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Luis Gustavo Teixeira daSilva Gabriel Bandera Coelho Everton Garcia da Costa Felipe Coral de Freitas ‘Ompanizadores POS-ESTRUTURALISMO E TEORIA DO DISCURSO: A obra de Emesto Laclau a partir de abordagens empiricas e teéricas EDITORACRV Coritiba- Brasil 2017 ri ts Le Darna Coe Er CY Rene Gort Ds en Po Raise eae eat Erna Co ‘nn ta: a Loa Te ac Prat Orgel ee Lahn reumeamomiraren biptneermt” wrumensee tee ance Epoean Seen = BEET Eionewren Eee hemes micma Sistemas moore oon po Simona | Maat et aed ere eines) Po im ined) Ine Gates ee-Coy TPO Boar Pee bce andar). Fes ewten avon) POF eS rte) Ease lapped ‘eau capri, ‘Settee Guin fem mn os cFapeCs its oxo ccanss snc Sr tg om ca og) Coa Ba Gy oa Beco oa ee cina ) io odin sn 1098411206 rs pa ol ab mt Ets “en arin ea een sas CIDADANIA: algumas consideragdes a partir da democracia radical e plural Marl de Sowa Marques, Introdusto [A partir de meados do século XX, © mundo passou a testemunhar mu- anges soci, cultras, politica ¢econémicas que com diferentes intensi- dadese direes, tim se mostrado um fenfeno dindmicoe em plena fora histrica,provocando alteagesprofundas nas esruturs sociiscontempo- tigeas (HALL, 2000; 2011; GIDDENS, 1991; LACLAU, 1993), Diante de um processo de complexifiasto social, vivenciado, s0- bred, no centro europe enos Estados Unidos, parte do campo teérico- -académico ¢ miltante pasou por um exercico inevitivel de refexdo € Inflexdo teérco-epistemoldgice; as novas configuragdes socais exigiam novos enquadramentos, retomads ea revisbo de coneeitas eases para uma melhor compreensio des sociedadesocidentais contemporineas, sociedades ‘ue traziam &tona novas demandas poitieas [Nesse novo context, como destaca Mouse (1996; 2003; 2011; 20123; 2012), uma das grandes tareftsterico-priicas votadas para 0 aprofin- ‘damento democrétco tem sido (re)pensar 2 politica democritica modema 2 panir da problematizario dos pincpios ttico-poliicos de Iberdade € jgualdae, Atento a esse movimento, teceremos algumas consierasdes Sobre o conccto de cidadania, tendo como objetivo uma relexi teérica a partir das contibuiges da demoeracia radical e plural em Chantal Mout Inserdo no movimento de reflex nflexdo de elementos trios apre- sentados pelo pensemento politic liberal desde oséculo XV, esse exerciio ‘lo significa, necessaramente, uma “rupura ial” cam o “eaneito moderno e police” inerente ao pensamento politico liber Sem dvi, esta coment twércaforneceu contrbuigbes & democracia modems, como na prépria cons- trujdo da noo de cidadania.Contudo, como critica MoufTe (1996, p85), 6, or um ldo, iberalismo “contbuiu certamente para a formulagzo da idea de uma cidadania universal baseada ma afmagio de que todos 0s individuos rnascem livre igais, por ouzo, “reduziv a cidadania a um mero extatuto legal, estabelecendo os direitos de que oindviduo ¢ titular fice ao Estado” com base nesaextia qu reltrernos sobre a cidadaia, Para podermos avangar em nossos obetvos,algumas considers deem ser feiss sobre nosso ponto depart, que no €o pensamento lide msi oque justifcao défi de nossa discussdo sobre esa vertente teria =: mas alguns de seus preceitos clissicos. Nos refers, portant, & dna “perspectiva geal” reconhecendo os limites dessa proposta dient da ple raliade exstente no que temas denominado “pensemento polio liber Para isso, na segunda seg, ralizaremos um breve exercicio de oclizagig teérico-epstemolégico das discusses de Moule, que nos iar a0 longo do trabatho. Na tereira seo, apresentaremos os principals elements tex Gricos que aos ajudam a refer sobre a eidadania democritca radial na petspectva de democraca radical e purl, tazendo para a dscasso dein de “cidadanias insurgentes” (HOLSTON, 