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Anais do XI Encontro Regional da Associação Nacional de História – ANPUH/PR

”Patrimônio Histórico no Século XXI”

OS EVANGÉLICOS BRASILEIROS E A MCDONALDIZAÇÃO RELIGIOSA

Eduardo Guilherme de Moura Paegle *

Resumo: Esse artigo trabalha com o os evangélicos brasileiros, discutindo questões,


como o mercado, o pluralismo e o trânsito religioso. Neste contexto, destaca-se o
crescimento de fiéis dos evangélicos, a idéia do self, que a religião é construída e
constituída individualmente.
Palavras-chaves: Mercado religioso, pluralismo religioso e os evangélicos.

Introdução

Uma experiência cotidiana nos grandes centros urbanos é alimentar-se fora de


casa, nas lanchonetes de refeições rápidas, designadas em inglês pelo termo fast food.
Ou ainda pedir alguma refeição em casa ou no local de trabalho através de um serviço
de tele-entrega feito pela Internet ou via telefone, costumeiramente chamado de delivery
(entrega, em inglês). Torna-se muito usual, neste sentido, o consumidor saciar a sua
fome no momento em que está comendo, com uma refeição feita e consumida ás
pressas, mas cerca de dois ou três horas depois a fome volta.
Essa experiência, típica de uma cultura urbana, aonde a sensação constante de
falta de tempo para realizar as atividades cotidianas, que no caso, citamos a preparação
de uma refeição, dá-nos a idéia da ausência de um processo de trabalho. Impõem-se a
concepção do instantâneo, da rapidez, da fugacidade, do efêmero contra a idéia do
duradouro, da visão que as atividades necessitam de um processo de tempo para
realizar-se.

O pluralismo, o trânsito e o mercado religioso no Brasil.

Trazendo essa concepção de tempo (ou da ausência dele) para o campo religioso
brasileiro, o dinamismo nesta área apresenta-nos de forma evidente, o que os permite
abordar diferentes questões pertinentes ao estudo dos fenômenos religiosos. O
pluralismo, o mercado e o trânsito religioso; a idéia de happening (acontecimento) e a

*
Mestre em História pela UFSC.

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idéia de doutrina; a espetacularização da fé e a liturgia, enfim abre-se um vasto leque


das opções para as discussões acadêmicas a respeito do estudo das religiões.
O crescimento dos evangélicos permite pensar que aquele adágio popular que
afirmava “que o fulano nasce numa religião e vai morrer nela” não tem mais sentido na
realidade religiosa do país, onde a religião passa á ser menos definida pelo nascimento e
mais pela escolha ou pela opção individual, quando esses produtos são oferecidos a la
carte, constituindo a idéia de um “supermercado religioso”, aonde cabe ao
fiel/consumidor montar metaforicamente no seu carrinho de supermercado os elementos
que considera mais favoráveis a sua experiência religiosa.

(...) a tradição religiosa, que antigamente podia ser imposta pela autoridade,
agora tem que ser colocada no mercado. Ela tem que ser “vendida” para
uma clientela que não está mais obrigada a “comprar”. A situação
pluralista é, acima de tudo, uma situação de mercado e as tradições
religiosas tornam-se produtos de consumo. É, de qualquer forma, grande
parte da atividade religiosa nessa situação vem a ser dominada pela lógica
da economia de mercado (BERGER, 1985).

A centralização no indivíduo, considerando os “produtos e serviços” religiosos


ofertados num amplo pluralismo e na concorrência do mercado religioso constitui uma
verdadeira concepção do self. Considerando o serviço religioso à la carte, inclusive
dentro de uma mesma denominação ou vertente religiosa, a idéia do “faça você mesmo”
ou “sirva com aquilo que você quer” (self-service) domine o panorama. Não é de se
estranhar assim, que escritores de auto-ajuda, como Paulo Coelho, Zíbia Gasparetto e
Lair Ribeiro sejam líderes em número de livros vendidos, pois a idéia central é que você
precisa encontrar o deus que está dentro de você, não necessitando de uma
transcendência externa, que está além das suas forças ou da sua soberania.
Neste sentido é uma recusa da mediação religiosa institucional, abrindo espaço
para um sincretismo religioso na experiência individual sem contestações eclesiásticas,
aonde não existe uma ausência de contradições de diferentes tradições religiosas. O que
seria mais pós-moderno do que isso em termos religiosos?
Isso seria o equivalente a dizer no Mcdonald’s que o cliente não aceita nem o
lanche número 1, nem o número 2, nem qualquer outra combinação pré-estipulado por
quem está ofertando aquele bem de consumo, mas gostaria de fazer inúmeras

