Professional Documents
Culture Documents
Solenidade
– A missão do Baptista.
– A nossa missão: preparar os corações para que Cristo possa entrar neles.
– Oportet illum crescere... Convém que Cristo cresça mais e mais na nossa vida e que diminua
a estima própria.
Esta solenidade era celebrada já no século IV. João, filho de Zacarias e Isabel, parente da
Virgem, é o Precursor de Jesus Cristo, e coloca a serviço dessa missão toda a sua vida, cheia
de austera penitência e de zelo pelas almas. Como Ele próprio nos disse: Convém que Ele
cresça e eu diminua. Esse é também o processo que deve verificar-se na vida de todo o fiel
cristão.
I. HOUVE UM HOMEM enviado por Deus, de nome João. Veio para dar
testemunho da luz e preparar para o Senhor um povo bem disposto1.
Santo Agostinho faz notar que “a Igreja celebra o nascimento de João como
algo sagrado, e é o único nascimento que se festeja: celebramos o nascimento
de João e o de Cristo”2. É o último Profeta do Antigo Testamento e o primeiro
que indica o Messias. O seu nascimento “foi motivo de alegria para muitos” 3,
para todos aqueles que pela sua pregação conheceram a Cristo; foi a aurora
que anuncia a chegada do dia. Por isso São Lucas faz constar expressamente
a época em que o Batista iniciou a sua missão, num momento histórico bem
determinado: No ano décimo quinto do reinado de Tibério César, sendo
governador da Judeia Pôncio Pilatos, tetrarca da Galileia Herodes...4 João
representa a linha divisória entre os dois Testamentos. A sua pregação foi o
começo do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus5. E o seu martírio, um
presságio da Paixão do Salvador6. Contudo, “João era uma voz passageira;
Cristo é a palavra eterna desde o princípio”7.
Com a sua vida e as suas palavras, João deu testemunho da verdade: sem
covardias perante os que ostentavam o poder, sem se deixar afectar pelos
louvores das multidões, sem ceder às contínuas pressões dos fariseus. Deu a
vida em defesa da lei de Deus contra todas as conveniências humanas: Não te
é lícito ter a mulher do teu irmão16, disse a Herodes.
Quando os judeus foram dizer aos discípulos de João que Jesus reunia mais
discípulos que o seu mestre, e o comentário chegou aos ouvidos do Batista,
este respondeu: Eu não sou o Messias, mas fui enviado adiante d’Ele... É
necessário que Ele cresça e eu diminua23. Esta é a tarefa da nossa vida: que
Cristo tome conta do nosso viver. Convém que Ele cresça... Então a nossa
felicidade não terá limites, pois poderemos dizer com o Apóstolo: Eu vivo, mas
não sou eu; é Cristo que vive em mim24. Na medida em que Cristo for
penetrando mais e mais nas nossas pobres vidas, a nossa alegria será
irreprimível.
Peçamos ao Senhor, com o poeta: “Que eu seja como uma flauta de cana,
simples e oca, onde só Tu possas soprar. Ser somente a voz de outro que
clama no deserto”. Ser a tua voz, Senhor, no meio do mundo, no ambiente e no
lugar onde queres que transcorra a minha vida.
(1) Jo 1, 6-7; Lc 1, 17; Antífona de entrada da Missa do dia 24 de Junho; (2) Liturgia das Horas,
Segunda leitura, ib.; Santo Agostinho, Sermão 293, 1; (3) Prefácio, ib.; (4) cfr. Lc 3, 1 e segs.;
(5) cfr. Mc 1, 1; (6) cfr. Mt 17, 12; (7) Santo Agostinho, op. cit., 3; (8) Mc 1, 2; (9) cfr. L. Cl.
Fillion, Vida de Nosso Senhor Jesus Cristo, 8ª ed., Fax, Madrid, 1966, pág. 260; (10) São
Josemaría Escrivá, Forja, n. 1; (11) Jo 1, 6; (12) Jo 1, 29-30; (13) Mt 3, 2; (14) cfr. Mt 3, 5; Mc
1, 1-5; (15) cfr. Jo 1, 40-43; (16) Mc 6, 18; (17) Is 49, 1-6; Segunda leitura, ib.; (18) São João
Crisóstomo, Homilias sobre o Evangelho de São João, 29, 1; (19) cfr. At 1, 22; (20) Jo 3, 15-16;
(21) cfr. São Cirilo de Alexandria, Catequese, 20, 6; (22) cfr. Fil 2, 13; (23) cfr. Jo 3, 27-30; (24)
Gal 2, 20.