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Caro(a) aluno(a),

Aprender é uma operação que não se resume a adquirir noções, mas consiste em
reter o que foi lido, reproduzir, reconhecer e relacionar uma série de experiências e
pensamentos. Portanto, é imprescindível educar a memória.
Para facilitar o aprendizado e fixar na memória os conteúdos aprendidos, basta
proceder a uma série de operações sucessivas e gradativas no tempo. Repetir é impor-
tante, mas não só isso. Saber de cor nem sempre vai além de um papaguear mecânico.
Veja algumas dicas:
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t 3FMFJBFNWP[BMUB
t $PODFOUSFBBUFOÎÍPFNBTQFDUPTFTQFDÓmDPTOPNFT EBUBT BNCJFOUFTFUD
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– quando se tratar de leitura, não basta sublinhar no livro; faça anotações no
caderno de estudos;
– não rabisque em folhas soltas e não escreva no caderno tudo que ouve, lê ou vê;
anotações não são resumos, mas registros de dados essenciais; aprenda a apagar
mentalmente palavras e trechos menos importantes, para anotar somente pala-
vras e conceitos fundamentais;
– jamais anote dados conhecidos a ponto de serem óbvios;
– faça fichas com esquemas que incluam, de um lado, a sequência das noções prin-
cipais e, do outro, detalhes importantes referentes a cada uma delas.
t /VODBTFFTRVFÎBEFSFQPVTBS QPJTVNBNFOUFDBOTBEBBQSFOEFQPVDPFSFUÏNDPN
dificuldade.

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Secretaria da Educação do Estado de São Paulo

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Situação de aprendizaGem 1
oS circuitoS da produção (i): o eSpaço induStrial

leia a letra da canção Três apitos, de noel rosa, e observe a reprodução da obra Operários,
de tarsila do amaral, na próxima página:

Três apitos (1933)


noel rosa

Quando o apito mas você é mesmo


da fábrica de tecidos artigo que não se imita
Vem ferir os meus ouvidos Quando a fábrica apita
eu me lembro de você Faz réclame de você.

mas você anda nos meus olhos você lê


Sem dúvida bem zangada Que eu sofro cruelmente
e está interessada com ciúmes do gerente impertinente
em fingir que não me vê. Que dá ordens a você.

Você que atende ao apito Sou do sereno


de uma chaminé de barro poeta muito soturno
por que não atende ao grito tão aflito Vou virar guarda-noturno
da buzina do meu carro? e você sabe por quê

Você no inverno mas você não sabe


Sem meias vai pro trabalho Que enquanto você faz pano
não faz fé com agasalho Faço junto do piano
nem no frio você crê... estes versos pra você.

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Geografia - 2a série - Volume 2
© tarsila do amaral empreendimentos

Operários, de tarsila do amaral, 1933. Óleo sobre tela, 150 x 205 cm. Fonte: acervo artístico cultural do palácio do Governo do estado de São
paulo/coleção Governo do estado de São paulo. indicação complementar: <http://www.tarsiladoamaral.com.br>.

responda:

1. Você gosta da letra da música? e da pintura? o que essas obras lhe sugerem sobre a época em
que foram criadas?

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2. a partir dos elementos da canção e do quadro, quais foram as prováveis transformações ocorri-
das no espaço geográfico da região Sudeste a partir da industrialização, particularmente no rio
de Janeiro e em São paulo?

a companhia Siderúrgica nacional foi inaugurada em 1941 por Getúlio Vargas e constitui
um marco da industrialização brasileira.
leia o texto:
Vargas e as bases do desenvolvimento
maria celina d’araujo
[...]
em seus 19 anos de governo, e especialmente no último mandato, Getúlio promovera a
criação de uma série de agências para estudar, formular e implementar políticas de desenvol-
vimento, sempre dentro de uma ótica que valorizava a ação do estado, a iniciativa local e o
nacionalismo. entre esses empreendimentos figuravam o Banco nacional de desenvolvimento
econômico (Bnde, hoje BndeS) e a petrobras, e ainda vários outros, de caráter setorial
ou regional, como o plano nacional do carvão, a Superintendência do plano de Valorização
econômica da amazônia, o Banco do nordeste, que visavam o mesmo objetivo de promover o
desenvolvimento econômico a partir do dirigismo estatal.
Grande parte desse trabalho de planejamento foi elaborada pela assessoria econômica da
presidência da república criada por Getúlio em 1951 e comandada por técnicos de recorte nacio-
nalista [...]. uma das tarefas desse grupo foi exatamente a de planejar a instalação de uma indústria
automobilística para o país, o que se tornaria uma das marcas registradas da administração de JK.

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Geografia - 2a série - Volume 2

a exemplo de Vargas, JK incentivou a formação de comissões técnicas que deram continui-


dade a estudos em andamento. essas comissões ou grupos de trabalho tinham sido amplamente
acionadas por Vargas como instrumentos para contornar a tradição clientelística do Brasil e
facilitar a formação de bolsões de excelência capazes de lidar com questões de planejamento que
exigissem decisões rápidas [...].
JK beneficiou-se de um aparelho de estado já montado, com capacidade de planejar, taxar,
executar, financiar e cobrar, para pôr em marcha um plano de governo que lhe daria notorie-
dade. Valeu-se do planejamento, que já era uma marca registrada no país desde os anos 30, e dos
corpos técnicos que o Brasil havia formado. a par de tudo isso, soube dar legitimidade política
às suas ações prestigiando as instituições representativas e domesticando os descontentamentos
militares. maximizou os recursos que o país tinha e criou fatos novos (como a construção de
Brasília), sempre orientado pela visão estadocêntrica de desenvolvimento, tão predominante na
época [...].”
d’arauJo, maria celina . disponível em:
<http://www.cpdoc.fgv.br/nav_jk/htm/o_Brasil_que_Vargas_deixou/o_Brasil_que_Vargas_deixou.asp>.
acesso em: 25 fev. 2008.

após a leitura do texto observe a foto a seguir:


© Juca martins/pulsar imagens

Foto recente da companhia Siderúrgica nacional (cSn). localizada no Vale do paraíba, em Volta redonda (rJ), a companhia
Siderúrgica nacional foi criada em 1941 por Getúlio Vargas. constitui um marco da industrialização brasileira, pois o aço é matéria-prima
fundamental para diversos setores industriais. resultado de um projeto autônomo de desenvolvimento industrial na década de 1940, a
cSn foi privatizada em 1993, deixando de ser uma empresa estatal.

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1. a empresa registrada na fotografia foi construída com recursos estatais e inaugurada no começo
da década de 1940. considerando o tipo de produto ali produzido, explique a sua importância
estratégica para a economia nacional daquela época.

2. de acordo com o texto, qual foi o legado que a chamada era Vargas deixou para o governo de
Juscelino Kubitschek (JK)?

3. por que a autora do texto avalia que Juscelino Kubitschek manteve uma “visão estadocêntrica de
desenvolvimento” ao assumir a presidência da república?

a industrialização fazia parte do plano nacional de desenvolvimento, elaborado em 1955


pela equipe de governo de Juscelino Kubitschek. com o lema “crescer 50 anos em 5”, esse
plano ficou conhecido simplesmente por plano de metas.

