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A ERA DA MANIPULAGAO: O MEDO, O SILENCIO, A VONTADE E SUAS INFLUENCIAS SOBRE A CORPOREIDADE Juarez Moreira da Silva Jn. Integrante do PPGE-UNIMEP - Mestrado em Educagae Introdusio No principio era o verbo... E 0 pensamento que tudo cria e produz? Seria preciso por: No principio era a forga... 0 espirito vem em meu auxilio! vejo de sibito a solugdo e escrevo com seguranga no princi- pio era a agdo. (Goethe) Muito se tem escrito e falado sobre o corpo, corporeidade, corpolatria, mas nem sem- pre o mais comentado € 0 mais conhecido. A corporeidade ainda continua sendo tabu na nossa sociedade de formagao capitalista marcada a ferro quente pelo estigma do paradigma industrial. Apesar dos meus antolhos de professor de educagao fisica, resolvi participar desse debate, Pretendo por meio deste artigo tecer algumas consideragées criticas a respeito das abordagens abstratas e estéreis que permeiam o fendmeno corporeidade. As reflexdes que seguem sio frutos da minha inquietag%o em relagio a artigos publicados abordando o fen6- meno corporeidade. Esses artigos muitas vezes tratam a corporeidade de forma impessoal, relegando 0 humano a segundo plano, pois seus autores, portadores de um pensar utilitarista, enquadram a corporeidade na légica do consumo, criando ¢ alimentando assim um infinito processo de produgo de necessidades. Essa agdo tem como consequéncia imediata a expan- sto do mercado de artefatos. O paradigma industrial traz em seu ceme um sistema meritocritico, Esse sistema exalta a competigio, os méritos ¢ 0 individualismo, definindo assim os valores, a forma de pensar, de perceber e de fazer as coisas dos individuos. Nesses moldes a sociedade é vista entiio, ..como um agregado de individuos que se comportam de forma indi- vudualista. Num contexto deste tipo, os homens tornam-se elementos reificados do processo de produgao, ou seja, séo considerados como um componente dos factores de produg&o. (Bertrand & Valois, 1994:89) 82 COMUNICAGOES Esse individualismo exarcebado, estimulado pela meritocracia, induz os individuos a negarem a corporeidade de seus semelhantes para receberem os méritos sociais como uma secompensa pelos seus esforgos pessoais. A negagao da corporeidade alheia leva-os a nega- sem a si mesmos, pois, como nos ensina Rousseau: “o que se cré senhor dos demais, nao ceixa de ser mais escravos do que eles”. ‘A predominancia do paradigma industrial nao anula outros paradigmas emergentes que se auto-intitulam novo. Devido ao reduzido espago que disponho no aprofundarei essa Giscussio; ressalto apenas que todos esses paradigmas “modemosos” nao objetivam romper com 0 sistema meritocratico, pelo contrério, tém como meta fuloral prolongar a sua sobrevi- vencia. Lembro também que 0 novo se origina do velho e traz em si a semente do novissimo. Portanto, 0 velho nao pode simplesmente ser langado A escuridio e 4 sombra: ele tem que ser superado em um movimento dialético (perdio pela redundancia, pois dialética nos remete idéia de dinamicidade, de movimento, de avangos ¢ de recuos). Assim entendo que o novo ndo deve ser nem a soma justaposta do velho com o novo e nem 0 total abandono do velho, 20 contrario, 0 novo s6 sera de fato novo quando ele superar o velho levando consigo pro- priedades ¢ caracteristicas deste. Esses paradigmas emergentes nio passam de velhos ¢ obsoletos paradigmas reformu- lados com o intuito de mudar superficialmente a estrutura social para manter a esséncia rea- cionéria, conservadora excludente. Portanto, As novas descobertas, tanto na ciéncia como no dia-a-dia, baseiam-se na disponibilidade de novas percepgdes da realidade, per- cepgGes que ndo eram disponiveis