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combinações entre os números e até sugerir novos lanches que não são oferecidos.
Metaforicamente, o cliente representa o fiel; os pacotes de lanche (número 1, 2, 3, etc...)
representam as opções religiosas fechadas dentro de um conjunto de doutrinas e crenças
(seja elas, a doutrina Católica, Luterana, Candomblé, Judeu, Muçulmano, etc...) e o
Mcdonald’s representa aquilo que o mercado religioso está ofertando com as diversas
combinações do self possível, nesse drive thru religioso. Nada impede que o cliente/fiel
mude o seu pedido na próxima vez que for ao espaço religioso ou no Mcdonald’s, pois
esse dinamismo representa justamente o trânsito e o pluralismo religioso.
Essa metáfora faz-nos lembrar que as igrejas neopentecostais, como a Iurd 1 que
apresentam cada dia da semana com um cardápio diferente, como a seguinte dinâmica
semanal. Domingo – Reunião de louvor e adoração; Segunda – Reunião da Nação dos
318; Terça – Sessão espiritual do descarrego; Quarta – Reunião dos Filhos de Deus;
Quinta – Corrente da família; Sexta – Corrente da libertação; Sábado – Terapia do
amor. 2
A Iurd com os seus 2.101.887 fiéis, conforme o censo do IBGE 2000, apresenta
devido o seu poder político e midiático (sobretudo pela Rede Record), a denominação
do campo religioso brasileiro que da melhor forma está sintonizada com os tempos pós-
modernos. Seu crescimento numérico de 718% fiéis durante um período de 9 anos
(entre 1991 e 2000) pode ser explicado tanto à partir da questão da mercantilização da
fé quanto pela a capacidade de ressignificação do seu discurso.
Em relação ao seu discurso, a eficácia dele está na incorporação do imaginário
católico (presente na sacralização dos objetos, como rosa de sarom, manto sagrado e
manto sagrado), do imaginário afro ( questão da água e do seu poder de energização) e
do imaginário judaico (exemplificado pela terra santa, enfim o que é de origem judaica
é mais espiritual do que os outros objetos). Simultaneamente, existe um confronto com
o imaginário católico, com o famoso “chute da santa” do bispo Von Helde,
(TAVOLARO, 2007:143) no feriado de 12 de outubro, na Nossa Senhora Aparecida e
os exorcismo em relação aos seguidores da religião afro, exemplificado em expressões
como “descarrego” e “mau olhado.”
A Iurd representa neste sentido, a necessidade de poder político e midiático para
continuar crescendo, sem estar assentado numa tradição religiosa (30 anos de

1
Abreviação de Igreja Universal do Reino de Deus.
2
As informações retiradas do site www.igrejauniversal.com.br . Acesso: 23 de janeiro de 2008 as 18:45.

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existência), mas trabalhando com a idéia do mercado religioso contemporâneo (ser


humano visto sob o prisma do consumo) aliado com a ressignificação dos imaginários
religiosos brasileiros, buscando se considerar a porta-voz única e legítima dos
evangélicos.
Neste sentido, podemos citar uma propaganda da empresa Renner que trabalha
na área de vestuário, apresentava o seu slogan “Você tem o seu estilo. A Renner tem
todos.” Parece que os evangélicos levaram essa campanha de forma séria, pois grupos
calvinistas, luteranos, batistas, G-12, pentecostais, carismáticos, neopentecostais, pára -
eclesiásticos formam uma miscelânea de formas de crenças, que o nenhum desses
grupos consegue responder pela totalidade dos evangélicos no Brasil, embora o discurso
midiático tenha contribuído para uma busca de uma neopentecostalização dos
evangélicos, o que tem criado atrito com outras vertentes.
Os grupos protestantes3 reformados (luteranos, presbiterianos, congregacionais)
sofrem uma pressão para se pentecostalizarem, enquanto os pentecostais (Assembléia de
Deus, Congregação Cristã do Brasil, Deus é Amor, O Brasil para Cristo, Igreja do
Evangelho Quadrangular) sofrem pressão para se neopentecostalizarem, no sentido de
adotarem o discurso da Teologia da Prosperidade 4, a inserção na TV e a visão do culto
enquanto espetáculo, como adotado pela Iurd, Igreja Internacional da Graça e Renascer
em Cristo. Forma-se uma espécie de teoria do dominó, pois protestantes, devem se
pentecostalizarem e pentecostais se neopentecostalizarem.
De fato, o crescimento numérico dos evangélicos brasileiros é tão evidente que
existe uma diversificação de produtos oferecidos para atender o consumo desse grupo
religioso, além da valorização política, em busca dos “votos evangélicos” para eleições,
seja no Executivo ou Legislativo. Significaria isso que a idéia de uma sociedade
imagética se sobrepôs à sociedade da leitura na contemporaneidade? Se considerarmos
as estatísticas, parece-nos que sim, pois, sobretudo os grupos protestantes (calvinistas,
luteranos, anabatistas e anglicanos) oriundos das reformas do século XVI estagnaram do
ponto-de-vista estatístico e eram esses que justamente defendiam uma maior valorização
doutrinária, o que implica na leitura e interpretação do texto revelado.

