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Po ee ee V imos nos capitulos anteriores que a Terra é jm sistema vivo, com sua dinimica evohtiva propria, Montanhs © 0c saparecem, num processo ciclico, Enquanto os vuledes os processos orogenicos trazem novas rochas A su- inos nascem, crescem e de- petficie, os materiais sio intemperizados e mobilizados pela agao dos ventos, das Aguas, das geleiras. Os rios sm constantemente seus cursos ¢ fenémenos cli- ‘miticos alteram periodicamente as condigées de vida € 0 balango entre as espécies. A Terra, gracas & sua evolugao ao longo de alguns Dilhoes de anos, propiciou condigdes para a existéncia de vida, vindo a ser, hoje, a casa da humanidade. F sobre ela que vivemos, construimos nossas edificagoes, € dela ext mos tudo © que € necessirio para manu- tencio da espécie, tal como Agua, alimentos € matérias-primas para producao de energia e fabri- cacio de todos os produtos que usamos € consumimos. Contudo, também é nela que deposita- mos nossos residuos, tanto industriais como domésticos As primeiras intervengdes da humanidade nos pro- ccessos naturais coincidem com 0 dominio do fogo. A partir daf os seres humanos comegam a modificar as condigdes naturais da superficie do planeta. Fstima-se que 2 exploragio mineral iniciou-se ha 40,000 anos, quando a hematita era minerada na Africa para ser urlizada como tinta para decoragio. No entanto, os registros mais antigos do uso artificial da ‘Terra e sua Populagdo mundial (bthoes de pessoas) sooo 1280 1800 1750 20007 ‘Ane Yo 60 700 24.1 Evolugae populacional mostrando tendéncia exponenciol exploragio mais ativa so de 8,000 a.C., com 0 inicio da chamada revolugio agricola. Desde entio a huma- nidade explora os recursos naturais do planeta € modifica a superficie terrestre para atender as suas inecessidades que crescem continuamente com 0 de- senvolvimento das civilizagdes. Por outro lado, a constante € crescente exploragio dos recursos naturais tem ocasionado intensas presses sobre o ambiente ‘em determinadas regides, prejudicando a propria vida. A Historia fornece exemplos de diversas civiliza ‘$0es antigas que perderam sua importincia por terem degradado 0 ambiente em que viviam. Varios séculos atris, a civilizagio da Mesopotimia util sistema de irrigago que, pelo manejo intenso e im- proprio, levou 4 salinizagao dos solos € sua conseqitente degradagio para a agricultura, Também a civilizagio Maia, na América Central, entrou em de- cadéncia pela mé utilizagio do solo, o que provocou intensa erosao e escasser de Agua. wa intenso Por outro lado, se analisarmos o histérico da ocu: pacio da Terra pela humanidade, a populagio global era da ordem de 5 milhdes de habitantes 10.000 anos atris, eresceu para 250 milhdes no inicio da era Crista, € atingiu 1 bilhao em torno do ano de 1850, Segundo estimativas da Organizacio das Nacbes Unidas (ONL), atingimos cerca de 6 bilhdes de pessoas no ano 2000, © que caracteriza um crescimento populacional segundo uma curva exponencial, como mostra a Fig, 24.1. 1 interessante lerabrar que por volta de 1800 ‘Thomas Malthus (1766 - 1834) sugeriu que a taxa de crescimento populacional era muito maior do que a capacidade do nosso planeta de produzir subsisténcia para a humanidade. Se os limites de subsisténcia ainda no foram superados, isto se deve basicamente a duas 1) a ocupagio € exploragio de novas areas, Para se ter uma idéia, durante o século XIX a dea de terras aradas, ou seja, destinadas & agricultura, cresceu 74% em relagio fs terras aradas no século anterior. Tl eres- cimento deu-se através do desflorestamento de enormes areas, observando-se, no fim do