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Leia o texto:
[...] O Plano de Metas mencionava cinco setores básicos da economia, abrangendo várias
metas cada um, para os quais os investimentos públicos e privados deveriam ser canalizados. Os
setores que mais recursos receberam foram energia, transportes e indústrias de base, num total
de 93% dos recursos alocados. Esse percentual demonstra por si só que os outros dois setores in-
cluídos no plano, alimentação e educação, não mereceram o mesmo tratamento dos primeiros.
A construção de Brasília não integrava nenhum dos cinco setores. As metas eram audaciosas e,
em sua maioria, alcançaram resultados considerados positivos. O crescimento das indústrias de
base, fundamentais ao processo de industrialização, foi de praticamente 100% no quinquênio
1956-1961. [...]
SILVA, Suely Braga da. 50 anos em 5: a odisséia desenvolvimentista do plano de metas. In: Centro de Pesquisa e Documentação de História
Contemporânea do Brasil (CPDOC). Fundação Getúlio Vargas. Os anos JK. <http://www.cpdoc.fgv.br/nav_jk/htm/o_Brasil_de_JK/50_anos_
em_5_o_plano_de_metas.asp>.

Após a leitura do texto, observe a figura a seguir e responda:

Previsão de “tempos” no Plano de Investimentos. “Diretrizes gerais do Plano Nacional de Desenvolvimento” (1955). Fonte: CPDOC/FGV/
Arquivo Anísio Teixeira/324(81). Disponível em: <http://www.cpdoc.fgv.br/nav_jk/htm/o_Brasil_de_JK/50_anos_em_5_o_plano_de_metas.asp>.
Acesso em: 25 fev. 2008.

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1. de acordo com a figura “previsão de ‘tempos’ no plano de investimentos”, o plano previa uma
curva na distribuição dos investimentos no decorrer do governo de JK. Quais seriam os anos de
maior investimento? discuta com os colegas e o professor e registre que efeitos esse investimento
teria na recuperação econômica do país.

2. Segundo o texto, quais foram os setores considerados prioritários para os investimentos no pla-
no de metas?

3. por que a indústria de base era considerada fundamental para a aceleração do processo de indus-
trialização brasileira?

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Faça uma pesquisa no livro didático adotado pela escola e em outros textos didáticos existentes
na biblioteca a respeito das fases da industrialização brasileira. compare, pelo menos, dois textos
didáticos diferentes, verificando como são abordados os seguintes períodos:

●● de 1930 a 1955, com a política nacionalista da era Vargas;

●● de 1956 a 1961, com o plano de metas do governo JK;

●● de 1964 a meados de 1980, com os projetos de crescimento econômico do regime militar;

●● a chamada “década perdida” (1980);

●● a década de 1990, o neoliberalismo e a globalização da economia em um período marcado pela


abertura econômica e pela política de privatizações.

com base em suas leituras dos textos didáticos, elabore uma resenha com o seguinte tema: o
processo de industrialização do Brasil em textos didáticos de Geografia.
a resenha é uma espécie de resumo que envolve, ao mesmo tempo, uma crítica ou comentário
pessoal. com a ajuda do seu professor, apresente em sala de aula o seu trabalho e compare a sua
análise com a de seus colegas.

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a figura “Brasil: distribuição espacial da indústria, 2002” é uma representação da distri-


buição das atividades industriais no Brasil, revelando a acentuada concentração da indústria
no centro-sul do país. Quando se observa o piB industrial, a concentração é ainda maior, com
destaque para São paulo e rio de Janeiro.

Brasil: distribuição espacial da indústria, 2002

Brasil: distribuição espacial da indústria, 2002. Fonte: iBGe. Atlas geográfico escolar. rio de Janeiro. 2007, p.136.

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responda:

1. descreva a distribuição espacial da atividade industrial no Brasil, com base no mapa “Brasil:
distribuição espacial da indústria, 2002”.

2. relacione sua resposta anterior com a disparidade do piB industrial dos estados brasileiros,
setor econômico representada no mapa “Brasil: piB industrial, 1997”.

Brasil: PIB industrial, 1997


Agropecuária Indústria

PIB industrial
(milhões de reais em 1997)
33 350
Brasil: piB industrial, 1997 (em milhões
) de reais). Fonte: tHÉrY, Hervé; mello,
neli aparecida de. Atlas do Brasil: dispari- 4 294
0 500 km 0 500 km
dades e dinâmicas do território. São paulo:
© HT-2003 MGM-Libergéo 20 © HT-2003 MGM-Libergéo
edusp, 2005. p. 237.

Comércio Serviços

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analise o mapa a seguir:

Expansão da indústria no Estado de São Paulo

© Ht-2003 mGm-libergéo
mapa sem escala

expansão da indústria no estado de São paulo. Fonte: tHÉrY, Hervé; mello, neli aparecida de. Atlas do Brasil: disparidades e dinâmicas do
território. São paulo: edusp, 2005. p. 157. adaptado para fins didáticos.

1. consultando um atlas geográfico escolar com um mapa detalhado do estado de São paulo,
localize e escreva no mapa “expansão da indústria no estado de São paulo”, apresentado acima,
as seguintes cidades: São paulo, campinas, São José dos campos, ribeirão preto, São José do
rio preto e presidente prudente.

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2. Compare o mapa “Expansão da indústria no Estado de São Paulo”, apresentado na página anterior,
com os mapas “Brasil: localização da indústria automobilística”, apresentados na próxima página:

a) Descreva a expansão da atividade industrial no Estado de São Paulo.

b) Com base nos mapas “Brasil: localização da indústria automobilística”, pode-se afirmar que
a localização da indústria automobilística teve importância na expansão da atividade indus-
trial no Estado de São Paulo? Justifique sua resposta.

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Localização da indústria automoblística


Brasil: localização da indústria automobilística

Localização da indústria automoblística

Localização da indústria automoblística

Empresas instaladas Empresas instaladas


antes de 1996 associadas após 1996 associadas
à ANFAVEA à ANFAVEA
6 3
1 instaladas
Empresas 0 500 km 1 0 500 km
© HT-APD-2003 MGM-Libergéo
Empresas instaladas © HT-APD-2003 MGM-Libergéo
antes de 1996 associadas após 1996 associadas
à ANFAVEA à ANFAVEA
6 3
1 0 500 km 1 0 500 km
© HT-APD-2003 MGM-Libergéo © HT-APD-2003 MGM-Libergéo

Empresas instaladas Empresas instaladas


antes de 1996 associadas após 1996 associadas
à ANFAVEA à ANFAVEA
6 3
1 0 500 km 1 0 500 km
© HT-APD-2003 MGM-Libergéo © HT-APD-2003 MGM-Libergéo

Empresas instaladas
após 1996 não associadas
à ANFAVEA
1 0 500 km
© HT-APD-2003 MGM-Libergéo
Empresas instaladas
após Anfavea
Fonte: 1996 não associadas
Anuário estatístico 1998
à ANFAVEA obs.: associação nacional dos Fabricantes de Veículos automotores
1 0 500 km (anFaVea).
© HT-APD-2003 MGM-Libergéo

Brasil: localização da indústria automobilística. Fonte: tHÉrY,


Fonte: Anfavea Anuário estatístico 1998
Hervé; mello, neli aparecida de. Atlas do Brasil: disparidades e
dinâmicas do território. São paulo: edusp, 2005. p. 159.
Empresas instaladas
após 1996 não associadas 15
à ANFAVEA
1 0 500 km
© HT-APD-2003 MGM-Libergéo

Fonte: Anfavea Anuário estatístico 1998


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Situação de aprendizaGem 2
oS circuitoS da produção (ii): o eSpaço aGropecuário

observe a manchete, a foto e a tabela a seguir e responda:

Fonte: Folha de S.Paulo. caderno dinheiro. São paulo, terça-feira, 13 de fevereiro de 2007.