3
Chamamos de protestantes aqui, grupos evangélicos, mas que não são pentecostais. Por estarem ligados
a Reforma do século XVI, são também chamada de reformados. Existem ainda grupos, como o
metodistas que são chamados de pós-reformados, pois surgiu como os irmãos Wesley, no século XVIII.
4
A Teologia da prosperidade baseia-se na idéia do “Health and Wealth Gospel”, ou seja, na prosperidade
do fiel, seja na sua saúde ou financeiramente.

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Em comparação são justamente os grupos neopentecostais que com a sua


inserção na mídia, sobretudo televisiva, que conseguem utilizar os recursos imagéticos
como forma de aumentar os seus fiéis/consumidores. Paradoxalmente, as livrarias
evangélicas têm vendido proporcionalmente cada vez menos livros e ocupado as suas
vendas com Cd’s, Dvd’s, cartões, camisas, bottons, bonés, jogos, enfim, um mercado
religioso lucrativo com a ampliação de diferentes produtos gospel para agradar todos os
estilos, sobretudo incorporado elementos interessantes para uma sociedade imagética. O
apelo visual se tornou maior numa sociedade que valoriza mais o poder da imagem do
que o poder da palavra.
Quem sabe, os evangélicos podem parafrasear a Renner. Não seria má idéia, que
algum marqueteiro evangélico anunciasse “Você tem o seu estilo. Os evangélicos têm
todos”? Ou poderia fazer uma versão B, tal como, “Você tem o seu estilo. A Marcha
para Jesus5 tem todos”, dada à variedade de crenças, doutrinas, liturgias e história. É
justamente essa variedade que facilita a existência de um trânsito religioso intra-
evangélico, aceitando fiéis com uma pluralidade de crenças distintas, fortalecendo o
self, ou até uma espécie de auto-ajuda evangélica evitando a migração para grupos não-
evangélicos. O discurso de alguns líderes neopentecostais de fortalecerem a teologia da
prosperidade e usar expressões do tipo “Eu declaro para Deus que faça isso e aquilo”
fortalece uma visão de auto-ajuda evangélica, funcionando como chamariz para outros
grupos religiosos. Outros autores falam até em uma “nova era evangélica.” 6
Atualmente, o fato de muitos grupos evangélicos usarem diversos adjetivos para
serem classificados, tem sentido, na medida, em que procurar se distinguirem de outros
grupos, de criar uma identidade própria que seja um diferencial e com um fator de
atração para novos fiéis.
As novidades teológicas pululam o campo evangélico, atraindo massas, muitas
vezes, em busca de “pão e circo”, principalmente quando são made in USA. O
happening, ou seja, o acontecimento, que neste caso, se refere à experiência religiosa
passa a ser mais valorizado do que a doutrina para o crescimento em número de fiéis.

5
Evento iniciado na Inglaterra em 1987 para dar maior visibilidade aos evangélicos no espaço público.
Espalhou-se para diversos países. No Brasil, a “Marcha para Jesus” é organizada pela Igreja Renascer em
Cristo, mas reúne diferentes denominações evangélicas, sendo a maior concentração numérica de fiéis na
cidade de São Paulo. Além da caminhada dos fiéis, existem os shows com grupos de música gospel,
orações, discursos religiosos - políticos, até camisetas relacionadas com o evento.
6
Idéia defendida pelo sociólogo e professor da UFRJ Alexandre Brasil Fonseca.

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Neste sentido, existe uma maior valorização do improviso do que do culto litúrgico pré-
estabelecido.
A fé não pode ser rotineira, litúrgica, pois para se conseguir mais sucesso (leia-
se mais fiéis) torna-se necessário ter eventos espetaculares, estádios lotados, curas,
milagres, sonhos, adivinhações, aparições midiáticas que sejam respostas do tempo do
“aqui e agora”, mais ao gosto dos (neo) pentecostais do que os discursos transcendentais
dos grupos reformados. Uma das questões é saber se existe um limite na capacidade de
atração dos fiéis a essa visão que a fé tem que ser constantemente espetacular? Essa
rotinização da espetacularização da fé poderia perder a capacidade de atraírem fiéis?
Essa discussão me parece em aberto, sendo que necessitamos de mais algum tempo e de
pesquisas para percebermos se a tendência de crescimento numérico dos
neopentecostais continua ou não. A questão é saber se a curva de crescimento dos
neopentecostais atingiria um teto nesse crescimento.
O meio católico discutiu três concepções distintas em face ao crescimento
pentecostalismo. A primeira visão julga tanto o pentecostalismo como muito ligada ao
caráter emotivo, mas extremamente despolitizante. No segundo ponto-de-vista, a
renovação carismática representa a resposta correta ao pentecostalismo. A terceira
resposta é a reafirmação do catolicismo romano, com um melhor preparo teológico as
questões da modernidade. (ANTONIAZZI,1994:19)
Se questionássemos qual é o perfil do fiel que deixa o catolicismo para o
pentecostalismo, citamos que:

Há certo consenso de que se trata especialmente de católicos ligados ao


catolicismo tradicional, rural, ligado à devoção dos santos, “milagreiro”,
mas pouco envolvidos nas comunidades católicas dirigidos pelo clero e com
escassa formação doutrinária. Exagerando um pouco, pode-se chegar a
dizer que o pentecostalismo recruta católicos que já estavam “fora” da
Igreja (instituição). As poucas pesquisas existentes mostram a forte ligação
dos pentecostais com poucas exceções, às classes mais pobres e à origem
rural (mesmo quando se trata de população urbana, o pentecostalismo atrai
proporcionalmente o maior número de imigrados recentes) (ANTONIAZZI,
1994:20).

O enfraquecimento da Teologia da Libertação com a redemocratização do país


em 1985, abriu espaço para a população mais carente, em busca de respostas as questões

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cotidianas, como fome, emprego, habitação, saneamento básico, fossem buscadas mais
no pentecostalismo, já que a renovação carismática apresentava um caráter
politicamente mais conservador e voltado para a classe média.
Além disso, a escassez dos padres está ligado ao demorado processo de
formação no catolicismo, pois se necessita de formação teológica e filosófica para ser
ordenado. Nas igrejas neopentecostais, o tempo de formação, às vezes é menor do que
um ano, permitindo uma ascensão social e visibilidade muito mais rápida, se comparado
ao catolicismo.

Considerações Finais

Neste artigo, buscamos trabalhar questões pertinentes para o estudo do campo


religioso brasileiro, que se mostra atualmente extremamente dinâmico. Ressaltamos
brevemente alguns aspectos.
1. As matrizes religiosas assentadas sobre a tradição eclesiástica perdem
fiéis. No Brasil, o Catolicismo e em menor grau, o Protestantismo Reformado, ligados
mais a uma cultura literária, a uma história e uma doutrina rígidas perdem força e fiéis
na pós-modernidade para o Neopentecostalismo baseado a sua expansão na mídia de
massa, principalmente a TV, os cultos-espetáculos, na oralidade, na experiência
religiosa e na construção de impérios midiáticos baseado na racionalidade capitalista,
caracterizando um processo de desvalorização da memória coletiva colocada pela pós-
modernidade. Para os Grupos Protestantes Reformados, existe uma pressão para se
pentecostalizarem. Existe uma “mcdonaldização da fé;”
2. Um trânsito religioso mais intenso no Brasil. A perda da memória coletiva
nos tempos pós-moderno diminui os vínculos da tradição. Sendo assim, trazendo essa
idéia para o campo religioso brasileiro, a religião é vista mais como opção e escolha
individualizada, do que influência da tradição familiar;
3. Um discurso religioso voltado para o cotidiano. Com o neoliberalismo e a
exclusão social de inúmeros brasileiros de acesso à educação, saúde, empregos,
habitação e saneamento básico devido à precariedade do Estado, as igrejas que
conseguiram solucionar ou melhorar esses aspectos do cotidiano, podem ter uma maior
capacidade de atrair os pobres para a sua denominação. O discurso passa a ser menos
transcendental e mais voltado para o cotidiano dos fiéis;

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4. A intensificação do mercado religioso. O processo de mercantilização do


sagrado é evidente. Com o interesse do fiel/cliente em adquirir produtos e/ou serviços
religiosos, trava-se uma ferrenha disputa comercial na busca de consumidores;
5. A idéia do self. A fé é individualizada, a partir das opções religiosas
escolhidas, o que permite muitas vezes, um sincretismo religioso e/ou mesmo a
apropriação de bens simbólicos religiosos de diferentes matrizes religiosas. Se na Idade
Média, a Igreja Católica era que definia o certo do errado; na Modernidade, foi à
racionalidade científica; na pós-modernidade, a idéia central é “cada cabeça, uma
sentença”, caracterizando um relativismo ético/religioso;
6. O crescimento numérico da Iurd. O fato da Iurd ser a instituição religiosa
que está mais sintonizada a pós-modernidade, permite um crescimento e a ocupação dos
espaços públicos, anteriormente apenas ocupados pelo Catolicismo.

Bibliografia

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