século XX, taxas anuais da ordem de 1,7% na Africa, 1,4% na ia € 0,9% nas Américas Central do Sul; 2) 0s enormes progressos tecnoldgicos, em todas as reas do conhecimento, levam a uma maior produ- sao de alimentos por area cultivada gragas ao uso. Cultivo de orroz em terraces criados sobre encostas, na Indonésia. Foto: Stock Photos. CoC SMO eek el int agrotGxicos © sementes desen: volvidas em laboratério, 0 que, em conteapartida, impoe a implementagio de complexos sistemas pro- dutivos, de transporte de abastecimento, As caracteristicas de desenvolvimento acima des. critas exigem um consumo cada ver maior de ‘matérias-primas tanto minerais como energéticas, Es tima-se que © consumo de matérias-primas minerais varia entre 8 ton/ano pot pessoa nas regides menos desenvolvidas e de 15 ou até 20 ton/ano por pessoa nas mais deseavolvidas. Além disso, 0 consumo de cenergia por habitante parece aumentar dependendo do estigio de desenvolvimento em que a sociedade se ips. 24.2 € 243, le- vando a supor que, quando os povos se desenvolvem, eresce a demanda de energia per capita. encontra, conforme mostram as Consumo toa de enerpialeepa 10" Kea) = ‘Consumo dvoeapa (10° ke!) Fig. 24.2 Consumo de energia por hobitante nos diferentes estigios de desenvolvimento da humanidade. Para possibilitar o conforto da populagio atual da ‘Terra, o volume de materiais mobilizados pela huma nidade (materiais para construcio, minerais e minérios) & maior do que aquele mobilizado pelos processos gcoliigicos caracteristicos da dindmica externa da Ter- ra, Tal constatagio coloca 2 humanidade nio s6 como um efetivo “agente geolégico”, mas como 0 mais importante modificador da superficie do planeta na atualidade, Paralelamente, 0 proceso de ocupagio de novas fireas para a garantia de suprimento das necessidades da humanidade leva i domesticagio € criagio de algu- mas espécies animais, protegidas e utilizadas como alimento, enquanto outras, consideradas daninhas, sio Ca ed Fig. 24.3 Consumo de energia em relagao ao indice de de senvolvimento humano, que leva em conta a expectativa de vida, mertalidade infantil, grou de escolaridade e poder de compra da populacde, extintas (Fig. 24.4), provocando perdas irreversiveis biodiversidade do planeta € causando desequilfbrios ccol6gicos. Com a evolucio agricola, as civilizagoes que po- voaram a Europa, o Mediterrineo, a Asia Menor, a India ¢ © Leste Asiético modificaram por completo 0s territérios ocupados, explorando seus bosques © florestas e transformando-os em campos agricols. De mancisa coerente © modelo de colonizacio adotado pelos curopeus nas Américas e / ‘mente no Brasil a partir do século XVIII, baseia-se no desmatamento de extensas areas florestadas para ex- ploragio da madeira. A area desma‘ rica, € particular- da pode ser i i é i i 2 a —an nH : Fig. 24.4 Comparacéo entre © nimero de espécies de pas- saros ¢ momiferos extinios com 0 crescimento demogréfico, Ay) ee ee ear Fig. 24.5 Erosto linear (bocoroca] em drea de cultivo agrico- lo. Foto: IPT. abandonada ou, eventualmente, ocupada por pastos € por uma pecusria extensiva que, a medida que sho disponibilizados melhores meios de comunicacio, pro- gride para uma agricultura intensiva, A extragao da floresta € sua substituicio por uma vegetagio rastcira, freqiientemente manipulada de forma inadeq i maior exposicio do solo, que passa a ser mais susce- tivel aos agentes erosivos, com sua conseqiiente ada, leva desestruturagio e perda da capacidade de absor dle agua, 0 que provoca maior escoamento superficial que, por sua ver, intensifica a erosio (Fig 24.5). Perda de solo causari, de modo complementar, assoreamento