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© regina Santos/tyba
passeata de trabalhadores rurais do movimento Sem-terra em cristalina (Go), fev. 1998.

Estrutura fundiária do Brasil, 2003


Tamanho dos imóveis % da área ocupada por
% dos imóveis
rurais (área total de ha) imóveis rurais
até 10 31,5 1,8
de 10 a 25 26,0 4,5
de 25 a 50 16,1 5,7
de 50 a 100 11,5 8,0
de 100 a 500 11,4 23,8
de 500 a 1 000 1,8 12,4
de 1 000 a 2 000 0,9 12,2
mais de 2 000 0,8 31,6
total 100,0 100,0
Brasil: estrutura fundiária, 2003. Fonte: cadastro do incra, ago. 2003.

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1. Você costuma ler e acompanhar notícias publicadas em jornais sobre o assunto divulgado na
manchete? e sobre os assuntos representados na fotografia “passeata de trabalhadores rurais do
movimento Sem-terra em cristalina (Go)” e na tabela “Brasil: estrutura fundiária, 2003”, o
que você conhece a respeito?

2. com base em seus conhecimentos, como você pode explicar o enorme montante de exportações
do agronegócio, representado na manchete, ao lado da existência de pessoas sem terra para tra-
balhar, como apresentado na fotografia?

3. em sua opinião, a fotografia e a tabela tratam de assuntos relacionados entre si ou não? Justifique.

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Geografia - 2a série - Volume 2

o complexo agroindustrial Juazeiro-petrolina, situado no semiárido nordestino, no submédio São


Francisco, tem apresentado acelerado crescimento da produção agrícola irrigada. com base nos dados do
mapa “polo Juazeiro-petrolina: localização no semiárido nordestino e principais mercados”, identifique
quais são os principais mercados de seus produtos. em seguida, procure explicar quais são as vantagens
comparativas dos produtores de Juazeiro-petrolina em relação aos produtores da região Sudeste do Brasil.

Polo Juazeiro-Petrolina: localização no semiárido nordestino e principais mercados

PARÁ
MARANHÃO
CEARÁ RIO GRANDE
DO NORTE

PARAÍBA
PIAUÍ
PERNAMBUCO ESTADOS EUROPA
UNIDOS
ALAGOAS ÁSIA
Polo Juazeiro-Petrolina
TOCANTINS SERGIPE

BAHIA

OCEANO
GOIÁS
ATLÂNTICO

MINAS GERAIS N
ESPÍRITO
SANTO 0 302 km

polo Juazeiro-petrolina: localização no semiárido nordestino e principais mercados. Fonte: lima, J. p. l. & miranda, e. a. Fruticultura irrigada:
os casos das regiões de petrolina-Juazeiro e norte de minas Gerais. Fortaleza: Banco do nordeste do Brasil, 2000. disponível em: <http://www.bnb.
gov.br/content/aplicacao/etene/rede_irrigação/docs/documento%20referencial%20do%20polo%20Juazeiro-petrolina.pdf>. acesso: 20 mar. 2009.
adaptado para fins didáticos.
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analise a utilização da terra no Brasil, elaborando um gráfico de setores, subdividindo um cír-


culo, com base nos dados da tabela a seguir:

Brasil: uso da terra nos estabelecimentos agropecuários, 2006


Uso da terra Em hectares Em porcentagem
lavoura 76 697 324 22,0
pastagem 172 333 073 49,4
matas e florestas 99 887 620 28,6
área total 348 918 017 100,0
Brasil: uso da terra nos estabelecimentos agropecuários, 2006. Fonte: iBGe. Censo Agropecuário, 2006.

Procedimentos:

1. Você precisará de um transferidor, régua e um compasso.


2. lembre-se de que a área total do círculo corresponde a 100%, ou seja, a área total dos estabeleci-
mentos agropecuários: 22% + 49,4% + 28,6%. assim, 100% = 360o, o equivalente a um círculo.
3. Você terá que dividir proporcionalmente o círculo de acordo com cada resultado. para cada
resultado, precisamos calcular a medida do arco equivalente que dividirá o circulo. desse modo,
1% da área dos estabelecimentos rurais equivale a um arco de:
360º
= 3,6º
100

Sabendo que 1% é equivalente a 3,6o, calculando a medida de cada arco, encontramos:


●● 22% corresponde a um arco medindo 22 x 3,6o = 79,20o
●● 49,4% corresponde a um arco medindo 49,4 x 3,6o = 177,84o
●● 28,6% corresponde a um arco medindo 28,6 x 3,6o = 102,96o

4. agora, usando o compasso, faça um círculo, marque bem o centro do desenho onde você colo-
cou a ponta-seca.

5. em seguida, faça um traço deste ponto até a linha do círculo.

6. agora, pegue o transferidor e coloque sobre a linha traçada, deixando o ponto central dele em
cima do ponto que você marcou no meio do círculo.
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Geografia - 2a série - Volume 2

7. no desenho a seguir, destacamos em vermelho a linha já de-


senhada do círculo para facilitar a visualização. a linha do
transferidor (representando de um lado o ângulo 0o e de outro,
180o) deve ficar na mesma linha do desenho, como mostra o
desenho a seguir.

8. com o transferidor no meio do círculo que você fez, trace as


linhas divisórias dos setores circulares de acordo com os ângulos
calculados anteriormente.

9. para desenhar os demais dados lembre que você usará a linha que acabou de traçar como referên-
cia para a próxima informação a ser representada, como pode ser observado na figura a seguir:

10. utilize esse procedimento até a última informação e desenhe o seu gráfico de setores no espaço
a seguir.

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Geografia - 2a série - Volume 2

11. com base no seu gráfico de setores, descreva o uso das terras dos estabelecimentos agropecuários
no Brasil.

A farsa do império do papel


o uso da terra no Brasil tem sido objeto de debate, uma vez que envolve, dentre outros interesses,
a produção de alimentos e de produtos agrícolas destinados à exportação. em 8 de março de 2006,
como ato comemorativo do dia internacional da mulher, representantes dos movimentos da Via
campesina Brasil, organizados pelo movimento de mulheres camponesas, fizeram uma ação de
protesto no canteiro de produção de mudas da aracruz celulose, localizado em Barra do ribeiro
(rS). Segundo os manifestantes, a ação expressou a defesa da produção de alimentos e a insatisfação
com o uso indiscriminado de terras brasileiras para expansão da monocultura do eucalipto.
leia o texto:
[...] a produção de celulose é, talvez, a que traz mais destruição ambiental desde o plantio do
eucalipto até a obtenção do papel. o plantio de eucalipto seca poços artesianos de até 30 metros
de profundidade e causa degradação do solo, impedindo que outras plantas cresçam nas áreas com
essa monocultura. com isso, há o extermínio de variedades vegetais e muitas espécies animais ficam
sem alimento. para produzir um quilo de madeira são necessários 350 litros de água, além do uso
de um aditivo químico altamente poluente que já contaminou a maior bacia pesqueira do oceano
atlântico, localizada no sul da Bahia. apesar de todas essas evidências, empresas como a aracruz, que
possui 252 mil hectares de plantação de eucaliptos nos estados de minas Gerais, Bahia, rio Grande
do Sul e espírito Santo, e mais 71 mil hectares plantados e manejados por agricultores, continuam
recebendo todo o apoio do governo e têm se estabelecido com fartos recursos públicos. [...]
comissão pastoral da terra. disponível em: <http:www.cptnac.com.br/?system=news&action=read&id=1834&eid=250>.
acesso em:12 nov. 2008

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Geografia - 2a série - Volume 2

Após a leitura do texto, responda quais são os impactos provocados pelo plantio de eucaliptos.