1996). Por fim, reomaremos a fgumas relexdes para nosias consderagdes sobre a democacia radial ¢ plural ea cidadaria radical, Conceito moderno de politica e pensamento politico liberal: Do que estamos falando? ara evitarmos incompreensdes ¢ uma posivel identifiapto da argue mentagdo que se segue com as dimensBesecondmiea ilostia do “projet bere, esse movimento de no abendono do projet politico modemo deve ser problematizado, Nossos esfrgos se concentrario na diseussio Sabre a dimenso politica do “projet libra”. [Ness intuito,cumpre notar, como destaca Mouffe (1996; 20126), que 1 dimensio politica do pensamento liberal se constitu a partir do paradoxo entre as tadigées “liberal” ~ aqui entendida enquantoo primado do dirito individual e iberdade — ea “democrtica" enquanto igualdade, soberania popula. Estamos diane de tradigdesinerentes & democracia modes, cujo ont inte, em que os prinipios de iberdadee de igualdade podem ser significados de muitas formas, marca a posibilidade de millpls experi- éacias democriticas liberis, Nosso objetivo € uma reflexdo sobre o conceito ‘de cidadani a pair das possiblidades de adcalizagao do elemento “demo= xt” dese paradoxo. ‘0 “coneito modemo de politics”, cregado por esse paradoxo entre at tradipdes liberal edemocriica, também agrega em tomo desi dois projets 4e tradipo Muminsts: um projeto epistemoldgico e ou politico. Nosso ‘objetivo € uma ruptra com o primeir e uma reflexto sobre o segundo. Cana nr a pt ren sa an ren Ne (Seepecninacns sein rhe reomesramunao ETEORADODSCIRED, aS Com rlagto a projet epstemelégico, podemos dizer que ese foi sind 6, sutentado por figuras metafsias fundacionas, como as ideias de ‘miversaldade, esténca,ttalidade racionalismo (MARCHART, 2008). ‘Ao serem teorcamente problematizadss diane das esiruturassocais con ‘temporiness, essas figuras fundacionais, as qua aesbam atrbuindo nogBes sutocenradss a0 social, logo se demonstram lmiteds. Diferentesperspec- tivas tim buseado evideniar que, ao contro de construybes autocenradas, 4s sociedades democrticas moderas evdenciam a auséncia de centros a antes, por eonseguinte,colocam em questo as possbiliades de identii- capdo de limites claamente definidos (MOUFFE, 1996; HALL, 2000; 2011; TLACLAU, 1993; MARCHART, 2009). Grosso modo, essa abordagens al- ‘mejam uma filosofia politica que nos pemita pereeber a contingéncia © a indetrminagto inrente ds formagbessocias. [esse exerccio, a nopio de um sujeto racional, unitro,sutoconsti- ‘uido tem sido analisada com base nis consbuigdes da psicanilite; cada ver mas a nogtolacaniana de descentramento do sujet, e da consequente abertra 4 multipliidade de posibes diseursvas, tem ganhado desiague Este & um exerici necesiro, segando Mouffe, para pensarmos politice- ‘mente o tual cotexto de pluraidade socal: ara conseguir pensar ojepolicamente ¢compreender a matureza esas uta diveridade das relagdes soins com as ua revo. Iuglo democrtic ands tem de conta ndapensveldesenvaver un tei do sueto como um agente descend e no toa, um ‘seo eonsraigo no onto de ntereego de ura mutica de pougtes subjecvs, ene as quis nfo existe uma priondade ou re Ingo necessria¢cjeaiculag 0 reslado de reas heper- ‘as [0 qu emerge sto perspectives ineiramentenovas aro police que nemo eras, cm asus dis do invidu que 36 busca 0 proprio interesse, nom © marvisme, com a sua redo de todas as psipessubjeivas&posilo de ease, poder sancionr, quant mais imagiar (MOUFFE, 196, p26) ‘Com relasto ao projeto politico da tradi luminsta,o objetivo & 8 radicalizago dos prneipios étce-pliticas de liberdade e igualdade anun- cides com a revolupto democritica. A defesa a radicalizagdo desses prin cipios nos encaminha, consequentement, para um posicionamento cico