dos rios (Fig, 24.6), dos lagos e final- mente a deposi¢ao de materi sedimentar nas plataformas continentais dos oceanos, Com a exaustio do solo, as populagdes procura Flo novas éreas que sofrerio © mesmo processo de ‘ocupagio e degradagio, Nas éreas em que a agricultw: ntada, quase sempre em associagio com técnicas de irrigacio, o desequilibrio ecolégico se +a intensiva é impla faz presente, obrigando ao uso excessivo de fertilizan- Fig. 24.6 Assoreamento de rio causado por uso impréprio. do solo. Foto: IPT. tes €agrotdxicos. Tais priticas sto extremamente agres- sivas ao solo, podendo levar a sua salinizacio, Além disso, podem provocar a contaminagio tanto das ‘guas superficiais como das subtertineas, inviabilizando © aproveitamento da regio por longo periodo de tempo, ou mesmo permanentemente, visto que as Aguas subterrineas deslocam-se a velocidades extre mamente baixas, € ndo se renovam facilmente A necessidade de maior produtividade da frea cul modernizagao € progressiva tivada obriga au mecanizagio da agricultura (Fig. 24.7), 0 que evia um grave problema social na medida em que alja 0s tra balhi tradicional, fazendo com que grandes contingentes se dores rurais do seu mercado de trabalho Fig. 24.7 Agricultura intensiva com irrigocdo meconizada (pivé centeal), Foto: IPT. mudem para as dreas urbanas 4 procura de novas oportunidades. Nos paises menos desenvolvidos, es ses trabalhadores cheg; financeiras ¢ instrugao adequadas para competir no mercado de trabalho. Em muitos casos, estabelecem se em reas periféricas geralmente inadequadas para ‘as metropoles sem condigties ocupagio, onde a vegeta ros sio construidos sem o minimo controle téenico. Tais alterages do meio fisico aumentam a vulnerabilidade das populagdes, como € 0 caso de construgdes em reas de isco sujeitas a escorregamentos, (Fig, 248). Esse fenémeno é especifico dos paises menos de senvolvidos ¢ dos bolsies de pobreza no hemistério norte, com populagdes ocupando vertentes de vul ces ativos, planicies de inundagio, zonas sujeitas a movimentos de massa ¢ valanches, mangues etc. A Fig. 24.8 Escorregamento em érea urbana de Campos de Jordao (SP] com varios edificagoes em drea de rsco. Foto: IPT. ocupagio de areas de riseo coloea em permanente evidéncia as desigualdades sociais e econémicas ¢ etia sum estado de continua tensio social. A taxa de crescimento populacional nos pafses menos deseavolvidos & muito maior do que aquela, dos paises desenvolvid ha uma populagio estivel ¢, devido as melhores digdes de vida, expectativas de vida mais elevadas. Fssa distribuigio populacional leva a crer gue, mesmo que as taxas de natalidade nos paises menos desenvolvi- ., onde na maioria dos casos dos decrescam, um patamar de relativa estabilidade populacional na Terra s6 seni atingido depois de 2050 quando, estima-se, a populagio mundial seri em tor no de 10) a 11 bilhdes de pessoas (Fig, 24.9). 10- wy Populagao (bilhbes) 1950 2000 2050 «2100 Ano Fig. 24.9 Estimativa de crescimento populacional para diver: 505 poises durante 0 século XI ULO 24 * A Terra, a HUMANIDADE E © DeseNvoLvimeNTo Sustentével 521 Os paises mais desenvolvides caracterizam-se por um perfil de consumo exagerado tanto de matérias primas como de energia (ver Fig, 24.3). Conseqiientemente, produzem enormes quantidades de residuos, como nos Estados Unidos da América, onde cada habitante gera cerca de uma ronelada de residuos por ano, que tém de ser dispostos em areas apropriadas para essa finalidade. Na busca de uma melhor qualidade de vida, a ten. déncia seguida pelos paises menos desenvolvidos € atingit os padroes de consumo dos paises industrial vados do Hemisfério Norte. Entretanto, fica evidente que isso levaria a niveis insustentiveis de consumo de matérias-primas ¢ combustiveis, de maneira que as rnagdes em desenvolvimento deverio buscar eaminhos diferentes, evitando 0 mesmo nivel de consumo ¢ des- petdicio praticados naqueles paises, uma vex que os recursos globais sio limitados. 