Observe o mapa a seguir:


Geografia das ocupações de terra no Brasil, 1988-2004

Geografia das ocupações de terra no Brasil, 1988-2004. Fonte: SADER, Emir (Coord.). Latinoamericana. Enciclopédia contemporânea da
América Latina e do Caribe. Rio de Janeiro: Laboratório de Políticas Públicas da UERJ; São Paulo: Boitempo Editorial, 2006. p. 49.

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Geografia - 2a série - Volume 2

1. Se você tivesse que elaborar uma manchete de jornal para expressar a ideia central do mapa, qual
seria ela?

2. utilize o espaço a seguir para desenhar uma representação visual do tema expresso pelo mapa. Se
preferir, você poderá fazer uma colagem, com fotos e ilustrações pesquisadas em jornais e revistas.

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Geografia - 2a série - Volume 2

analise o mapa a seguir:

Avanço territorial da produção de soja no Brasil, 1990-2002

avanço territorial da produção de soja no Brasil, 1990-2002. Fonte: Sader, emir (coord.). Latinoamericana. enciclopédia contemporânea
da américa latina e do caribe. rio de Janeiro: laboratório de políticas públicas da uerJ; São paulo: Boitempo editorial, 2006. p. 51.

escreva agora suas conclusões:

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Geografia - 2a série - Volume 2

leia o texto sobre a expansão da monocultura da soja na amazônia e no cerrado:


enquanto o executivo e o legislativo discutem a liberação do plantio e comercialização da
soja transgênica, a monocultura da soja, em geral, se expande a passos largos sobre a amazônia e
o cerrado, repetindo um modelo de desenvolvimento obsoleto e predatório. caso emblemático
da crise socioambiental que esse cenário anuncia é a pressão sofrida pelo parque indígena do
Xingu, em mato Grosso, por conta da expansão do cultivo do grão nas áreas que circundam seu
perímetro. nelas estão localizadas as nascentes dos formadores do rio Xingu, que atravessa o
parque e é a base da sobrevivência das comunidades indígenas locais. [...]
instituto Socioambiental, outubro de 2003. disponível em: <http://www.socioambiental.org/esp/soja/1.shtm>. acesso em: 12 nov. 2008.

Segundo o texto, quais são os problemas socioambientais gerados pela expansão da monocul-
tura da soja no parque do Xingu?

com a orientação do professor, a turma deverá ser dividida para fazer um levantamento de
material em artigos de jornais e revistas sobre os seguintes temas:

●● o agronegócio, a insegurança alimentar e os impactos socioambientais;

●● a estrutura fundiária brasileira e os conflitos e movimentos sociais no campo;

●● a expansão da fronteira agrícola na amazônia (o caso da soja).


caso o grupo prefira, poderá analisar os temas com o auxílio do livro didático adotado pela
escola, assim como de outros materiais didáticos existentes na biblioteca da escola.
27

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Geografia - 2a série - Volume 2

utilize o espaço a seguir para escrever a conclusão do grupo, que deverá ser apresentada em sala
de aula.

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Geografia - 2a série - Volume 2

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Geografia - 2a série - Volume 2

?
!
Situação de aprendizaGem 3
redeS e HierarQuiaS urBanaS

observe os mapas e responda:


Regiões de influência das cidades - 2007

Brasil:
Mapa 1 -rede
Redeurbana,
urbana -2007
Brasil - 2007
-70° -60° -50° -40°

Boa Vista

0° Macapá 0°

Castanhal

Belém
Santarém Pinheiro São Luís Parnaíba

Tefé Manaus

Santa Inês
Fortaleza
Sobral
Bacabal

Tabatinga
Caxias Quixadá
Teresina Mossoró
Marabá Crateús
Imperatriz

Pau dos Ferros Natal


Iguatu Caicó
Sousa
Floriano Guarabira
Araguaína Picos
Cajazeiras
Patos João Pessoa
Cruzeiro do Sul Juazeiro do Norte
Campina Grande
Redenção

Serra Talhada Recife


Porto Velho Caruaru
Garanhuns

Paulo Afonso
Petrolina
Palmas Maceió
Rio Branco Arapiraca
-10° Ji-Paraná -10°
Jacobina
São Félix Irecê Aracaju
do Araguaia
Sinop Barreiras
Feira de Santana

o
Santo Antônio de Jesus Salvador

tic
Guanambi Jequié

ân
Vitória da Conquista
Ilhéus

Atl
Cuiabá Barra do Garças
Brasília
Cáceres
Rondonópolis Anápolis
Regiões de Influência
Goiânia Montes Claros
Manaus
Patos de Minas Rio Verde
Uberlândia
Governador
Teixeira de Freitas Belém
Valadares Teófilo Otoni
Presidente Prudente Itumbiara Fortaleza
Ipatinga
Belo Horizonte Tabatinga Uberlândia Governador Valadares São Mateus
Uberaba Recife
Uberaba Ipatinga
Colatina
Belo Horizonte
Salvador
no

Divinópolis
Franca
Campo Grande Divinópolis
Barretos
Passos
Manhuaçu
São José do Rio Preto Belo Horizonte
Ponte Nova Vitória
ea

São José do Rio Preto


Araçatuba Ribeirão Preto Cachoeiro de Itapemirim Rio de Janeiro
-20° Araçatuba Catanduva -20°
Ribeirão Preto Araraquara Varginha
Muriaé Presidente São Paulo
Oc

Lavras Ubá Prudente Bauru Pouso Alegre Juiz de Fora


Dourados Campos dos Goytacazes
Alfenas Barbacena
Volta Redonda
Araraquara Poços de Caldas
Varginha Itaperun Marília
Campinas
Curitiba
Maringá
Rio de Janeiro
Marília Paranavaí Piracicaba
São Carlos Juiz de Fora São José Porto Alegre
Pacífico

São João da Boa Vista


Bauru dos Campos
Jaú Londrina
Rio Claro Nova Friburgo Umuarama
Apucarana
Sorocaba
São Paulo Goiânia
Pouso Alegre
Limeira Campo Mourão
Piracicaba Macaé Toledo Santos
Botucatu
Brasília
Ourinhos Volta Redonda Ponta Grossa
Cascavel
Londrina Campinas Cabo Frio Curitiba
São José dos Campos Foz do Iguaçu Os tracejados representam redes
Guarapuava
CHILE Rio de Janeiro de múltiplas vinculações.
São Paulo
Francisco Beltrão
Sorocaba Pato Branco
A Joinville
Santos Chapecó
Blumenau
Joaçaba
Hierarquia dos Centros Urbanos
Santa Rosa Florianópolis
Erechim
Santo Ângelo
Passo Fundo Grande Metrópole
Ponta Grossa
Ijuí
Tubarão Nacional Capital Regional C
ARGENTINA Criciúma
Oceano

Bento
Gonçalves Caxias do Sul
Curitiba Santa Maria Lajeado
Paranaguá Novo Hamburgo Metrópole Nacional Centro Subregional A
Uruguaiana Santa Cruz
PACÍFICO

do Sul
Porto Alegre
Metrópole Centro Subregional B
Joinville Cruzeiro odo Sul
OCEANO

Bagé
Caçador Blumenau
Itajaí
Pelotas Capital Regional A Centro de Zona A
0 90 180 360 540 720
-30° . Rio do Sul Km -30°
Projeção Policônica. Datum: SIRGAS2000 Capital Regional B Centro de Zona B
Florianópolis Meridiano Central: -54° / Paralelo Padrão: 0°
Lages

-70° -60° -50° -40° -30°

Fonte: IBGE, Diretoria de Geociências, Coordenação de Geografia, Regiões de Influência das Cidades 2007.