anteriormente. Praticamente nada no ambiente & genuinamente novo. Algo pode ser rotulado como ‘novo’ por uma estratégia de marketing ou de propaganda, mas se examinado de perto 0 pseudo novo geralmente revela-se como a mesma e velha coisa, reformulada para a iluséio perceptiva. (Key, 1993:177) Espero que este artigo possa contribuir para a reflexdo acerca do fenmeno corporei- dade, Adianto que a reflexo nao deve ser fria, deve sim ser um momento de emogao, de debate, de conflito ¢ de confronto. Corporeidade : Essa vitima silenciosa O Homem nasce livre e em toda parte se encontra acorrentado.(Rous- seau) COMUNICAGOES 33 Essa vitima silenciosa - a corporeidade - é constantemente vigiada, punida, send lacrada com o selo dos governantes, dirigentes, professores... esse lacte se manifesta d= varias formas sob diversos mantos. Nao ha discriminagdo de corpos em relagdo a represso. ao ato inibitivo. Punir a corporeidade foi o modo mais exemplar encontrado pelos dirigentes para arrefecer entusiasmos latentes e manifestos. Assim, ..Por via das diividas, jé que no se pode prever com antecedéncia quem sero esses arquitetos de contrariedades, 0 Estado criow medi- das preventivas. Que se pune indistintamente todos os corpos, desde © nascimento! Provavelmente, aqueles que 0 Estado teme, também serao destruidos. Nao foi assim que fez Herodes? (Silva, 1987:54). Temos que romper com a “cultura do siléncio”, que objetiva manter os jovens, adultos criangas na paranéia da alienago por meio da interiorizagiio de valores e normas produzi das e veiculadas por um grupo dominante. A manutengilo desses valores retrégrados e coisi ficantes objetiva tio somente impedir o ingresso de um futuro eqiiitativo, no qual cada um receberia de acordo com a sua necessidade e no de acordo com a sua cumplicidade, como vem ocorrendo ha muitos anos no nosso pais. Mas como romper com essa cultura, se nas academias (onde se “preparam’” os futuros professores), 0 siléncio exarcebado muitas vezes é exaltado. Um siléncio mérbido que traz consigo um manto da invisibilidade das coisas, Pois a estrutura hicrarquizada das academias induz os futuros profissionais a aceitarem como normal que os outros tomem decisdes por cles. Essa concepgo valoriza muito mais a conformagio, 0 consenso do que o dissenso. Neste raciocinio é mal visto todo professor (aluno-acréscimo meu) que, consciente de seu papel enquanto zoon politikon (animal politico) ergue se, individual ou coletivamente, contra os lobos hobbesianos que fizeram dos campi seu nicho ecoldgico 0 seu habitat desnaturalizado (Freitas, 1984:1-mimeo). E ainda, ..de forma autoritéria, em nome do siléncio imposto, em nome do medo introjetado, em nome da (des)ordem... burguesa, busca-se exata- mente afogar neles a indagagdo (Freire & Faundez, 1985:47). Tudo isso para manter as benesses, a politicagem, o assistencialismo, porque quando se afoga a indagacio é por dois motivos: ndo se esté interessado no que se possa ouvir ou se 4 COMUNICAGOES esta sentindo ameagado com o que se possa ouvir. Pelas hipéteses apresentadas fico com a segunda, pois aqueles “‘intelectuais” que nao tém nenhum compromisso com a corporeidade alheia e concomitantemente com a sua, fingem nfo ver as atrocidades, barbaridades que acontecem diariamente, Digo que esses intelectuais nio amam, pois negam os conflitos confrontos existentes e dissociam a ciéncia do real. A inteligéncia pura, lembra-nos Ferenczi, ..