24.1 Como Nasceu o Conceito de Desenvolvimento Sustentavel? Estudos sobre desenvolvimento iniciaram-sc por volta de 1950, quando muitos tertitérios coloniais tornaram se independentes. A Organizagio das Nagdes Uni (ONL) denominow a década seguinte como a Primeira Déeada das Nagdes Unidas pa acreditando que a cooper 1 Desenvolvimento, fo internacional proporcio- natia crescimento econdmico pela transferéncia de tecnologia, experiéncia ¢ fundos monetirios, resolvendo, assim, os problemas dos paises menos desenvolvidos. Na realidade tais ages mostraram-se indcuas, uma vez «que criaram uma oral dependénc mas também tecnolégica, daqueles paises com os do Mundo Desenvolvido, agugando as discrepincias ji exis- temtes, ‘io s6 econdmica, A questio ambiental, fundamental para qualquer pla no de desenvolvimento, comegou a ganhar destagque nos meios de comunicagio por volta de 1960, Na época, \tios paises em desenvolvimento, inclusive o Brasil, con sideravam inviavel incluir grandes programas de ‘conservacio ambiental em seus programas nacionais, pois acreditavam que poluigio e deterioragio ambiental eram consogiigncias inevitiveis do desenvolvimento industrial. Evidentemente tl atitude foi conveniente para os paises mais desenvolvidos pois, ao mesmo tempo que restring- am a implantagio de indiistrias poluidoras em seus terrtérios, inham para quem mansferir sua tecnologia, © ainda, parantiam 0 suprimento de bens provenientes dos Pree eee ey paises menios desenvolvidos que encorajavam a instalagio dessas indistrias No aliado importante para a melhor compreensio da di mica terrestre, com as misses espaciais e a implantagio (es para 0 sensoriamento remoto da Terra, © queé possibilitou o monitoramento integrado dos virios processos atmosféricos e climaticos, ¢ forne- ceu a visio do planeta sob nova perspectiva global inal dessa década, a bumanidade ganhou um de um sistema de Em 1972, na Conferéneia das Nagdes Unidas sobre © Ambiente Humano (em Estocolmo) foi reconhecide © relacionamento entre os conceitos de conservacio ambiental € desenvolvimento industrial; foram discuti- dos 0s efeitos causados pela falta de desenvolvimento surgiram as idéias de “poluig3o da pobreza e ceodesenvolvimento”, Uma reavaliagio do conceito de desenvolvimento orientou a Terceira Década das Nagies Unidas para 0 Desenvolvimento (1980 - 1990), quando foram busca- das estratégias de distribuigao, visando uma melhor reparticio dos beneficios do eventual erescimento da economia mundial Na década seguinte, a ONU resolveu ctiae uma co: io para efetuar um amplo estudo dos problemas lobais de ambiente e desenvolvimento, ¢ em 1987 essa comissio apresentou 0 Relatorio Brundtland (Nosso Futuro Comum), no qual foi introdurido 0 conceito de desenvolvimento sustentavel, que preconiza um siste- ma de desenvolvimento sdcio-econémica com justiga social ¢ em harmonia com os stemas de suporte da vvida na Terra, Portanto, passa-se a reconhecer 4 necessi- «dade da manutengio do equilbrio ambiental e do aleance de justia social. Fm tal censrio, haveria uma melhor qua Tidade de vida coletiva, com as nevessidades biisicas da hhumanidade atendidas e alguns de seus “desejos”, sem «que houvesse comprometimento do suprimento de te- ccursos naturais eda qualidade de vida das fururas geragbes. Portanto, como