Fonte: IBGE, Diretoria de Geociências, Coordenação de Geografia, Regiões de Influência das Cidades 2007.

Brasil: rede urbana, 2007. Fonte: iBGe. Regiões de influência das cidades 2007. rio de Janeiro: iBGe, 2008. p. 12.

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Geografia - 2a série - Volume 2

Polarização das principais cidades brasileiras


Brasil: polarização das principais cidades brasileiras
Polarização calculada por
modelo de gravitação *
em função do PIB de serviços

Belém

Manaus São Luís


Fortaleza
Teresina
João
Pessoa
Campina
Grande Recife

Feira de
Santana
Salvador
Brasília

Goiânia
Belo
Horizonte
Uberlândia
São José
do Rio Preto Ribeirão Vitória
Presidente Bauru Preto Juiz de Fora
Prudente
Marília Campinas
Rio de
Londrina Janeiro
Maringá São
Grau de Paulo
polarização Curitiba

Passo Fundo
Florianópolis
Santa Maria Porto Alegre

* Massa dividida pelo quadrado da distância 0 500 km


Fonte: IBGE, cálculo Cartes & Données Pelotas © HT-2003 MGM-Libergéo

Brasil: polarização das principais cidades brasileiras (em função do piB de serviços). Fonte: tHÉrY, Hervé; mello, neli aparecida de.
Atlas do Brasil: disparidades e dinâmicas do território. São paulo: edusp, 2005. p. 180.

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32
Geografia - 2a série - Volume 2

macrometrópole se espalha e ocupa rodovias. Fonte: Folha de S.Paulo, caderno ribeirão, segunda-feira, 31/10/2005. p. c 8.

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Geografia - 2a série - Volume 2

1. reflita sobre os termos utilizados na legenda do mapa “Brasil: rede urbana, 2007” e analise o
padrão de distribuição espacial representado. o que esses dados lhe sugerem?

2. observando o mapa “Brasil: rede urbana, 2007”, explique a posição ocupada por São paulo na
rede e na hierarquia urbanas brasileiras.

3. considerando suas respostas anteriores, defina metrópole.

4. as aglomerações urbanas mantêm e reforçam laços interdependentes tanto entre si como tam-
bém com as regiões que elas polarizam dentro de um dado território, o que dá a ideia de polari-
zação. comparando os três mapas da figura “macrometrópole se espalha e ocupa rodovias” com
os mapas “Brasil: rede urbana, 2007” e “Brasil: polarização das principais cidades brasileiras”, dê
três exemplos de centros urbanos de dimensões variadas e com relações dinâmicas entre si.

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Geografia - 2a série - Volume 2

Desafio!
o professor cláudio egler, da universidade Federal do rio de Janeiro, propôs a seguinte
periodização da formação territorial brasileira, considerando as condições de controle do pro-
cesso de acumulação capitalista no país:
1. Formação Territorial Escravista Atlântica, [cujo funcionamento se deu segundo a] lógica de
funcionamento do comércio triangular atlântico [...] em uma economia submetida ao mo-
nopólio mercantil e ao controle metropolitano, durante a fase colonial, ou de estruturas de
poder oligárquicas e latifundiárias, durante o período de formação dos estados nacionais.
no caso do Brasil, essas duas fases são muito explícitas, correspondendo ao período colonial
(de 1500-1534 até 1808-1822) e ao império nacional (1808-1822 até 1870-1889*). [...]

2. Formação Territorial Agromercantil Nacional (de 1870-89 a 1930-45), quando as condições


de controle do processo de acumulação consolidaram-se no território nacional, constituin-
do-se o campo a principal fonte de riquezas, e a cidade, seu locus de comercialização, seja
para o mercado mundial, seja para o mercado doméstico que começa a se expandir. [...];

3. Formação Territorial Urbano-industrial Nacional, que nos interessa mais particularmente


neste capítulo, consolida-se a partir da década de 30, e caracteriza-se pelo processo de
industrialização que passa a determinar a lógica da acumulação endógena. esse processo
apresenta três fases distintas:
●● Fase da industrialização restringida (de 1930-45 a 1956-60), quando a lógica da acu-
mulação ainda dependia visceralmente da capacidade de exportar bens agrícolas, em
função de sua dependência da importação de bens de produção do mercado mundial;
●● Fase da industrialização pesada (de 1956-60 a 1975-79). o plano de metas e a industria-
lização pesada comandada pelo estado (que se estende até o ii plano nacional de desen-
volvimento) foram responsáveis por uma expressiva aceleração no ritmo de crescimento do
mercado doméstico, que se expressa em novas relações cidade/campo, iniciando o processo
de constituição da rede urbana integrada em âmbito nacional. essa rede era a expressão do
dinamismo do mercado doméstico, que deu sustentação ao processo de industrialização;
●● Fase de internacionalização financeira (de 1975-79 a 1991-95), caracterizada pela crise
e esgotamento fiscal e financeiro do estado nacional, cuja capacidade de comandar o
processo de industrialização foi seriamente comprometida pelo endividamento interno
e externo. [...] o período caracteriza-se pela redução do ritmo de crescimento das gran-
des metrópoles (São paulo e rio de Janeiro) e pela emergência de novos centros dinâ-
micos fora do eixo consolidado (Fortaleza, manaus, Brasília-Goiânia, entre outros).
Nota
* a periodização inclui o lapso de tempo que corresponde aos momentos históricos de tran-
sição, isto é, de ruptura com o anterior e consolidação do novo padrão.
eGler, cláudio a. G. Subsídios à caracterização e tendências da rede urbana do Brasil. configuração e dinâmica da rede urbana.
petrópolis, mar. 2001. disponível em: <http://www.laget.igeo.ufrj.br/egler/pdf/redeur.pdf>. acesso em: 25 fev. 2008. p. 38-39.

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Geografia - 2a série - Volume 2

Brasil: expansão urbana, 1534-1930

OCEANO
ATLÂNTICO
Equador

OCEANO
PACÍFICO
ricórnio
ó pi co de Cap
Tr

N
Ano de instalação
De 1534 até 1870
0 0 587
374 m km
De 1870 até 1930

Brasil: expansão urbana, 1534-1930. Fonte: eGler, cláudio a. G. mudanças recentes e perspectivas da urbanização mundial e no Brasil. in: ipea/
iBGe/nesur-unicamp. Estudos básicos para a caracterização da rede urbana no Brasil. v. ii. Brasília: ipea, 2002. Série caracterização e tendências da
rede urbana no Brasil.