€ um produto da morte, de insensibilidade mental e, por isto mesmo, em principio, loucura (apud Alves, 1985:40). Loucura porque, trancados a sete chaves em seus laboratérios de elucubragGes, esses “intelectuais” se véem acima e fora das classes sociais, No conseguem perceber que eles também so afetados pelos fatos e fendmenos ocorridos na sociedade e na natureza, pois toda variagdo ocorrida atinge a todos - a cada um de uma forma peculiar - e atinge a todos ao mesmo tempo. Nao se percebendo enquanto membros de uma sociedade, esses intelectuais descompromissados politicamente fazem de tudo para reduzir seus opositores ao siléncio. Rubem Alves nos lembra que “...A inteligéncia sem amor s6 pode dizer a sua coisa depois que 0 corpo foi reduzido ao siléncio, sendo ent&o incapaz de distinguir gritos de sorrisos” (op. cit.:40). Dai o motivo pelo qual se afoga 0 contraditério. De acordo com Freitas, esses -.Seres sapienciais ou intelectuais encharcados por uma palragéo pedante, fragmentada-fragmentante, azeitam seus neurdnios prepa rando-os para enganar o décil estudantado e os ingénuos professores que nem Iéem o mundo e muito menos a palavra mundo” (1994:2- mimeo). Em um trecho do poema “Liberdade”, Fernando Pessoa diz que “Estudar é uma coisa em que est indistinta a distingdo entre nada e coisa nenhuma.” Urge erradicar esses dizeres presentes na sociedade. Mas como agir, se nés, enquantos seres “privilegiados”, por termos acesso ao saber dito erudito, nos silenciamos e somos silenciados diante de um proceso his- térico? Indago por isso porque nos eventos cientificos, nos seminétios, na sala de aula - que sdo espagos propicios para manifestarmos as “nossas” idéias e ideais - simplesmente deixa- ‘mos passar oportunidades histéricas (os momentos so tinicos e no voltam mais), por medo de nos expormos e alguns “caras pilidas” dizem descaradamente que a fala nao é a lingua- gem mais eficiente, porque 0 corpo fala por si s6. Ledo engano, pois .. O corpo é falante, mas sua linguagem néo deve ser cientifica, nem gramatical, muito menos matemética. Ela é sem ditvida, cifrada, falta 0 intérprete.” (Santin, 1982:67). COMUNICAGOES 85 Imaginem s6 se os grandes pensadores da historia tivessem apenas se expressado com poralmente com o siléncio... Hoje estarfamos ainda na “idade da pedra lascada”. Precisamas posicionar-nos e, para isso, temos que utilizar todas as formas de comunicagao e nao fica= mos limitados apenas a uma. . Tudo depende das perguntas que a gente tem. E, claro esta, dow posicionamento, que sdo os que geram os pressupostos da ‘leitura’ de real. Conhecer é posicionar-se. Quem nao se posiciona nao costume ter perguntas relevantes (Assmann, 1984:1). Faz-se necessario 0 posicionamento. Assim, nfo basta estar presente, é preciso se fazer presente, € necessério interessat-se, ter “inter-esse”, isto é, “estar entre”. Assim, nio basta simplesmente fingir escutar, precisamos prestar atengiio para que, quando for a noss vez de falar, possamos contribuir ¢ no simplesmente calar. Stengers denuncia: “nada pior do que o siléncio”. As nossas idéias - segundo a autora com quem estou de pleno acordo -, sio apenas ficgdes ¢ a passagem da fico para a realidade, no sentido cientifico do termo, depende de os outros se deixarem interessar ou nfo pelas nossas idéias, Segundo a autora supra citada, é melhor um cientista ser interessado e expor as suas idéias, a sua pesquisa - mesmo que corra 0 risco de ter os seus argumentos refutados pela academia - do que se man- ter no siléncio mérbido. Porque as nossas idéias quando so guardadas para nés mesmos no sfio nem verdadeiras ¢ nem falsas, so apenas ficgio. Ficgdes que ndo produzem diferenga na historia. Elas s6 remetem & histéria das idéias Assim, vA passagem da ficgdo para a realidade, no sentido cientifico do termo, depende dos outros, depende de os outros se deixarem ou néo interessar, aceitarem ou ndo levar em conta minha proposi¢éo em seu trabalho, aceitarem que minha proposigao tem sentido para eles, muda alguma