as perspectivas que buseam a ciagdo de consensos racionas em torno da emocrcia~ como veremos, no estamos nas trilhas de um “acordo” sobre 1 democracia, mas de processes de identfco;do pot com os pinepios democritcos de Hberdade igualdade, peresbendo esses principio como ee ea eee eee Sec ee Se ene Soe ae eae er Soares kee ea ee eer eee ee ee selena pos igincane “liberdade” e “igualdade” J = ete ea pe alae enlace ape eee oes eaeen necessariamente, implica algum grau de insitucionalizagdo, Entretanto, See San ee ieee on ee eee eaten eee a ea ae ene eae eames a ‘ado politica “fora” dos espagos institucionais, Contrariamente, exige um soe earn ee ee ie oe ae Sei e eee ae eer creamer . 19)”, Nesse sentido: oF ae ae {plier oss om ws dei de pes em a ‘olipeidade de dmb instconas camo objeve de const tm hegemonia erent Trt de ue “ptr de pose Shjtvo mo cacao de uma sce alt Shepei, ra ‘Sum proceso dads ds amocc a ont dea ‘gers democrats MOUFFE, 214.7) scat nse rms iii ir poli drecomd ona o dscirsainsticinal,no seid de alias dos dnson ut fermam a dia de cdaani,Pestnd nso, ns sees Sequins ape. senarmos algunas eles sobre can wenticato piensa possbliades dealt das dann isugetes™ 8 Rega pen amie gee step ma an Sect onion peloton i ene Cidadania democrética radical: cidadania ce identificaczo politica ‘A nogio de cidadania, como argumenta Lece (2012), implica algum rau de inteligibilidede da socedade edo govero,o que exige certo “sen- timento de sociedad” parihado pelos suet, alguma forma de identii- ‘ago com 0s postulads democrtios; de modo extremo, poderiamos dizer ‘Ue implica um eros democritico. ‘Contudo, ese sentiment partlhado no signifis, absolutamente, con- sentimento de um bem comm; devemos ter em mente a coexisténcia de ancepyées dstinas sobre a sociedad e sobre os postulads demoeriticos. Embors seam possiveis, 0s “acordos” no devem ser compreendidos no fentido evapo de amplos consensos; tl caminho poderia nos leva acon {cbermos um posivel enfendiment da sociedade consigo mesma em deti- tent dos cofios que a caracerizam. Distintamente a iss, 20 partinmos 6a perspectiva democritice radical e plural, compreendemos a sociedade paride ideia deriiana de fla consti, isto 6, a partir de uma ausénc ‘eum centro que possa se acestadoe findamentao por meio de consensos sobre os fundamentos (DERRIDA, 2002). “A partir dess fala e, portant, da impossibiidade de um fundamento ‘ikime do social, Laci e Mouffe 2011, p. 152) destacam que a {.)impossibiiade de xa kim do set implica que em gue aver faapes paris, Pore, no caso conti, o fx mesmo (ds ciferegas seria impose J, Seo socal eonsegue se xa fonas tangves latins de uma sociedad, 0 socials existe fntetnto, como exforgo para product este objeto imposiveL 0 {Escurs se consti com o inten de dias o campo da disurs ‘ede por deter axa das diferenjas, por constr um cena Ete exforgo de produzie 0 “impossvel” como bem destaca Marchart (2008), capacdade de artculago discursivaem toro de pontos eomuns que ‘scam arbuir fandamentos a0 social. Nuo hi “acordos”; hn a eiago © ‘xtabeleimento de hegemonias provsirias que cumprem a fungo de eto "Na perspectiva da democracia radial e plural, a cidadania,o Estado ea democraia sto significantes que devem ser analisados, mediante diferentes possbilidades de signifiasio dos principios etico-politices (liberéade © Fualdade) que perpassam a consruszo ¢ tentativas de sedimentagio de ‘etidos ao social. Garntr ests pinipiosfundamentas, sem incorer no ‘uivoco de reduzira cidadania a um esatuto legal ex um consenso de bem ‘comum,¢ grande desafio proposto por diferentes abordagens que buscam, sanalsar sraizes da democracia modema na reflex sobre a radicalzagdy

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