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Geografia - 2a série - Volume 2

Brasil: expansão urbana, 1930-1993

OCEANO
ATLÂNTICO
Equador

OCEANO
PACÍFICO
ricórnio
ó pi co de Cap
Tr

Ano de instalação
De 1930 até 1960 N

De 1960 até 1980


0 0 587
374 m km
De 1980 até 1993

Brasil: expansão urbana, 1930-1993. Fonte: eGler, cláudio a. G. mudanças recentes e perspectivas da urbanização mundial e no Brasil. in: ipea/
iBGe/nesur-unicamp. Estudos básicos para a caracterização da rede urbana no Brasil. v. ii. Brasília: ipea, 2002. Série caracterização e tendências da
rede urbana no Brasil.

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Geografia - 2a série - Volume 2

por meio da leitura e interpretação desses mapas, procure evidências desse processo de formação
territorial na constituição da rede e hierarquia urbana nacional.
para isso, utilize também os conhecimentos adquiridos nos estudos de Geografia desde o início
do ano letivo e os seguintes aspectos da formação territorial brasileira:
●● a interiorização do fato urbano em minas Gerais e Goiás com a mineração de metais e pedras
preciosas;
●● a dispersão do assentamento urbano na Bacia amazônica e no Golfão maranhense com a ex-
tração das drogas do sertão;
●● o assentamento urbano para o interior da antiga província de mato Grosso, ao longo da bacia
do rio paraguai, com a expansão da fronteira meridional;
●● o desenvolvimento da cafeicultura e o crescimento urbano no Vale do paraíba e no planalto
ocidental paulista.

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Geografia - 2a série - Volume 2

diante do avanço tecnológico e da globalização da economia, as relações entre as cidades con-


temporâneas sofreram inúmeras transformações. analisando o esquema a seguir, explique que trans-
formações foram essas.

Relações entre as cidades em uma rede urbana

Esquema Clássico Esquema Atual

metrópole nacional metrópole regional


metrópole
metrópole regional nacional
centro regional
centro regional
cidade local
cidade local

vila
vila

relações entre as cidades em uma rede urbana. Fonte: unicamp 2001 – caderno de Questões. campinas, 2001. p. 122-123.

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Geografia - 2a série - Volume 2

Regiões metropolitanas
angela corrêa da Silva

a expansão econômica brasileira desencadeada principalmente a partir da década de 1970


pode ser considerada a grande responsável pela ampliação e, também, pela concentração da
rede urbana brasileira. dado o perfil concentracionista da nossa industrialização, os principais
empreendimentos industriais e de serviços localizados em determinados pontos do território
passaram a ofertar empregos tornando-se áreas de atratividade intensa e crescimento irregular.
assim, se, de acordo com dados do iBGe, apenas três cidades brasileiras (rio de Janeiro,
São paulo e recife) possuíam mais de 500 mil habitantes até 1950, no início do século XXi,
cerca de 30 cidades já atingiam esta marca. este crescimento, em geral, desordenado, da
concentração demográfica dessas cidades – fenômeno conhecido por macrocefalia urbana –
provocou a unificação de muitos sítios urbanos, e cidades vizinhas uniram-se em um único
bloco urbanizado, fator conhecido por conurbação.
nessa nova realidade, o grande problema das administrações municipais passou a ser
a dificuldade de administrar estas áreas comuns. as estradas, por exemplo, que antes eram
apenas ligações rodoviárias entre dois municípios, transformaram-se em avenidas e passaram a
incorporar o sistema viário das duas cidades; nestes casos, a grande dúvida era definir para qual
município recairia a responsabilidade pela qualidade e manutenção da infraestrutura e dos
serviços públicos nela existentes. isto explica a necessidade de se criar o conceito de região
metropolitana, já que a unificação entre dois ou mais municípios fez com que fosse necessário
criar mecanismos que permitissem às prefeituras administrar a integração funcional* entre núcleos
urbanos interligados.
essa foi a motivação para a instituição, em 1973, da lei complementar no 14, que criou as
nove primeiras regiões metropolitanas brasileiras (Grande São paulo, Grande rio de Janeiro,
Grande Belo Horizonte, Grande recife, Grande porto alegre, Grande Salvador, Grande For-
taleza, Grande curitiba e Grande Belém). de acordo com a legislação brasileira, considera-se
região metropolitana o conjunto de municípios contíguos e integrados com serviços públicos e
infraestrutura comuns. tais estruturas configuram unidades de planejamento integrado e devem
contar com um conselho deliberativo e um conselho consultivo com a participação dos mem-
bros das administrações dos municípios envolvidos. de acordo com o iBGe, as regiões metro-
politanas devem possuir densidades demográficas superiores a 60 hab./km2, e cerca de 65% da
população ativa deve estar empregada em atividades urbanas.
desde o final do século XX, o intenso crescimento das cidades médias e a intensificação do
processo de conurbação entre muitas delas conduziram à criação de novas regiões metropolita-
nas, totalizando, em 2008, 29 regiões metropolitanas, conforme quadro a seguir.

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Geografia - 2a série - Volume 2

Regiões Metropolitanas – 2008 Número de Municípios


Belém (pa) 5
manaus (am) 8
macapá (ap) 2
São luís (ma) 4
Fortaleza (ce) 13
natal (rn) 9
João pessoa (pB) 9
recife (pe) 14
maceió (al) 11
aracaju (Se) 4
Salvador (Ba) 12
Belo Horizonte (mG) 34
Vale do aço (mG e eS) 4
Vitória (eS) 7
rio de Janeiro (rJ) 17
São paulo (Sp) 39
Baixada Santista (Sp) 9
campinas (Sp) 19
curitiba (pr) 26
londrina (pr) 8
maringá (pr) 8
Florianópolis (Sc) 9
Vale do itajaí (Sc) 5
norte/nordeste catarinense (Sc) 2
Foz do rio itajaí (Sc) 5
carbonífera (Sc) 7
tubarão (Sc) 3
porto alegre (rS) 31
Goiânia (Go) 13
Fonte: iBGe, diretoria de Geociências, coordenação de Geografia. legislações Federal e estaduais. disponível
em: <ftp://geoftp.ibge.gov.br/ organizacao/municipios_por_regioes_metropolitanas/>. acesso em: 28 abr. 2009.
nota: os colares metropolitanos e as áreas de expansão não estão sendo considerados.

Nota
* considera-se integração funcional todas e quaisquer infraestrutura urbana e rede de serviços
destinadas a suprir as necessidades das populações que residem em áreas unificadas do ponto
de vista urbano.
elaborado especialmente para o São Paulo faz escola.

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Geografia - 2a série - Volume 2

1. de acordo com o texto:

a) Qual o significado de macrocefalia urbana?

b) explique o significado do termo integração funcional e dê exemplos de formas de integração


funcional entre municípios.

c) por que as regiões metropolitanas foram criadas?

d) Quais critérios são utilizados para definir uma região metropolitana?

e) estabeleça relações entre os seguintes termos: cidade, município, conurbação e região me-
tropolitana.