coisa para eles”. (Stengers, 1990: 102). Pelo exposto, tomna-se relevante refletir sobre a afirmac&o da autora “nada pior do que o siléncio”. Negando o siléncio dos contrarios, Carvalho é categorico ao afirmar: “Triste do pais em que o presidente é cego, bronco e retrégrado, seus sébios mudos e, grosso modo, oportunistas © seus ‘guerreiros’ j4 nfio sabem nem lamentar. Triste do Brasil!” (Carvalho, 1995:6). Corporeidade e construgio de mundos Aquele que vem ao mundo para nada alterar ndo merece, nem consi- deragao nem paciéncia. (René Char) 86 COMUNICAGOES Para construir uma outra sociedade precisamos destruir o que esta ai, nfo de uma forma roméntica, inconsciente e individualista. As agdes precisam ser desencadeadas em con- junto. Para tanto, toma-se necessario perceber a diferenga entre informagao ¢ esclarecimento, pois nés vivemos em uma era em que as informagées ttm dominado nosso cotidiano e os informados nem sempre sio esclarecidos. “...Ndo vivemos apenas na era da comunicagao. Vivemos sobretudo a viruléncia de uma comunicagao planetaria, Hoje tudo nao sé se comu- nica. Em tudo que se comunica, age o vigor de uma comunicagdo bem determinada”. (Ledo, 1977:155). Entendo por comunicagdo bem determinada uma comunicagiio que nao se faz neutra, uma comunicagao que beneficia uma determinada classe social. Conscientes entao da nio- neutralidade da comunicagdo, devemos ler sempre as entrelinhas dos discursos, pois a mai- oria deles so discursos sedutores, aliciantes, cheios de armadilhas, progressistas na sua forma mas reacionarios em sua esséncia. Dessa forma, temos que ter 0 desvelo ao incorporar e propagar os discursos em voga que se auto intitulam “novo”. E também ter a clareza da nossa condigao passivel de manipu- lagdo, pois “...quanto mais conscientes os individuos forem da sua condig&o passivel de mani- pulagdo, mais dificil se tornaré a manipulagdo por parte da burguesia.” (Silva Junior, 1995:24). Os “intelectuais” que estio a servigo da classe ociosa, esto muito mais preocupados em estender armadilhas aos seus semelhantes do que em resolver os problemas existentes. Problemas que eles insistem em ocultar, disfargar ¢ quando esses problemas vém A tona - exemplo da brutal atrocidade ocorrida em Eldorado de Carajas-PA, no dia 17/04/1996, com os sem-terra que agora sio também sem-nomes, ou seja, sdo apenas mimeros estatisticos - um joga a culpa no outro, analisando assim o ocorrido de uma forma elitista, parcial ¢ frag- mentada ¢ tentando ocultar as verdadeiras origens do problema que é 0 modo de produgdo das relagdes sociais permeadas pelo sistema capitalista. Esses mesmos “intelectuais” tém medo do confronto, do contraditério e do conflito, preferindo assim meia verdade & mentira completa. Na verdade, a burguesia tem medo do desenvolvimento histérico do Jus sperniandi proprio aos oprimidos. O direito de espernear, de ques- tionar criticamente, de intentar uma sedigdo, um direito ‘natural’ que em sendo sistematicamente incorporado e praticado pelos oprimidos pode favorecer 0 surgimento dos reais coveiros do arbitrio do lucro, torpe lucro. Portanto, é preciso abafar o suspiro da criatura oprimida para que ele néo se transforme em grito. E preciso restaurar a ‘cul- tura do siléncio’... conivente” (Freitas, 1994: 96:97). Sem uma corporeidade critica, sem uma vontade de ruptura no conseguiremos alme- jar bons resultados. Essa vontade tem que partir da classe laboriosa, daqueles que geram as riquezas do pais, por imposigo e através do proprio sofrimento, pois a classe ociosa COMUNICAGOES 87 “,.dedica-se ao trabalho das latrinas; bebe e come para produzir estrume”, até porque “o capitalista nfo trabalha nem com as mios nem com o cérebro” (Lafargue apud