corvlitio, o desenvolvimento sustenti vel preconiza disponibilizar recursos que atendam as nocessidades bisieas de cerca de 80% da populagio da ‘Terra, que no fim do século XX vive em paises menos desenvolvidos. Em 1992 realizou-se no Rio de Jancito a Conierén- Unidas sobre Meio Ambiente ¢ Desenvolvimento, ocasiio em gue o problema ambicntal focupou importante espago nos meios de comunicacio de todo o globo, Como resultado dessa Conferéncia, foi claborada a Agenda 21, que representa um compro- misso politico das nagdes de agir em cooperacio € cia das Nacées hharmonia na busea do desenvolvimento sustentivel. A Agenda 21 reconhece que os problemas de erescimento, emogrifico ¢ da pobreza sio internacionais. Para sua solugio, deve-se desenvolver programas especificos lo- cais € regions, associados entretanto a programas de melo ambiente e desenvolvimento integrados, com apoio nacional e internacional, Passada quase uma déeada, no se percebe que os grandes problemas levantados naque- la ocasiio tenham sido atacados. Ao contritio, os dois maiores problemas globais — o crescimento demogrifico © a pobreza ~ ceconémica que surgi nas iltimas deécadas do século ém se agucado diante da nova ordem x. 24.2 A Globalizagao e a Dindmica Social do Final do Século XX A globalizagao, a nova ordem econdmiea e social mundial, impds uma transformacio epistemoligiea fun- damental para as ciéncias sociais, em que 0 seu paradiama clissico, bascado nas sociedades nacionais, foi modificado pela necessidade de levar em conta a realidade de uma sociedade global’ intensificagio das relagdes sociais em escala mundial, associando localidades distantes de tal mancira que acontecimentos locais sio influenciados por eventos que podem ocorrer em qualquer lugar do mundo, ' implicando uma A globalizagio recoloca em discussio muitos dos ios das ciéncias pol ser reformuladas as nogdes de soberania e hegemonia, associadas aos Estados Na nova ordem mundial, sob a égide da economia ca- pitalista neoliberal, operam novas forcas sociais, econdmicas ¢ politicas, em escala mundial, que desafi am € reduzem os espagos dos Estados-naciio, mesmo dagueles de maior expressio politica, anulando ou obsi- gando a reformulagdes profundas em seus projetos nacionais. As nagées buseam se proteger formando blocos geopolitiens, no interior dos quais cedem parte de sua autodeterminagio, ¢ também fazendo acordos ieas. Por exemplo, devem 10 como centros de poder. sob os auspicios de organizacées internacionais (ONU, FMI, GATT, etc), sujeitando-se a veniéncias temporais. Ao mesmo tempo, surgem novos, centros de poder que agem em escalas loca continental ¢ mundial, ¢ dispoem de condigi impor aos diferentes regimes politicos atrav les ¢ aliangas, de seus planejamentos detalhados e d facilidade em tomar decisdes instantineas em v do fluxo de informagées que Ihes sio disponiveis as grandes empresas multinacionais c os conglome- regional, rados transnacionais, Capituto 24 * A Terra, A HUMANIDADE E O DesENVOLVIMENTO SustentAveL 523 [As multinacionais normalmente possuem recursos humanos entre os melhores de cada especialidade, os sais avancados recursos tecnologicos € sistemas de co- ‘municagio instantineos, o que thes permite controlar, na era de seus interesses, a proxucio e comércio de bens « boa parte das finangas internacionals. Dispocim de ais recursos finaneeiros do que a maioria dos bancos cen- tmais até mesmo de alguns paises cdesenvolviddos ¢, dessa forma, poxiem especular contra a estabilidade de wirias moedas nacionais, auferindo lucros ainda maiores © freqiientemente influenciando fortemente o destino po: Iitico dos paises. Ao mesmo