2. no Brasil, há um descompasso entre a inclusão de um município como parte de uma região


metropolitana e sua efetiva metropolização. apresente exemplos que explicitem essa situação.

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Geografia - 2a série - Volume 2

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Geografia - 2a série - Volume 2

?
!
Situação de aprendizaGem 4
a reVolução da inFormação e aS cidadeS

Para começo de conversa


a charge é uma forma de expressar a realidade. Veja os exemplos a seguir:

© angeli

charges de angeli. disponível em: <http://www2.uol.com.br/angeli/>. acesso em: 12 nov. 2008.

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Geografia - 2a série - Volume 2

© angeli
charges de angeli. disponível em: <http://www2.uol.com.br/angeli/>. acesso em: 12 nov. 2008.

1. o que as charges lhe sugerem?

2. Que relações podemos estabelecer com os conteúdos estudados em Geografia?

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Geografia - 2a série - Volume 2

observe o mapa a seguir:


Cidades globais

EUROPA

Minneapolis Toronto Montreal


Boston
San Francisco Chicago Pequim
Nova Iorque Seul
Dallas
Washington Tóquio
Los Angeles Atlanta Xangai
Osaka
Houston Miami

Cidade do México
Taipé
OCEANO
Hong Kong

Manila
PACÍFICO
Caracas Bangcoc

0
O
Equador OCEANO Kuala Lumpur
Cingapura
PACÍFICO
Jacarta

Cidades globais
São Paulo
OCEANO
Alpha (12 pontos) OCEANO
ATLÂNTICO Johanesburgo
Alpha (10 pontos) Santiago ÍNDICO
Meridiano de Greenwich

Sydney
Beta (9 pontos) Buenos Aires
Melbourne
Beta (8 pontos)

Beta (7 pontos)

Gama (6 pontos)
N
EUROPA
Gama (5 pontos) OCEANO
Gama (4 pontos) 0 2 588 km ATLÂNTICO
Estocolmo
Moscou

Copenhague
Amsterdã Hamburgo
Londres Berlim Varsóvia
Bruxelas Dusseldorf
Frankfurt
Paris Praga
Zurique Munique
Budapeste
Genebra
Milão
M
AR
Madri AD
Roma RI Istambul N
ÁT
IC
Barcelona O

0 767 km

cidades globais. Fonte: organizado por Sérgio adas especialmente para o São Paulo faz escola. Fonte dos dados: BeaVerStocK, J. V.;
SmitH, r. G.; taYlor , p. J. a roster of world cities. Cities, 16 (6), (1999), 445-458. (table 7). disponível em: <http://www.lboro.ac.uk/
gawc/rb/rb5.html>. acesso em: 24 jun. 2008.

discuta o fato de a cidade do rio de Janeiro não constar da relação de cidades globais, segundo
critérios utilizados pelos geógrafos ingleses (mapa “cidades globais”), enquanto outros especialistas
brasileiros a incluem na lista de cidades de alcance mundial.

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Geografia - 2a série - Volume 2

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Geografia - 2a série - Volume 2

as cidades brasileiras, independentemente de seu porte, possuem características cada vez mais
semelhantes, ditadas por padrões de consumo (como das redes de fast-food ou de lojas de marcas
famosas) e pela divisão entre os diferentes, separados pelos muros dos condomínios fechados. uma
forma de controlar esse espaço é o desenvolvimento de sistemas de segurança, que vigiam 24 horas
por dia o movimento das pessoas por meio de vídeos e câmaras monitoradas.
Faça um relato de uma situação vivida por você em alguma cena cotidiana. descreva algum fato
que lhe impediu o acesso a algum lugar ou alguma situação que você observou nessa cidade fechada
e vigiada. essas experiências cotidianas da turma serão objeto de discussão em sala de aula.

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Geografia - 2a série - Volume 2

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Geografia - 2a série - Volume 2

1. explique por que o Brasil pode ser chamado de país de industrialização tardia ou retardatária.

2. assinale o que for correto em relação ao desenvolvimento, expansão e problemas da indústria


brasileira:

a) a queda no crescimento dos tradicionais centros industriais brasileiros, como São paulo e
rio de Janeiro, devido ao processo de descentralização do parque industrial, significou a
perda de sua importância no comando da nossa industrialização.

b) as grandes reservas de carvão existentes na região Sudeste, particularmente em São paulo,


foram o principal fator de localização das indústrias nessa região.

c) em sua fase inicial, caracterizada pela substituição das importações (governos Vargas e JK),
a industrialização brasileira não contou com a iniciativa estatal, uma vez que o interesse
prioritário do estado era manter a política de exportação do café.

d) mão-de-obra cada vez mais qualificada e contínua melhoria nos diferentes níveis de edu-
cação formal são alguns dos vários obstáculos que se colocam para uma inserção plena do
Brasil na terceira revolução industrial ou tecnológica.

e) no estado de São paulo, as maiores concentrações industriais ocorrem nos eixos rodoviá-
rios, principalmente no centro-norte, noroeste e oeste do estado, nas regiões de São José do
rio preto, araçatuba e presidente prudente.
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Geografia - 2a série - Volume 2

3. observe as figuras a seguir e suas legendas e responda:


© delfim martins/pulsar imagens

© delfim martins/pulsar imagens


colheita de uvas cabernet para indústria vinícola. Vale do São Francisco. plantações e colheita de soja. Sinop (mt), nov. 2005.
casa nova (Ba), maio, 2006.

a modernização da agricultura brasileira nas últimas décadas modificou a organização da pro-


dução e as relações de trabalho no campo. a fruticultura e a soja, por exemplo, são cultivos que
sofreram transformações nesse processo, apesar de conservarem diferenças importantes em seus
respectivos sistemas produtivos. indique e explique, ao menos, uma dessas diferenças.

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Geografia - 2a série - Volume 2

4. tema polêmico e que compõe a pauta de discussões entre o governo, trabalhadores sem terra e
grandes proprietários, a reforma agrária no Brasil guarda relações diretas com a injusta estrutura
fundiária do país e com um dos aspectos mais perversos do processo de produção do espaço
nacional, a transformação da terra em um bem que pode gerar renda mesmo sem ser utilizada,
sendo esta uma das bases da concentração fundiária. a tabela “estrutura fundiária do Brasil,
2003” retrata a estrutura fundiária brasileira e, de acordo com a interpretação dos dados infor-
mados, podemos afirmar que:

Estrutura fundiária do Brasil, 2003


Tamanho dos imóveis % área ocupada por imóveis
% dos imóveis
rurais (área total de ha) rurais
até 10 31,5 1,8
de 10 a 25 26,0 4,5
de 25 a 50 16,1 5,7
de 50 a 100 11,5 8,0
de 100 a 500 11,4 23,8
de 500 a 1000 1,8 12,4
de 1000 a 2000 0,9 12,2
mais de 2000 0,8 31,6
Total 100,0 100,0
Fonte: cadastro do incra, ago. 2003.

a) os imóveis rurais com área até 50 ha ocupam menos de 10% da área e representam mais de
60% dos imóveis;

b) os imóveis rurais com área de 50 ha até 500 ha ocupam menos de 35% da área e represen-
tam mais de 35% dos imóveis.

c) os imóveis rurais com área de 500 ha até 1 000 ha ocupam menos de 24% da área e repre-
sentam mais de 15% dos imóveis.

d) os imóveis rurais com área de 500 ha até 2 000 ha ocupam menos de 25% da área e repre-
sentam menos de 3% dos imóveis.

e) os imóveis rurais com área a partir de 500 ha ocupam mais de 50% da área e representam
mais de 5% dos imóveis.
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5. com base nos conhecimentos estudados, diferencie as interações entre cidades a partir do es-
quema clássico de rede urbana e diante das alterações causadas pelo desenvolvimento tecnológi-
co, pela evolução no sistema de transportes e de comunicação.