Freitas, 1994:95). © que nos resta, entio, é buscar uma ruptura para com esse proceso alienante, sedante. Precisamos assim unir a forga laboriosa ¢ juntos fazermos vir A tona os reais inte- resses da classe ociosa, pois ninguém consegue engalfinhar-se com 0 desconhecido, com o obscuro, 0 cadtico. Para manter ¢ criar esse caos, os pedagogos (aqueles que conduzem-induzem) acabam camuflando o real vigente, por meio de varios mantos, utilizando para tal todas as formas possiveis ¢ imaginaveis, até mesmo aviltando aqueles que conseguem “ir além de”, que con- seguem vislumbrar a realidade livre de bitolas, de paradigmas reducionistas ¢ desordenados. Assim, Para afirmar-se enquanto capataz do ‘dispositivo’, o professor, em qualquer area do conhecimento, tem de sugar, até as raizes, a pessoa do educando. Fundamentalmente, ele passa a existir, na exata e direta proporedo, em que 0 educando se anula” (Freitas, 1994:76:77). Nesse sentido, os professores 4 semelhanga da hiena, passam a alimentar-se de uma corporeidade em continua decomposigdo. Esses “intelectuais” vivem na verdade da morte e na morte, pois 4 medida que eles se afastam do didlogo e aviltam os alunos, tornando-os sub- missos, eles automaticamente suicidam-se enquanto pessoa. Nossa sociedade, entio, é trans- formada em deserto em solidao, onde os individuos se relacionam superficialmente e de uma forma submissa com aqueles ditos dominadores. Os conquistadores, os tiranos, os ditadores (os professores-acréscimo meu), fazem muito alarde de sua existéncia e por isso predominam, parece até que detém todo 0 poder. O poder que thes contrapée, no entanto, é exercido pelos humildes, os ricos de coragiio, os que, quase sempre, passam desapercebidos” (Silva, 1987:50). Consideragées Finais? Para concluir essa reflexdo gostaria de salientar que a realidade que ora atravessamos no é estanque: pode e deve ser mudada. Ela nfo é dadiva e nem castigo de Deus; é, sim, produto perverso das relagdes histéricas, nas quais os individuos se encontram atolados na rede da mais-valia, sendo 0 valor maximo a acumulago de riquezas (isto é, 0 “ter” € nfo o “ser”), no importando assim que a corporeidade alheia viva em condiges de pentiria abso- luta. 88 COMUNICAGOES Toda essa euforia em ter & patrocinada pelo sistema capitalista (um sistema essencial- mente meritocritico) ¢ compactuada pelos pseudo-intelectuais. Os seres humanos nfo mais se pertencem, passam a vida inteira tentando ganhar a vida-doce veneno, O leitor atento ¢ compromissado politicamente ja deve ter percebido a preméncia em romper com 0 ciclo da produgdo-consumo que leva os individuos a viver imersos num mar e anguistia c/ou indiferenga a real-realidade. Esse ciclo é duplamente rentavel jé que permite manter o status quo ¢ satisfazer as necessidades que sio criadas, recriadas e condicionadas no consumidor, esse que, por sua vez, nao toma consciencia da falsa totalidade que ele vive. Falsa, porque os individuos desconhecem que o desejo é “ab extrinseco”, isto é, exterior ao Préprio homem. “O desejo é ele proprio um produto de classe” (Jimenez, 1977:86). Finalmente, com toda essa pasmaceira que permeia as academias, acredito veemente- mente na forga da transformagio. Penso ser possivel desvencilharmo-nos do dominio abso- luto © absorvente do ciclo produgdo-consumo. Pois, “...consumimos para nos vingar. Compensamos a sensacio de que nada somos em nosso trabalho por uma afitmagdo exterior, que no fundo no nos satisfaz” (Ledo, 1977:161). Conscientes destes engodos, convido aque- es que de uma forma hicida se envolveram na reflexio a unirmos as nossas forgas, para que Juntos possamos lutar por uma nova sociedade. 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