tempo, os Estados cenfraquecidos perdem sua capacidade de controlar‘o flu- +x0 de eapitais na medida em que diminui sua capacidade dle gerar recursos através de taxas ¢ impostos, Portanto, tais paises tém reduzido sua eapacidade para investimen tos piblicos ou para orientar adequadamente os investimentos privados, no sentido de atender com prio- ridade aos segmentos mais necessitados de suas populacdes. © projeto politico neoliberal vigente privilegia o H- vre comércio, com redugio ou aboligio de tarifas alfandewitias, ¢ indus a retracio dos Estados das fun- ‘g8es de produgio e planejamento, fazendo com que as privatizagdes sejam a opcdo natural existente no mun- do globalizado, No entanto, tal modelo econémico nto esti conseguindo reduzir a pobreza no mundo. Ao conttiio, mesmo no pais mais forte economicamente (BUA), tom anmentaca a designaldade entre ricos © pobres, assim como a proporcio destes na populacio. Mais ainda, a economia neoliberal ni conseeuiu fazer ‘com que 0 crescimento eeondmico na grande maioria dos paises, por mais desenvolvidos que scjam, favo- recesse a diminui¢io da taxa de desemprego. (© aumento da riqueza sob controle de grupos priva dos € 0 melhor indieador da mudanga de poder advinda com a globalizagio, Nao se trata apenas de empresas ‘multinacionais, mas também de outros atores maiores, ‘como os grandes fundos de investimentos, fundos de pensio ou similares, sediados em paises desenvolvidos, ‘mas que operam em qualquer lugar do mundo, ‘Trata-se de investimento expeculativo, composto pelos capitais ‘movimentam rapidamente em transacdes ‘contzoladas por redes eletrénicas, ignorando territrios © frontciras nacionais, sem qualquer possibilidade de con- trole por parte dos Estados ou das organizagoes internacionais do setor A globalizagio da economia, que atende especialmente ans interesses das corporagies transnacionais € dos gran- dles investidores, acaba pressionando os governos, que de qualquer forma tém de estar inseridos na economia ‘mundial, a estabelecer normas ¢ leis nacionais segundo 0 ‘deirio neoliberal. Desta forma, surgem medidas como climinacio de tarifas alfandewirias,iberacio do fluxo de capita, privatizacio dos servigos pilblicos essenciis tc, culocanly se iniciativa privada. Torna-se portanto dificil colocar em pritica determinadas politcas publicas ¢ estratégiasalter- estratégieos dos paices nae maoe da nativas de desenvolvimento regional ou nacional que visem a uma melhor distribuigio da riqueza Fica claro, pelo exposto, que a globalizagio da eco: ‘nomia tem sido um retrocesso com relagio ao caminho que a Agenda 21 preconizou 4 humanidade, visando a sustentabilidade de vida no planeta, prineipalmente porque os paradigmas associados 4 qualidade de vida sio qucles da sociedade de consumo, com seus desperdic- 0s € injustigas socials ¢ a degradacio ambiental em nivel global. Se os Estados estiverem perdendo a capacidade de planejar ¢ de coordenar seus proprios provessos de de= senvolvimento, quem poderia sub contexto da globalizacio? ‘mercado global possa ser capaz de promover 0 desen- volvimento econmico no mundo todo e, a mesmo tempo, tomar conta dos aspectos sociais nia busca da sustentabilidade? Como compatiilizar a influéncia do Estado € as forcas da globalizacio? Como induzir senti- mentos éticos, de solidariedade e de responsabilidade 'nos diversos segmeentos com poder economico, para que itut-los no novo possivel imaginar que 0 les contribuam espontancamente para 0 processo de desenvolvimento, sacrifieando, se for o caso, alguns de seus objetivos restrtos, em nome do bem-

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