6. leia a notícia e a tabela que a acompanha.

A explosão da periferia

alexandre Secco e larissa Squeff

[...]
nos últimos dez anos, a população das oito regiões metropolitanas (rio de Janeiro, São
paulo, Belo Horizonte, Vitória, porto alegre, curitiba, recife e Salvador) saltou de 37 milhões
para 42 milhões de habitantes. agora, o mais surpreendente: nesse período, a taxa de cresci-
mento das periferias dessas cidades foi de 30% contra 5% das regiões mais ricas.
ampliando-se a análise para as 49 maiores cidades do país, que abrigam 80 milhões de pes-
soas, obtém-se uma visão mais completa do fenômeno. nos últimos vinte anos, a periferia des-
sas cidades correspondia a um terço da população. agora, equivale a quase metade do total dos
moradores. deverá ser maioria em cinco anos. de 1996 para cá, a renda per capita nas cidades
médias brasileiras aumentou 3%. no caso das periferias das grandes cidades, a renda caiu 3%.
[...]

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O CONTRASTE
A tabela mostra algumas diferenças entre o centro das grandes cidades
e as regiões mais pobres (médias estimadas em oito capitais)
centro periFeria
número de homicídios por grupo de
14 em média até 150
100 000 habitantes
total de moradores desempregados (%) 5 8
casas atendidas por sistema de esgoto (%) 70 30
70, a maioria com
moradias abastecidas com água encanada (%) 100, tudo oficial
ligações clandestinas
residências com energia elétrica (%) 100 90
taxa de analfabetismo (%) 3 20
renda per capita anual 15 300 reais 2 600 reais
leitos hospitalares por grupo de
530 180
100 000 habitantes
tempo gasto para ir de casa ao trabalho 40 minutos 2 horas
largura das ruas 6 metros 2 metros
com que frequência vai ao dentista a cada 6 meses a cada 6 anos
carro Vectra Brasília
total de conhecidos assassinados 1 20
Brinquedo da moda entre as crianças patinete pipa ou papagaio
atividade esportiva musculação futebol
Fatia do salário gasta com alimentação (%) 15 30
refrigerante mais consumido coca-cola tubaínas
casas pintadas (%) 100 10
Frequência com que o caminhão de lixo
1 dia 4 dias
passa na rua
total de dias com falta de água no último mês nenhum 7 dias
eletrodoméstico mais caro computador geladeira
Valor do imóvel 80 000 reais 3 000 reais
Fonte: Secco, alexandre; SQueFF, larissa. a explosão da periferia. in: Veja, ano 34, edição 3, 24 jan. 2001. p. 86. São paulo: editora
abril.

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agora, estabelecendo relações entre as informações da notícia e da tabela, defina e comente a


noção de segregação socioespacial.

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filmes

●● Cabra marcado para morrer. direção: eduardo coutinho. Brasil, 1984. 119min. o filme,
que estava sendo rodado em 1963, sobre a vida e morte de João pedro teixeira, líder e fun-
dador da liga camponesa de Sapé (pB), foi interrompido pelo movimento militar de 1964.
após dezessete anos, o diretor eduardo coutinho retorna ao nordeste para completá-lo,
passando a contar a história de sua interrupção, apresentando depoimentos dos camponeses
participantes do filme, a luta das ligas camponesas de Sapé e Galileia e o destino de eliza-
beth teixeira, viúva do líder.
●● Terra para Rose. direção: tetê morais. Brasil, 1987. 84min. no período da nova república,
em 1985, mais de mil famílias ocuparam a Fazenda anoni, no rio Grande do Sul. este
filme enfoca a luta dos sem-terra, retratando seu cotidiano em busca de terra para plantar.
o filme não deixa também de apresentar os outros participantes envolvidos no mesmo
processo: o governo e o proprietário.

livros

●● adaS, melhem. Fome: crise ou escândalo? São paulo: moderna, 2004. (col. polêmica).
após conceituar o que é fome e quais os seus tipos, o autor examina as suas causas. refuta
as teses conservadoras segundo as quais a fome resultaria do crescimento populacional, a
produção de alimentos não é suficiente para atender a todos ou, ainda, a fome é decorren-
te de causas naturais, como a adversidade do meio físico. a partir da história e de dados
estatísticos diversos, demonstra que a fome é fruto de um modelo político-econômico
excludente que não tem sido capaz de criar justiça social. o desenvolvimento do capitalis-
mo com base no colonialismo, no neocolonialismo e na divisão internacional da produção
determinada pelos países centrais, ao estimular o desenvolvimento da agricultura comer-
cial e de exportação em substituição à agricultura de produtos alimentares nas colônias
(herança histórica que se faz ainda bastante presente nos países periféricos), tem um peso
significativo na existência da fome.

●● StÉdile, João pedro. Questão agrária no Brasil. São paulo: atual, 1997. de caráter intro-
dutório, este livro demonstra como poucas sociedades passaram, nas últimas décadas, por
tão profundas e rápidas transformações como a sociedade brasileira. aborda os temas da
passagem da sociedade agrária para a urbano-industrial e os graves problemas decorrentes;
é suficientemente abrangente para subsidiar as discussões em sala de aula, ajudando-os a
destacar as diversas correntes de opinião acerca da questão agrária no Brasil.

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sites

●● Consciência.net, acesse: <http://www.consciencia.net>. a página desta revista eletrônica colo-


ca à disposição, na seção Brasil e reforma agrária, material sobre a questão fundiária no Brasil.
apresenta também outros textos de excelente qualidade, escritos por estudiosos importantes
nos cenários nacional e internacional.

●● Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, acesse: <http://www.ibge.gov.br>. a


página do instituto Brasileiro de Geografia e estatística (iBGe) disponibiliza um relatório
completo sobre o perfil dos municípios brasileiros organizado em mais de 20 temas.

●● Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea, acesse: <http://www.ipea.gov.br>. o insti-


tuto de pesquisa econômica aplicada (ipea) é subordinado ao ministério do planejamento,
orçamento e Gestão e apresenta em sua página um vasto e confiável material, resultante
de pesquisas realizadas pelo instituto. na seção publicações, inúmeros textos para discussão
e documentos sobre as questões da urbanização e do espaço rural, entre outros assuntos
relacionados. na seção temas especiais, encontra-se disponível também o atlas de desen-
volvimento Humano no Brasil.

●● Ministério das Relações Exteriores, acesse: <http://www2.mre.gov.br/cdbrasil/itamaraty/web/


port/index.htm>. disponibiliza material de excelente qualidade visual e de conteúdo, que
conta com a colaboração de teóricos consagrados, como milton Santos, Herbert de Souza,
Boris Fausto, entre outros. a seção políticas Sociais e reforma agrária apresenta informa-
ções sobre a questão da terra no Brasil, abordando temas como latifúndios, agricultura fami-
liar, estatuto da terra, políticas fundiárias, entre outros.

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