade interna de cada professor para lidar com o aluno
diferente e beneficiá-lo com o processo de educação, e pontua a necessidade
de eliminação ou diminuição dos “obstáculos que impedem que todos os
alunos progridam” (p.125).

BIBLIOGRAFIA

DEMO, P. Metodologia do conhecimento científico. São Paulo: Atlas, 2000.

GIL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisa. 3.ed. São Paulo : Atlas,
1993.

GUENTHER, Z. C. Capacidade e talento: um programa para a escola. São


Paulo: E.P.U., 2006.

SANTOS, Oswaldo de B. (Org.) Superdotados. Quem são? Onde estão?


São Paulo: Pioneira, 1988.
WINNER, Ellen. Crianças Superdotadas, Mitos e Realidade. Ed. Artes
Médicas, Porto Alegre: 1998.

GUENTHER, Z. C. “Coleção Debutante” CEDET – 15 anos. Volume 3 –


Metodologia – p. 12-15.

AMARO, D. G. & MACEDO, L. de. Da lógica de exclusão à lógica da


inclusão: reflexão sobre uma estratégia.Trabalho elaborado para apresentação
no II Seminário Internacional da Sociedade Inclusiva – PUC – Minas, Belo
Horizonte, 2001.

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. 2 ed. Lisboa: Edições 70, 1997.

FOREST, M. & PEARPOINT, J. Inclusão: um panorama maior. In:


MANTOAN, Maria Teresa E. (e colab.). A integração de pessoas com
deficiência – contribuições para uma reflexão sobre o tema. São Paulo:
Memnon. Ed. SENAC. São Paulo,1997.

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